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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria aqui começar comentando um trecho de um dos livros do filosofia que eu mais gosto, se não o que eu mais gosto, que é a filosofia primeira de Edmund Russel. Eu não concordo com o projeto final do Edmund Russel, da filosofia como ciência estrita, eu acho que ele de fato não conseguiu realizar esse ideal e inclusive existe um livro muito bom do Leseck Kolakovsky, o filósofo polonês, mostrando por que ele não conseguiu, o motivo do fracasso do grande projeto russeliano, mas ainda assim os livros deles são maravilhosos. Para quem tem a paciência de lê-los, se a coisa é de uma intensidade intelectiva que você mal consegue compreender, fica mais espantoso ainda porque o homem sabia taquigrafia, ele escreveu tudo em taquigrafia e deixou 40 mil parnas taquigrafadas depois que morreu, o que significa pelo menos 160 parnas da estilografada e este livro é um dos que sobraram taquigrafados e só foram publicados realmente depois da morte do Russel, chama-se filosofia primeira, que é o que ele usa a filosofia primeira, num sentido um pouco diferente daquilo que Aristóteles, o que inventou a expressão filosofia primeira foi Aristóteles, mas ele dá um sentido mais específico, eu considero que sem o estudo aprofundado de Russel não existe nenhuma possibilidade de uma filosofia séria, Russel foi o mais exigente dos filósofos no século 20, depois a filosofia deles vão descer de Soviel e desmembrou numa quantidade enorme de filhos bastados entre os quais o Heidegger e outros, já que Derrida começou como um tradutor de Russel, mas um livro que eu recomendo muito sobre o qual dei um curso no Rio de Janeiro é as investigações lógicas, talvez o melhor treino filosófico que existe e a introdução das investigações lógicas ele combate a teoria do psicologismo, psicologismo é a teoria segunda qual as leis das lógicas são as mesmas leis do funcionamento do conhecimento humano, praticamente funcionamento do cérebro, quer dizer as leis lógicas são leis psicológicas e ele refuta isso e faz o que eu considero a melhor refutação que alguém já fez de alguma coisa, porque ele refuta sobre todos os ângulos possíveis e imagináveis, quando você já concordou, tem razão, agora não funciona, mas tem um mais um aspecto, mais outro e mais outro e assim vai, é uma maravilha, você quer ficar mais inteligente, estude as investigações lógicas durante um ano, você não vai perder nada, mas atenção, não lê nenhum livro sobre as investigações lógicas, não ouça nada que os professores têm dito a respeito, porque é tudo praticamente tudo besteiro, você tem que ir no texto mesmo e ver o que o mestre está ensinando lá e esse livro aqui é posterior de mais de quase uma década ou pouco mais de uma década as investigações lógicas e aí já não é uma questão, questões preliminares que ele está colocando, é a própria filosofia de Russo propriamente dita e ele que coloca nesse, no primeiro volume das filosofias primeiras, coloca o subtítulo história crítica das ideias, então o que ele vai fazer é investigar da onde surgir as ideias filosóficas fundamentais e da onde surgir as ideias que fundamentar a noção de ciência, porque se ele quer transformar da filosofia numa ciência rigorosa como ele diz, ou ciência estrita, então é claro que a noção de ciência é absolutamente fundamental para isso e nós estamos muito acostumados a ver a palavra ciência ser usada a torte direito como um símbolo de autoridade, a ciência destalco, a ciência de tal outra, você não pode se colocar contra a ciência etc. Mas já nós pessoas que fazem isso, se você as exprimir um pouquinho, você vai dizer que elas não têm a menor ideia do que seja a ciência, eles tomam como ciência a prática usual que eles encontram na universidade, num laboratório, que ele está acostumado a trabalhar como biólogo, como físico, como geólogo e aquilo para ele é a ciência, ele nunca parou para pensar exatamente o que ele está fazendo e por que aquela atividade dele se chama ciência e por que ela tem a pretensão de ter alguma autoridade? Então, para curar essa deficiência, a melhor coisa é estudar o conceito mesmo de ciência, tal como exposto por um grande gigantesco ilose como Edmond Husserl, eu vou ler aqui um parágrafinho onde ele lembra que a noção de ciência como distinta de outras formas de conhecimento tem uma origem moral. E essa origem começa exatamente com Sócrates, Sócrates é o primeiro a exigir das discussões públicas um caráter racional e científico. Então diz ele aqui, Sócrates, o moralista prático em reação contra a escola dos sofistas que contestava todo o senso racional à vida colocava no centro do interesse ético prático a contradição fundamental que domina toda a vida pessoal vigilante, a contradição entre a opinião obscura e a evidência. Aqui eu estou lendo esse livro em francês, eu não consegui ler esse livro em alemão de nenhum, eu levaria 10 anos, então eu peguei aqui a tradução francesa, eu não acho que essa palavra obscura seja a mais adequada aqui porque ele está as opiniões não justificadas, opiniões sofísicas não são obscuras, elas são turvas na verdade ou confusas ou incertas, mas não necessariamente obscuras. Entre a opinião obscura e a evidência, atenção. Ele usa evidência no sentido de que essa palavra tem em português também e em todas as línguas latinas, mas em inglês não tem esse sentido, quando o pessoal vai voando o seleno no livro americano, a palavra evidence, nas línguas latinas evidência quer dizer aquilo que é que se afirma como verdadeiro pela sua própria menção ou pela sua própria presença, como por exemplo o princípio da identidade, uma coisa é ela mesma e não outra, ou a frase eu estou aqui, quer dizer eu estou no lugar onde estou e não em outro lugar, então esses conhecimentos que são autoprobantes imediatamente, são certos, ele chama de evidências e a tradição filosófica chama de evidência, mas na língua inglesa evidência não quer dizer evidência, quer dizer indício ou como se diz no vocabulário jurídico brasileiro, elemento de prova, quer dizer um elemento que precisa ser somado com o outro para ter uma certeza ou ser uma prova, então em inglês o que é certo e negável é proof e evidence é apenas um indício que somado a outros indícios pode dar uma prova, mas nas línguas latinas aquilo que é evidente é o que não precisa ser provado, por exemplo você não precisa provar que você é você mesmo, né? Daqui a pouco eu volto à questão da evidência, Só que isso foi o primeiro a reconhecer a necessidade do método universal da razão é a compreender o sentido fundamental desse método, expresso numa linguagem mais modesta com uma crítica intuitiva e a priorística da razão, ou seja, a priorística quer dizer uma coisa que não depende da experiência, é um exame as condições prévias do pensamento racional, aquele precisa atender para ele ser racional, quer dizer, nos trate disso da isso, aquele