Então, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Conforme prometido, hoje eu vou dar alguma explicação para vocês, como você montar a sua biblioteca pessoal. Eu acho que esta é a maior dificuldade numa vida de estudos. Se você conseguir vencer isso, o resto você vencerá. A primeira coisa é você formar uma ideia do que é, propriamente, a cultura pessoal. A cultura pessoal, evidentemente, não é você ler um monte de livros, não é você ser capaz de falar sobre arte, sobre filosofia, sobre história, etc. Mas você tem um conjunto de equipamentos que permitam a você olhar a situação real, tanto a situação pessoal quanto a da comunidade imediata quanto a de um país, quanto a do mundo inteiro, com uma multiplicidade de perspectivas que validem a sua visão, perante a consciência de outras épocas e de outras civilizações. É como se você convocasse uma Assembleia dos Sábios de todas as épocas e juntasse os seus conselhos para, através deles, você olhar o que está acontecendo. Então, a eficácia de uma cultura pessoal se mede, não evidentemente, pela exibição de erudição ou pelas conversas inteligentíssimas, mas pela eficiência com que você consegue lançar esse olhar múltiplo sobre a realidade e entendê-la. Lembrando sempre aquilo que dizia Aristóteles, que é a investigação de qualquer coisa e ele se refere mais especificamente à área que hoje nós diríamos, ciências humanas, seja política, sociologia, história, etc. começa sempre pelo repertório das opiniões dos sábios. Então, evidentemente, essas opiniões são discordantes entre si. E justamente por serem discordantes, elas lhe permitem olhar o seu assunto sobre vários ângulos e enriquecer a sua perspectiva total. Enquanto você não faz isso, você está no estrito domínio da opinião individual. A opinião individual é apenas a expressão de um estado de ânimo seu. Não tem nada a ver com o objeto, mas rigorosamente nada, nada, nada. Você não apreende a realidade, você está falando sobre política, sobre filosofia, sobre religião, mas na verdade esses objetos estão completamente ausentes da sua conversa. Você está apenas colocando ali o seu próprio sentimento. Então, é uma coisa que não tem validade, não tem autoridade pública, não tem fé pública. E é uma coisa que é melhor você guardar para você mesmo, porque não serve para mais ninguém. Uma outra pessoa pode concordar ou discordar de você por motivos igualmente subjetivos e sentimentais. Ou seja, onde não há um esforço efetivo para você aprender o objeto, tal como ele é na realidade, não há nada mais do que autoexpressão. Então, não é preciso dizer que no Brasil, a totalidade dos debates públicos é um confronto de autoexpressões, onde o que vai valer no fim é a força psicológica de cada qual. E como ninguém tem mais força psicológica do que um psicopata, os psicopatas acabam ganhando todas as discussões, porque eles têm uma agressividade mental, que as pessoas normais não têm, e uma aparente força de convicção, que na verdade é totalmente fingido, que desarma as pessoas, as intimida e as faz concordar. Então, isto é uma concorrência de egos. Então, quem tiver o ego maior, ganha evidentemente. A única maneira de você se vacinar contra isso é você cair fora do jogo de egos e transferir a questão para um outro domínio, que é a do conhecimento da realidade. A realidade não se oferece a nós de uma maneira imediata e simples, anunciando aquilo que se refere a objetos específicos, quando você vê, se ela é uma xícara, um urso, um poste, aí sim, o objeto se apresenta por si mesmo. Mas quando você está falando de realidades mais complexas, que implicam condutas humanas, às vezes condutas de milhares de pessoas ou milhões de pessoas ao mesmo tempo, é claro que você não tem acesso direto a isso. Você só tem acesso através de testimonhos e documentos e narrativas deixadas ou as opiniões que os sábios deixaram a respeito. Então, se você não reconstitui esse conjunto de documentos, você nada sabe a respeito do que você está falando. Então, eu achei estranho o dia que eu mostrei no filme Jean Desaflições, a parte da minha biblioteca que se referiu ao comunismo, ele tinha ali uns mil livros. A minha biblioteca pessoal tem atualmente os 10 mil volumes. E a parte que ele fez foi os mil, não colocados no lugar de estáque, como disse o Homem Zinho da Folha, mas justamente colocados no anexo, que era uma garagem. Mas de qualquer modo, eu estou lendo coisas sobre o comunismo desde que eu tinha 17 anos