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OUTRO O noitado, sejam bem-vindos. Hoje eu queria esclarecer aqui dois pontinhos, se der para esclarecer os dois, se não pelo menos um deles, em torno do qual existe muita confusão. Uma delas desrespeita a mim mesmo. Você sabe que por todo lugar eu sou apresentado como se eu fosse o pai do concepai, o avô, bisavô, tataravô do conservadorismo brasileiro. De certo modo a palavra conservadora é usada para me definir. Eu acho isso um absurdo total, porque ao longo da minha obra você não verá nenhuma tomada de posição desse tipo. Talvez aqui ou ali uma opinião conservadora sobre algum ponto em especial, é possível. Mas evitar essas tomadas de posição gerais, que em última análise tomam partido a favor de um determinado modelo de sociedade ou de um modelo geral de conduto humano. Ou ser uma norma que deveria servir para orientar a conduta de todo mundo. Isso aí eu não faço. Isso aí não tem nada a ver com a minha mentalidade, com a minha filosofia e eu sou contra a fazer. Não sou contra que os outros façam, mas eu não vou fazer. Para ser portanto, quando as pessoas me carimbam de conservador, é mesmo uma coisa, está fazendo uma coisa quando elas caribam os outros de liberal, de positivista, de pragmatista, de comunista, etc. etc. E é só uma carimbação que é ou honorífica ou depreciativa só para parecer bonito. É só isso, não tem mais conteúdo nenhum. Por que? Simplesmente não há uma debate político sério dentro de nenhum movimento. Se não há um debate político sério dentro, como é que vai debater com o outro? Por exemplo, aqueles que se denominam liberais, eles não trocam as suas ideias sobre liberalismo, tentando esclarecer o que eles entendem por liberalismo, um com os outros, como é que eles vão opor o liberalismo, por exemplo, ao trabalhismo, ao progressismo ou qualquer outra coisa. Então, tudo isso é só rótulo tipo assim, emblema de clube de futebol. Realmente não passa disso. É o debate político mais ridículo do universo. Se você procurar o país mais atrasado, mais pobre da África, o pessoal lá discute de maneira mais inteligente do que no Brasil. É uma coisa impressionante o que acontece aqui. Isto tudo faz parte do fenômeno que eu mesmo estou diagnosticando desde o começo da década 90, que eu chamei primeiro imbecil coletivo, com a ressalva de que o imbecil coletivo acabou se transfigurando numa prolifelação de imbecils individuais autênticos, porque o imbecil coletivo ninguém era ali imbecil, só o conjunto era imbecilizante. Então, eu defini com pessoas de inteligência normal ou superior, isso reúne com o propósito de imbecilizar-se umas às outras. Bem, eles fizeram isso e portão já estão imbecilizadas, então agora já não é mais o imbecil coletivo, agora são imbecils no plural. Então, assim, os partidos políticos, as universidades, a redação de jornal, é tudo uma floração de imbecil como nunca se viu, gente, é uma coisa assim. Chega-se a terrorizante, porque a destruição da inteligência humana é a destruição da humanidade, é um processo desumanizante. Então, é evidente que o deles cariba alguém de conservador, de fascista, de qualquer coisa, nunca dizer nada. Outro dia eu ouvi, por exemplo, um programinha, um vídeo do Eduardo Bueno sobre comunismo no Brasil. Sabe o que ele entende de comunismo? Absolutamente nada, nada. Quer dizer, carimbo os caras de comunista, assim, por motivos que não tem nada a ver com a história. Então, assim como o Marco Antônio viu também, não sabe o que é comunismo, porque não que estudou. Eles não estudaram comunismo, não estudaram fascismo, eles usam essas coisas assim, só aparecer bonito e para se ele acha bonito ser comunista, ele diz que é comunista, se ele acha bonito ser fascista, ele diz que é fascista, é assim por dentro. Mas é tudo só ostentação, não é uma coisa séria. Quando você vê pessoas que dedicaram a vida a definir e aprofundar os conceitos das suas respectivas ideologias, quando você vê a obra do George Lucas, ou do Giovanni Gentili, para citar que por exemplo um comunista ou fascista, e você vê como eles levavam esse assunto a sério, isso era a vida deles, era o coração deles, era o sangue deles. E para definir isso, eles usavam melhor da sua inteligência, eram dois gênios assombrosos. Agora, perguntei, no Brasil quantas pessoas leram essas coisas? O