raciocínio, experimentalmente, tá certo, mas de examinar o próprio conceito da razão no seu fundamento universal, ou ainda, diremos nós para precisar, ele compreendeu que o senso fundamental do método era de ser um método de tomadas de consciência de si e de claraficação. Um, cumprindo-se, realizando-se, cumprindo-se, na evidência apodíctica considerada como fonte originária de toda, dois, de toda a verdade definitiva. Então, precisa de uma evidência apodíctica, ou seja, apodíctica quer dizer indestrutível, apo quer dizer negação, idexes, destruição, apodíctica é indestrutível. Então, você precisa de uma evidência apodíctica considerada como fonte originária de toda certeza e portanto como fonte originária de toda a verdade intuitiva. O intuitivo quer dizer, a intuição é o correlato subjetivo da evidência, através de uma intuição eu capto uma evidência. Como por exemplo, agora eu tenho uma evidência sensível de que há uma câmera na minha frente ou que essas pessoas estão aqui me ouvindo, certo? Eu ouço a minha própria voz e sei que estou falando. Então, isso são evidências sensíveis imediatas, quer dizer, ninguém precisa me provar que eu estou falando para que eu me ouvindo, entendo que eu estou falando. E foi o primeiro a perceber a existência em si de essências puras e gerais. Que que é essências puras e gerais? Quer dizer, uma essência é aquilo que um ser é independentemente de eles existiram ou não, independente de qualquer outra coisa. Ou seja, aquilo que ele precisa ser para que ele seja ele mesmo e não outra coisa. Depois a essência de um elefante é aquilo que faz com que ele seja um elefante e não um gato, não uma equação de segundo grau, não um cálculo trigonométrico, não uma pessoa, não o Papa e assim por diante. Então, a essência do elefante é aquilo que faz com que ele seja elefante, independentemente de eles existirem. Antes de eles existirem ou depois de eles existirem, isso não afeta absolutamente nada. O elefante é o elefante. Então, isso quer dizer que quando você aprende sensivelmente um elefante que está presente, você capta duas coisas ali, não uma só. Primeiro você capta uma presença. Em segundo, presença do que? Esse o que é essência. Isso é um elefante. Então você não capta somente a existência daquele ente, mas você capta o que ele é. Para captar isso, você não precisa evidentemente ver um elefante de verdade. Quando você pensa um elefante, esse elefante que você está pensando tem a mesma essência do elefante que você vê ou do que você poderia ver. Tá certo? Então, a essência também é chamada o cuididade. É o que? É o que a coisa é. Essências puras e gerais enquanto dados absolutos das coisas mesmas. Quer dizer, uma coisa tem a sua essência porque ela é aquilo que é. Tá certo? Então, isso é um dado absoluto. Não há, quer dizer, a essência ou o cuididade de uma coisa. É aquilo que está nela mesmo quando ela está ausente. Tá certo? E que faz com que ela seja o que é? Por isso que ele diz que é um dado absoluto das coisas mesmas. Aprendida na sua pura intuição idética. O que é que é intuição idética? É uma intuição de uma ideia. Por exemplo, quando eu vejo uma coisa, tem uma intuição sensível. Entuição é o conhecimento imediato de uma coisa presente. Por exemplo, estou aqui, está presente, eu tenho uma intuição sensível dela. Mas se eu pensar esta mesa e pensar a sua essência, continuo sendo mesa, e isso é a intuição idética desta mesa. A intuição pode ser sensível ou idética. Dada esta descoberta, a exigência de justificação radical, posta por soccer, colocada por soccer para a vida ética em geral, assume, é o I, o que quer dizer por causa disso mesmo, a forma significativa de uma determinação normativa ou de uma justificação de princípio da vida ativa em função de ideias gerais da razão que convém captar por uma pura intuição idética. Ou seja, qual é o fundamento absoluto da conduta moral? Qual é o fundamento absoluto que a conduta moral tem na razão? E esta exigência fundamental de soccer? Todas as pessoas com que em soccer, a dialoga, têm ideias a respeito da moral. Isso é certo, aquilo é errado, isso é bom, aquilo é ruim, etc. Mas o soccer não se contenta com isso. Ele exige um fundamento racional absoluto do conhecimento moral. Soccer não desenvolveu esta ideia, ele apenas aplicou, ele aconcebeu e aplicou nas investigações morais que ele faz nos seus diálogos. Quem vai elaborar isso realmente é Platão. Então leva isso infinitamente além do que Socrates fez. Então de cara, você entende que a primeira ciência que Socrates tentou criar foi a ciência da moral. Não foi a física, não foi a matemática, não foi nada. Qual é o primeiro campo de atividade racional de Soccer, a moral? Isso quer dizer que a própria ideia de ciência vai sair daí, vai sair desde o conhecimento moralmente fundamentado. Você vê que nas discussões de Soccer, a exigência que ele tem de seriedade, de honestidade, de coerência é muito intensa. Mas é evidente que não basta a coerência lógica, a coerência lógica é apenas a perfeição formal do discurso. É preciso que o discurso se refira a essências de idéticas imediatamente aprendidas e irrecusáveis, indestrutíveis. Só quando você faz, vamos dizer, a perfeição do formal do raciocínio não resolve por si, não resolve nada. É claro que ela é necessária, mas além disso precisa algo mais. É preciso uma intuição idética correta e verdadeira dos objetos que você está falando. Ou seja, é preciso o quid. Por isso que Soccer sempre nas suas discussões, ele começa com uma pergunta, o que é isso? Por exemplo, se o jeitagem é uma coisa é justa ou você acha que é injusta, o Soccer diz bem e pergunta, mas o que é justiça? Ou seja, você pode estar tentando vender como justa, uma coisa que não é justa, porque ele sempre fala que você não sabe o que é justo e o que é injusto. Você apenas tem essa impressão, você gosta de certas condutas e não gosta de outras, então aqui você gosta de parecer injusta. Mas para que a sua noção do justo seja por sua vez justa, é necessário que ela se apoie numa apreensão idética efetiva da essência da justiça e não das suas qualidades acidentais. Por exemplo, tem um dos debates, ele pergunta o que é justiça e o sujeito de hora. E justiça é você fazer o bem para os seus amigos e o mal para os seus inimigos. Ele diz, bom, isso aí pode parecer justo em certo momento e talvez isso em certo momento, seja justo, mas é justo sempre, não, isso é um aspecto, assim, acidental, passageiro da justiça, é um aspecto meramente empírico, o empírico quer dizer que ele vem da experiência, no curso da sua experiência pode acontecer isso, mas isso aí não vale nada se não se apoiar numa apreensão idética correta do que é a justiça em si mesmo, em independentemente do nosso gosto. Muito bem, desta noção surge todo o conceito de ciência que nós temos até hoje, quer dizer, a ciência, nós entendemos como ciência um conhecimento racionalmente fundamentado. E quando nós falamos racional, quer