de idade, então, acumulando, acumulando. Sobrou uns mil. O que são mil volumes em face de um fenômeno que abarco um terço da superfície terrestre, um terço da humanidade e durou quase um século e afetou tudo. Você não tem nenhum único fenômeno na política do século XX que não tenha sido afetado pela presença comunista. Então, o fenômeno é de tal magnitude que mil livros a respeito são nada. Então, eu não posso dizer que eu sou um especialista em comunismo. Não, eu sou apenas um homem que tem uma certa cultura a respeito, não um especialista de maneira alguma, porque para ser especialista você vai ter lido muito mais do que isso, não só lido, como anotado e organizado, coisa que eu nunca fiz. E não obstante, é claro que ninguém no Brasil lê o mil livro sobre o comunismo. Eu não sei, eu mesmo ligo. Se eu não lhe os mil, eu lhe 999. Tem alguns que não precisam ler, que são lá apenas como documentos. E a reação escandalizada do rapaz da Folha, será que ele lê tudo isso? Mas é claro que lhe. Eu sei como lhe lhe para quê. E também eu me lembro que quando deu o curso de Teoreia do Estado na Universidade Católica do Paraná, disse que em qualquer área onde você seja um especialista, ou se pretendo um especialista, você tem que ler no mínimo 80 livros daquela área por ano, para se manter informado a respeito dos avanços, descobertas e também da retaguarda histórica da sua disciplina. E as pessoas ficaram aterrorizadas com a perspectiva de ler 80 livros. E no entanto era um curso de pós-graduação. Não era um curso primar, não era um curso secundar, não era um curso de graduação, já era de pós-graduação. Quer dizer, eu leio o que é chegar no pós-graduado e ficar assustado de ter que ler 80 livros por ano. Quando eu ler 80 livros, eu falei, é o mínimo que você tem que ler. A leitura não é uma atividade agradável. Principalmente para mim, que tem dois olhos completamente divergentes, um é meu, o outro é hipermétropa. Então é difícil você achar as lentes para ajustar, não é uma coisa agradável. Eu não aguento ler mais de cinco minutos sem eu desviar e olhar para longe como me recomendou o doutor Carlos Armando de Morrevereiro. Você está lendo aqui, para e olha uma coisa bem longe, depois você volta. Então, essa história de gostar de ler, eu digo mais só, mas oquista gosta de ler, a gente gosta de saber as coisas. Se alguém lê o livro e conta para mim, eu fico gratíssimo, não preciso ler. Inclusive quando eu era joite, um amigo meu que vive estudando Martin Heidegger, metade do que eu sei sobre Heidegger foi ele que me contou, ele os livros me contava. A leitura é simplesmente o meio pelo qual você tem acesso aos documentos. Isso tem que ser complementado por um trabalho de imaginação e síntese que você que vai fazer, que os documentos não mais farão para você. Então, a necessidade de uma biblioteca pessoal advém principalmente do seguinte, se você pegar uma biblioteca pública, ela está organizada apenas de acordo com o famoso sistema decimal de classificação do D.U.I. e a ideia dela é juntar tudo, o máximo possível. Todos os documentos de qualquer natureza, independentemente do seu valor e todos, para você dizer, nivelados. Você pode ter lá, sei lá, o livro do Paulo Coelho, do lado da Bíblia, do lado de Shakespeare, e do lado de um tratado de álgebra superior. Está tudo na classificação. Não há uma distinção. Portanto, não há um foco. O foco é o principal do seu vida de estudo, o que você quer saber. Quais são as suas dúvidas fundamentais? Toda a sua biblioteca e toda a sua vida, na verdade, tem que ser organizada em função disso, senão você nunca vai saber a coisa nenhuma. Em segundo lugar, você tem que fazer a pergunta. Eu quero saber essas coisas realmente, ou quero só poder rilhar um pouco falando a respeito, dar uma opinião. Então, o problema central da vida intelectual é um problema de ordem íntima, de você perante você mesmo. Então, outro dia eu estava lendo, no livro da Erica McKenzie, que é um belíssimo livro, que se chama Dying to fit in, morrer para se ajustar. Ela diz uma coisa muito importante, que tudo que ela aprendeu durante a sua experiência de quase morte, ela aprendeu que nós temos que ter um respeito e devoção pelas qualidades, pelos dons que Deus nos deu. E eu li isso, falei, oi, mas é claro, porque você não tem experiência direta de Deus. Você ouve pessoas falando de respeito, você não tem experiência de Deus. Você tem de presença dele, são os dons que você recebeu