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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria explicar um pouquinho mais aquela coisa que eu coloquei no Facebook sobre os dois tipos de ciência segundo Jeremy Bentham, que são as ciências que eles chamam cenoscópicas e idioscópicas. Eu dei ali uma breve definição que não é do Jeremy Bentham, eu adaptei um pouco para ajustar o espírita-côesa. O que ele entende por ciências cenoscópicas, e dos cenos quer dizer comum, são as ciências que se baseiam na experiência da realidade, tal como se apresenta a humanidade como tal, a toda humanidade. E idioscópicas, as ciências que estudam as coisas sob um ponto de vista específico predeterminado, de acordo com as disponibilidades metodológicas de uma ciência em particular. Não há método da ciência em geral, quando você chama de método científico, o método científico como tal realmente não existe, só existe o método científico aplicado a esta ou aquela ciência. E a aplicação consiste em você recortar no certo campo o horizonte de fatos, de acordo com uma hipótese unificadora que você já tem anteriormente. Então, você passa a estudar esse grupo de fatos para ver se de fato ele se ajusta a essa hipótese anteriormente escolhida, ou não, ou se é preciso uma nova hipótese. É sempre a hipótese inicial que determina o recorte do universo de fatos, senão você não tem um critério para recortar os fatos. Por exemplo, se você define um certo tipo de seres com minerais, então aí está subentendido uma hipótese unificadora sobre os fatores que são comuns a todos os entes desta espécie. Toda ciência assim, por isso mesmo que eu digo que não existe ciência do fato concreto, só existe ciência do fato abstrato, ou seja, o fato separado dos outros fatos e reduzido aquelas características que estão definidas no recorte inicial do tema desta ciência. Então, por que que existe as ciências idioscópicas? Para que uma observação mais precisa e uma medição mais acurada, permitam conclusões mais firmes e mais definitivas. Por que que existe as ciências senoscópicas? É simples, porque alguém tem que estudar o mundo da experiência, tal como ele se apresenta a nós e não tal como ele aparece aos olhos de tal ou qual o cientista. Isso é muito importante. Quer dizer, todas as ciências são tremendamente abstratistas. Isso significa que o objeto delas só existe sob um certo ponto de vista, que é exatamente o ponto de vista desta ciência. Ele não existe em si mesmo. Então, o que significa que o ganho que nós temos em matéria de precisão e exatidão dos resultados, ele se paga em perda da concreta, ou seja, do conjunto de relações que aquilo praticamente é ilimitado, que aquilo pode ter com outros campos de conhecimento. Note bem, a diferença aí não é do particular para o geral. Porque o geral são vários particulares agrupados segundo suas características comuns. Então, o geral ainda está dentro do campo idioscópico. A experiência comum da humanidade se caracteriza por ser a experiência do um horizonte em aberto, no qual tudo pode entrar, mas não entra tudo misturado. Entra sempre sob a forma de entes que se movem e hagem dentro de um quadro de espaço-tempo que é comum a todos nós. Esse campo, nós sabemos que ele é ilimitado, mas não sabemos onde termina esse limite. Sabemos que ele é limitado até certo ponto, mas não sabemos onde termina o limite. Portanto, para todos os fins práticos ele é ilimitado. E é isso que a Anaximando chamava o Aperon, um campo indefinido. Não podemos ver que é ilimitado, mas indefinido. Nós entendemos que ele pode ter um final, pode ter um limite último, mas não temos a menor ideia de onde ele está e para nós é inacessível. Então, essa tensão entre o limitado e o ilimitado, isso é parte integrante da nossa experiência do mundo. Todo mundo enxerga todas as pessoas sem exceção e enxerga o mundo exatamente assim, como a tensão entre o limitado e o ilimitado. Por exemplo, a nossa visão alcança até um certo ponto, mas nós sabemos que depois desse certo ponto existe alguma coisa que nós não enxergamos. E isso que nós não enxergamos, nós entendemos que é o limite