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Então, boa noite a todos e ser um bem-vindo. Esta é o mesmo tempo aula no Normal do Corte e a última aula do curso do Mário Peralho do Santos. Como de Coutume, como essas duas aulas coincidem, o Coutume da Naula do Sábado. Um breve resumo do que foi dado no curso potencial, do modo que aqueles que ainda possam ver esse interesse. Essa pela curso tem uma ideia do que vamos encontrar. Então, neste curso eu dei uma ideia geral da estrutura da obra do Mário Peralho do Santos. Tentei delinear a forma da vocação filosófica do Mário Peralho do Santos, que faz dele eminentemente não só um platônico, mas no meio de entender o maior dos platônicos que existiram ao longo de toda a história. Não há nenhum de fato que se compare. Dizer que ele é um platônico é também demarcar, mas é a diferença que me separa dele. Não divergência, mas diferença. Diferência que é menos do conteúdo das nossas filosofias respectivas, mas da direção geral que nós tomamos a grande impressão do Mário, foi construir o grande sistema que ele chamou primeiro de filosofia concreta e depois de Matésas Meghiste, o ensinamento supremo, que é uma série de leis ontológicas cuja estrutura é idêntica da simples série dos números. Leio número um e número dois, porque ele entende os números não apenas como expressões da quantidade, mas como obviamente eles são também formas lógicas pelo fato de que qualquer quantidade de elementos, dependendo de qual seja essa quantidade, demarca um conjunto de propriedades internas dessa quantidade, como por exemplo o fato de que três pontos se não são dispostas em linha, formam um triângulo e daí se sem todos os, todas as propriedades do triângulo que são estudadas na trigonometria, e não há como isso não acontecer. Então, partindo da ideia de que os números são formas lógicas, ele transpõe isso para a ideia de que essas formas lógicas expressam também a estrutura dos objetos que possam ser descritos por um certo número de elementos, ou seja, por uma quantidade, na medida que a forma de um ente qualquer possa ser descrita matematicamente, esse objeto estará sujeito às várias leis que são expressas por esse número, que possam ser deduzidas de dentro desse número, e daí ele extrai nos seus livros finais as várias, o que ele chama de leis eternas. Eu acho que a demonstração que ele dá disso é inteiramente irrefutável, não há como dizer que não, porém eu devo protestar contra um indivíduo que disse que a obra do Mario é como do Raymundo Lúlio, similar a da Ars Magna, do Raymundo Lúlio, que medenta uma combinação de alguns conceitos e princípios básicos, pretende, em último análise, obter a resposta a todas as perguntas filosóficas possíveis. Essa não é de maneira alguma a ambição do Mario, mesmo porque essas leis eternas estão colocadas no mais alto nível de abstração e delas você não pode deduzir nada a respeito de nenhum objeto singular. Por exemplo, você conhecer a forma de um objeto singular só tem um jeito, é pela experiência desse objeto. Nós sabemos que um urso tem forma de urso, ou a minhoca tem forma de minhoca, não porque deduzimos isso das leis eternas, mas porque nós observamos. Em seguida, podemos inserir isso dentro do quadro das leis eternas e tirar uma série de conclusões sobre aspectos necessários e propriedados necessários do ente assim descrito, seja ele um urso, uma minhoca, uma figura geométrica, a constituição de um país, uma situação econômica, etc. Mas as leis eternas jamais dão por si a solução de qualquer problema que seja. Então, fica aí, brevemente descrita, a vocação filosófica do Mário Ferro do Santos. Eu tenho, por exemplo, que tendo em vista essa vocação, a unidade da obra dele começa a aparecer de uma maneira muito mais nítida, mais nítida até do que aquilo que eu, o modo que eu me descrevi, no prefácio do livro Sabedoria das Leis Eternas, onde eu confesso que eu fui ajudado e descobri essa estrutura da enciclopéria, do que ele chamou, enciclopéria das leis filosóficas, que é a sua obra final, não por uma dedução que eu tenha feito, mas simplesmente porque encontrei entre os escritos dele um papelzinho com os títulos dos 10 livros finais. Estou observando que ele tinha feito uma série de 10 livros no início, que começa com filosofia, com visão, hipotológica, dialética, etc. E a ordem desses livros imita, por assim dizer, a estrutura lógica de cada um dos números, que define os vários volumes, a unidade, a dualidade, a trindade, etc. E ele fez uma lista dos 10 livros que ele pretendia escrever no final, e que acabou escrevendo mesmo, já é uma característica da obra do Mário, que ele escreveu tudo que ele prometeu escrever, com uma ou duas exceções, entre os livros que ele planejava, só um ou dois não foram feitos. E esses 10 livros finais foram feitos, ele invida, publicou apenas três, eu publiquei mais um, que é a sabedoria das leis internas, e em seguida tem outro, tratado de esquematologia, teoregas de exceções, etc. E termina um volume final chamado Deus, que seria um livro de grandes proporções, no qual ele aproveitaria, inclusive, parte de um livro escrito muito antes dele ter a intuição da filosofia concreta, que se chama Tezas da Existeção e Inexistência de Deus, que ele publicou sobre o Pseudônio de Chávio do Clou, o chávio do Clou, um personagem histórico muito anterior, que