dizer, primeiro lugar, os raciocínios têm que ser certos, mas não basta que eles sejam certos, é preciso que eles versem sobre essências corretamente aprendidas, ou seja, sobre realidades, e não meras ideias nossas, até uma mera ideia que eu tenho, uma mera ideia que eu tenho na cabeça, isso não quer dizer que eu aprendo idéticamente, nem as minhas próprias ideias, então, toda a discussão que existe sobre ciência tem que voltar a este ponto do que nós estamos falando. E isso é a coisa mais, como eu aspecrito mais desprezado em todas as discussões, todo mundo só quer emitir a sua opinião, emitir o seu ruízo, expressar a sua preferência e justificá-lo, argumentar em favor dele. Mas antes de tudo isso, existe uma pergunta, do que nós estamos falando? Quando você faz esta pergunta, você vê que na maior parte das discussões humanas, a pessoa não tem ideia do que estão falando, elas estão apenas expressando impressões e preferências. Nesta expressão e expressões e preferências, você pode usar o argumento do que você chama de ciência, mas ciência quer dizer muitas coisas. A primeira noção de ciência que nós temos é essa, um conhecimento racional, intuitivo, autoevidente e apodíctico, isso é a primeira coisa, indestrutiva, totalmente fundamentado, essa é a primeira noção. Mas tarde aparecem outras características da ciência, por exemplo, quase dois mil anos depois disso, aparece a noção da ciência experimental, tal como a partir de Galileu, entre Galileu até Clodberna, Clodberna já é século 19, parece a noção da ciência experimental. Muito bem, a noção da ciência experimental, vale alguma coisa por quê? Porque ela tenta atender a isto aqui. Então, de a primeira condição do conhecimento científico, a existência de um negócio chamado evidência. Vamos supor que não existisse evidência nenhuma, nenhum conhecimento é autoevidente, nenhuma verdade se impõe a nós pela sua simples presença, tudo precisaria então ser demonstrado logicamente, mas demonstrar com base no que? Uma evidência é algo que não precisa ser provado, porque eu não preciso provar que eu sou eu mesmo. Mas se todo o conhecimento tivesse que ser provado, ele teria que ser baseado em outra coisa, em um outro conhecimento que o é evidente ou também tem que ser provado, e outro que tem que ser provado, e uma prova se basear na outra, que se basear na outra, a outra, a outra é assim indefinidamente e nada seria possível. Então existe um começo absoluto do conhecimento, esse começo absoluto chama-se evidência intuitiva. É para separar do racional, racional que você obtém por raciocínio, intuitivo que você obtém por uma apreensão imedata que você não precisa nem pensar, você não precisa pensar para saber que você é você mesmo, você não precisa pensar para saber que há igual a há, que uma coisa é ela mesma e não outra coisa. Então você também não precisa pensar para saber, dizer que uma coisa não pode ser e não ser ela ao mesmo tempo. E assim por dentro, que eles são os princípios fundamentais da razão, mas não são só da razão, eles são os princípios da estruturação da própria realidade, e é por isso que você chama de intuitivo, porque você intuiu algo além do que você pensa, você não está só pensando, você está captando uma realidade, não é isso? Então a existência da evidência é a primeira condição de qualquer conhecimento científico. Ora, você imagina, você pega qualquer teoria científica, as pessoas acreditem, qualquer uma, que eles acreditam, teoria do buraco negro, teoria da evolução, teoria do raio coparta, e pega o defensor dessa teoria e faz ele, você consegue retornar desde essa formulação complexa dessa ciência até as evidências fundamentais da onde ela partiu. A pessoa não consegue fazer isso. Por isso você pega a teoria da evolução. Existe alguma evidência fundamental do qual você parta para a teoria da evolução? Não. Ali só existem raciocínios e suposições, frequentemente de tipo estatístico. Se você pegar, por exemplo, toda essa discussão de terraplano terrestrérica, você vai ver que essa exigência é completamente negligenciada ali. Você poderia resolver o problema se você retornasse às evidências iniciais, mas ninguém quer evidências iniciais, todo mundo quer provar algo. Então, e evidentemente as pessoas apelam a um negócio que eles chamam autoridade da ciência, mas a ciência não teria alguma autoridade se ela não fosse ciência, se ela fosse apenas opinião, e essa é a diferença fundamental que os sócars viam nas discussões, vocês estão apenas trocando opiniões, mas por trás dessas opiniões, existe algum conhecimento efetivo do que estamos falando, qual é a essência originária da qual nós estamos falando. Se você descobre essa essência originária do assunto que está discutindo, então aí você tem o critério para julgar todas as demais opiniões, se não você não tem, se não é apenas troca de opiniões. Então, mas é claro que se você tiver somente evidência intuitiva, o seu conhecimento não vai muito longe, porque o número de coisas das quais você pode ter evidência intuitiva é muito pouco. Então, por exemplo, o seu carro para e você pensa assim, acabou a gasolina, ou deu um outro problema qualquer, você tem evidência intuitiva disso? Não, você não tem, nem disso você tem, você chega a um campo no raciocínio, pode ser isso, pode ser aquilo, mas você tem, sei lá, tem uma dor na barriga. Você tem uma evidência intuitiva de que teve dor na barriga, isso é inegável, mas o que é essa dor na barriga? Você não sabe, isso quer dizer que você dá maior parte das coisas sobre as quais nós pensamos, nós não temos evidência intuitiva nenhuma, nós conhecemos essas coisas mediante raciocínios que nós fazemos em cima de certas de um número pequeno de evidências intuitivas e iniciais, e isso é o que nós chamamos de prova, prova é um raciocínio que transfere veracidade de uma coisa já sabida para outra que não era sabida, idealmente a coisa que já era sabida, em última análise, será uma evidência primária, e se você partindo de evidências primárias, você chega a transferir pela razão a veracidade dessas evidências primárias para uma série de outras coisas que você não consegue conhecer por evidência, então aí você tem uma ciência na mão, agora se você pega um livro de ciência, pega um livro de químico, de físico, que pergunta quanto disso aqui é evidência intuitiva, isso aí quase nada, é tudo raciocínio, portanto quando você fala de ciência você está falando de uma coisa que já saiu da esfera da evidência imediata, nada ali é evidência imediata, quase nada, tudo são raciocínios e provas, isso quer dizer que é um conhecimento relativo, porque só aquilo que é evidência imediata é absolutamente certo em si mesmo, o resto tudo já ser provado, e para provar para ser um raciocínio, o raciocínio pode ser bastante complicado, pode haver um erro ali no meio, pode acontecer milhares de coisas, então o jeito que eu te apresento, usa a palavra ciência no sentido de um conhecimento