daquilo que enxergamos. E nós precisamos desse limite porque se não o horizonte do qual enxergamos não teria forma, ele seria ilimitado. Então, tudo o que nós percebemos está dentro dessa tensão limitado e ilimitado. Existem inúmeras outras tensões, como por exemplo a tensão dos três momentos do tempo, passado, presente, futuro. O que quer que você diga que é presente e já não é mais presente da hora que você falou? O presente está sempre correndo. Então, há pessoas, houve um tempo que era muito moda aparecer nos filmes, um mestre oriental que dizia que o problema é que você está sempre pensando no passado, você nunca está no presente. Mas, mestre Yoda, onde está o presente? Cadê o presente? O presente no qual está já passou? Então, o presente é apenas uma interseção, não podemos dizer que ninguém é mínimo, ela é imensurável, tão pequena que é entre um passado e um futuro. Mas, interseção, ela existe ou não existe? Existe sim, mas é inapreensível. Então, tudo o que nós experimentamos está neste momento inapreensível que nós chamamos de presente, o qual não é, se não, a passagem do passado para o futuro. Mas também, o que chamamos de futuro é o futuro? Não, é apenas uma hipótese, porque nós não sabemos como será o futuro. Então, todos os futuros que nós concebemos são hipóteses e onde eles existem só na nossa imaginação. O futuro só existe na nossa imaginação. E o passado, onde eles existem? Eles existem só na nossa memória. Mas o que é memória, se não a capacidade de você revivenciar mentalmente uma coisa que não está mais aí? Então, todo mundo da nossa experiência é composto dessas dificuldades. Este é o cenário real da nossa vida. É um vazio cheio, é um limite ilimitado, é um presente que nunca está presente. Isto é a estrutura real da nossa vida. E curiosamente, nós nos sentimos perfeitamente à vontade neste cenário e geralmente não nos desorientamos nele. Isso significa que a nossa mente, ou se quiser, no nosso cérebro, está perfeitamente adaptado a esta condição real. Esta é a condição real não só do nosso conhecimento, mas a condição real na qual os objetos existem. É isso porque... Se você pegar qualquer objeto por pequenininho que seja, você sabe que ali tem um número ilimitado de moléculas, de átomos, de partículas subatômicas, etc. Você sabe que tudo isso está ali, mas parece ilimitado pela forma exterior que o objeto tem. Mas que forma é essa? Você nunca enxerga a forma inteira de um objeto. Você só enxerga um lado? Nesse outro lado, você supõe? E assim por exemplo, nós estamos, então, num mundo que se compõe desse tipo de jogos o tempo todo. Basta isso para você ver como é impossível aquela divisão inicial do René Descartes, coisa pensante e existência. Ou seja, um interior e um exterior. Porque se você falou interior e exterior, isso já é uma referência espacial e você acaba de dizer que a parte mental é justamente aquela que não está no espaço. Se ela não está no espaço, como pode ser interior? Então você vê que você está usando uma metáfora espacial para designar algo que você sabe que não está no espaço. Ora, mas se você não usa essa metáfora, a coisa se torna impensável. Então você é obrigado a cometer-me em precisão para poder ter alguma ideia do objeto do qual você está falando. Então, tudo na nossa mente, tudo no nosso conhecimento é constituído dessas tensões. Então, a própria distinção entre as ciências, xenoscópicas e idoscópicas, ela também é de tipo tensional, porque não há um limite preciso entre uma coisa e outra. Nós não podemos também tomar partido de já eu prefiro esse tipo de ciência, eu prefiro aquela, porque você vai ter que usar as duas sempre. Ora, mas existem algumas ciências nas quais o xenoscópico é evidentemente predominante para a ciência histórica, a sociologia, ciência política, etc., etc., etc. E o fato é o seguinte, é que não existe treino para ciências xenoscópicas, realmente não existe. Se você vai fazer um curso de sociologia, você vai ter só o treinamento idoscópico. Você vai aprender observação, estatística, tabulação, hierarquia de conceitos, etc., etc. Tudo isso que você vai aprender. E o qual seria o