evidentemente não pode ter escrito esse livro, é o livro é do Mário Ferreira. Ele escreveu vários livros com o Pseudônio no início da sua carreira. Eu também enfatizo, e nunca seria demais enfatizar, a diferença entre os livros da primeira fase do Mário e os livros que ele escreveu após ter tido a intuição da filosofia concreta. Os familiares dele me contaram que ele estava fazendo uma conferência, e que de repente ele parou a conferência e ele disse, pera aí, eu preciso ir para casa, escrever um negócio que eu tive uma ideia. A ideia era enciclopédia de acência filosófica inteira. E na primeira fase, existe um Mário muito mais literato do que nós veremos depois. Os textos são mais caprichados, mais elegantes, tem alguma pretensão literária, que os livros da fase final não têm de maneira alguma, mesmo porque insisto nisto, todos eles foram feitos a partir de gravações transcritas, seja gravações de aulas, seja gravações feitas em casa. Ele tinha um imenso gravador com aquelas fitas de 30 centímetros, e aquilo era transcrito pela esposa, pela filha, ou qualquer outra pessoa, e seguido ele fazia uma correção superficial e mandava para a gráfica. Na esperança, dizia ele que depois da sua morte, viria alguém consertar o estado editorial desses textos, obrigação da qual a chamada é realizações, fugiu cobardemente, publicando os livros apenas no estado em que estavam na última edição feita em vida do autor. Critério que para outros escritores é perfeitamente válido. Supondo-se que o escritor trabalhou os seus textos até um estágio que ele considerou final, ou, em melhorável, pelo menos, em vida dele, de modo que a obra literária adquire uma forma final, e na verdade a obra literária é essa forma final, ela não é outra coisa. Quer dizer, você para compreender uma peça de Shakespeare, você não precisa saber as edições anteriores, supondo que a última é a expressão final do autor. Mas, no caso do Mario, ele mesmo deixou claro que o estado que estavam os seus textos, mesmo nas suas últimas edições, não era o estado final ideal. Ele disse que precisaria ser alcançado depois da sua morte. Ele tinha uma grave doença cardíaca, era um homem enorme, de tamanho dessa mesa, e tinha esse problema cardíaco, ele sabia que não ia durar muito, e, de fato, morreu prematuramente aos 61 anos. Então, isso quer dizer que os textos do Mario, além da sua dificuldade intrínseca do assunto, além do pesado vocabulário escolássico que ele usa, e além da meticulosidade das suas demonstrações, que às vezes chegam até a ser um pouco sufocantes, ainda tem o problema de que os textos estão muito mal preparados, os textos não estão terminados, todos eles devem ser considerados apenas rascunhos. Não é a primeira vez que isso acontece, por exemplo, as obras Jacobim são a mesma coisa, mas, no caso do Jacobim, Jacobim era um semianófabet, pelo menos, os textos eles estão em um estado muito ruim, mas ao mesmo tempo são textos fundamentais da filosofia. Jacobim nunca aprendeu a ler completamente. Agora, o incrível é que ele recebia visitas do Anjo, e o Anjo lhe ensinava certas coisas, de modo que ele, sem nunca ter estudado nada, sabia os nomes gregos das plantas, por exemplo. E o claro, com o valor filosófico das obras de Berméu, é inegável, mas alguém teve que consertar os textos de alguma maneira. Então, quando esses dias, as realizações têm publicado alguns faccímiles de originais do Mário Ferreira, com muitas correções, e a tese deles está vendo o Mário escrever pessoalmente, e ele corrigiu, fez uma correção meticulosa, só que esses originais que eles mostram são de 1940, e eu estou me referindo às obras da fase final. Quem quer que leia os primeiros livros do Mário e as da fase final verá um contraste primeiro, a qualidade literária caiu formidamente, e a importância filosófica aumentou infinitamente. Muitos dos livros dele, como assim, Deus falou aos homens, e até os livros que ele escreveu sobre Nietzsche, o homem traz seu póstum, e os comentários, assim falou, as artustras, comentário e tradução, você vê que ali há uma inteligência que está em elaboração, buscando a sua forma, mas que de fato só encontra no momento em que ele decide escrever a enciclopédia. Quer dizer, a simples decisão de escrever uma obra magna em 50 e tantos volumes e dar a sua parte final, o título de Matés de Maghiste, já é suficiente para mostrar que no início desse trabalho, o Mário fez alguma descoberta muito importante e encontrou a forma da sua vocação, finalmente a forma da sua vocação filosófica. Isso não é, vamos dizer, uma grande novidade, porque filosofia não é coisa para jovens. Filosofia é uma coisa que você treina a vida inteira, mas que você só chega à maturidade dentro dos 50 e 60. As grandes obras de filosofia foram todas escritas por homens madures, não por jovens. Quando aparece uma vocação jovem, como é de Schelling, o preço é altíssimo, porque Schelling teve que refazer quatro vezes a sua filosofia, até chegar na... acertar apenas nos dois livros finais, a filosofia da mitologia e a filosofia da revelação. Após ter sido até um filósofo da moda, ele fez um sucesso enorme no início da carreira. E deve ter lamentado isso, porque o que ele disse não era exatamente o que ele queria dizer. Ou seja, aquelas ideias estavam em formação quase no subconsciente, e só vem a tona muito, muito mais