certo e provado, ele já provou que ele não sabe o que é ciência, porque a ciência em geral não é isso, ela é uma especulação racional, está sendo em torno de coisas que estão longe de ser evidências intuitivas, por exemplo, que evidência intuitiva você pode ter da vida dos dinossauros, nunca nenhuma, se existiu algum homem no tempo que eles viviam, esse cara teve alguma evidência intuitiva, nós não temos jamais, nós temos evidência intuitiva dos ossos que nós achamos, alguma vez acharam um esqueleto dinossauro inteiro, nunca, ou seja, nós não temos evidência intuitiva nem do esqueleto deles, nós temos ossos separados, que nós juntamos e construímos, nós não sabemos sequer se esses ossos pertenciam ao mesmo dinossauro, pode ser que você catou um ossos aqui, catou outro na China, catou outro no Uruguai, catou outro perto do Polo Norte, você ajunte isso aqui ao dinossauro, então você imagina como nós estamos longe das certezas intuitivas fundamentais que Socrat exigia nas suas discussões, ou seja, quanto nós estamos longe do ideal da ciência, esse ideal o Husser o chamava de ideal teleológico, de telos, telos quer dizer finalidade, meta, ou seja, não é um ideal que nós podemos exigir de qualquer conhecimento, mas é um ideal para qual estamos nos dirigindo e que nunca vamos atingir, mas que é ele que guia as nossas atividades, ele nos mostra o caminho, o ideal teleológico da ciência é aquilo que toda ciência pretende atingir e nunca atinge, mas você não pode perder isso de vista se não o que você está fazendo deixa de ser ciência, tá entendo? Então quando a ciência perde de vista o seu ideal teleológico e ela afirma os conhecimentos que ela já tem, como se fossem verdade, ela está sempre mentindo, nós não sabemos nada de ciência alguma é verdade, nós apenas estamos nos dirigindo a verdade sobre aquele assunto, nós não sabemos onde vamos estar amanhã, não sabemos que vamos descobrir amanhã, não sabemos se as crenças que nós temos hoje serão desmentidas amanhã, nunca sabemos, assim domínios onde você tem certeza definitiva, a ciência puramente formais por exemplo, a ciência puramente matemática, mas elas não dizem respeito a nada, então é uma série de certezas formais que você tem que não te dizem nada a respeito de coisa nenhuma, a própria lógica é assim, o que que é a lógica é a ciência de verdades possíveis, acessamentos certos possíveis, é só isso, então isso quer dizer que em princípio a autoridade da ciência vem de um ideal que ela tem e vem da fidelidade que ela tem, esse ideal, a autoridade da ciência não vem do conteúdo dela, nunca, tudo que qualquer ciência afirma é apenas um conteúdo dela, aquilo que você descobriu até aquele momento, absolutamente tudo, tudo isso é a certeza científica, nada disso é a certeza científica, nenhuma ciência tem certeza de nada nunca, isso é fundamental, ela só tem certeza do seu ideal teleológico e dos recursos puramente formais lógico-matemático que ela emprega, isso, do resto, você principalmente nos setores onde você está investigando objetos que por si mesmos não são acessíveis aos nossos sentidos, bom, se você está estudando, ideologia está estudando os mamíferos, bom, os mamíferos são acessíveis aos nossos sentidos, você vê uma vaca, vê um elefante, etc., etc., mas depois você começa a estudar micro-organismo que não são acessíveis, você só tem acesso a eles através de instrumentos ópticos, não é isso? Ora, um instrumento óptico, ele te dá um acesso direto ao objeto, nunca na sua época vida, você precisa aprendê-la, lidar com aquilo, tá entendendo? Você precisa de todo um aprendizado técnico que alguém tem que lhe passar, como é que eu lido, sei lá, te dou um baita, microscópio eletrônico, papapapá, como é que eu lido com isso? Alguém tem que me ensinar isso aí, como é que ensina isso aí? Basta você ter um manual de instruções, o manejo do microscópio eletrônico é um conhecimento científico que alguém te passa, não é, é um conhecimento técnico prático que alguém tem que passar para fazer pessoalmente e na hora que ele vai passar, as regras que ele vai te dar não são, estão totalmente expressas em conteúdos verbais, não são frases que ele diz, são gestos, olhares, insinoações, tudo isso tem todo este mundo subjetivo, você precisa passar por isso para aprender a manejar um instrumento que vai te dar a visão de certas coisas, quanto mais complexo for o equipamento e você acha, agora temos maior precisão, quanto mais complexo o equipamento, mais esses elementos subjetivos entram no aprendizado do manejo da coisa. Estão entendendo por que você fala de certeza científica, em geral a bestia, claro que existem algumas certezas científicas, elas são muito poucas e vamos voltar, então primeira condição para o conhecimento científico é a existência de evidência, não é isso? Ora o número de objetos que podem ser mostrados a nós por meio de evidência muito pequena, muito poucos, não é isso? Eu digo, por exemplo, eu estou vendo essas pessoas sentadas aqui, eu suponho que elas serão pessoas vivas, mas eu sei como é que funciona o corpo delas, eu não posso ver isso, então como é que eu sei que as pessoas estão vivas e não mortas? Eu verá se mexendo, eu suponho que certos órgãos estão funcionando dentro dela, se eu abrir a pessoa para ver se isso está acontecendo eu matei a pessoa, então o tempo todo nós estamos usando conhecimento que não são evidentes, que chegam a nós através de uma imensa cadeia de raciocínios e suposições, buscar não tem nenhuma certeza, então a primeira condição então é evidência, a segunda condição é o que se chama a prova, o que é a prova? É a transferência da veracidade de uma verdade conhecida para uma verdade desconhecida, suponho que a verdade conhecida seja autoevidente, como por exemplo o princípio de identidade ou o fato de que eu estou aqui onde estou, qual o que deriva aliás do princípio de identidade, eu posso com base nisso provar outras coisas que não são evidentes, mas que se tornam certas e confiáveis através de um raciocínio. É o famoso raciocínio, todo homem mortal soca de ser homem, portanto socas é mortal, eu não confirmei a mortalidade de socas pessoalmente, eu não vi socas morrer, e além disso eu disse que ele é mortal, quer dizer apenas que ele pode morrer agora, daqui a pouco, quando que vem, ele vai morrer um dia, mas não sei quando, então eu não tenho um conhecimento intuitivo da mortalidade de socas. Eu concluo essa mortalidade a partir da confiança que eu tenho numa afirmativa geral de que todo homem é mortal, de onde eu tenho essa certeza de que todo homem é mortal, eu aderivo da essência idética homem, o homem por definição é mortal, e se ele não for mortal ele é um homem, não ser humano, então digamos a mortalidade humana pode ser considerada uma essência idética perfeitamente cognosiva, isso não quer dizer que nunca vai haver um homem imortal, pode haver, mas ele terá algo nele que não é humano, por exemplo, Jesus era homem, no entanto, não