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Alô pessoal, boa noite a todos. Eu estou gravando esta aula hoje na sexta, porque amanhã, sábado, na hora da aula, não poderia estar aqui presente. Eu vou tocar aqui um assunto que vai começar aparecendo um pouco técnico da filosofia, mas que depois cuja importância, a dizer, atual e prática aparecerá logo em seguida. Em inglês, a palavra evidence quer dizer indício ou elemento de prova. Você somando várias evidências, você obtém uma proof. Isso quer dizer que em relação à proof, a evidence está num grau inferior. Ela não é um elemento de convicção tão forte quanto uma proof. Este sentido da palavra evidência foi adotado recentemente no Brasil, copiando o uso inglês e perdendo a riqueza do sentido da palavra evidência no português um pouco mais antigo. Hoje em dia qualquer coisa com cinco anos já é antiga. Não há praticamente a passagem do conhecimento de uma geração para outra. Casas de geração nasce apendo a nutria da sua própria ignorância e pela ignorância dos professores mais jovens da geração anterior, então tudo se perde. Então isso quer dizer que houve uma mudança brutal no sentido da palavra evidência em português. Antigamente evidência significava um conhecimento direto e inquestionável, como o conhecimento que você tem numa coisa que você mesmo presenciou, por exemplo, a testemunha de um crime, você viu uns sujeitos faqueando o outro. Então você tem a evidência direta, quer dizer, a certeza absoluta e direta, direta, portanto, sem intermediários, quer dizer, por isso que se chama o conhecimento imediato. O imediato aquilo aqui não é separado do outro por meio, por um mediador, ele é imediato. É imediato, quer dizer, não é imediato, não tem um intermediário. Então quando a testemunha observou o crime, ela tem um conhecimento imediato e, portanto, autoevidente do fato, ela não precisa de uma prova. Ao contrário, quem não viu precisa de várias, vários elementos de prova, vários indícios que formam então, logicamente, uma prova. Prova é um elemento lógico, a evidência é um elemento intuitivo. Intuitivo também no uso das pessoas mais incultas e mais, que seguem mais o vocabulário da mídia. Intuição, quer dizer, é um conhecimento mais ou menos místico, mais ou menos mágico, mais ou menos subjetivo, mas na tradição filosófica, intuição é o conhecimento direto e imediato. Distinto, portanto, do conhecimento racional ou lógico, ser o conhecimento que é obtido através de uma prova ou sequência de provas. Então, isso quer dizer que, copiando o uso americano dessas palavras, nós perdemos o nosso contato mais íntimo com a tradição filosófica e nos aproximamos de uma moda, a verdade, uma moda imbecilizante. Você vai ver que na língua inglesa, atualmente falada, se você pega, por exemplo, que é intuição, intuição quer dizer exatamente esse conhecimento mais ou menos subjetivo, mas inteleção, inteleção quer dizer apenas o pensamento, quando na verdade inteleção quer dizer aquilo que é inteligido imediatamente sem precisar, vamos dizer, da mediação de um pensamento. Por exemplo, se eu mostro um quadrado para você, você intelige imediatamente o quadrado, tem quatro lados iguais, não precisa ninguém lhe explicar isso, não precisa uma demonstração, mas se você parte apenas de uma definição para você raciocinar a respeito e chegar a uma conclusão, então aí você tem um pensamento e não uma inteleção. Copiando o uso angloamericano, mais americano do que anglo, na verdade, dessas palavras, nós estamos perdendo muito da riqueza da língua portuguesa, mas antiga, entre aspas antiga, quer dizer, tem cinco, dez anos atrás, e nos tornando um pouco mais imbecis. Onde quer que você veja um sujeito usando a palavra evidência nesse sentido? E dizendo assim, por exemplo, uma evidência não é uma prova, quer dizer, evidência é só um indício, você pode ter certeza que você está na frente de um sujeito monstruosamente inculto, quer dizer, um de indivíduos que se formou numa universidade dessas vagabunda que tem no Brasil hoje, e que nem tem ideia da história da palavra. Isto é fundamental, você só sabe usar uma palavra corretamente, quando você sabe, pelo menos, a história mais recente dela, quer dizer, da onde sair no as nuances de significado que ela evoca de maneira automática hoje em dia. Quando você não conhece essa história, então essas evocações automáticas se impõem para você, como se fossem as únicas possíveis, e você então perde a riqueza de significado que a