tarde. Isso tudo é bastante normal. E portanto, é nada estranho que o Mario só tenha acertado a mão a partir do ano de 1954, onde ele tinha 47 anos de idade. É uma boa idade para chegar à maturidade filosófica. Então, em geral, Ortega sempre disse, o filósofo tem as suas primeiras e vagas intuições por volta dos 26, 27, 28 anos. Mas isso não quer dizer que ele tenha a posse da sua filosofia ainda. Em seguida, ele tem que compreender aquilo que ele intuiu, compreender o que aprendeu, até chegar ao ponto de ter a plena expressão verbal, plena expressão verbal que o Mario jamais alcançou. Se ele tivesse alcançado, então, nos livros da fase final, ele teria o mesmo valor literário de algumas obras da primeira fase. Você vê que, na primeira fase, o Mario caía naquela classificação que a USP chamava de beletrista. O pessoal da USP dava aquela formação filológica, uma formação inteiramente baseada na leitura e análise de textos clássicos da filosofia, e eles dividiam os pensadores em filósofos profissionais, que eram eles mesmos, e beletristas, que eram os outros, supondo que eram autores não tão filosóficos como literários, um pensamento literário frouxo, sem a exigência da demonstração, etc. E vamos dizer que até o início da primeira série da Encyclopedia, o Mario era realmente um beletrista, os livros dele estão cheios de ideias, mas é só a partir daí que ele assume o dever da demonstração, suplantando nisso infinitamente o que o pessoal da USP poderia imaginar em matéria de rigor filosófico. Na verdade, o rigor filosófico deles era apenas o rigor da análise textual, bem feitinho, sem sob dúvida, mas que não constitui filosofia ainda. E o Paul Arante, no livro, um departamento francês de Ultramar, confessa que a USP, nos seus, nas várias décadas de existência, a USP foi dado em 1940 e pouco, não produziu nenhum filósofo, mas diz ele, mas produziu alguns excelentes historiadores da filosofia, eu não vi nenhum. Você não tem uma única história da filosofia no Brasil, digna de comparação com os clássicos historiadores da filosofia, como Emilio Bahie, Eduardo Zeller, Gumperts, Friedrich Wilberweger, nada, não tem nada disso aí. O que você tem são algumas obras parciais, estudos históricos parciais, muito bem feitinhos, os quais o melhor, sem dúvida, é o do Livro Teixeira e saia sobre o Ramon de Carque, que foi feito logo no início da USP e depois não saiu nada aqui. Que se ombreasse com os clássicos da história da filosofia. Eu faço uma exceção para os livros do Rubens Roderick Storre sobre Schelling, que esse era realmente um estudioso muito sério, era ou é, não sei se ele está vendo ainda. Mas isso aí é tudo, você pegava o que a USP produziu, tem umas especulações muito esquisitas do Zertugianotti sobre a dialética do trabalho em Karl Marx, até hoje não sei onde ele pretende chegar com isso. E tem a tese da Marlene Shawi sobre espinosa, que é um negócio absolutamente descusido, são mil párnas caóticas, começa uma coisa, depois parte com a outra, até hoje não sei onde ela também queria chegar com isso. E era somente demonstrar força, olha, eu sou capaz de fazer um livro de mil párnas. O único sujeito no universo que ele era esse livro foi eu, nem a mãe dela, eu sempre conheço a mãe dela. A mãe dela estava interessada em culinária, era uma excelente cozinheira, aliás ela é de público, com o livro de receitas dela e da mãe, eu acho que é tudo da mãe. Não era injusto que o Mário Até, aos 47 anos, pudessem ser chamado um beletrista, um ensaísta literário com algumas ambições filosóficas. Mas de repente essa ambição filosófica se realiza e ele se torna não só o maior filósofo brasileiro, mas alguns maiores do mundo e dentro da liagem platônica, sem dúvida, o maior. Então foi isso mais ou menos o que eu expliquei ali. Entrem alguns detalhes maiores que eu não vou poder reproduzir aqui sobre os dois métodos que o Mário inventa, os dois a partir de concepções pitagóricas, concepções cuja historicidade ele não garante, ele não garante que este tenha sido realmente o pensamento da escola pitagórica ou o pensamento do próprio Pitagora. Diz bom, mas se não isso não foi o que o Pitagora pensou, é o que ele deveria ter pensado a partir dos seus próprios princípios ou o que ele pensaria hoje se estivesse vivo. E dizer pitagorismo é a mesma coisa que dizer platonismo, porque é uma profunda continuidade entre uma escola e outra, certo? Tudo isso sempre inspirando-se na matemática, que foi também a grande inspiração do próprio Mário Ferreira. Então isso basicamente é que foi o curso sobre o Mário, a respeito do qual eu ainda responderia perguntas nesta aula, perguntas dos alunos que fizeram este curso, não dos outros, os outros podem perguntar sobre outras coisas. Mas também aproveitei esta breve sondagem da filosofia do Mário Ferreira para reafirmar a minha própria definição da filosofia, que é, no meu entender, a única aceitável. Vocês veem que qualquer manual de filosofia, para introdução a filosofia, ou muitos livros de história da filosofia, começam com o seguinte problema, não é possível oferecer uma definição prévia da filosofia, porque a filosofia se define a si mesma, e a filosofia às vezes é considerada como uma espécie de concepção geral do mundo, ou como uma crítica das concepções do mundo, ou como a unificação do sistema das cienças, um diz que é uma coisa, o