é mortal, não é isso? Não é deixando isso de lado, onde a mortalidade faz parte da essência homem, portanto eu posso aceitar isso como uma coisa autoevidente, mas a mortalidade de socrates não é autoevidente, eu concluo a partir da evidência que eu tinha da mortalidade humana em geral, e eu faço isso através do quê? Através do... Eu tomo a mortalidade humana em geral como premissa fundamental, acrescento uma segunda premissa que de socrates é homem, como é que eu sei que socrates é homem? Ele não pode ser um macaco, ele não pode ser um tatu bola, ele não pode ser um extraterrestre, tudo pode, socrates é homem, portanto não é uma certeza, vamos dizer, a política autoevidente, ela depende de saber se os traços de socrates coincidem com a essência humana em geral, se você não é a lista dessas características da essência humana e vê se elas aparecem em socrates, então daí eu tenho essa segunda premissa, só que é ser homem, de onde eu concluo, bom, como todo homem é mortal, só que é ser homem, portanto, só que é ser mortal. O que que eu fiz? Eu transferi a veracidade de uma afirmativa geral para uma afirmativa particular, não é isso? Então isso quer dizer que toda prova idealmente ela parte de uma evidência intuitiva direta, mas ela pode partir de outras coisas que foram provadas por raciocínio também, você prova uma coisa com base nela, você prova outra, prova outra, outra, outra, assim por diante, então isso chama-se uma cadeia dedutiva, cadeia de deduções, raríssimamente você pode recuar até a evidência inicial, mas a gente aceita essas várias premissas como se fossem certas, senão não poderiam continuar raciocinando, tá certo? Então primeiro tem que haver evidência e segundo tem que haver uma prova, mas é evidente que tem que haver um nexo, uma ligação entre a evidência e a prova, de onde vem essa ligação vem dessa segunda premissa que eu coloquei, ou seja, algo para conectar a evidência com a prova, tá certo? Muito bem, então é o nexo evidência prova, esse nexo por sua vez ele tem que ser intuitivo, ele não tem que ser um nexo que você precisa provar, porque senão você precisaria provar esse nexo com base em outro, com base em outro, com base em outro e não ia terminar nunca, então nós temos aí as condições de iniciais do conhecimento científico, a evidência, a prova, o nexo da evidência com a prova e a evidência do nexo, o nexo tem que ser intuitivamente evidente, senão ele terá que ser provado com base em outro, outro, outro, assim não ia terminar nunca, essas são as condições sem as quais não existiria nenhum conhecimento racional e por tanto nenhum conhecimento científico, basta você ter consciência disso para você ver como a quantidade daquilo que se impõe aos estudantes e a massa como certeza científica é quase tudo furado, mesmo que seja certo, não é certeza, mesmo que seja verdadeiro, pode ser verdadeiro, pode ser falso, a ciência nunca nos dá essa certeza absoluta de nada, nós só temos certeza absoluta nos setores puramente formais, lógico e matemático, e só no resto tudo depende de uma imensa cadeia de dedução e nós qual é você vai colocando premissas que você obteve da onde, da experiência, da experiência sensível às vezes, mas às vezes você tira da experiência sensível indireta obtida através de instrumentos, e esses instrumentos eles se limitam a mostrar para você coisas que com os seus sentidos você não pode ver, não, eles medem, e o que quer medir? Medir é comparar uma coisa existente com outra não existente, outra que você inventou, um metro, um centímetro, um milímetro, uma milha, uma polegada, ou seja, é uma comparação em quantitativas que você faz entre coisas existentes e coisas inexistentes, mas que ajudam você a pensar, né, então quando você chega nessa esfera das coisas mensuráveis, veja a distância que você foi parar das evidências iniciais, então quem não tem consciência dessas coisas, não tem menor ideia do que é ciência, então o sucesso é confundir a certeza científica com a autoridade socialmente admitida de determinados grupos e pessoas nas quais ele confia, por exemplo, eu li no Stephen Hawking, ou eu li no Olaf Kerval, ou eu li no Semquem, você apenas há confiança que você tem, isso não é, essas coisas não são certeza científicas, você vira por exemplo, se agora nós estamos tendo uma discussão de território de terraplano e terraisferica, significa o seguinte, significa claramente, nós não temos prova definitiva de uma coisa nem da outra, isso é óbvio, então você pode continuar sendo discutido, se vira a questão da teoria da evolução, não existe um debate imenso na teoria da evolução, esse debate é 200 anos, significa que nós não temos certeza, meu Deus do céu, agora o senhor que acredita numa dessas tesas, ele pode acreditar que ela tem autoridade e ele vai apelar a comunidade científica, a comunidade científica é uma ciência, a opinião dominante da, qualquer comunidade científica é uma ciência, é claro que não, é apenas uma opinião dominante, ela é tão certa quanto o resultado de uma eleição, a maioria votou no Bolsonaro, quer dizer que o Bolsonaro vai ser um grande presidente, bom esperamos que sim, mas podemos jurar isso é científico? Não, não é científico, se fosse o Lula, votamos o Lula, Lula vai ser o grande presidente, não, nós esperávamos que fosse, não foi, mas tem gente que acredita até hoje, então em geral o apelo à ciência em toda a discussão pública, 99% dos casos é impulhação, porque essa não tem nada científico, em segundo lugar, além disso, existe o problema de que, para você aplicar os critérios científicos, o mais rigoroso que seja, a qualquer objeto que você precisa ter reduzido a uma essência eridética, por exemplo, eu quero estudar aqui o macaco prego, mas eu não estudei o macaco prego ainda, apenas vi, eu quero estudar daqui para dentro, então eu tenho que, a prioristicamente, definir o que é o macaco prego, então mais ou menos pelos traços que imagino o que o macaco prego tem, eu defino o macaco prego e daí passo a estudar os macacos que se encaixam naquela definição, e só eles evidentemente, se aparece um outro que não se encaixa, não, isso aí está fora da minha pesquisa, ora, da definição de macaco prego que você obteve, você pode, por raciocínio ou por imaginação, reduzir certas características que você acha que o macaco prego tem, por exemplo, ele é um mamíforo, então ele deve nascer por uma gestação na variga da mãe, a gestação não pode durar nem dois minutos, nem 150 anos, você supõe isso, você não tem prova nenhuma de que, de que é assim, mas você acha que é, então daí você vai medir, vou me acompanhar o macaco, quando tem pra lá ficou grávida, vai ver se conferir ou não, ou seja, do modelo apoiorístico que você criou, você aplica esse modelo a um conjunto de fatos observados, vai ver se conferir ou não, isso é tudo que uma ciência faz, isso quer dizer que a primeira coisa que uma ciência faz é recortar, você em maior amplitude do mundo da experiência, você