dele, que não foi você que se deu. São dons inatos que você pode desenvolver ao longo da vida, e pelos quais você será cobrado, são os famosos talentos, o que fizeste dos talentos que te dei. E estes são um sinal, eles são uma presença já divina em você. Se você não respeita isso, como é que você vai respeitar Deus, meu Deus do céu? Então, Deus fica apenas uma palavra, mas os dons que Deus enfundiu em você, não, eles estão presentes, eles são o dedo dele ali, eles são já a ação do Espírito Santo. Então, não é uma ação extraordinária, não é um negócio miraculoso, é a chamadação ordinária do Espírito Santo, mas ela está presente. E se você não respeita isso, você muito menos vai respeitar Deus. Você pode dizer, não, eu estou aqui para servir a Deus, você está com coisa nenhuma, você está com frescura. Mas, se você entende que esses dons são preciosos, então você os ama, está certo? E aí você está pronto para amar o seu próximo, por isso você não ama, você não vai amar o próximo. Agora, o que eu vou amar em mim? A minha beleza extraordinária, o tamanho do meu prú, o dinheiro que eu tenho na conta bancária, o número de mulheres que me acharam lindo, posso amar tudo isso, mas tudo isso, certamente, não foi Deus que deu, isso é uma banalidade. Mas há coisas que Deus lhe deu, eu sei hoje, com 70 anos de idade, eu sei exatamente quais são os dons que Deus me deu e aqueles que eu mesmo me inventei e me atribui falsamente. Então, a medida que você vai percebendo quais são esses dons, que são os dons em que eu sei os seus talentos verdadeiros, você tem que construir a sua vida em torno deles e se dedicando a eles, porque isso já é a dedicação ao próprio Deus. E isso é o que vai dar o foco de toda a sua vida de estudos. Você não precisa definir a sua vida de estudos de acordo com o nome das profissões, o que é que eu vou ser quando crescer? Eu vou ser como se fosse advogado médico-ingênueiro, essas três opções da nossa classe média. Eu vou ser o que? Um sociólogo da Puque, um matemático-duíta, não é assim. Você tem que definir a coisa não em termos de nomes de disciplinas, mas de nomes de questões. Todas as questões do mundo são interdisciplinares, todas, mas elas dão o foco do que é o interesse maior, do que é o interesse menor. Então, é a famosa divisão com os escolásticos fazios do objeto da investigação, objeto material da investigação, que é o nome genérico de uma classe de objetos, por exemplo, o ser humano, os seres vivos, as sociedades, o estado, etc. Em segundo o que ele chama objeto formal, que é o ângulo específico pelo qual você quer abordar aquilo. E terceiro o que é o chamado objeto formal terminativo, quer dizer, qual é a pergunta final que você quer responder a respeito disso? Então, estas três perguntas lhe darão uma representação mais clara do que você está buscando, do que você quer saber. E isso tem que ser o eixo de organização da sua vida e distúdio, portanto, o eixo de organização da sua biblioteca. Eu no curso sobre como tornar-se o estudo de sério, enfatizei a importância das bibliografias, e aqui está na hora de a gente voltar a este assunto, e dar-se algum outro ângulo mais material, por assim dizer, que é a organização da sua biblioteca. Então, antes de você sair e comprar dos livros, existem alguns livros fundamentais que você precisa ter, e estes são a história das questões que você quer investigar. Às vezes, isto pode se identificar com a história de determinadas disciplinas, levar o nome de uma disciplina, por exemplo, história da filosofia, história da sociologia, história da ciência política, história da filologia, história da... sei lá, do que você quiser, história das matemáticas, etc. Esses livros que narram o desenvolvimento histórico de uma disciplina são essenciais, são os primeiros que você precisa ter nas mãos. E note bem, a informação que eles vão lhe dar será necessariamente deficiente, mas é um bom começo. Eu me lembro que logo no começo da minha vida de estudo, eu tive a sorte de que caísse na minha mão um livro do autor rússio americano chamado Nicolas Timachev, com o título de Teoria Sociológica. O livro chamava Teoria Sociológica, mas não era um livro de Teoria Sociológica, é um livro de história das Teorias Sociológicas, e por isso o meu meu livro foi muito útil. Então ali você tem o relato das grandes ideias sociológicas que aos poucos foram formando, o horizonte de consciência dentro desta área de estudos. Depois é claro, achei