outro diz que é outra, e em suma, a filosofia é, em grande parte, uma discussão dela mesma, motivo pelo qual não podemos dar nenhuma definição da filosofia, e assim que termina, toda essa introdução termina assim. E eu achei que toda essa dificuldade, vinha do fato de querer definir a filosofia pelo conteúdo das outras meninas filosóficas. O que é um absurdo, porque a divergência filosófica começa já nos présocrânicos, e se prolonga ao longo dos séculos, a diferença entre os filósofes são muitas, não só a diferença no conteúdo, mas a diferença de vocação, eles não estão fazendo a mesma coisa. Eu já mencionei no Curso no Cofé, o livro do Wolfgang Stechmüler, que descreve a fragmentação progressiva do campo filosófico desde o século XIX. Então, se já era difícil definir a filosofia até o século XIX, torna-se impossível definir, assim, quando os filósofes não apenas estão falando de coisas diferentes, mas não há um campo comum sobre o qual possam se estabelecer um diálogo. Se você imaginar, por exemplo, o que seria um diálogo filosófico entre o Nikolai Berdiaev e o Vigo Wittgenstein, ou qualquer outro descendente da escola analítica, e fala que não tem diálogos, não estão fazendo a mesma coisa, não é que eles não estão falando da mesma coisa, não estão fazendo a mesma coisa. Portanto, a filosofia nesse sentido até designaria várias atividades diferentes. Porém, se você pensar em termos de atividade, há algo que todos esses filósofes estão fazendo, queiram ou não, e sabendo ou não. Que é a busca da unidade do conhecimento, não a unidade da consciência e vice-versa. Por que a vice-versa? Porque a medida que o filósofo se esforça para unificar e dar um sentido unificado ao conhecimento, não ao conhecimento de toda a sua época, que é impossível, mas ao conhecimento disponível, aí ele também vai formando sua própria consciência, formando e aprimorando sua própria consciência. E também expliquei que este esforço não visa de maneira alguma a criar uma doutrina unificada, que seja obrigatória ou corrente para toda uma época ou para toda uma civilização. De jeito nenhum, quer dizer, essa é uma ambição mais própria da ciência, que é quando uma ciência chega a uma determinada conclusão, que se estabelece com o consenso entre os praticantes da área, subentende-se que essas tesas se encontradas têm uma validade corrente e podem ser até alegadas como prova, digamos, no processo judicial. Então, quando a ciência dá uma opinião que ela mesma considera estável e durável, senão, final, isto tem uma autoridade pública. A filosofia não tem essa autoridade pública. Ela tem autoridade para as pessoas que participam da sua atmosfera, ou seja, para as pessoas que estão lidando com os mesmos problemas do filósofo e que sentem o vigor daquele esforço unificante que ele está fazendo. Mas nenhuma conclusão filosófica é obrigatória para ninguém. Por que isso acontece? Porque quando nós falamos, unidade do conhecimento, o conhecimento disponível em cada época, isto varia de época para época, de lugar para lugar, e varia de pessoa para pessoa, ou seja, nem todos os filósofos têm acesso aos mesmos conhecimentos. Se você fizer um estudo sobre isso, qual era o horizonte consciente do filósofo tal, tal, tal, tal, tal, tal, os dados dos quais ele estava informado. Você vai ver que isso varia enormemente. Por exemplo, eu não duvido por isso, mas se você pegar, sei lá, um filósofo qualquer, o Teodoro Adorno estava muito mais informado sobre música do que sobre física, por exemplo. E Bertrand Rossi é o contrário, eu entendi muito mais de física do que de música. O universo de conhecimento que eles estão tentando unificar não é o mesmo, é o universo de conhecimento que chegou a eles. E por que essa atividade existe? Porque o próprio progresso das ciências, o desenrolar da história, o desenrolar total dos fatos, cria insistentemente e permanentemente o caos e a confusão. Qualquer descoberta científica não se encaixa num quadro preexistente. Ela se refere a um ponto em particular pouco importante das consequências que essa descoberta vai ter sobre o resto da cultura. Por exemplo, você pega esse pessoal que estuda inteligência artificial, que está criando robôs. Esse é a função deles, eles demonstram a possibilidade da inteligência artificial, criam a máquina que desempenha certas tarefas e pronto, isso terminou o serviço dele. Ele não tem nenhuma obrigação de explicar os efeitos socioculturais ou psicológicos ou civilizacionais disso aí. Isso é para outra pessoa, para quem? O filósofo. E acontece que essa continua produção do caos, da confusão e da fragmentação, que é resultado da própria vida, da própria caráter intrópico da história humana, cria uma situação na qual alguma busca da unidade é indispensável. É impossível encontrar uma unidade doutrinal que abranja a cultura inteira e que seja obrigante para todos, mas alguma unidade é necessária. Então os filósofos, os negros que mantém, de geração a geração, este mínimo de unidade e coerência é o qual a humanidade simplesmente enlouqueceria. Então por isso a minha filosofia é uma atividade absolutamente indispensável e se a sua ambição fosse criar uma doutrina obrigante para todos, seria uma arefa absolutamente utópica. Mas ela não é utópica porque o filósofo não... alguns filósofos pretendem, mas isso não é a norma. O filósofo pretende