pega o macaco prego e mede o macaco prego o tamanho do planeta Terra com toda a história humana desde o início, vai ser com a história cósmica, com a existência ou não dos outros planetas, outras galáxias, tem tudo isso, e tem cada experiência humana que cada ser humano teve desde o início do mundo, dentro desse universo você pega um negócio chamado macaco prego, recorta esse bichinho e vai estudar aquilo, toda ciência começa com recorte da realidade, deste recorte ela concebe hipóteses, a respeito do objeto assim recortado e só daquilo, e em seguida inventa métodos de observar e fazer experiência para ver se as hipóteses que você inventou a respeito do macaco prego se realizam ou não, isso quer dizer que você pode passar a vida inteira estudando macaco prego e fazendo só isso, ele tem lá o conceito do macaco prego, ele estuda só os objetos que se enquadram nessa definição, desta definição ele inventa certas hipóteses que ele parece errazoáveis e em seguida vai averiguar se essas hipóteses se realizam na prática ou não, se elas não se realizaram você tem certeza que elas não existem, não, você não tem porque se observam só um certo número de macacos pregos e não todos, então você tem o que? uma certeza estatística, uma certeza probabilística, por exemplo eu tenho uma certeza probabilística porque a gestação de nenhum macaco prego durou apenas 30 segundos, também não durou 300 séculos, mas eu tenho certeza absoluta disso não, tenho uma certeza probabilística, olha, a certeza probabilística ela é certa, não, ela é certa dentro do seu limite probabilístico, se eu digo que a probabilidade é uma coisa de 72%, essa probabilidade tem que ser apodíctica por sua vez, porque isso 72%, às vezes quer dizer 73, 74, 78, então não tem probabilidade nenhuma, não é? outra coisa, quando eu falo de ciência probabilística, só existe ciência probabilística ou essa probabilidade é quantificada, se eu digo há uma probabilidade de que aconteça tal coisa, essa probabilidade tem que ser quantificada, tem que ter o número, é 2%, 3%, 150%, se você dizer é, é, tem uma probabilidade, eu digo de quanto, eu não sei, então não tem probabilidade nenhuma, isso quer dizer, probabilidade não quantificada, não é nada, não é isso? um pul filosófico, não é nada mais do que isso, então, mas você quantificar a probabilidade aproxima você da certeza de jeito nenhum, porque a certeza vai depender de tudo isso que eu falei antes, você tem que retornar até as primeiras certezas, as primeiras evidências políticas, isso quase nunca acontece, esse também quer dizer, se você observar assim o número de campos de investigação científica que existe e ver que eles são praticamente incomunicáveis entre si, você ver que a ideia da certeza científica é quase sempre, o tópica, naquele livro Sônia de Descartes, eu esqueci o nome do autor, acho que é o Pinske, ah não, o Pinske, eu acho que é esse, ele diz o seguinte, olha, os trabalhos na esfera, na área de matemática hoje em dia são tantos, que em geral o chefe do departamento não consegue entender o projeto de pesquisa que o seu subordinário lhe apresenta, então ele aprova, ou desaprova aquilo, no chute, no escuro, o chefe do departamento não entende o que o seu subordinário está fazendo, e o seu subordinário não entende o que o outro está fazendo, e isso é a realidade da profissão de matemática, como é que você pode falar de certeza científica nessa área? Não pode, quanto menos certeza científica existe, maior a necessidade neurótica que os cientistas têm de afirmar a autoridade da ciência, porque o campo de incerteza é tão imenso que o científico fica terrorizado, e fica no Pascale, a solidão desses espaços infinitos me apavora, é assim que as pessoas ficam, quando você começa a estudar, o que é realmente o conhecimento científico, você vê que a área de incerteza é um negócio monstruoso, e a área de incerteza é muito pequena, ela existe, graças a Deus existe, não existe se nós já tínhamos morrido, nós temos alguma certeza, por exemplo, a área de imedio alimentar é certa, e tem algumas coisas do mundo sensível que também são certas, por exemplo, a diferença entre uma mífero e uma lagartixa, é uma coisa certa, não tem como você negar isso aí, não é isso? Mas em geral você vê que nas discussões que a pessoa apela a autoridade da ciência, as pessoas não têm ideia de onde vem essa autoridade, se você estudar o rússer, você vai ver, existe essa autoridade porque a autoridade vem de um ideal teleológico, o ideal de um conhecimento apodíquito indestrutível, ao qual estamos constantemente nos dirigindo e pelo qual nós medimos a qualidade do conhecimento que nós obtivemos, e que por isso mesmo nós temos que saber que o nosso conhecimento é sempre incerto, ele é provisório. Outra coisa, se existe esse ideal teleológico, se uma atividade cognitiva é ciência, por que se submete a ele? Isso significa o seguinte, que em nenhum momento a ciência pode dizer não atingir o meu ideal teleológico, acabou não tem uma nada que descobri nesse sentido. Então eu quero dizer que amanhã ela pode descobrir que ela está errada, ela tem tudo que afirmou antes, e se ela aceita isso, então significa o seguinte, se a ciência afirma a sua autoridade ela não é ciência, só pode haver ciência se a ciência não tiver autoridade nenhuma, se ela tiver autoridade ela pode proclamar um dogma, e ela não precisa provar mais nada, e... Olha pra mim o que aconteceu, o cachorrinho está latindo aqui. Ela estava latindo para alguma coisa lá fora ou aqui dentro? Ela estava dentro? Ah, olhando pra fora, então ela viu algum negócio, ela viu algum mosquito, um negócio assim. Um mosquito, um ladrão, sei lá. A nossa cachorrinha agora está muito bem comportada, agora é só lá, quando tem uma razão, uma certeza política. Bom, então o que eu queria dizer hoje era isso aí. Eu já escrevi apostilhas idealas sobre as condições do conhecimento científico, muito tempo atrás, eu vou ver até se acho essas apostilhas, as que eu coloco aqui em circulação pra vocês. Até o título do jornal. Tem até o jornal que eu mencionei isso. Mas tem uma apostila que eu expliquei devagarzinho, você lembra? Ela assistiu essas aulas, né? Eu acho que está até melhor explicado do que eu expliquei hoje. A gente está ficando velho, a gente fica meio impaciente, e começa a querer explicar isso muito rápido, mas naquele tempo eu tinha paciência devagarzinho. Ainda vou voltar a isso. Muito bem, esse é um dos assuntos que eu queria tocar hoje. O outro assunto é aquele que eu abordei na conferência que eu fiz em Miami, no museu da diáspora cubana, não é isso? Eu me lembrei dessa conferência porque eu pensei que me inspirou dessa conferência. Foi o Vladimir Safat. E o Atat, o famoso ministro Kagat. Quando eu disse aquilo que o Max Korkheimer estava advogando as relações eróticas entre mãe e filho, eu ficava assustadíssimo e mandaram publicar na folha. Isso é fake news, etc. Isso é uma calúnia. Max Korkheimer