palavra está lhe sugerindo. Quando nós conhecemos o sentido mais clássico da palavra que ela tem, digamos, nos dicionários de filosofia de 30, 40, 50 anos atrás, quer dizer, os grandes dicionários de filosofia, e os grandes livros de filosofia, você chega a algumas conclusões que normalmente, se você seguir o uso atual, vão lhe escapar completamente. Então, por exemplo, toda a obra filosófica do Edmond Russell, ela é uma busca da evidência, então, da evidência importante do conhecimento intuitivo direto. Toda a fenomenologia é uma técnica de descrição de conhecimentos intuitivos, quer dizer, o que que nós percebemos imediatamente nas coisas quando elas se apresentam a nós, ou seja, elas se apresentam diretamente a nós. Então, o que que nós vemos quando as percebemos diretamente, não quando pensamos nela, isso é outra coisa. Quando pensamos nela, pensamos a partir de uma série de definições que estão, por assim dizer, consolidadas no uso da linguagem. Portanto, não estamos falando das coisas diretamente, mas indiretamente. E toda a fenomenologia é uma técnica de você colocar entre parênteses essas noções acumuladas e descrever a coisa diretamente, tal como ela se apresenta. Daí, o lema do Edmond Russell, Tudan Zahan Zelbst, isso é, vamos diretamente às coisas, não às ideias, não às definições, não às palavras. E toda a técnica fenomenolórica, quando você lê os livros do russo, parece um negócio altíssimamente abstrato, mas não é abstrato, é concreto. É apenas para você falar da coisa, quanto mais concreto ela seja, mas você vai precisar de usar uma linguagem abstrativa, porque portanto tem uma coisa... Os livros do russo são difíceis por causa disso, ele está sempre falando de coisas substantivas presentes, mas para isso ele tem de usar um vocabulário abstrativo da filosofia, porque ele não é um poeta, ele não pode fazer aquilo que Benedetto Crottes dizia, isso é uma função da poesia, quer dizer, expressão de impressões. Então, a expressão de impressões é evidentemente a impressão de intuições diretas, obviamente, e não de ideias, se o jeito faz a poesia basear nem ideia, porcaria de poesia. Não sendo poeta, mas sendo deformação, matemática e filósofo. Então, o russo fazia este magnífico tool de force, que é você expressar em linguagem de abstração filosófica, o que é, na verdade, uma percepção direta de um fato concreto. Quando nós entendemos isso e seguimos, aprendemos alguma coisa com o russo, como nós aprendemos, em breve vai sair em formato de livro o meu cursinho sobre as investigações lógicas rússas, o que eu dei no Rio de Janeiro muito tempo atrás, o Ronald Robson está preparando o texto disso para sair em breve. Isso eu espero que será muito útil para os alunos. Quando você aprendeu algo com o Edmondo Russo, você chega a algumas conclusões que são absolutamente certas e autoevidentes e que não têm escapatória, mas que parecem contradizer o que é a opinião geral. O opinião geral é o senso comum, o senso comum no sentido que é falar senso comum temor, que é o sentido do Grumpy. O senso comum quer dizer apenas aquilo que todo mundo pensa. Para, onde um autor escolástico, o senso comum é aquilo que unifica as percepções dos vários sentidos. Então, o senso comum é, de certo modo, a experiência direta da realidade, não filtrada por este ou aquele sentido, mas o objeto concreto, por exemplo, se você ouve uma pessoa falando, você está vendo a pessoa e ouvindo. Como é que você sabe que o som está vindo do mesmo lugar onde vem a imagem? Isso que se chama senso comum, quer dizer, o senso comum é uma percepção direta da unidade dos entes. Então, uma das conclusões que nós chegamos é que o seguinte, tudo aquilo que é conhecimento intuitivo, portanto evidência, portanto autoevidência, portanto conhecimento direto, inquestionável, só é acessível à consciência individual humano. Por exemplo, se várias pessoas veem o mesmo objeto, como é que você sabe que elas estão vendo a mesma coisa? Existe uma maneira de você aprender simultaneamente tudo o que todas percebem e não tem. Portanto, a unidade do objeto percebido por várias pessoas é uma conclusão lógica que você chega a partir de indícios e provas. Não há um conhecimento intuitivo desta intuição geral. Isso quer dizer que só cada um desses indivíduos, isoladamente, tem o conhecimento intuitivo e evidência direta do objeto. Então, por exemplo, já houve casos de fazer essa experiência num teatro, você cria um acontecimento qualquer, uma pessoa batendo na