apenas unificar o conhecimento disponível para ele de modo que ele mesmo não se perca no conjunto. Isso é tudo o que ele está fazendo. Existe uma belíssima confesão do Josiah Royce, o que é o maior filósofo American, em que ele explica a sua vocação filosófica nos termos que são quase as da minha definição. Ele não me entende a filosofia não tem por missão criar uma doutrina universal válida, mas apenas expor a coerência que o próprio filósofo conseguiu enxergar no conjunto das coisas. Isso já é de certo modo a minha definição. Nesse... Houve filósofos que pretenderam criar doutrinas universalmente obrigantes, particularmente da época clássica, Descartes, Lime, etc. Nunca conseguiam, evidentemente, que o Sr. Reit publicou a filosofia no dia seguinte, já se percebe as limitações dela e alguém tem que tomar uma direção completamente diferente. Isto é próprio das filosofias, serem incompletas e, portanto, requerendo uma continuidade. E o estudo das filosofias anteriores ao nosso advento do mundo tem uma utilidade extraordinária. Primeiro, porque essas filosofias anteriores já estão incorporadas no repertório do causa existente. Nós nos defrontamos com uma discussão filosófica que prossegue a Milênios, e que às vezes tem certos pontos em comum, às vezes tem divergência também. Então, isto está incorporado na cultura, ou seja, no repertório disponível dos conhecimentos. As próprias filosofias, uma vez publicadas, uma vez incorporadas no mundo da cultura, elas se tornam conhecimentos. Em segundo lugar, o filósofo tem que passar pelas filosofias anteriores para ele aprender a técnica filosófica. Ninguém aprende sozinho, isso também não surgiu do nada, isso foi se formando aos poucos. E, por exemplo, eles só fundam a ciência da lógica, tal como nós a conhecemos. Mas mil e tantos anos depois, essa coisa é monstruosamente aprimorada pelos escolascos, e passados ainda mais setecentos anos surgem, confreem, a lógica matemática que dá outro salto na coisa. Então, a lógica evidentemente faz parte da técnica filosófica, e ela não é uma coisa estável e estática, ela também progride, às vezes em direções completamente imprevistas. Então, toda esta mesma técnica da leitura dos textos filosóficos se aprimora muito. Você vê que, por exemplo, até o advento da moderna ciência histórica com Leo Paul de von Ranken, no começo do século XIX, não havia muita consciência, ou seja, da documentação fidedigna dos textos filosóficos. Durante a Idade Média e da Idade Renascença, os textos circulavam com atribuições autorais completamente fictícias. Existe muitos livros que eram atribuídos a Aristótese, existiu a tal teologia de Aristótese, que a Aristótese nunca escreveu e que circulou durante séculos, só a partir dos primeiros humanistas, a partir do século XVI, mais ou menos, começa a surgir esta consciência da necessidade de a atribuição autoral ser fidedigna, e de você ter textos mais confiáveis. Porém, as verdadeiras técnicas só surgem depois do Leo Paul de von Ranken, com a ideia aprofundamente da crítica histórica, que hoje é uma técnica altíssimamente desenvolvida. Então, até o modo de você ler os filósofos do passado não permanece idêntico, ele também se modifica, e o sorvete entra na ocupação filosófica, ele tem a obrigação de assimilar esse progresso da têcla da leitura, com a certeza que ele está entendendo bem os filósofos do passado, mesmo que o entendimento, às vezes, leve uma conclusão com aquela que eu cheguei no estudo do Maquiavel, é impossível entender esse sujeito, porque ele próprio não se entendia. O que não quer dizer que seja uma besta quadrada, ou que é um sujeito cujamente é fragmentário e incoerente, pode ter ideias isoladas, absolutamente brilhantes. Eu também acho que, em pouco, que é isso o caso do Nietzsche, quando o famoso secretário de Edmond Husser, Huygen Fink, escreveu o livro dele sobre Nietzsche, e disse, aqui não tem uma filosofia, tem cinco diferentes. A própria ausência da coerência não depõe necessariamente contra o filósofo, mesmo porque Nietzsche era contra a coerência. Então, o Nietzsche vale pelas milhares de ideias brilhantes que ele soltou, sem nenhuma possibilidade de unificar aquilo. Se falar da filosofia de Nietzsche, isso aí é uma metonímia, tem aspectos que ele é um filósofo e tem outros aspectos que ele não é. Então, significa que a experiência histórica confirma que a filosofia nunca foi outra coisa, se não a busca da unidade, do conhecimento da unidade e uma consciência, evidentemente, nas consciências daqueles que têm um acesso mais próximo àquela filosofia, digamos, o círculo de interessados naquela filosofia, como o círculo de Sócrates, ou vocês aqui. Então, na medida em que eu consigo dar alguma coerência ao conjunto de conhecimentos que chegam a mim, vocês participam disso de algum modo, mas é evidente que a próxima geração terá que resolver os seus próprios problemas. Certamente, são os nossos e mais alguns que não são os nossos, porque nós nem conhecemos. Então, muito bem, é isso aqui foi o curso Mario Ferreira e eu vou agora interromper e esperar 10 minutos para que venham as perguntas ou do curso do Mario Ferreira, ou perguntas normais do cofre, tá? Até daqui a pouco. Então, vamos lá. Aqui vou pedir ao Silvio que leia as perguntas para nós não temos que prevenir. Tá, a pergunta é do Danilo Fernandes. Professor, você