jamais faz uma coisa dessa, etc. E o trecho que eu usei, Max Korkheimer diz isso evidentemente. Ele diz que a privação de a intercâmbio erótica entre mãe e filho, pai e filha não falam, mas mãe e filho, cria lesões que podem até dificultar o uso da razão. Quer dizer, o aparato racional do ser humano é prejudicado pela falta de relações eróticas com a própria mãe. Ele diz isso. Eu fiquei impressionado e falei, olha, as camaradas estão falando isso, são adeptos das escolas de Frankfurt. O Adad escreveu um livro que ele diz que é uma conclusão que ele tirou da escola do Frankfurt, o safato também. Como é possível que os adeptos e defensores da escola não entendam uma coisa óbvia que o chefe da escola está dizendo? Como é possível chegar a este ponto de analfabetismo funcional? Não só eles, mas analfabetismo funcional dele se tornou obrigatório para a mídia, porque saiu na folha que era fake news. Eu queria o que tinha inventado aquilo. Então, esse marido, os professores filosofios não são capazes de ler o Max Rokheimer como é que o cara da folha vai ser capaz. Não dá. O sentido ali do texto é muito evidente. Então eu comecei a pensar assim, mas eles não estão entendendo nem isso, nem este parágrafinho do Max Rokheimer. Será que eles pararam para pensar, quer dizer, no que é uma política baseada na escola que o Frankfurt pode provocar? E eu me lembrei, para resumir as coisas de uma maneira brutal, ao longo da história do comunismo, da revolução comunista, socialista, como queriam chamar, houve várias formulações ideológicas diferentes e várias estratégias diferentes. Eu, naquele livro que estou escrevendo, chamava A Marja dos Abismos, na parte inicial que eu trato de Karl Marx. Eu notei que havia ali um problema dentro do marxismo originário. E o problema é o seguinte, Marx tinha dito que o único ponto de vista pelo qual nós podemos aprender a realidade e o objetivo da história é o ponto de vista da classe proletária. Só o proletariado pode ter uma visão objetiva da história. Por quê? O proletariado não tem interesses em jogo que deformem a sua visão das coisas. Ele pode encontrar o proletariado conhecido, segundo ele, com o interesse da humanidade inteira. Agora da burguesia não, é só da burguesia. E as outras casas noobrisas também. É assim por diante, o Cléo e tal. O proletariado só tem interesse que é conhecido com a humanidade inteira, então ele vê as coisas como elas realmente são. E ao mesmo tempo, é ele o primeiro sujeito que está escrevendo a visão objetiva da história sem jamais ter sido proletário e pior. Quando ele escreveu isso, ele não tinha visto nenhum proletário nunca. E lá pelas tantas existe uma correspondência dele com o Engels, no qual ele diz que o proletariado ainda precisa do guiamento dos intelectuais. O proletariado não era o centro, o foco, o topo da consciência histórica universal, então por que tem que sair o intelectual burgues ou pequeno burgues? Você vai ensinar ele. Mas percebe isso e não toca mais no assunto, então a relação entre o intelectualidade e o proletariado é um problema central do marxismo. Mas Karl Marx não trata disso, ele deixa... Como dizer, Marx morreu e nada mais disso, e ele foi perguntado. Sobrou este problema para Lenin e os outros. Lenin resolveu o problema, se pensa assim, o proletariado que se dane. Nós fazemos a revolução e depois nós dizemos ao proletariado o que ele tem que pensar. George Lucas inventa a história da consciência possível do proletariado. Nós nos fazemos não na consciência que o proletariado tem, mas naqueles que ele pode vir a ter. Isso é uma impuliação. Quem que vai inocular no proletariado essa consciência? É nós os intelectuais. Você pega a consciência dos intelectuais e diz que mais tarde ela será a consciência do proletariado quando o proletariado virar o intelectual. Então é claro que existe nisso aí uma impuliação, uma vingarice escondida em barro tapete. Mas isso continuou dando problemas ao longo dos tempos. Também existiu o fato de que Karl Marx dizia que os camponeses são, por essência, uma classe reacionária, inimiga da revolução. E chega o Mao Tse-Tung e diz nós vamos fazer a revolução operário-camponesa. Para Karl Marx, ele não queria dizer nada, ele é absurdo. Ele disse ao quadrado redondo, e no entanto ele fez e conseguiu fazer a revolução. Portanto, algum sentido aquilo devia ter. E assim por diante. Mas quando chega por volta dos anos 50, 60, um grupo de intelectuais europeus, chega a conclusão de que o conflito fundamental do capitalismo, que é entre burguesias e proletários, não dá mais para ser explorado como fonte da revolução por quê? A burguesia absorveu o proletarado. Ganhou tanto de dinheiro que ela começou a pagar melhor os operários, superar o sublívio de nível de vida, eles não querem mais a revolução, então não há mais um conflito. Eles são conflitos com tradições. Não há mais uma contradição antagônica entre proletarado e burguesia. Então agora como é que nós fazemos para destruir o capitalismo? Então houve várias ideias. Uma das ideias foi a do Marcusi de usar o lumpo em proletarado como classe revolucionária, estudantes, etc., etc., mas no conjunto, essas ideias na verdade não estão no centro da Escola de Franco. No centro da Escola de Franco está a ideia da dialética negativa. O que nós temos que fazer, dizia segundo o Teodoro Adorno e Marcos Orcaima, é analisar tudo pelo ponto de vista do negativo e buscar contradições. Aqui contradições, todas, por exemplo, a contradição de marido e mulher, a contradição entre pai e filho, entre professores e alunos, todas contradições por todos os conflitos humanos possíveis podem se tornar contradições que possam ser exploradas para a destruição do capitalismo e o advento do quê. Aí o Marcos Orcaima poderia dizer como lula, não sabemos qual é o tipo de sosega, lembro que queremos. A Escola de Franco jamais formulou uma ideal que a escola deveria chegar, mas nós vamos aí trabalhando a genaca, as contradições e acirrando os conflitos e um dia vai dar alguma coisa daí. E conforme eu expliquei ali no Miami, as fórmulas anteriores da ideologia revolucionária prometiam um benefício futuro a ser obtido através das lutas presentes. Então uma revolução proletária, por exemplo ia matar um bocado de gente, ia ser uma desgraça, mas no futuro haveria uma sociedade mais justa que o proletarás de ater o que precisava e aliás o próprio proletário ia mandar nas sociedades, assim por dentro. No Camponeza a mesma coisa, a guerra operaria no Camponeza, mas graças a mais no futuro todo mundo aí viver melhor. Mas quando você faz parte para a dialética negativa e você explora todas contradições ou conflitos, o que você está prometendo? A Escola de Franco jamais prometeu nada. Eu não disse uma palavra sobre o que a sociedade deveria ser no futuro. Ela só faz o trabalho do negativo. O trabalho do negativo é uma expressão de reggae, e reggae eu considerava que o trabalho do negativo é a força histórica