treino para ciências xenoscópicas? O treino para ciências xenoscópicas é a imersão na experiência comum. Ou seja, você se deixar impregnado pela experiência que as outras pessoas, todas as pessoas que você conhece e as que você não conhece, também têm no universo. Isso é perfeitamente possível, porque nós todos pertencemos da mesma espécie, temos o mesmo aparato sensorial, temos o mesmo esquema imercibio e assim por diante. Portanto, é sempre possível você saber o que que as outras pessoas estão vendo. O problema é que nós não costumamos prestar atenção nisso e não temos, em geral, os conceitos adequados para descrever isso. Por que? Isso não pode ser descrita através de conceitos, isso só pode ser descrita através de narrativa. Portanto, você entende agora por que que eu insisto tanto, em que o começo da educação é a formação literária? Porque só a literatura te dá a visão xenoscópica da realidade. Através da literatura você tem a experiência que tiveram do mundo, pessoas que você nunca viu, que não pertence ao seu meio social, que pertence a comunidades de estantes diferentes estranhas para você, assim por diante. Não só comunidades, mas pessoas também, tipos que você nem imaginou que pudesse existir. Então, por exemplo, você pode ter conhecido pessoas muito perversas, mas você nunca vai chegar ao ponto de certos personagens perversas que aparecem na literatura. Ou personagens mentirosas, assim por diante. Então, é através da literatura que você cria os esquemas imaginativos que lhe permitem aprender a experiência da humanidade. É só isso que, só essa experiência que permite esse tipo de conhecimento. Então, o conhecimento, o treinamento fundamental para as cenas humanas é a literatura. Se não tem isso, não tem nada, nada, nada, nada, nada, porque você vai sempre estar tentando usar, nessa ordem de estudos, os métodos idioscópicos. Você vai usar observação, estatística, isolar um fator do outro, etc. Bom, isso também é necessário fazer. Mas, nesta ordem de acontecimento, isso não vai lhe dar o grau de certeza que você poderia obter numa outra esfera que fosse perfeitamente recortável. Então, entendo? Quando você estuda fênons da natureza, você pode facilmente isolar uns dos outros, porque ali não está em jogo a ação humana. Portanto, você pode, partir do princípio de que todos os seres que você vai estudar, tem uma margem de escolha menor do que a sua. Por exemplo, o Leão escolhe o seu cardápio, tenta uma margem muito estreita, ele pode escolher, ele come um viado, come um lagarto, mas, ele não é gravitareano. Esta ideia não pode passar pela cabeça dele, e assim por diante. Então, se você está estudando vegetais ou minerais, a margem de escolha é menor ainda. Agora, qual é a margem de escolha de um número ilimitado de pessoas que é o que se compõe a sociedade? A margem de escolha totalmente aberta, qualquer coisa pode acontecer. Portanto, não adianta você querer aplicar a eles estes métodos idioscópicos, porque eles vão deixar fora praticamente tudo o que interessa. Então, às vezes a pessoa pergunta, como é que eu faço para adquirir um senso de previsão tão agudo quanto o seu, que faz 20 anos está prevendo tudo certo. O método é este. Agora, você não joga ciências idioscópicas fora, você as usa como instrumentos de controle. Elas não vão lhe dar o conhecimento, mas elas podem corrigir os erros e excessos de imaginação do conhecimento senoscópico. É para isso que ela serve. Então, por exemplo, você verificar, você apenda uma certa tendência nas pessoas. A tendência já era um certo momento do tempo. Eu treinei para isso a dividir dele e tenho muito isso. O que é que as pessoas estão querendo agora? Ou se eu fosse marqueteiro, que pariu uma furduna, porque quais são as preferências do mercado? Mas, atenção, o mercado é um conceito idioscópico. Quando você encara as pessoas com o mercado, você as está encarando sob um aspecto apenas, segundo um interesse que é o seu e não o delas. Esse é o típico método idioscópico. Então, o que é que as pessoas estão querendo? Não enquanto consumiduras, não enquanto eleitoras, não enquanto empregada em doce comércio, não