acha que o pitagorismo anterior a Platão teve a mesma intuição ferreiriana ou que os pitagóricos pré-platônicos tivessem pelo menos a dimensão conquistada pela segunda navegação platônica? Acho que é o diferencial real, né? Para eles, a dimensão físico-natural não estava ainda separada da metafísica, que é importante é impossível saber disso. Linha há pouco tempo de um artigo da Stanford que todos os fragmentos de Fidolau e Akitas, que Mario Ferreira usa no Pitagorismo de Outema do Número são unanimentes considerados expuros de falsificações elaboradas na antiguidade da Edir. Também na história da filosofia antiga do Giovanni Reale, sustenta a mesma posição. Já conta outras histórias da filosofia, pelo menos em Coppers, eu encontrei a mesma coisa. Qual sua opinião sobre isso? Muito bem, tem duas perguntas. Primeiro, se os pitagóricos primitivos já tinham chegado a essa concepção metafísica, eu não sei e não dá para saber. Analogicamente, parece que sim, mas todos os textos nessa época eram tremendamente compactos e você pode interpretá-los numa clave simbólica e ver nele as antecipações do que foi dito muito tempo depois. É possível isso. Agora, o Mario Ferreira deixa claro que ele não está pretendendo reconstituir o pitagorismo histórico, mas apenas o pitagorismo ideal. Na verdade, parece que ele foi muito além de pitágoras. Então, é o pitagorismo dele. Se isso tem uma consistência histórica, é um problema a ser resolvido, mas que não afeta em absolutamente nada a filosofia do Mario Ferreira. Isso é como o livro do Nietzsche sobre o Heidegger. Não, perdão, estou ficando cagado. É o livro do Heidegger sobre o Nietzsche, em que ali é a filosofia do Heidegger. Ele não tem nada a ver com Nietzsche histórico, mas que é um livro importante como o livro de filosofia do Heidegger. Também existem muitos aspectos ali, onde Santo Tomás de Aquino se afasta de Aristóteles pensando ser fiel a ele. Eu digo, não importa, se é filosofia do Santo Tomás de Aquino, ele não tem nenhuma obrigação de fidelidade a Aristóteles, fidelidade histórica a Aristóteles. E segundo pergunta com relação aos textos, é verdade, muitos desses textos são considerados apócrifos, mas, de novo, se não há ambição de documentação histórica, qual é o problema? Alguém diz que pitágoras pensava assim, falou, se pitágoras não pensava assim, o sujeito que disse isso certamente pensava assim. E vale de algum modo como uma intenção de um sujeito que se achava pitagórico e diz que pitágoras deveria ter pensado assim o assado. Que é exatamente o que o Mário está fazendo. Então, assim, a questão histórica é uma, a questão puramente filosófica é outra. Claro que há implicações entre uma e outra. Se você afirmar que os pitágores pensavam assim, isso tem que modificar toda a história da filosofia. Mas o mar não chega a isso. Se não se pergunta aqui, mas vou juntar o uso de um lofemete que acho que só vai aparecer. É, esse é um conhecimento filosófico básico que é necessário, a ceter antes de ler a obra do Mário Ferreira, além desse curso, claro, e quais os livros do Mário, né, com qual deve ser inicial isso do Obrimar? Eu acho que você ler o Mário sem você ter alguma prática da leitura de textos escolásticos, vai ser um desastre, vai se dar muito mal. Em segundo lugar, a obra do Mário, pelo próprio Estado, em que estão os seus textos, não é uma obra de leitura prioritária para o estudante. É uma das últimas coisas que você deve estudar, porque a obra do Mário, ela não tem essa força didática que o Mário pretendia ter. Ela é um sistema filosófico pronto, acabado, catedralesco, etc. Muito complexo. E ela é sobretudo um problema. Era um problema editorial, um problema textual. Ou seja, você não vai começar a sua vida de estudos tentando resolver um problema mais recente e mais difícil. Isso é bobagem, é a melhor coisa que você tem que tentar, sei lá, começar a treinar a boxe lutando com o Mike Tyson. Isso não é loucura. Então, o Mário Ferreira, de fato, não é leitura para qualquer um. A própria Burrice, que é a realização que está fazendo, mostra isso. São pessoas que, mal saíram da USP, nem saíram ainda, estão lá e já vão metendo o Mário Ferreira, vão refazer aqui a investigação textual. Vai fazer nada, vai fazer um monte de besteira. Então, há demais, tem um outro problema. O filósofo colombiano Nicolás Gómez Davila, ele disse com muita razão que a formação do filósofo não é só a formação da inteligência, mas a formação da sua rauma. Isso tem a coisa básica. Também ontem mesmo, eu estava ouvindo um vídeo do Jordan Peterson, que é sempre brilhante. E ele diz que, em geral, esse tipo de expositor que transmita a filosofia como se fosse uma coisa pronta, ele não incorporou as ideias à sua pessoa, ele não possui essas ideias, ao contrário, elas o possuem, e ele é apenas um alto-falante que reparsa. E com isso vai criar um vício. E eu acho que toda última é assim. Eles passam só a filosofia pronta. Então, quando as ideias são incorporadas à sua alma, significa que você começa a perceber as coisas assim. Mesmo quando você esqueceu do que você foi, sei lá, estudei Nietzsche, esqueci tudo, mas de repente eu começo a ver as coisas como Nietzsche veria se estivesse aqui. Isso é você conhecer a filosofia. Por isso mesmo que eu faço questão, vou dizer sempre, de expor as filosofias, mediante exemplos que não