George e o Lucas chegaram a ler um pouquinho, eu lembro que nos anos 60, a editora civilização brasileira publicou pela primeira vez uma coletânea de ensaios do George Lucas, se chamar ensaios sobre literatura. Eu li aquilo, fiquei absolutamente fascinado e fui atrás dos outros livros do homem, eu sempre faço assim. Quando eu gosto de um autor, eu vou procurar se possível a obra completa dele, para ter a certeza de que eu estou entendendo direitinho e de que não estou perdendo inumeráveis riquezas, tomando às vezes uma riqueza acidental como se fosse o centro da coisa. E quando eu cheguei na estética do George Lucas, que ele considerava o principal, que é um negócio monstruoso em seis volumes, eu fui ler daqui, não terminei de ler, eu li as três volumes, e fiquei muito impressionado e falei, olha, isso aqui nunca vai chegar no Brasil, nunca, ninguém vai estudar essa coisa no Brasil, não há menor possibilidade. Aqueles que estão ganhando dinheiro com George Lucas não vão ler tudo isso, não vão fazer esse esforço. Conta o Giovanni Gentile, então, aí nunca saiu nada do Giovanni Gentile em Português. E Giovanni Gentile era o guru do Mussolini. E era, como se diz, apesar das do seu viés ideológico, era um homem muito honesto, o Giovanni Gentile, e ele teve um papel importantíssimo na formação acadêmica do maior estudioso americano do fascismo, que é o James Grego, que de fascismo não tem nada evidentemente. E que, em vários livros, ele expressa a gratidão que ele tem pro seu ex-professor, Giovanni Gentile, etc., etc. Então, ele falou, bom, o melhor do debate do olório é que não chega no Brasil, só chega assim, a rotulação superficial, quer dizer, são carimbos que você usa para se engrandecer o poder precial adversário. Chamar de comunista ou nazista não quer, portanto, não quer dizer que não existe nenhuma. Então, o que existe no Brasil? Existe assim uma disputa imediata pelo poder, e mais ainda, disputa pelo dinheiro público, gente. É isso que eu estou falando. Por que você acha que esse pessoal agora está com tanta raiva do Bolsonaro e de todos os dois? Por quê? Porque ele tem 30 bilhões de reais, meu Deus do céu. E o Bolsonaro tirou da mão... Ele já estava pegando, deu o Bolsonaro a gegular e tirou. Eles estão com síndrome de abstinência de dinheiro público, porra. Então, esse é um ódio que não vai terminar nunca. Pera aí, tem alguma coisa pra beber aí. Síndrome de abstinência que está resultando, então, em crise de ódio. Eles têm que se vingar. Então, o que ele faz? Ele compendeu 12 deputados, tirou o presidente do partido e botou a Joyce Rasselman, que está lá moribundo, no hospital, cuidadinha. Então, é tudo isso. É só imediatismo. Eles querem o cargo público e querem o dinheiro. O dinheiro, o dinheiro. Era o protesto do tempo das passeatas. Você disse que eu quero o meu. Você está indignado com o robo, né? O cara roubou, eu não deu nem um pouco de baú. Você, porra, que sacanagem. Então, é muito baixo o nível da discussão política brasileira. E nesse baixo nível, os caras me envolvem. Eles usam o meu nome, com o qual eles não tem o pessoal nem nada que ver. Eu não devia ver esse bunda mole, esse cara ridículo desse bebeanos. Tem um nome muito correto. O bebeanos é um cozinho que quer ser um cozão quando crescer. Ele é isso, é nada mais do que isso. E o cara, desde não devia ter o direito de pronunciar o meu nome. Porque algum dia ele vai ler as coisas que eu escrevi. Você acha que ele tem a capacidade de acompanhar esses cursos, ler qualquer coisa? É claro que não. Ele não sabe o que está falando, está usando o nome assim apenas como rotulação publicitária. Então, é evidente que um debate ideológico, a meu respeito, eu não vai haver no Brasil. Nunca vai haver. Você acha que tem na esquerda algum, que é capaz de discutir a minha obra? Ou, por essa, o donkey. O donkey dizia, não, mas ele coloca um carvalho muito famoso, mas ele procura ler no Google, como é que chama? Google, sei lá, é Google acadêmico. Lembra disso, como é que chama? Google Universo tem um negócio assim. E quase não tem referência a ele. Meu filho, isso quer dizer que não foi indexado no Google no referência, você quer que eu tivesse uma lista de referências. Eu tenho mais referência a respeito da minha obra do que você jamais terá em 200 anos de vida, se você durar 200 anos. As