muitos outros livros, história da filologia clássica, história da filosofia, etc. História da história. Existe os livros, por exemplo, do Zéu-Noir Rodrigues, um é o Teoria da História do Brasil, outra história das histórias do Brasil e assim por dentro. Livros dessa ordem, que são histórias das disciplinas, você tem que começar sua biblioteca com eles, porque eles vão fazer um mapeamento inicial do território. Um outro recurso que você pode usar é, especificamente, a história de determinadas questões. Você encontra isso, por exemplo, na série dos Great Books da Encyclopédia Britânica, existe uma espécie de um dicionário organizado pelo Mortimer Adler e Robert Fattin, que era então o reitor da Universidade de Chicago, que eles chamam de The Great Ideas, complemento dos Great Books. Great Ideas são 50 e poucas questões fundamentais que foram discutidas ao longo do tempo. Então ele dá ali os conceitos básicos, as palavras usadas e a sucessão histórica das ideias que foram aparecendo a respeito de cada questão. Isso aí já é um montanha de coisas, mas isso resolve o nosso problema? Não, porque toda a coleção dos Great Books, quanto essa seleção de Great Ideas, foi feita em função da formação do cidadão americano consciente. Então você está criando, vamos dizer, o melhor eleitor possível, o eleitor capaz de julgar as coisas, de tomar as suas decisões, com base no legado civilizacional de muitos séculos. Bom, isso já é alguma coisa, mas isso fará de você um homem de estudo de jeito nenhum. Isso fará de você apenas um homem culto, dá certo, dotado uma certa cultura geral. Isso não é o nosso objetivo, nós precisamos de muito além disso. Então, você seguindo esta receitinha, o primeiro que você vai fazer é anotar nomes de autores, títulos de livros e datas da sua publicação, da publicação original, a primeira edição. E com isso você vai formar, vamos dizer, o esqueleto histórico das várias disciplinas e várias questões. Se você chegar, vamos dizer, a preencher isso com os conhecimentos devidos, porque por enquanto eu não estou falando de conhecimentos, mas apenas de saber os seus nomes e organizar o índice. Se você chegar a preencher tudo isso, preencher de conhecimento efetivo, isso é ler os livros todos e aprender algo com eles, você terá colocado a sua consciência à altura de uma discussão profissional do assunto, ou seja, você pode discutir sociologia com sociólogos, antropologias, antropólogos, matemáticos, matemáticos, etc. Isso já é alguma coisa. Então, você estará à altura daquilo que nós podemos chamar, vamos dizer, o melhor consenso universitário existente. Se aqui ainda existe, eu modelei a minha estudo pelo consenso universitário tal como eu ouvia no começo da década de 60, que era muito melhor do que hoje. Então, não se trata de uma universidade real, mas de uma universidade ideal, que você não encontra no espaço e tempo, você pode construir na sua cabeça. Mas isso ainda não é o suficiente. Por que? En geral, os consensos formados entre intelectuais são sempre deficientes, quase que por definição. Porque eles são formados em função do interesse profissional efetivo, que tem que prestar satisfações, vamos dizer, aos programas de ensino vigentes, as preferências dos chefes do departamento que vão liberar, soltar a verba para sua pesquisa ou não, e assim por dentro. Quer dizer, você tem toda uma filtragem externa, que foi feita, evidentemente, para possibilitar materialmente a vida dos estudos, mas que podem atrapalhar ali estrangular. Como você não está nisso para adquirir uma profissão universitar, mas apenas para você se tornar um homem de estudo profissional ou não, com a ressalva de que grandes homens do estudo passados jamais foram profissionais de qualquer coisa? Então, você jamais pode se contentar com o consenso atual. Por exemplo, se você pega na área de política internacional, onde você encontra o consenso atual? Você encontra, por exemplo, na revista Foreign Affairs, que é o órgão do Council on Foreign Relations, que paga especialistas das melhores universidades para que discutam certos assuntos, mas existem entre eles uma certa uniformidade mental, que é um problema. E quanto mais respeitada é uma ideia no consenso, mais provavelmente ela estará errada. Um consenso que acerta é uma coisa quase impossível, porque senão a história da ciência seria o inverso daquilo que ela é. As descobertas seriam feitas primeiro pelo consenso e depois pelos indivíduos. Isso