outra, tudo fingido, não é psicólogo que montou isso? E depois pede para as pessoas dar o estimulho. O que aconteceu? Cada um... há sempre algumas diferenças entre o que os vários naram. Isso não quer dizer que eles viram coisas realmente diferentes. Quer dizer que os seus instrumentos de expressão verbal não são suficientes para você criar uma unidade nos vários depoimentos. Depoimentos diferem porque as pessoas não estão expressando diretamente as suas impressões, mas a interpretação posterior que fizeram delas. Os depoentes de estimulho não são fenomenologistas, não têm a técnica de expressar a essência do objeto como ele se apresentou. Então, cada um fala de um jeito, tem uma interpretação diferente. Mas aquilo que cada um viu é absolutamente inegável. O que você viu, você viu. Por menos que você saiba expressar. Então, só existe um conhecimento que é absolutamente inegável e certo, o conhecimento intuitivo, que é a percepção direta do que você percebeu. Portanto, se você está fazendo uma experiência científica e você usa uma máquina para medir qualquer coisa, você viu o tamanho da coisa? Não, você viu apenas um ponteirinho mexer na máquina. Isso é o seu conhecimento intuitivo. A medida que a máquina lhe indicou, está ligada ao tamanho real do objeto por uma série de interpretações, série de intermediações. Por exemplo, a intensidade do estímulo luminoso, você associa aquilo com um tamanho ou com um peso. Ou seja, há uma série de interpretações. Então, o que não ao menos nós entendemos como o conhecimento certo, imediato, é o conhecimento científico competido por uma máquina, é tremendamente indireto e tremendamente incerto, porque ele depende de uma série de interpretações. Mas ainda... Então, a autor artista chamado Theodore White, que escreveu um livro sobre a origem da crença nos números. Ele diz assim, para você aprender a lidar com qualquer equipamento científico, você precisa de uma prática. E essa prática é ajudada por um técnico que já conhece a máquina. Então, entre você e esse técnico, se formam uma série de comunicações bastante subjetivas, bastante pessoais, bastante emocionais até, porque tem coisa que o técnico não consegue verbalizar. Então ele mostra, ele está vendo, você fala que você faz assim, que você faz assado. Então, tem todo um código imensamente complexo de sinais, inclusive não verbais, entre o técnico e o aluno, para que eles aprendam a lidar. Eles possam lidar simultaneamente com o mesmo equipamento, interpretando de maneira mais ou menos parecida o sinais que o equipamento lhes envia. Então, isso quer dizer que qualquer experimento que use máquinas, existe uma tremenda massa de elementos subjetivos e incertos que se introduz ali. Então isso quer dizer que a crença nas indicações dadas pelas máquinas, é, em geral, um fetiche. Claro que precisamos das máquinas de identimento e precisamos das medidas, porém nada disso tem a força, a força cognitiva de uma intuição direta, porque a única intuição direta que você está tendo é da presença da máquina e do som e imagem que você está vendo, do técnico que está lhe explicando. Disto você tem certeza, o resto é tudo, entrepretação, conclusão, sequência de provas, argumentação, toda uma complicação. Mas a evidência direta é inegável, você viu, por exemplo, se você assistiu um crime, ninguém vai botar em dúvida o que você viu. A não ser no caso da piada do Grosso Marx, afinal você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos. Hoje em dia essa piada do Grosso Marx virou técnica pedagógica. Quer dizer, cada um tem que botar em dúvida o que ele está vendo, tem que acreditar no que o professor, os técnicos, a classe acadêmica que está dizendo o Conselho do Acadêmico, quer dizer, isso é um processo de estupidificação. Então entendemos que a única possibilidade de conhecimento direto, certo, inegável, está na consciência individual. Só o indivíduo tem certeza absoluta daquilo que ele viu. Então entre a opinião desse indivíduo e a da maioria, realmente o indivíduo está certo. Mas por outro lado, eu estou falando do ponto de vista cognitivo, o ponto de vista intelectivo, mas do ponto de vista psicológico, o indivíduo quando ele se coloca, a opinião dele vai contra a do grupo, a da maioria, ele fica inseguro. Então veja esse paradoxo humano, essa tragédia humano. Quanto mais seguro é o acesso que eu tenho a um conhecimento, menos confiança que eu tenho nele, por que? Porque ele não pode ser confirmado por todos. Quer