referências à sua obra não chegarão a um milésimo do que tenha meu respeito. Agora, não foram indexados no Google, eu sei lá porque deveria ser, mas evidentemente, você acha que o pessoal do Google gosta muito de mim? Não tem, porque é gostar. Se eles gostaram de mim, eu vou perguntar o que eu estou fazendo de errado. O que ele tem? Viu o argumento do cara? Não, ele não está no Google, não sei o que. Ah, pai, vai tomar no Google, que coisa mais ridícula. Um professor universitário, é isso que ele tem a alegar contra o outro, como o cara não está no Google? Pô, esse argumento de ginásio, e é assim que se discute no Brasil, é tudo assim. Então, para esclarecer esse negócio do conservadorismo, vamos supor que nós fomos discutir a sério esse negócio. E você perguntar assim, o Olaves Carvalho é conservador, e sobre ele é o gurudo conservadorismo, então vamos definir o conservadorismo. Eu acredito pessoalmente que só existe real o conservadorismo no mundo anglo-saxônico, já existiu na França, hoje tem outro negócio misturado. Mas no mundo anglo-saxônico, em Inglaterra e nos Estados Unidos, existe mesmo um movimento sério, tem intelectual de primeiríssimo plano, e eles têm um confronto com o pessoal do lado de lá. Isso é um confronto tanto acadêmico quanto publicitário. Tem confronto intelectual e confronto político. Então vamos procurar nesta fonte. Melhor ainda, vou procurar, vamos dizer, o reflexo brasileiro desta fonte. Então agora, tive uma sorte que saiu o pessoal, o Bruno Garchang, Daniel Fernandes, publicando esta coletânea inscrito do João Camilo de Oliveira, o autor que eu sinto há muitos anos, pelo qual tem o maior respeito, esse é um grande pensador brasileiro, e escreveu livros absolutamente indispensáveis, como histórias das ideias religiosas no Brasil, religiário da história, e sobretudo a democracia coroada, que é como ele expressava a doutrina política do Império Brasileiro. Perfeito livro. Então tem essa coletânea de ensaios aqui, no qual ele começa me dando justamente a dica que eu estava procurando. Eu falo que era uma definição de conservador, e me dá por algum desses pensadores anglo-saxônicos, de mana bem resumida, para eu poder comentar na hora. E sorte, o livro chegou essa semana e eu abri e falei, opa, está aqui o que eu estava procurando. Então ele dá aqui a definição de conservador, e não dá da pelo Russell Kirk, ou como diz o seu biógrafo brasileiro, Russell Kirk. Então o Russell Kirk define aí o... Você está andando lá tomando dinheiro da família do Russell Kirk, fez um sucesso gastado. Não foi nenhum desses, aqui estou inocente. Então está aqui o João Camilo resumindo o resumo feito pelo Açucaca. Então ele fixa em seis pontos a sua descrição do conservadorismo, do Conservativo Minds. Então primeiro, a crença numa ordem divina para a sociedade e para a consciência. A pertence à ordem divina, da sociedade e da consciência. B, valorização da variedade e colorido da vida tradicional. C, reconhecimento da legitimidade da existência de classes e hierarquias sociais. D, convicção de que propriedade e liberdade estão intimamente ligadas. É, é... É... Cinco, tradicionalismo. Seis, distinção entre mudança e reforma, ou revolução e reforma. Então são esses seis pontos. Vamos ver um por um. O que eu penso a respeitar algum deles? Se eu subscrevesse esses seis pontos, seria um conservador, no sentido distrito, definido pelo Açucaca. Então, coisa que eu não acredito que eu sou. Aliás, o Açucaca não é um autor muito interessante, foi muito importante, mas não esqueçamos que o Aéreo que foi aquele considerava apenas um menino. Quer dizer, não chegava a ser um pensador profundo. Ele expressou muito bem a mente, o coração, o sentimento conservador anglo-americano. Isso ele fez. Ou seja, é um excelente escritor, mas não é um cientista político, e muito menos um filósofo político. Bom, então, vamos lá. Primeiro, crença numa ordem divina para a sociedade e para a consciência. Eu acredito nisso? Não, não acredito. Não acredito que isso exista, porque se existisse, vigoraria, meu Deus do céu. Quando você vê, existe uma ordem divina no cosmos. Claro que existe. O cosmos está ordenado e ele funciona. Se parasse de funcionar a ordem divina para o cosmos, o cosmos ia explodir e acabar. Então, se existisse uma ordem divina para a sociedade, a sociedade