enquanto nordestinas ou gaúchas, mas o que é que as pessoas, em geral, estão querendo? Então, você pode sentir isso no ar de alguma maneira. Não dá para você recompor o método usado, não dá, porque tudo isso é muito rápido. Isso é mais ou menos como numa arte marcial. Então, você tem que prever o que o outro vai fazer. Eu acho que ele vai fazer tal coisa. Daí, chega em graças a dívidas, prove o pior, prove cientificamente. Enquanto eu vou tentar provar esse cientificamento, se ele já deu golpe, eu já estou no calto, acabou a luta. Então, do mesmo modo, fazendo um campo de batalha, um general orientando as posições do seu exército, na folhão, na parte da montanha, você vai para cá, você vai para cá, dá a volta por ali, faz isso, faz aquilo. Não dá tempo dele justificar porque ele fez isso. Então, há uma tela de percepção aguda. E como é que se aguda, agulça a percepção? Percebendo, percebendo, percebendo. E, sobretudo, praticando o método que eu antigamente, a minha contemplação amorosa, quer deixar que as coisas sejam o que são. E você querer que elas sejam o que são. Então, quer dizer, eu estou olhando as acontecimentos, perguntando, bom, o que vai acontecer mesmo, então, qualquer que seja o curso que as coisas tom, eu tenho que gostar que elas tom esse curso, não porque necessariamente seja bom, mas porque isso vai me dar a certeza de que eu estou no conhecimento verdadeiro. Então, a sua capacidade de previsão resulta disso, por assim dizer, deste amor ao fluxo da realidade. Entendeu? Quer dizer, você preferir que as coisas tome um curso ruim, que está certo, do que que elas tome um curso que você não entende. Também, quer dizer, o desejo de entender tudo também atrapalha. Porque todo mundo tem a maneira de perguntar o porquê que ele é a causa. E esquece do seguinte, antes do porquê tem de haver o o quê. E tudo o que eu estou falando não está na clave explicativa, está na clave descritiva. O que está acontecendo e tal e tal coisa, e está indo para tal lugar. Você pode anunciar isso em tempo de corrigir se a coisa mudar no meio do caminho, se houver a interferência do fator desconhecido. Então, o desconhecido imprevisível também sempre tem que levar em conta. Está certo? Mas, em geral, o imprevisível não é tão imprevisível assim. Tem coisas que vamos dizer surpreendentes que podem acontecer, mas elas estão dentro da dialética do momento. Isso é isso. Eu nunca vi uma exceção, uma coisa totalmente nova. Por exemplo, tem os personagens de determinada situação, os personagens morrem e falam que acabou. Então, nós não podemos prever esta parte que é a determinação da natureza material. Isso não está sob nossa alcance. Então, justamente por causa disso, por ignorar essas coisas todas, é que todo mundo há 30 anos erra nas análises e previsões do que vai acontecer no Brasil. Então, em primeiro lugar, usam os conceitos das ciências idioscópicas, as estatísticas, os conceitos físicos, etc. Então, vão direto para a clave explicativa, antes de ter uma boa clave narrativa e descritiva. Isso é um erro básico. Queria saber o porquê, ou até o paraquê, antes de saber o ok. Um segundo erro muito comum é o seguinte, nós estamos num país que não tem uma energia criativa cultural própria, muito grande. Nós somos mais consumidores do que criadores de alta cultura. E isso faz com que boa parte da formação intelectual que as pessoas adquirem consiste apenas em assimilar as produções de estrangeiras. Por isso que as pessoas se orgulham muito e dizem que eu estou pegado em óxido, estou pegado em as hormônio, etc. Porquê? Porque se o entende que você está absorvendo produtos culturais de melhor qualidade em maior quantidade do que nós podemos produzir. Só que acontece que quando você entra no campo da história, da ciência social, da ciência política, você está usando conceitos que não foram criados para esta situação nossa, mas por uma outra situação completamente diferente. Então, conforme a educação universitária que você recebeu, já é perfeitamente previsível o tipo de erros que você vai cometer. Então, por exemplo, se você se interessa mais pelos estúdios culturais, nessa