dizer, o consenso coletivo é feito de uma série de subtrações e somas e subtrações entre elementos percebidos, diferentemente por várias pessoas. Então o consenso é sempre incerto e a intuição individual é sempre certa. É por isso mesmo que você vê que todo e qualquer descoberta científico, filosófico, ou criação artística é feito por um indivíduo e depois ele passa para os outros. Nunca acontece o contrário. A maioria descobriu isso e daí foi contar para o descobridor. Isso nunca acontece. Então isso quer dizer que o indivíduo tem esse primado cognitivo e esse, vamos dizer, é o elemento número um de toda a minha perspectiva filosófica. A sede do conhecimento certo e inegável é a consciência do indivíduo. Não a opinião, mesmo o científico, não a autoridade, não o consenso geral, nunca, nunca, nunca, só o indivíduo na sua solidão tem acesso à certeza absoluta. Mas ele pode ser colocado em dúvida, quer dizer, ele pode se dividir contra a sua certeza se o consenso ou o grupo usa a sua autoridade para jogá-lo contra si mesmo. O que acontece praticamente todo dia. Você vai confiar em mim ou nos seus próprios olhos? Se você, ah, tá bom, eu confio em você. Não confio mais no que eu estou vendo. Quando toda a educação deveria ser o contrário de ver a cultivar no indivíduo, primeiro, esse poder de expressar a sua impressão direto. E segundo, o poder de confiar nela mesmo contra todo mundo. Isso deveria ser educação. Então, este grupo de indivíduos capaz de perceber as coisas por si mesmo, estes são a verdadeira elite intelectual. Hoje em dia se entende por elite intelectual aqueles que mandam nele. Ou seja, o grupo dos professores que mandam confiar nele em vez de confiar nos próprios olhos. Então, entende? Então, é inversão, quer dizer, isso é a promoção sistemática do mais imbecil. E isso, pode dizer que o sistema educacional hoje é assim. Claro que é. É mais assim alguns países e outros menos. Eu vejo, por exemplo, aqui nos Estados Unidos, isso é um certo respeito pela percepção individual. Os alunos são, por exemplo, desde pequenininhos, eles são estimulados a falar em público, falar as suas impressões, quaisquer que elas sejam. E o que é medido não é a concordância dele com os demais, mas ao contrário, a sua individualidade. Como é que você percebeu as coisas? Diga do seu jeito. Então, isso é uma coisa bonita que você vê aqui na educação americana. Quer dizer, ela tem muito respeito pela percepção individual direta. E isso é cultivado. Eu vejo, por exemplo, o Pedro e a Leila aqui aprenderam muito graças a esta prática. Embora em outros aspectos isso não seja tão bom, mas não é tão ruim quanto o brasileiro. Pelo menos esse respeito pela impressão de expressões. Veja, definição da poética, segundo Beretta Croche, expressão de impressões. Então, o respeito pela expressão de impressões e o cultivo da expressão de impressões é um elemento fundamental da educação americana. E por isso o pessoal sai da escola muito mais inteligente que o brasileiro. Então, mesmo que a sua... Vê, aqui eu notei o seguinte, mesmo que a sua opinião seja contra a da maioria da classe, isso não tem importância. O que é medida é a sua capacidade de expressar aquilo que você percebeu. Disco que está acertarada é outro problema. Então, chegamos a essa conclusão. Só existe uma fonte de certeza que é a intuição, ou percepção direta. Todos os demais conhecimentos são incertos, você pode prová-los. Mas, o que é a prova? É uma série de raciocínios encadeados uns aos outros, através do uso da pura lógica, ou de outros fatos, outras intuições que você vai colando umas com as outras até obter a prova. Então, a prova nunca é totalmente certa, porque a prova depende da evidência. Todo sistema de provas tem que ter como seu fundamento inicial uma evidência, que é evidência, eu conheço em minha direta. Então, o direto fundamenta o indireto e não ao contrário. Quando as pessoas dizem assim, com aqueles áreas de autoridade, uma evidência não é uma prova, então ele quer dizer que a prova é certa, a evidência é certa, ele está invertendo tudo. Então, ele está confiando mais no indireto do que no direto. O que é, evidentemente, uma estupidez fora do comum. Você vê que quando você observa os diálogos socráticos do Platão, o que é que o Sócrates está opondo àquela comunidade? Ele opõe a sua impressão pessoal, aquilo que ele percebeu, e que geralmente não está batendo com a opinião do conjunto. Então, os diálogos socráticos são sempre a prova da superioridade