obedeceria essa ordem. Ou então ela estaria totalmente fora da ordem divina e condenada a extinção. Então, o que há é um ideal divino. É como se você dissesse assim, você tem ali, na religião católica, na Cristã, em geral, você tem os dervandamentos que são, vamos dizer, de certo modo, moralmente obrigatórias para todo mundo, mas você tem, além disso, você tem modelos de perfeição para os santos, os grandes místicos, etc. Então, eu diria que o que eles estão chamando de ordem divina aqui não é ordem divina real. É um modelo de perfeição. Modo de perfeição que alguma sociedade atingiu, não, nunca nenhuma atingiu, mas tem algumas que se esforçam para chegar lá. Aqui nos Estados Unidos você vê a sinceridade desses esforços é obro, e mesmo assim, fala a todo momento. Portanto, a noção de ordem divina não é uma noção descritiva correta, científica, que você possa levar a sério. Ela é a expressão de um mandamento religioso que se oferece como norma de perfeição. Quer dizer, se a sociedade fosse para ser perfeita, deveria ser assim, assim, assim, assim. Pode isso você considerar um conceito científico? Pode, no sentido de uma assíntota, uma curva que vai se aproximando de uma reta, mas nunca chega lá. Então, é uma nova de perfeição que nunca será atingida, mas a qual você pode se aproximar mais ou menos. Então, nesse sentido, a noção da ordem divina pode ser usada como instrumento de medição, para você aferir qual é o estado de coisa no mundo em um determinado momento. Então, você olha, por tudo que eu via assim, a sociedade americana está mais próxima da ordem divina do que está, por exemplo, a sociedade nazista. Mas olha bem, é um julgamento subjetivo que eu estou fazendo, não que o padrão da ordem divina seja subjetivo, ele não é subjetivo, mas ele é um padrão ideal, não real. Então, eu posso pegar esse padrão real e confrontar com a realidade para medir a realidade. Isso me dá um conhecimento da realidade, mas isso quer dizer que justamente que essa ordem divina, materialmente, realmente ela não existe, ela existe no seguinte sentido, no juízo final quando acabar essa pocaria, e nós formos ser julgados, nós serão julgados por essa ordem divina. Quer dizer, as sociedades que existiram e os seus representantes serão julgadas na comparação com essa ordem divina, mas ela só existe nesse sentido. Então, qual é a legitimidade de você cobrar as sociedades existentes pela proximidade maior ou menor de elas em relação à ordem divina? Então, isso pressuporia que tudo na sociedade é resultado da vontade humana. Então, vocês não cumpriam a ordem divina, vocês não se afastaram da ordem divina. Sim, mas quem que decidiu isso foi, como diria o Max Weber, um conjunto de resultados indesejados e imprevistos das ações humanas. Então, nesse sentido, o julgamento que você faz de uma sociedade pela comparação com a ordem divina só tem valor para você. É um valor, por assim dizer, eurístico. Quer dizer, uma coisa que você usa para você se esclarecer a respeito de algo. Isso não vai te dar uma certeza científica de jeito nenhum, e muito menos vai assegurar que o julgamento que você está fazendo naquela sociedade é justo. É claro, por exemplo, se você pegar, sei lá, a sociedade asteca, né? Eu entendei lá pelo México, vendo aqueles altares onde fazer um sacrifício humano deitava o sujeito lá, abriu o neguinho, jogava o coração, tirava o coração dele. Bom, não precisa fazer muita esforça para dizer, isso aí não se aproxima da ordem divina, com certeza. Eu vi isso, fiquei horrorizado, vi que tinha gente gostando, tinha gente achando maravilhoso. Então, assim, tudo que eu vi da cultura mexicana primitiva, eu acho que é de vomitar. Se independente de nenhuma, dá o derrubar tudo, falar, vai pagar essa pocaria, assim como quando esse cara me levar lá em Olinda. Vamos ver o mercado, ver o mercado, eu falava, vou lá, vou lá. Cheguei no mercado e senti que tinha um negócio sem mistro, olha, estou por essa. E aí, planti, isso aqui era mercado de quê? Esse cara é mercado de escravo, fala, vamos embora, porra, o que que eu vou fazer nesta merda? Não vou ficar contemplando esta desgraça, né? Então, claro, você tem que guardar como documento histórico, mas é um documento histórico vergonhoso, claro. Mas não é bem vergonhoso, é deprimente, né? Quem é que pode ficar contente vendo uma