literatura, música, história, essa coisa toda, você vai descrever a situação em termos do multiculturalismo. Não é isso? A favor ou contra? Mas você vai estar errado porque no Brasil não existe multiculturalismo. Existe uma caricatura provínciana de multiculturalismo, que é completamente diferente do multiculturalismo. Não tem nada a ver com ele. E que tem que ser descrito de acordo com os seus caracteres próprios. Por exemplo, viré. Em nenhum país que tem 50% de mestizos, ocorreu jamais a ideia de falar, como é que se diz, em cotas raciais. Ninguém teve essa ideia no mundo, só no Brasil. Cotas raciais, a pessoa usa onde você tem grupos raciais perfeitamente definidos e separados. Como os seus guetos. Aí sim, podemos fazer as cotas raciais. Aí os direitos dizem, vamos fazer cotas raciais no Brasil para acabar com o racio. E aí dizem, onde é a graça? Onde é a graça? Você sai na rua e só vê, misturado. E aí, olha, eles inventam o seguinte, a identidade racial é obtida por declaração. É o que o sujeito declarou. Eu digo, você já viu uma coisa dessa? Quer dizer, os caracteres físicos do cara estão determinados por uma declaração que ele fez? O que você está dizendo é o seguinte, é que essa identidade racial não é racial. Ela é subjetiva, é uma preferência. Como preferência sexual, que também é subjetiva. É isso? Então... Eu não tive de tomar uma água aqui. Dá um copinha para mim. Isso aí está bom. Certo também que esses são fenômenos sociais que não tem nada a ver com o multiculturalismo. É uma coisa muito peculiar do Brasil. Outro dia também, fazendo aquele vídeo sobre o comentarista alemão, que falou da nossa imprensa na Nica, ele disse, bom, ele prensa a imprensa na Nica nos termos em que ele pensaria em um fenômeno similar na Europa. Então, sobre o regime fascista na Espanha, na Rússia, uma imprensa na Nica. Bom, foi isso o fenômeno que nós tivemos aqui? Bom, nós tivemos um fenômeno de uma promiscuidade total entre a grande imprensa e a imprensa na Nica. E isso nunca aconteceu no mundo. Nos Estados Unidos, ninguém pretende ser imprensa na Nica ou imprensa alternativa, só porque nos fins de semana, quando ele está descansando o seu emprego no New York Times, ele escreve um ronalzinho do bairro dele. Não é imprensa na Nica, não é imprensa alternativa, não é imprensa de oposição. E foi o que aconteceu no Brasil. Então, você não tem conceitos apropriados por que? Porque você já está querendo usar conceitos que você aprendeu das ciências idioscópicas, tal como foram desenvolvidos para outras situações. Você tinha que fazer o contrário, você tinha que observar isso cenoscopicamente. Isso é com a experiência real que as pessoas estão tendo. E daí tentar criar conceitos que descrevam exatamente isso que você está percebendo. Não, mas primeiro já percebe. Mas e se eu não quero perceber? E um bom motivo para não querer perceber é você ter estudado nessas universidades europeias e chegar aqui firmemente disposto a impor o seu discurso, em vez de permitir que os fatos lhe digam o que está acontecendo. E como eu sou o senhor doutor, sou o PHD, não sei o que, tal e eu que tenho que ter razão. Então, se esse homem não presta mais atenção nos fatos, você não quer saber dos fatos. Você já tem a explicação pronta. Ontem eu li no antagonista uma descrição da situação política atual mostrando que a escolha pelo continuismo do Canopetista seria um desastre e com toda a razão. Só que os termos nos quais ele descreve isto são o seguinte, ele faz da velha opção populista usando PT e PSDB como se eles fossem o populismo. Quando nós precisamos de uma administração moderna, liberal etc. Mas é esse o problema no Brasil? O PT e o PSDB são populistas ou populista é o Bolsonaro? Então você viu o próprio conceito de populismo, um conceito tão vagabundo que ele pode servir para descrever o PT ou descrever o Bolsonaro e nos dois casos da errado. Qual é o problema? O problema é que o truítico escreveu isso provavelmente, é um truítico que tem uma formação ou ensinos políticos, em direitos etc. dentro de algum universidade na qual o estudo da estratégia marxista ou não existe, ou