principal e eles se inspiraram e falavam, então vamos trabalhar a fazer o trabalho do negativo. Então o trabalho do negativo não está prometendo nenhum resultado maravilhoso a ser obtido no futuro, mas ele oferece ao seu, a quem está envolvido nisso, ao seu militante, uma recompensa imediata, porque o trabalho do negativo faz aquilo que Marx formulou verbalmente, mas jamais chegou a realizar, que é a expressão dele, a crítica radical de tudo o quanto existe. Preste atenção, tudo está errado, tudo pode ser olhado de bom de vista negativo. E a partir da hora que você entra nisso aí, você se transformou no crítico do universo. E se você é o crítico do universo, você não está submetido a esse universo, ao contrário que você está acima dele, você examina, analisa, critica, julga e condena. Que obrigação você tem para conhecer o universo? Nada, porque todas as obrigações são o que? São coisas negativas? Então você se transformou na negatividade total, na destrutividade total você não tem obrigação com nada. Ou seja, a hora que isso se espalha pelo mundo e as pessoas começam assim, agora vou criticar o casamento, o crítico à educação, o crítico à medicina, o crítico a maisíssimo, mais aquilo, mas você não tem mais compromisso com nada. Você está livre de todas as obrigações e ao contrário, você tem na mão a balança da justiça. Você julga e condena tudo. Então quer dizer, você espalha milhões de demônios pelo mundo, porque quando você se coloca acima do real e o julga e condena, você pensa que você está bem canto de Deus, não, não, não, inclusive achei radíssimo tudo esses diagnósticos e mentalidades revolucionárias, que o homem quer se fazer de Deus, quer superar Deus, conversa, mole. O sujeito está imitando o diabo, meu Deus do céu, não Deus. Você se transforma num diabo, o diabo está contra tudo. Deus não criou um mundo para destruir o mundo e não nos criou para nos destruir, nos criou para nos salvar. Então quando você se transforma no crítico de tudo, você se colocou acima como um diabo, o grande acusador. Então isso aí vai levar nós ao socialismo jamais, não vai levar. Porque o socialismo também vai ser criticado, o socialismo também é negativo. Os caras da escola e frango sempre foram contra o regime soviético, só que conseguirem inventar um negócio pior do que o regime soviético, porque o regime soviético prometia algo de positivo. Olha, todo mundo vai ter que comer, não vão poder dizer comida para todo mundo, porque já é positivo, não é? Não vão criar um indústria, fazer traturas, etc., etc. Bom, vão criar um exército, tudo isso é positivo. E se você está contra tudo, evidentemente, você não tem compromisso nenhum, nem com o regime soviético, nem com nada. Daí, o analista ocidental, a Bocó, acredita, não. Agora esse negócio da escola e frango foi melhor, é mais moderado do que o regime soviético. Então nós podemos apoiar essas pessoas, porque eles às vezes são até perseguidos pelo regime soviético. Existe até ideia de que o Walter Benjamin foi múltiplo pela KGB. E os caras da escola e o frango foram recebidos nos Estados Unidos como príncipes, tiver os melhores empregos, aplaudidos para todo mundo, até hoje todo mundo aqui é fã deles, e eles estão aí espalhando dialética negativa a todo quanto é lado. E a dialética negativa não promete nada a não ser algo que talvez nasça do negativo algum dia, é como o socialismo do Lula, não sei que tipo de socialismo queremos, e nem sabemos se é socialismo é essa porcaria. Agora, você imagina como é estúpido você tentar combater essas coisas em nome de algum valor no qual você acredita. Então os caras não aceitam nenhum valor, meu Deus do céu. Vocês estão tentando destruir a família, sim, se tivam, odiamos essa porcaria, tivam que destruir isso mesmo. E faz uma lista de males que a família causou, eu digo, o que no mundo não criou males? Tudo pode ser criticado, é claro. Agora, do fato que tudo pode ser criticado, os caras vão que tudo é ruim, não é bem assim. Eles não aceitam o bem relativo, ou tem que ser o bem absoluto que não existe, porque todos eles no começo, todos eles tiveram um certo interesse em judaímo no início, eram todos os deuses, tiveram certo interesse em judaímo, era a Bíblia, essa coisa, meter a cabeça, agora o bem absoluto. Então no encontro bem absoluto, então tudo que tem é negativo, e daí largaram o judaímo e inventaram a dialética negativa. Então, isso significa que também o judaímo também não presta, o judaímo também não presta e nem nada presta. Se nada presta você não tem compromisso com nada, você se transformou no acusador da humanidade. Você vê que isso é completamente diferente, por isso que eu não gosto de chamar isso marxismo cultural, porque já regou não é marxismo, mas é um outro negócio, muito pior. Porque se quiser chamar do marxismo cultural, tudo bem, também não se pode dizer que não existe nenhum marxismo cultural, porque alguns membros da Escarno do Franco tentavam ainda ser fiel ao marxismo. No começo eles tentavam ainda, o próprio fundador remoto que foi George Lucas, se considerava marxista. E esses camaradas, eles todos, nenhum deles no Escarno do Franco, pertenciam ao Partido Comunista, eles não aceitavam, não podia entrar no Partido Comunista, não tinha demilitância, a sua atividade tem que ser puramente acadêmica. Então, você vê, no mundo ocidental, os governantes americanos, não, esses caras não tem perigo nenhum, eles não pertencem ao Partido Comunista. Então também o erro monstruoso do Ocidente, sobretudo americano, foi analisar tudo isso, a Lua da Família, a doutrina Morgan, tal. Morgan, tal era um cientista político que achava que os agentes fundamentais do processo histórico são os estados. Então eles encaravam todas as correntes de pensamento como braços do estado. Então tudo que era marxista, era braço da União Soviética. Se você não fosse um braço da União Soviética, ele não pertencia ao Partido Comunista, ele é apenas um comunista, por convicção não tem problema deixar ele. Então eles não viram perigo nenhum na Escola de Franco, porque eles não eram membros do Partido Comunista, eles não trabalhavam para a União Soviética. Eles eram apenas idealistas, fizes, já publicistas, imorgentais, isso tem uma besta quadrada, como raramente existiu. E o governo americano coloca o cara lá em cima. Esse sujeito tapou os olhos do ocidente contra a verdadeira natureza do processo revolucionário. Se tivessem percebido em tempo, fala não, o problema não é União Soviética, o problema é um movimento cultural, psicologico, muito mais vasto, que antes cedeu de mais de 70 anos a existência da União Soviética e vai existir depois dela. Como de fato aconteceu? Isso, agora, muita gente achou que quando acabou a União Soviética, o movimento esquerdo ia acabar também. São todos iludidos pela ideia do morgental. Então é isso que eu queria dizer hoje. Vou responder perguntas no carro, foi muito comprida, tá bom? Até semana que vem, muito obrigado.