do elemento intuitivo sobre o elemento lógico. O lógico depende do intuitivo e não ao contrário. Porém, a coisa é mais grave ainda. Quando você pega um raciocínio lógico, o que é o raciocínio lógico? É a sondagem da identidade entre duas proposições que lhe parecem diferentes no início. Todo homem é mortal, só que é seu homem portanto, só que é seu mortal. Você provoca as duas proposições tão no fundo dizendo a mesma coisa. Ou seja, você tem a unidade significada de duas proposições. Como é que você percebe a sua unidade significada? Não é de maneira intuitiva e imediata? Claro que se for de maneira indireta e lógica, isso dependeria de uma outra prova, que dependeria de outra prova, de outra prova sim por dentro. Isso quer dizer que a consistência do discurso lógico é intuitiva, ou não é, não é, não é, não é, fundamento nenhum. Ou ela tem um fundamento intuitivo direto ou não tem fundamento nenhum portanto. Todo edifício lógico depende da força da intuição, da força da evidência. Você veja como é grave, as pessoas dizem em frase como essa, uma evidência não é uma prova. Como quer dizer, não, a prova é um negócio científico, certo, e a evidência é apenas um pedacinho, uma impressão pessoal. É muito grave isso, gente, quem disse isso não é um imbecil, mas ele é uma força imbecilizante. Eu estou dizendo isso porque eu ouvi isso outro dia, num desses camaras admitidos a fazer videozinho científico, e ensinando isso para os seus aluninhos. Eu entendo por que o sujeito ficou um ano implorando que o seu número de subscritores chegasse a 10000 e nunca passou de 60, no começo estava 60, no fim do ano estava 60 ainda e ele não, vamos aumentar, vamos chegar a 10000, não vai chegar nunca, porque você não merece, você é muito burro e metido. Então, o que você quer que a mara assim, com aquela autoridade de quem estudou, não sei onde, estudei, tenho diploma da puta coparil, vem e fala, uma burrice desse tamanho não percebe, gente. Então, isso é a anti-educação. A educação é um contato direto entre um professor e a alma de um aluno. É interior de um aluno. Não é uma coisa de você transmitir, uma coisa, como é que eu disse, uniforme, eu falto todo mundo, não é isso. Ou você está apenas dando frases para eles decorarem e repetirem, ou você está tentando despertar a inteligência, o que é despertar a inteligência? É fazer o aluno perceber que ele tem esse poder cognitivo, ele tomar posse da sua inteligência. E isso é a minha grande ambição neste curso e a ambição realizada, porque são milhares e milhares e milhares de alunos que escrevem confessando que descobriam a sua inteligência. Eu descobriam que eles tinham um negócio que eles nem sabiam que tinham. Você veja, a educação brasileira é de tal modo que ela esconde do indivíduo a sua própria inteligência. Você tem que aceitar a autoridade da escola, autoridade do aluno, em vez de você ter a sua própria inteligência. E quando eles usam, inclusive, expressões vazias, não, nós temos que desenvolver o pensamento crítico. Você quer dizer o pensamento crítico do seu professor? Pensamento crítico da escola, pensamento crítico da comunidade. Não o seu próprio pensamento crítico. Outra coisa, você quer dizer que pensamento crítico é você fazer objeções. Quando você está fazendo objeções, você está se movendo na esfera da discussão lógica. Você está opondo frases a frases. Você não está expressando intuições, expressando impressões. Você não está lidando com fatos e coisas, está lidando com palavras. Você não entende como é grave isso? O estudista desenvolve seu pensamento crítico quando está, na verdade, imbecilizando. Então, é tudo invertido aí. O estudista que coloca a prova acima da evidência, usando a acepção americana do termo, ele está assumindo para si um dos mais graves defeitos da cultura americana. Na cultura americana não existe conhecimento do fato. Existe a impressão, impressão é uma coisa, fato é outra. Isso é gravíssimo, isso é uma herança cantiana. Quer dizer, nós só temos impressões. O fato nos escapa. Isso aqui é uma coisa que se impregnou na língua inglesa, em tal modo que raciocinar canta e anamento como na base da impotência cognitiva, se tornou um vício geral da cultura americana. Todo mundo aqui tem esse problema. Eles não têm mais a noção da evidência direta. Acho que jamais vão entender o que o Edmondo Husser quis dizer. Então, eu acho que a influência do... Excribe muita coisa sobre o Husser aqui, mas é muita coisa confusa. A mensagem