nunca acontece. Em geral, tem um indivíduo que se adianta e descobre alguma coisa. O consenso não aceita, porque não entende. E, às vezes, cem, duzentos, trezentos anos depois, o consenso acorda para aquilo. Por exemplo, exemplos de estudiosos solitários que ficaram totalmente isolados durante o seu tempo e que só foram descoberto muito tempo depois. E isso tem o caso de Jean-Baptiste Vique, que era um obscuro professor napolitano que inventou uma nova filosofia da história, completamente diferente das ideias que circulavam no século XVIII, que era fundamentalmente nos mitos e na linguagem. É um assunto tão distante do que se você comparar com Montespierre, com Rousseau, com Voltaire, o Jean-Baptiste Vique, quando tem nada a ver com isso, pega uma direção completamente diferente, ele foi além de ser um sujeito de vida obscura, foi totalmente ignorado na época e só foi descoberto no século XX pelo Benedetto Croche. Depois que o Benedetto Croche leu aquela coisa a todos, pois numa linguagem moderna, daí os caras perceberam que é um gênio que ele tinha praticamente inventado um campo novo de estudos. Hoje em dia todo mundo, o Lady Jean-Baptiste Vique, tem maior respeito. Outro exemplo, o próprio Leibniz, Leibniz só começou a ser compreendido no século XX, mesmo uma coisa aconteceu com Schelling. Schelling, durante a juventude, com os primeiros de o que ele publicou, ele fez um sucesso muito grande, ficou famoso na Alemanha, mas depois ele teve um problema, que ele se apaixonou pela mulher de um amigo, a mulher divorciou do amigo, casou com eles, foi um escândalo na época, e ele, crocadíssimo, se afastou do ensino universitário durante anos e ao mesmo tempo ficou afastada as ideias dele, foram mudando. E no fim da vida ele concebeu uma coisa de uma grandiosidade inimaginável, que está nos seus dois livros, que foram cursos, filofedor mitologia, filofedor revelação. O pessoal foi assistir aquilo mais por respeito ao velhinho, e depois da segunda aula todo mundo começou, o curso começou com as 500 alunos, terminou com três, e foi esquecido, só no século XX, descobriram que ali estava a pista. Outro caso extraordinário é do filósofo português, renação de pista, João Ponsou, mais conhecido como João São Tomás, que é o senhor que abriu todo o território da semiótica, no tempo da renação português. Ficou ignorado, agora que começaram a descobrir, falei, pá, tinha mil problemas, o filósofo começou a estar discutindo e ele já tinha resolvido tudo. Isso acontece com muita frequência, portanto, você não pode se enfiar no consenso, você tem que conhecê-lo, porque se você não conhece o consenso, você não tem como participar, utilmente, nem fisicamente, nem mentalmente de uma discussão com a classe intelectual existente, mas você tem que ir muito além do consenso. Então, primeiro, você forma a lista desses livros fundamentais que formaram historicamente o consenso atual. Segundo, você transcender o consenso, buscando, com uma curiosidade irrefriável, tudo aquilo que o consenso ignorou nas épocas passadas e que está ignorando ainda hoje. Então, você vai sair procurando autores que não fazem parte, por assim dizer, de uma tradição histórica, mas que mereceriam estar ali. Aí entra o seu julgamento pessoal, e aí você começa a descobrir coisas que a maioria não sabe e você acaba descobrindo esta coisa extraordinária. Adquirir cultura é saber o que os outros não sabem. E, portanto, é você dizer coisas que a maioria, ou média, ou inferior, não vai entender. Este é o preço. Mas você quer a realidade, ou você quer dizer algo que as pessoas aprovem num primeiro momento? Na verdade, se você pensar bem, é um prazer você dizer uma coisa que todo mundo contraria e que no fim você tem razão. Acaba provando, quer dizer. Um cara fala, 2 mil négoa e no fim aquele lá tem razão. Isso não aconteceu várias vezes e eu posso dizer para vocês isto é um prazer indescritível. Mas você precisa ter paciência. Isso não vai acontecer do dia para noite. Se você tem certeza do que está falando, você vai ter que sentar e esperar. Então, espera aí. Eu vou ver quem rei por último. Então, essas listas e livros e datas são o começo de tudo. Se você se dedicar a isso durante dois anos, durante esses dois anos, eu só vou ler esses livros de história das disciplinas que me interessa. Só isso. E anotar quais os outros livros que eu tenho que comprar. Comprar primeiro, ler depois. Tem livro que eu comprei, só fui ler 20 anos