pocaria dessas? Só se for o louco, que? Tá com saudade da escravidão, queria escravidar 150 neguinhas pra ficar brincando com ele, né? Pode ser, tem louco pra tudo, né? Então, esse julgamento, ele pode ser altamente esclarecedor, mas para o indivíduo. Por exemplo, nessa comparação que eu fiz, né? Com o do México, com o da Olinda, né? É um julgamento pessoal, meu, subjetivo que eu estou fazendo. Não é totalmente inválido, não é errado, mas também não é científico, né? Filosoficamente tem algum valor controlativo. Então, se o conservador ele defende este princípio, eu não posso seguir lônes, porque isso pra mim não é um princípio. E se apenas um instrumento ocasional de avaliação das situações, vamos ver o segundo ponto. Valorização da variedade e colorido da vida tradicional. Valorização do que? Quer dizer que eu vejo as culturas antigas, tudo que nos legaram e acho bonito, né? E gostaria de conservar. Ai, tem alguém que não gosta, né? Tem algum sujeito que por ser comunista, tem algum comunista que quando chegou tomou poder na Rússia, ele disse, vamos destruir todos os monumentos do tsarismo. Nenhum nunca falou um treco desse. Eles conservam, eles tem orgulho daquilo, eles são conservadores por causa disso. Então, eu não vejo que isso defina bem o conservador, embora possa ser um dos elementos. Quer dizer, é um argumento em favor da política conservadora com a ressalva de que não existe nenhuma política que será totalmente contra isso. Ovel, durante um certo período, o movimento modernista. No movimento modernista, havia muitas pessoas que eram ou facistas ou comunistas. Muitos facistas no começo. E eles tinham a idealização do progresso, das máquinas, da novidade. Mas nenhum facista era tão facista que falava, não, vamos destruir todos os monumentos de Roma, vamos queimar todos os quadros. Agora só vai ter o monumento do progresso, vai ter locomotiva, foguete. Nenhum foi tão louco assim. Teve alguns que falavam isso, mas era só fora. Da boca para fora. Teve um italiano que tem marinete, marinete teve um influência enorme no modo brasileiro. Ele falava umas coisas desse tipo. Um italiano com uma raça adolescente, uma coisa assim, queria tudo novo. Mas era só da boca para fora. E não disse, vamos queimar o Vaticano, porque é coisa de antigamente. Não, não, as Sovietas inventaram alguns estilos modernos que expressavam a ideia da força, da produção, o lado quantitativo. Mas nenhum saiu destruindo monumentos do Tzarismo só porque era um passado. Então eu sou favorado a isso. Bom, até certo ponto, eu sou também. Mas eu não creio que isso me defina como conservador. Acho que isso me defina, parece, como um ser humano. Normal, quer dizer, não tenho que estar no hospício. Porque quem mandar destruir tudo tem que estar no hospício, obviamente. Então eu não acredito que isso seja um fator verdadeiramente definidor de ideologia nenhuma. Quer dizer, algo que é compartilhado por várias ideologias não pode ser típico de nenhuma delas. C, reconhecimento da legitimidade da existência de classes e hierarquias sociais. Eu nunca na minha vida pensei nisso em termos de legitimidade. Mas nem, se você pergunta para mim, se acho que deve existir classes sociais, mas eu conheci e perguntava-me, se acho que deve existir gatos, ou tatuos, bolas, ou nuvens. Não, isso é uma realidade, isso é um elemento fático, não um valor. Nunca, já houve sociedade sem classes. Bicho, é o sapato sem pé. Quer dizer, eu quero fazer sapato para uma população que não tem pé. É a mesma coisa. Então seria a galinha que bota ovos cúbicos. Quer dizer, não tem sentido. Classes e sociedade são exatamente a mesma coisa. E eu nunca dizer que elas devam existir. Porque, em certas sociedades, a estrutura de classes pode se tornar muito injusta. Em outras, ela pode ser justa, mais justa ou menos justa. Portanto, a existência de classes por si não é um critério, nem de justiça e nem de injustiça. Precisam algo mais para definir essa coisa. Mas ainda, eu fiz aquele estudo sobre as castas. E as castas eu defini como tipos psicológicos. No mesmo sentido que o Ortega, ser também nossa definição é diferente, mas é inspirada na mesma ideia, não são classes sociais. As castas são tipos psicológicos que podem se distribuir em várias classes diferentes. Quer dizer, você pode pegar um cara que está na casta chudra, que