ele é só efeito como o propósito de ocultar a estratégia marxista. Então o que aconteceu no Brasil? Não foi populismo nenhum. Eu já disse isso aqui nos Estados Unidos, quando falei lá no Georgetown, faz um negócio de populismo e isso é uma coisa ignorante. Porque você pegar um organismo comunista como o Furodo São Paulo, declaradamente comunista, que é a revivecência da antiga organização latina e mergulha de solidariedade a ola do Fidel Castro dos anos 60, eles refizeram a ola com outro nome, mais forte, com mais dinheiro e mais organizações apoiando. E deram o nome de Furodo São Paulo. Ora, a origem disso não é preciso ser muito esperto, não foi o Fidel Castro, não foi o Friberto, foi alguém da KGB. É de onde vem as ideias. E os caras, naturalmente não vão sair por repregunar, o KGB mandou falei, não isso. Dá impressão que a coisa começa com ele. Então, quando começou, por exemplo, a Teologia da Libertação, disseram que começou com o Leonardo Boff. Todo mundo no Brasil pensa em Teologia da Libertação que é o Leonardo Boff. Aí você descobre, não, atrás dele tem o Padre Gouteiras que fez isso antes dele. E antes disso, teve outro e outro e outro e outro e outro e outro, e no começo da linha estava Nikita Khrushchev. Agora, tenta explicar a Teologia da Libertação com conceitos tirados de dentro da história da Teologia Católica. Vários já fizeram isso, inclusive o então cardinal Radzinga. Ele descreve a coisa quando aqueles termos critica, fala mal, não adianta, nada, porque o objeto que ele está falando não está presente dentro do seu discurso. O discurso paira acima do objeto, não apreende a sua verdadeira natureza. Vou dar mais um exemplo. Aqui no Estados Unidos, praticamente todas as modas culturais e morais que foram inventadas nos últimos 50 anos, foram todos inventados pela KGB. Se você rastreia, você sempre vai ver que o negócio começou lá. Mas o pessoal não sabe essa pré-história das modas, só sabe da moda, a partir do entendimento, que ela vira moda. Ou seja, que ela começa a aparecer para o distinto público. Então você não tem a ideia da origem remota. Quando você rastreia isso, sabe qual é a impressão? Esses americanos são os idiotas, os russos fazem eles de trouxa o tempo todo. E o Nikita Khrushchev dizia, esses caras são tão imbecis que quando a gente cospe na cara deles, eles acham que é o Orvalho que está caindo. E isso acontece mesmo. Você lê o livro da Diana West, American Betrayal. Vocês vão ver o poder devastador que a KGB teve dentro dos Estados Unidos e mudando o curso às vezes inteiro da história mexicana durante décadas. Sem que o americano percebesse. Daí aparece um cara que percebe, evidentemente todo mundo fica revoltado com o cara, porque ele está dizendo que nós somos idiotas, ele está desfazendo de nós, ele está desmoralizando a CIA, desmoralizando o governo. Sim, ele está desmoralizando todo mundo. Então... Em geral, quando me falo KGB, a pessoa não é ideia do que é KGB. A KGB foi uma organização de qualquer tipo que já existiu ao longo de toda a história humana. E a KGB atuava em todos os frontes de todos os países. Nesse ar militar, econômica, cultural, religiosa, moral, sociológica, política, tudo, tudo, tudo, tudo. Tá certo? E, evidentemente, sempre tentando dirigir tudo no sentido daquilo que fosse do interesse da estratégia soviética naquela etapa, naquele momento. E faziam isso com uma habilidade extraordinária, que transcenda a compreensão da maior parte das pessoas. Porque se você for ver o número de escritores, artistas, músicos, diretores de teatro, diretores de cinema, etc., e foram como esse instrumentalizado, pela KGB, ele disse, bom, acho que é uns 80%, não menos. E você acha que isso não tem efeito na sua história? Não? Eu sei que, dizendo isso, estou falando uma coisa que é muito desmoralizante para o pessoal anti-comunista, que eles mesmo preferem esconder. E na medida que eles escondem, eles ajudam o comunista a enganar a geração seguinte. Então, eu tenho de confessar, não existiu ninguém mais inteligente no setor estratégico global do que Joseph Stalin. Nunca existiu na história do mundo. Napoleão, comparado