depois. Mas eu sabia o que estava ali e sabia que quando eu precisasse, ele estaria ali. E o que eu ia encontrar ali? Então, isso é a base de toda a cultura pessoal. Se você conhecer apenas os livros que você leu, você está perdido no espaço. Então, você tem que conhecer um monte de livros que você não leu ainda, mas que você já sabe o que você pode encontrar ali. Esse é o depósito, vamos dizer, das riquezas que estão à sua disposição. Não foram exploradas ainda, mas podem ser exploradas a qualquer momento onde haja necessidade disso ainda. Se você dedicar dois anos a isso, se você conseguir formar essas listas, você terá feito para a sua vida o destudo mais benefício do que você... Hoje eu vou começar a ler as obras completas de Hegel, em alemão. Não adianta nada. Porque se você não tem este mapeamento e você mergulha dentro das obras de um filósofo, o que vai acontecer? A mente dele é muito mais poderosa que a sua. Por definição. Você pega Hegel, canto, etc. Você não está discutindo com José Manécia, você está discutindo com ele enormemente poderoso. E você vai entrar dentro do pensamento dele como se fosse uma armadilha. Ele não vai te deixar sair. Porque ele não está interessado em educar você. Ele está interessado em prestar ele das ideias dele. Porque é assim? Porque ele estava falando para uma comunidade de pessoas já educadas. Não para estudantes principiantes. Então, ele não tem que ter essa bandida, essa caída pedagógica, de ajudar o desenvolvimento do leitor. Não cabe fazer isso. Quando Hegel escreveu a Fenomenologia do Espírito, a sua lógica, ele não está tentando ajudar estudante nenhum, ele estava falando com a comunidade de sábios, que tinha mais ou menos um nível dele, e tentando convencer os caras de novas tese filosóficas que ele tinha acabado de descobrir. E você entra nisso e você não consegue sair mais. Você está se trancando numa jaula. Então, em vez de você entrar dentro das obras de um, não, você vai ter um mapeamento geral. E saber onde está cada um. Depois que você tivesse mapeamento só dos livros e títulos, você vai fazer uma segunda coisa. Você vai começar a investigar as opiniões que uns tinham sobre a obra dos outros. E formar aquilo que em crítica literária se chama a fortuna crítica. Que é a fortuna crítica. É a história do que disser no respeito de algum livro, de algum autor. Você pegar, por exemplo, existe a pequena bibliografia crítica da literatura brasileira, feita pelo Otomaria Carpou, ele organizou esse livro antes de ler grande coisa da literatura brasileira. Mas antes de ele começar a ler, ele sabia todos os autores, todos os títulos, e qual era o conceito médio que esses autores tinham na crítica. Então, ele estava perfeitamente orientado. E é assim que se faz. Pode notar, se você ver pela data de publicação, você vê que ali estão mencionados os autores e títulos com a respectiva fortuna crítica. Estão mencionando as autores que o Carpou só viria ler muito tempo depois. Quer dizer, claro, aí ele vai acrescentar a visão média da crítica, a sua perspectiva pessoal, que às vezes é muito melhor que a dos críticos. Então, por exemplo, Leandro Graciliano Ramos, claro, a Graciliano Ramos teve um grande sucesso, houve muitos artigos de crítica a respeito, muita discussão, mas o Carpou, quando veio a ler, por exemplo, Vidas Secas, ele descobriu ali influências que os autores não tinham nem percebido. Ele foi perceber uma influência de uma visão induísta, ali no meio do Graciliano Ramos. E ela está lá mesmo. Se você lê o Vidas Secas, lê o artigo que o Carpou escreveu, você vê que ele tem razão. Então, quer dizer, um autor de formação comunista, materialista, de repente, o elemento induísta ali no meio. Só o Carpou percebeu isso muito mais tarde. Mas ele pode perceber essas coisas porque ele tem não só o mapeamento dos autores e obras, mas ele tem o conhecimento da fortuna crítica, ou seja, o consenso crítico e quais são as discussões principais que foram levantadas a respeito. Então, a partir da hora que você tiver as listas dos livros que formam o corpo das disciplinas que lhe interessam, aí você pode investigar um pouquinho mais para ver o que que um disse a respeito do outro. E como se formam, vamos dizer, os consenso críticos. Consenso crítico que não excluem o erro. Às vezes tem erros monstruosos de interpretação do autor. E erros que se consagam, às vezes, no consenso crítico. Mas, pelo simples fato de você conhecer as contradições, conflitos