é mais baixa, e que ele é um brâmão. Pela estrutura da sua psique, como em outros casos, em outras sociedades mais raras, você tem uma estrutura de classes que procura imitar as castas, como na Índia, por exemplo. Quer dizer, que existe uma classe social no qual predominam certos tipos psicológicos. Mesmo assim, a distribuição não vai ser perfeita. Então, é por isso que na Índia se admite a existência de, por exemplo, de indivíduos altamente desenvolvidos do condivista espiritual, mas que estão nas classes mais baixas. E até no século XX tem o famoso Santo Paria. Todo mundo venerava o cara, mas ele não entrava no templo brâmão. Por uma questão de respeito, ele diz, não, eu, pela minha casta, não posso entrar aí, embora, após da lição, buscar. Então, você vê que mesmo na Índia, onde houve um certo esforço para equalizar a estrutura de classes das castas, não funcionou completamente. Então, por isso você vê que o negócio das classes é muito complicado. Se você pegar no Brasil a classe dominante, né, só tem paria, só tem vigarista, pô, quem é que não sabe, é todo ladrão, porra. O bandido é paria, quer dizer, o paria é um que não pertence a classe nenhuma, ele imita o comportamento das classes quando ele interessa, né. Mas eu não acredito em nada aqui, não. Então, por exemplo, o 34, quer dizer, ele é um... um baixa, quer dizer, ele é um comerciante, ele é um homem, né, a finalidade dele é produzir riqueza. Você acha que a classe dominante do Brasil é assim? Não produz riqueza nenhuma, meu Deus do céu, e não sabe. Você dá uma filha na presidência de ministrais, destrói a família em três meses, como destruir o Estado brasileiro. Ou seja, nem o instinto do lucro os desgraçados têm, eles têm o instinto da perda, do perruízo. Então, eles são tipos predadores, eles são ladrões, eles não são empresários, meu Deus do céu. Outra coisa, uma vez eu estava no Fondo da Liberdade, chegou lá alguém com a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, que mostrava assim que nas universidades do Brasil só 3% dos estudantes queriam ser empresários, usou todo aquele emprego. E o que eu decidi, na universidade, é para formar a classe dominante. Eu falei, mas que raio de classe dominante é essa? Todo mundo quer ser empregado. Tem algum treco errado aí. Então isso quer dizer que a estrutura de classe no Brasil é muito confusa. E as pessoas usam os nomes das classes para fins de propaganda política. É só o vocabular da propaganda ideológica, não é ideologia, isso é propaganda ideológica. E aquele teste que o Meira Pena fez do estudante dele da Universidade de Brasil, é que classe social você pertence. Ninguém sabia, porra. Quer dizer, os caras que dizem que são a camada mais esclarecida da população, quer dizer, estudantes, traziam o país de tudo analfabeto, não, não é que soube estudantes, nós não estamos. High Brown, né? Esses não sabem que classe social pertence. Você sabe que é um curso, você sabe que tem um, você tem certeza que está lá, não tem. Então o negócio é desesperador, gente. Desesperador. Quer dizer, como é que é que caras que dão palpite sobre a estrutura de classe, não sabem qual é a classe social que eles pertencem? É mesmo a coisa que eu senti ficar dando palpite sobre a técnica do Gapotebol, eu não sabe que é uma bola. Eu não consegue distinguir uma bola de uma jaca. Então, vamos ver mais um aqui. Então, realmente eu não acho que a existência de classe social seja um valor que possa ser defendido ou atacado. Essa defesa da existência de classe é pelo menos um argumento antisocialista. Mas é um argumento antisocialista mesmo? Quando os socialistas falam de uma sociedade sem classe, eles acreditam nisso. É claro que não, porra. Isso não é sério, né? O conto do Pirandelo. Mas não é uma coisa séria. Quer dizer, tão gozando da minha cara fazer sociedade sem classe. Quem vai fazer sociedade sem classe? Tem que ser o cara que está na classe dominante, evidentemente. Então, como é que vamos construir sociedade sem classe se ninguém domina a porra da sociedade? Então, é gozação, porra. Quando Karl Marx veio com essa conversa, tinha que dar meia dúvida e estar para mandar embora. Cala a boca, burro. De convicção de que propriedade e liberdade estão intimamente ligadas. Ah, bom. Esta aqui é uma afirmação de tipo científico, factual. Quer dizer, existe uma