com ele, era um menino. Hitler era um que? Era um pintor de parede. Então, eu não tenho admiração nenhuma por Joseph Stalin. É um monstro, evidentemente, é um monstro criminoso, um psicopata. Mas, eu não sei o que conseguir, ter uma visão tão abrangente da estratégia, que ele mesmo não conseguia explicá-la. Ele não tem um tratado de estratégia, ele não tem uma teoria. Você descobre o que ele pensava? Pelo o que ele fazia. Então, ele fazia, mas não explicava para ninguém, também nem subessa explicar. Por quê? Vija, congênio da vida prática, é exatamente isso. O que sabe fazer? Não, o que sabe explicar. O que sabe explicar vem depois. Por exemplo, as coisas que Napoleão fazia no campo de batalha, que eram prodígios, existia um oficial suíço chamado Jomini. O Jomini depois explicava tudo. Era o único sujeito que entendia Napoleão Monaparte. Só que ele não comandava nada, não dizia ninguém. Ele se impilou e observava e entendia e explicava. Só que explicava depois o que tinha acontecido. Claro, estou muito grato que ele tenha feito isso, mas certamente não é a mesma coisa. Então, esse tipo de estudos é o que falta nos nossos sociólogos, cientistas políticos, analistas políticos, cientistas... E assim, os meus alunos têm. É por isso que aparece o Felipe Martins, o Ron Martins, o Paulinei, um monte de outros, e acerta o negócio. Quando toda grande mídia, ou seja, pomposa, comentaristas e professores, eu estou errando. Não é sempre por distorção ideológica. É por verdadeira incapacidade e falta dos conhecimentos necessários. Se nós continuamos produzindo pessoas capazes de entender o curso das coisas, certamente as discussões públicas no Brasil vão subir de nível, formidavelmente. E problemas que hoje nos parecem insolúveis acabaram tendo solução. Não cabe a nós oferecer soluções. Não, eu não penso em oferecer soluções. Eu não penso em preparar as pessoas que talvez amanhã ou depois descubram soluções. Porque já dizia que eu estou mais aqui, não existe a ação sem o agente. O problema aqui no Brasil é que todo mundo quer a ação, e quando ele pega uma, quem vai praticar a ação? Contra a resposta. Por exemplo, surgiu o negócio do... Ah, educação, vai. Quem vai ser o Ministro da Educação? Eu não posso ser o Ministro da Educação, claro, eu nunca entrei no Ministro da Educação. Não tenho a menor ideia da estrutura desse órgão. Eu só para aprender como aquilo funciona, o Fusar Mésor Ogrosse, ele varia anos, enquanto isso era feio de trouxa e botado para fora. Então, eu não sou candidata à trouxa, desculpe. Então vamos ver quem pode. Esse aqui não pode, o outro não pode. Não tem. Eu fui sugerir o Claudio Moracá, pensando em seu Claudio Moracá, que está com 80 ou 90 anos, não vai dar. Daí me disser que ele assinou o manifesto em favor do Alchemy. Então, ficou gagapo, porque ele entendia o problema de educação, mas é o tal negócio. Ele é um profissional brasileiro, profissional brasileiro, entende daquilo que ele estudou na universidade e mais nada. E não existem estudos xenoscópicos no Brasil. Porque quem vai estudar literatura aqui? Vai estudar literatura para falar do quê? De literatura. Não é para ampliar sua visão do mundo? Não. É para participar da feira de Paraty, publicar um livrinho, escrever uma crítica literária, ou se transformar a literatura numa profissão universitária especializada também. Então, extinguíram a sua força educativa. Por causa disso, todo mundo colaborando para ninguém entender nada. E, graças a Deus, os meus alunos têm dado sinais de conseguir fazer análises boas, eficazes, com previsões efetivas. Eu lembro, o Felipe Martins foi no Brasil o único comentarista que previo e justificou a vitória do Trump nos Estados Unidos. Num país estrangeiro, num qual nunca esteve no Estados Unidos. Como é que faz isso? Você estuda, vai, segue lá o Médula, faz colar, você vai ficar muito inteligente. Porque é isso que eu queria fazer. Queria fazer um movimento de genios. Queria fazer um aplede de genios. Queria fazer? Estou fazendo e vou fazer. E, como dizia o meu filho, o Google, ninguém deve. Vamos fazer um intervalo para que a gente volte.