de antagonismo dentro do consenso crítico, você já está preparado para enfrentar este assunto quando você for se aprofundar mais especificamente neste autor, neste livro, etc. É bom que você compre os livros e que você os tenha na sua casa para você poder consultá-los a qualquer momento do dia ou da noite. E que ele se torne, vamos dizer, o seu próprio arquivo de ideias. Eu não costumo fichar a livro nenhum porque quem me disse, me ensinou e foi virar a sua Silva Terra. Eu falei, por que eu vou fichar o livro, você já está tudo escrito no livro mesmo. Eu anoto ali mesmo e pronto, quando eu preciso, eu vou lá pegar o livro no extante e pego a anotação que eu fiz. Então, você anotar, tomar as suas notas nos próprios livros, dispensando-se, maldito negócio das fichas. Eu sugiro que você anote tudo a lápis e não a tinta, jamais a tinta, por um motivo muito simples. Às vezes tem uma parte que ele chamou a atenção e lhe parece o centro do argumento. Quando você vai ler uns anos depois, você vê que aquilo não era o centro do argumento, você estava em outro lado. Agora você era rabiscou, fazer o quê? Então, marca lápis, você foi precisar apagar, você apaga depois e corrige. Usando, então, os próprios livros como seu arquivo de ideias. E fazendo com que a sua biblioteca se transforme cada vez mais num instrumento funcional da sua vida de estudo, que ela possa ser usada o tempo todo. Mas o ponto central é esse. O que você está tentando conhecer os livros, os autores? A história da disciplina? Não, você está querendo conhecer a realidade. Então, tudo isso tem que ser usado como se fossem lentes, aparatos ópticos. E, portanto, a ideia de você concordar ou discordar com o autor tem importância muito reduzida. O que é importante é você concordar ou discordar com o que ele está dizendo. Você ser capaz de usar o que ele está dizendo como uma ótica para você enxergar as coisas daquele ponto de vista. Ora, todos os pontos de vista, em princípios, são legítimos. É quase impossível nos deterrar 100%. Então, mesmo que você, no conjunto, você acabe discordando fundamentalmente de um autor, é impossível que você não aproveite nada do que ele disse. Todo mundo vai te ajudar nesse sentido. Se você os ler, não como quem espera deles a revelação da verdade, ou um monte de mentiras sórdidas, está certo. Mas espera apenas o fornecimento de mais um ângulo de visão pelo qual você olhar as coisas. Aí, com o tempo, você vai descobrir que praticamente todas as discussões públicas do mundo se baseiam em ficções. Ficções, mitos, lendas, etc. Você só encontra uma discussão verdadeira entre pessoas muito estudiadas, que estão muito seriamente empenhadas em descobrir a verdade das coisas. O que não é o caso da média da intelectualidade, muito menos da intelectualidade falante, da intelectualidade pública, por assim dizer. Mais ainda, qualquer opinião que você venha a desenvolver, ela só tem um valor cognitivo, o poder de preenção que a coisa tem sobre uma realidade. Você mede esse poder de preenção pela sua capacidade de prever o desenvolvimento da situação. Se você não é capaz de dizer, olha, tal coisa pode sair por aqui, pode sair por ali, pode dar isso, pode dar aquele. Se você não consegue fazer isso com acerto, quer dizer que você não pegou realmente a realidade da coisa. E ainda na esfera subjetiva da mera autoexpressão. Então, a medida que você vai descobrindo a sua possibilidade de conhecer a realidade, tal como ela se apresenta mesmo e, portanto, perceber os seus potenciais de desenvolvimento com relativo acerto, aí você descobriu o que é inteligência humano. Aí você descobre por que a inteligência humana tem uma marca divina e tancende a nossa condição biológica. Porque, você ver, a noção de objetividade, conhecimento objetivo, quer dizer, é conhecimento que reflete a estrutura do objeto e não apenas uma percepção subjetiva, é uma coisa que os animais desconhecem por completo. O Xavier Zubir escreveu Parnas imortais sobre isso aí. Ele diz que a própria noção realidade é o correlato objetivo da percepção humana. Para os animais não existe a realidade, só existe o que ele chama de estimulidade. Quer dizer, ele percebe certos estímulos. Então, por exemplo, se ele sente, vamos dizer, o cheiro de um homem, para ele não existe essa distinção de o homem estar ali ou está só o cheiro dele. Realmente não existe. Ele vai fugir nos dois casos ou atacar nos dois casos. E, no entanto, essa distinção para