correlação entre a defesa da propriedade privada e a possibilidade das demais liberdade, da política, da liberdade civil, etc. Uma coisa ligada com a outra. Factualmente. Então, isto aqui não é um preceito. Não é um juízo moral. Então, fazer um item do programa conservador. Isto é uma simples afirmação científica. Óbvio que uma coisa está ligada a outra. Então, portanto, a garantia da propriedade é inerente à garantia da liberdade. O PIM parece um móvel. Então, essa coisa eu aceito, mas não como um princípio valorativo, e um princípio axiológico, moral a ser defendido. Nem como princípio político, nem como assim, porque a afirmação científica. A afirmação científica é que a existência do socialismo jamais negou. Eles podem dizer que vão negar, mas e daí? Mas não vão negar. Na verdade, não vão. Agora, é... É tradicionalismo. Bom, o que quer dizer tradicionalismo? O amor das tradições antigas... Ah, vamos, espera aí, mas... O comunista não tem amor às tradições antigas. Eles tomam poder, saem lá queimando os monumentos, quadras, etc. Eles não fazem isso. Então, alguns elementos da tradição todo mundo gosta. Se você ler a obra de Karl Marx, ele mesmo reconhecia que há uma dificuldade em você entender por que que obras que já não têm significação na luta de classe ainda mexem conosco e ainda nos comovem. Mas ele reconhecia que isso existe e que, portanto, são valores permanentes. Se você pegar toda obra do George Lucas, toda teoria literária dele é baseada no amor, o que é? O que ele chamou realismo clássico, que é o realismo literatura burguesa. Tipo, Thomas Bausac, etc. Bom, isso é um tradicionalismo, evidentemente. Então, também, você vê, existe uma oposição entre o tradicionalismo e o progressivo, e ele fala, obviamente não. É o que dizia o Rosenstock Christ, ele dizia, toda pessoa normal é tradicionalista e progressista. Só o louco consegue ser só uma dessas duas coisas. O que é bom na tradição, o que é conservar, o que é bom no progresso, apoiar também, todo mundo é assim, você está entendendo? Então, não é uma questão filosófica legítima, é uma falsa colocação de problema filosófico. Então, é como o famoso individualismo ou coletivismo. O que é o coletivismo? É você querer dar a todos os benefícios individuais que os indivíduos gostam. Então, você está valorizando o individualismo. Você tanto está individualizando que você quer coletivizá-lo. É claro que é uma colocação mal feita, é um desses antagonismos absurdos que se é para discussão no gynário, mas não é sério. Então, também, a distinção entre mudança e reforma, ou revolução e reforma, é muito bem. Isso existe, claro, mas isso define o conservadorismo, ou por exemplo, se você pegar os liberais, eles também não são todos a favor de reforma, em vez de revolução, os chamados socialistas revisionistas, Edward Bernstein, Carl Coutts, etc., não eram todos a favor da reforma, em vez de revolução, o pessoal do movimento da Inglaterra, do Bernard Shaw e outros, como é que chamava aqui o negócio da Fabianos, eram todos reformistas, a favor da reforma e da revolução. Então, quer dizer que os Fabianos, os socialistas, os Carl Coutts, etc., tudo conservador, conservador, não, isso não define o conservador, então, está mal colocado pelo Rassau Kark. Isso quer dizer que ele pegou alguns estados de espírito, que ele viu naquele meio que ele frequentava e ele expressou corretamente, mas ele não examinou filosoficamente se essas questões podem ser formuladas nesses termos. E se formulando nesses termos, você está realmente descrevendo o movimento conservador existente ou o que você acha que deveria existir. Então, entende? Então, você, cara em baú olá como conservador, é uma coisa que, no mato, tem um valor muito relativo, lojínco, não é isso? Eu não pertenço a essa discussão. A discussão de como a sociedade deve ser, se tem um surreito que não está lá, sou eu. O que não quer dizer que eu nunca tenho opiniões de, ruídos de valor a respeito que quero que seja. Sempre tenho, tenho muitos, mas é sobre pontos particulares, não sobre o confluto da sociedade. Muito bem. Ainda, como isso é essa continuação e confronto com esta análise que eu estou fazendo, outro dia eu estava vendo uns vídeos de uma moça americana que é técnica de canto. Ela ensina os carinhos a cantar. Ela estava lá examinando vários cantores e um