estão presentes na obra dos filósofos ordinários. Você sabe, eu vou ensinar que a Aristóteles, então eu vou aqui, Aristotelizar na sua frente, mostrar como é que a Aristóteles faria se estivesse aqui. Aí, eu sei, você assimilou. Assimilou não só cognitivamente, mas em termos de valores humanos. Quer dizer, o que eu estou fazendo na minha vida, não só na minha vida intelectual, mas na minha vida geral, em vergonharia Aristóteles? Tem que pensar isso aí. Então, esta formação da alma, eu sugeri que o primeiro passo dela fosse o exercício do Necrolore. Ou seja, você ver quem você quer ser quando crescer e ao longo da vida você refazer essa imagem. Você tem aquela imagem ideal que você compõe de você e você vai se julgar a luz dela. Por isso que o exercício do Necrolore não é para você mandar para mim, é para você mandar para você mesmo. Daqui um, dois anos você lê aquilo de novo e vê. Eu estou me transformando naquilo que eu quero ser e, portanto, aquilo que eu sou profundamente, ou estou me dispersando, estou virando uma criatura periférica, superficial, leviana, que está mais interessada em objetivos sociais ou econômicos, ou eróticos, ou lúdicos, ou estou na filosofia para avaliar. Então, esta formação para um confronto com o Mário é absolutamente indispensável. E isso aí é justamente o que falta para essa gente que está dando palpite sobre o Mário. É muito palpiteiro. Até o Suíteo Diz com o Mário se inspirou nos enciclopedistas do século XVIII. Pelo amor de Deus, o que é isso? Então, esta irresponsabilidade, essa leve andade que é, no Brasil, é quase obrigatória. Preta atenção. No Brasil, qualquer conversa séria considera uma chatícia, uma falta de educação, senão sinal de doença mental. A pessoa reúne, ela só pode falar de futebol, de mulher e do custo de vida. E falar mal dos políticos admite-se um pouco. Não muito. Então, eu não sei de onde vem isso. Seria o caso de estudar as origens disso, na sociedade brasileira. Está aí um tema para o Silvio. Então, vamos dizer, disso aí, evidentemente, temos que nos livrar para um confronto com esse homem mortalmente sério, que era o Mário Ferreiro do Santos. O Mário Ferreiro do Santos era o sujeito de filosofa, a 24 horas por dia, até quando estava dormindo. Ele não estava fazendo filosofia de vez em quando. Não estava fazendo nem profissionalmente, com horário expediente, bater ponta, agora bater ponta, agora virei vestir meu guarda pó, agora sou filósofo. Quando eu volto para casa, volta ser o mesmo idiota de sempre. E aquele negócio do Google, que é pequenininho, chegou para o Primo e disse, vira hobby, porque eu quero ser o Batman, o outro falou, não. Vira hobby, não. Vira hobby, não. Ele saiu e falou, mãe, me dá minha chupeta, que eu já virei Google de novo. Então esses camaradas viram o filósofo, como o Google virar o Batman. Vamos lá. Professor, certe antes dizia que o Lavelha era o Platão do nosso tempo. De que modo os teclos de Platão e do Mar Ferreiro, de Ferreiro e de Lavelha. A outra, além da diferença do aporte da experiência pessoal que você traducionou? Bom, certe antes disse isso em termos da grandeza filosófica total do Lavelho, porque não se pode dizer que o Lavelha é um platônico, no sentido formal da coisa. Ele tem muita influência em Platão, como tem a influência da história, como tem a de Santo Amaraquino. Mas como tem a influência de toda a escola existencialista? Tem a influência do Kierkegaard, está presente lá embora que o Kierkegaard raramente seja citado. Então, quer dizer, também pela força educativa do Lavelho. O Lavelha sim tem a força educativa, você é transformado pela leitura do Lavelho. É certo? Porque ele está o tempo todo, colocando você diante da presença do Ser e da sua presença no Ser. E portanto, a aquisição da consciência cada vez mais clara da presença do Ser e das estruturas, gerais da realidade, acompanha a formação da sua alma o tempo todo. Isso, o Lavelho não larga um minuto, que é o que o Mário Ferreiro não quer nem saber. Eu acho que ele não quer que ele não estivesse consciente desse problema, mas isso era tão distante da vocação dele, que era uma vocação, na verdade, uma vocação de lógico matemático, que nunca se preocupou com esse negócio. Então, essa atribuição que o Ser Tiener faz do Platonismo, do Lui Lavelho, não é a atribuição propriamente filosófica, é uma atribuição moral. Quer dizer, o Platão foi o grande educador da antiguidade, o Lavelho é o grande educador do século XX, embora poucos tenham se beneficiado do seu influxo educacional. Mas para mim, o Lavelho foi o apelo mais intenso que eu recebi para essa ideia da consciência pessoal e consciência filosófica ser a mesma coisa. Nenhum outro me deu isso, nem Pascal, nem Santa Agostinha. Vamos lá. Então, uma pergunta aqui, que cobre, mas sobre o curso do Mar, Daniel. A confissão pode ser considerada como desabafar com o nosso Senhor Jesus Cristo? Pois é essa a impressão que tem sobre ela dentro do curso? Certamente, mas a confissão é a admissão da nossa falha, a admissão permanente da nossa falha, e a realizar o nosso próprio ideal do eu. Eu acho que foi o Jorben anuncio que disse que, de fato, a única mágoa humana no fundo é de não ser santo. Quer dizer, a vocação da santidade é de certo modo universal. E nós continuamente falhamos. É bloar, isso foi bloar. Isso foi bloar, exatamente. E nós