fundamental do Husser, ou vamos direto às coisas, students, artes, elves, acho que eles não entendem o que ele está falando. Aqui não tem coisa em si, só tem impressão num lado e fato do outro. O que é o fato? É um treco material que está para além da minha inteligência, para além da minha vida subjetiva. Tudo que eu penso, tudo que eu sei é subjetivo. E o fato está sempre do lado e lá, e eu nunca o alcance. Isso faz com que os americanos serão todos intelectualmente inseguros. Isso até os melhores aqui têm isso. E quando estão falando uma coisa superevidente, eles têm obrigação de tentar provar aquilo. E a... Não existe prova absoluta. Toda prova depende de um elemento intuitivo do ouvinte. Quer dizer, eu estou falando uma coisa para um sujeito que eu suponho que tenha uma experiência parecida com a minha, e que ele pode confirmar pela sua própria experiência aquilo que eu estou dizendo com base na minha. Essa é a técnica do diálogo socrático. Só que ele se fala, ele não está provando nada de último, mas ele está apelando ao testemunho dos seus ouvintes. Quer dizer, eu vi as coisas assim, e você, como é que viu? Assim, às vezes não é. Se não é, nós podemos tentar expressar melhor para chegar a ponto de unidade daquilo que nós percebemos. E eu vejo que aqui nos Estados Unidos é muito difícil você chegar a uma conclusão sobre qualquer coisa, porque eles não têm a noção da impressão direta. Ele só tem o que eles são... Vamos dizer, a impressão é um lado subjetivo. Impressão não é teoria do conhecimento, é impressão da psicologia, é um fato psicológico. Ora, entre o fato psicológico e o objeto do conhecimento, há uma distância imensa. Uma coisa, eu vejo um elefante, uma coisa é o fato de eu ter visto o elefante. Outra coisa, o fato do elefante está presente. Como é que eu posso fazer uma conexão lógica entre as duas coisas? Não há conexão lógica, só há conexão empírica, ou seja, conexão intuitiva. Eu vi o elefante porque o elefante estava na minha frente. Então, o elefante está na minha frente, ele me impõe a sua visão. Não fui eu que eu criei. Não é uma coisa que se passou na minha mente. Eu tive a visão do elefante, a visão que quem me transmitiu. Foi elefante, não fui eu. Então, essa noção da intuição, portanto da evidência, que é a noção básica para todo o conhecimento, ela tende a escapar do universo de ideias acessíveis hoje em dia. E aqueles que usam os sentidos da palavra evidência, no sentido de indício, de elemento de prova, dizem que a evidência não é uma prova subenternal, que é só a prova que é válida, evidência apenas subjetiva, esses caras são imbecilizantes, são pessoas muito perigosas. Eles não estão fazendo isso de propósito. Eles não imbecilizam outra propósito, eles não sabem que é imbecil. Se ele soubesse, ele já começaria a deixar de ser, começaria a duvidar de se mesmo, começaria a procurar um negócio melhor. Então, em geral, o imbecil é inocente da sua função imbecilizante. Por exercê-la inocentemente, ele exerce de maneira tanto mais eficaz, porque ele exerce com total fé na bondade do que está fazendo. Então, é isso aí por hoje, gente. Eu quis dar este aviso. Você imagina, aplica isso que eu estou dizendo. Então, ver ou não, eu posti na minha antiga, eu quis dizer qual é as condições do conhecimento científico. Então, a primeira condição é a evidência, a inecção de evidência. Segundo, a possibilidade da prova, quer dizer, você é conectar uma coisa com outra através do pensamento. Porém, isso basta não, porque precisa ver um nexo entre uma proposição e outra. E este nexo não pode ser apenas lógico, tem que ser um nexo intuitivo. Então, primeira condição é evidência. Segunda condição é a prova. Terceiro, nexo entre evidência e prova. E terceiro, evidência do nexo. O nexo tem que ser autoevidente. São as quatro condições do conhecimento científico. Fala isso para todos, se quer que estão fazendo vídeo de ciência, eles não tem... Não vai falar isso para o homem do café e ciência, não vai falar por si doutor Pirrola, eles não tem a menor ideia disso aí. Quer dizer que estão usando ciência apenas como um emblema de autoimportância e não como uma noção substantiva. Tá entendendo? Então é isso aí, gente. Olha, hoje, evidentemente, não vai ter perguntas, porque eu não posso responder elas por telepatia, né? Isso. Então, me lembro de ser feliz natal. Se eu não disser, se eu ia fazer a grande diferença, ser feliz natal do mesmo jeito. Então, feliz natal para todo mundo. Tchau, tchau.