dos cantores que estava examinando era Elis Regina, cantando a canção do Bill Shior, como os nossos pais, canção de 1975. E ela, embora não entendesse a letra, ela pegou várias coisas da interpretação da letra. A análise está muito bem feitinha. E eu comecei a prestar atenção na letra pela primeira vez na minha vida, porque naquela época que eu conheci o Bill Shior, o Bill Shior era namorado da minha chefe. Eu trabalhava numa revista da Abril, e a minha chefe era namorada dele, e a gente sempre nas festinhas da redação, a gente sempre o encontrava, então não parecia um bom sujeito. E eu, pela primeira vez, comecei a prestar atenção nessa letra, que fez um sucesso enorme, sobretudo no meio da juventude universitária, e o sucesso mostra que ela expressava um sentimento que existia realmente entre aquelas pessoas. De algum modo, o Bill Shior estava expressando o que eles sentiam. E quando vemos o que eles sentiam, isso explica muito de tudo o que aconteceu depois, o destino da esquerda nacional. Como é que a esquerda nacional chegou a se tornar a maior gangue de ladrões da história humana? Como foi possível? Porque o que eles fizeram, a gente anotava, porra, você roubasse trilhões e trilhões e trilhões, e ele falou, porra, você pega o capô, e eles ficam, não são nada perto disso. Até o próprio, nem o Fidel Castro conseguiu roubar tanto, meu Deus do céu. Então como foi possível isso? Qual é o estado de espírito? E daí você vê o seguinte, olha que coisa bonita, por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina, eles venceram e o sinal está fechado para nós. Quem são os nós? Os roves. Então, cabelo ao vento, gente jovem reunida, passeada evidentemente, na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais. Me adora perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos que vivemos como os nossos pais. Ou seja, nós não conseguimos nos transformar tão profundamente como nós conseguimos transformar a sociedade, nós émos o motor e o, como é que se diz, a causa, a força causal da mudança aqui, a transfigurar tudo e criar um mundo maravilhoso. Mas no fundo nós não mudamos nada no conjunto e nós também não mudamos, ainda somos tão malvados quanto os nossos pais. Peraí, mas que raio e pecado seus pais cometeram? Por que que os seus pais deveriam ser o modelo, o modelo, o antimodelo da sua conduta? Entendeu? Não quero ser como meu pai, eu quero ser um negócio muito melhor. E daí? Veja que coisa. Peraí, peraí, peraí, peraí, já chegou um negócio mais bonito ainda, mais bonito de ser uma coisa. Eu nasci em 1975, gente, acho que. Hoje eu sei que quem me deu a ideia de uma nova consciência e juventude está em casa, guardado por Deus, contando o vil metal. Olha que maravilha, porra. Quer dizer, deu tudo errado. Eles venceram, quer dizer, os milíquios reacionarem, etc. E do nosso lado, aqueles que me abriram, uma nova consciência, uma nova juventude, está em casa contando o vil metal. É o Lulinha contando o dinheiro do mensalão porra. Então você vê, em 1975, era isso que o pessoal da esquerda sentia, sentia o seu fracasso, não só o seu fracasso, o seu total, sua derrota. Mas a sua podridão. E eles não tinham outra maneira de pressar essa podridão, se não dizer que nós ainda somos como os nossos pais, nós somos tão egoístas quanto eles. E aqueles mesmos que nos abriram, uma nova consciência que nos descortinaram o futuro, maravilhoso, estão lá em casa contando o vil metal. Não é profético? Em 1975. Mas você veja, também tem isso aqui. Você pode até dizer que eu estou por fora, o então que eu estou inventando, mas é você que ama o passado e que não vê. É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem. Ele ainda tem uma esperança. Vai vir o novo, vai vir o partido como o NICFOU, vai vir o PT. E vamos tomar conta de tudo e vamos criar um mundo maravilhoso. Se não der para transformar um mundo maravilhoso, pelo menos vamos encher o cu de dinheiro. Você vê que é uma tragicomédia. Eu não sei se é para rir ou para chorar. Mas, se você pensar bem, toda história seguinte já está nessa musiquinha aqui. Então o Beiruxó acompriu a missão dele, porque é missão como se fosse um poeta. Capital que está acontecendo, expressar o que as pessoas não conseguem dizer. Então é isso aí, gente. Até a semana que vem, muito obrigado. A gente não tem racia de pergunta.