continuamente falhamos nisso. É o confronto com a perfeição infinita, o confronto com o observador onisciente, que nos mostra quem nós somos realmente. No mais, são apenas opiniões que nós temos sobre nós. Esses opiniões são passageiras, porque nós nos refletimos. Qual é a superfície na qual você olha? Qual é o espelho no qual você olha? Se os espelhos são as outras pessoas, são meio social, então a sua imagem está esfarelada em mil estilhaços. Muitas opiniões. Então, a sua opinião da sua mãe, sua avó, sua tia, seu vizinho, seu professor, seu inimigo, você não tem a sua imagem aí, não quer dizer nada. Então, se você por um lado se espelha só numa pessoa, você se torna numa espécie de pseudópodo dessa pessoa. O que acontece, por exemplo, durante a psicanálise, o formou o fenômeno da transferência. O analista vira a própria imagem do ser. Ele é a realidade, ele é o padrão, e ali você se espelha. E depois você tem que se livrar disso, e você começa a achar que seu analista é um vicarista, é uma idiota, etc. E daí terminou a análise. Você tem que colocar em esses 20 estilhos, se a interpeção operativa, o primeiro e o segundo, o que o analista diz? Sim, claro, claro. Que no fundo são tudo. Então, a Máladeira é sobre todas as coisas. O primeiro e mais óbvio aspecto de Deus é que Ele é a verdade. Então, qualquer idiota que defenda, qualquer ideia acredita estar defendendo a verdade. Mas essa verdade, ela resiste a um confronto com a verdade efetiva para um sujeito aprende a ouvir, como diz o sussurro do Espírito Santo. Você aprende a saber quando você está mentindo para os outros, quando você está mentindo para você mesmo. Você aprende a ver o seu... São Paulo diz que o Espírito Santo nos revela o nosso pecado, quer dizer, nós não sabemos o que é o santo pecado. Você tem que perguntar para o Espírito Santo, daí Ele te diz. Então, você acaba sabendo de coisas que você não queria saber, mas que agora você quer. Então, sem esse teste, você nunca vai saber quem é você. Então, por isso que eu considero que a confissão é uma coisa absolutamente necessária. O sacramento da confissão é um negócio... É realmente um sacramento, quer dizer, um ato sagrado, porra. Você está perante, perante o próprio Deus. Então, para pessoas que têm uma concepção infantil, ou a respeito do que é a religião, dá a religião oculto do ser supremo. É a fé no ser supremo, etc. Bom, é tudo isso aí, não quer dizer absolutamente nada. Nós não conhecemos nem um ser supremo, de fato. Agora, o próprio Deus criou alguns instrumentos para que você faça pelo menos uma ideia longínquada, o que é a ação, não ele, mas a ação dele. A presença dele. Então, através do sacramento, você acaba tomando consciência dessa ação. Incluso, essa é uma sensação miraculosa, que se dá na nossa vida, você observa que é uma relação de causa e efeito, meu Deus do céu. Então, nesse sentido, vamos dizer, a confissão é o único método filosófico. Você pensar bem, não a confissão no sentido sacramental, mas a sua preparação, quer dizer, o exame de consciência. É isso. Também, com que critério você faz o exame de consciência? As coisas, por exemplo, que você se envergonha de fazer, eu digo, bom, se você se envergonha, é perante quem? Esse é o problema. Você pode se envergonhar perante o público, perante os seus inimigos, perante os maliciosos. Você fala, ah, sei lá, o que é que o seu fulano, que não gosta de mim, vai pensar de mim. A mulher que você está babando por ela, o que ela vai pensar de mim? Então, a outra dia estava vendo, até na memória do Robert Stack, o ator, ele fala lá assim, a gente, na primeira caçada na África, a gente está como um sujeito apaixonado, que tem de fazer um gesto precipitado e estragar tudo. Eu digo, olha, eu nunca tive essa emoção na minha vida. Ah, eu vou me declarar, Alice, se ela não me quiser, etc. Se ela não me quiser, que vá lá ver sabão, por corueta. Eu sempre fui assim. Eu me dia as mulheres pelo quanto elas gostavam de mim. Se elas gostam de mim, elas são legais, se elas não gostam, eu pressa. É bom, o critério. É muito trabalho. Mas, às vezes, tem pessoas que têm esta. Eu vi um sujeito na Gimo, o cara que estava apaixonado pela Maria, tinha um aluno chamado Maria Carmonha, lindíssimo. E tinha um sujeito que ficou três anos, treinando para ver se chegava nele. Ele nem pressa atenção, olha, sabe? O tempo todo. No fim, casou com ela e passou usando separado. Quer dizer, era tudo uma ilusão, evidentemente. Então, você pode temer ser julgado pela mulher que você deseja. Você pode temer ser julgado por pessoas que são muito piores do que você e que nada sabem de você. É isso que você está fazendo? Então, nós não temos outra referência. Não adianta o psiquiatra, o analista, não adianta o vizinho, não adianta a mulher, não adianta sua mãe, sua avó, sua tia. Não adianta. É só o Espírito Santo que lhe revela o seu pecado. Então, isso aí já me aconteceu. Eu vou lá, confesso o pecado e passa dez anos depois, eu entendo que raio de coisa era aquele pecado. Quer dizer, primeiro eu confesso porque quis, segunda vez o Espírito Santo explicou o que era. Vamos lá. Acabou. Então, é isso aí. Por hoje é só. Agradeço a que vieram pessoalmente, aos que inscriberam o curso do Mário Furado do Santos e aos que não se inscreveram também. E encontro vocês no cofre a semana que vem. Muito obrigado, Tess e o Mano.