nós é o famoso negócio do onde a fumaça a fogo. Existe fumaça, tem fogo também. Às vezes tem fogo, às vezes não tem. Nós sabemos disso, mas um animal não sabe. Para o animal, a regra onde a fumaça a fogo vale em 100% dos casos. Por que? Porque ele fez a curva do reflexo condicionado. E ele não é capaz de criticar o seu reflexo condicionado, a não ser substituindo por outro reflexo condicionado. É antagonico, hein? Então, à medida que você descobre isso, você vê que todas as objeções cénticas ao conhecimento são feitas para o pessoal que não tem o conhecimento e que estão apenas expressando a sua dificuldade de conhecer. A dificuldade que é real e que expressa realmente a experiência deles, mas não expressa nem a natureza do objeto e nem a natureza do conhecimento humano. Então, à medida que você vai pegando essas coisas, a sua percepção de toda a realidade em torno se enriquece de uma maneira formidável. Ontem mesmo, eu estava aqui conversando com a Fashen, assim, certas obras de arte, certas músicas, por exemplo, cuja beleza, entre aspas, não percebe num primeiro momento, porque são muito complicadas. Não precisa dizer, ah, mas a obra de arte que precisa de explicação não vale. É de bom, não é que não precisa de explicação, nenhuma explicação vai adiantar. A única coisa que adianta é você ouvir aquela música mil vezes, porque daí o que lhe parece, uma confusão de sons, começa a adquirir uma forma. E na hora que você aprendeu a falar, você pegou a estrutura, a ordem intera da música, aí sim você pode perceber a beleza dela com aquela ressalva que disse o Master Csr. Theribidak, que a beleza não é senão uma estação intermediária, em direção à verdade. Quer dizer, existe algo acima da nossa impressão de beleza. Se você quiser, é algo mais belo ainda. Então, é o que deixa de ser o belo e começa a ser o sublime. Então, você pode ter essa experiência cognitiva em qualquer setor da realidade, qualquer setor do conhecimento, não precisa ser arte. Então, mas sempre pode haver uma espécie de fascínio pelas estruturas e formas em si mesmas. Isso é muito comum em dois tipos de pessoas, músicos e matemáticos, que ficam deslumbrados pela forma, sei lá, de uma demonstração geométrica ou pela estrutura de uma música. E já não perguntam mais onde aquilo está indicando, para onde aquilo está apontando. Existe sempre um além, um algo mais, está certo? Aí você cai o quê? Você cai no diletantismo, você cai no beletrismo. Nessa pseudo-cultura, tipicamente, paulista, e as pessoas gostam de artes. Gostam de se mostrar nesse sentido. O que elas estão fazendo não é real, é uma experiência real, sem sobredúvio. Mas é apenas a experiência das obras e não da realidade. Ou seja, são como pessoas que se deslumbrassem tanto com as lentes dos óculos que estão usando, que ficasse olhando só para as lentes e não visse nada mais adiante. E esse mais adiante é o quê? É a vida real, é a sua vida real e, portanto, a vida da sua comunidade. Você nunca pode esquecer que você só tem um cérebro que é o seu mesmo e você não tem uma vida que é a sua mesma. Então, tudo o que você vier a conhecer, você conhece através desses instrumentos, a sua vida, a sua inteligência, a sua capacidade cognitiva. Isso quer dizer que se você não é capaz de mapear a sua própria situação dentro de um conjunto, muito menos você vai entender o conjunto. Então, por exemplo, a análise sociológica da sua vida. Qual é a formação da sua família, de onde são suas suas fons de dinheiro, do que você tem vivido, e quais são os elementos, entre aspas, ideologia de clássica e se impregnando profundamente em você. Claro, tudo isso você pode examinar com total isenção, sem precisar tomar nenhum partido inicialmente. Então, observar tudo não sem paixão, mas com a paixão da realidade e não a paixão purista ou por aquilo em especial, não a paixão por uma ideia, por uma ideologia ou por um partido. Ou nem por uma religião. A formação religiosa, nesse sentido, muitas vezes é um obstáculo ao desenvolvimento das pessoas. Por quê? Porque o indivíduo recebe uma mensagem de que isso é a palavra de Deus. Então, você não pode contestar. Peraí, tem um problema. É tudo lei, a palavra de Deus, mas a leitura é minha. Então, nada te garante que você está entendendo a palavra de Deus, do sentido que Deus que você entendesse. Isso é uma coisa que vem muito de pouquinho e que vem de você comparar uma palavra do Evangelho com outra palavra do Evangelho. Então, por exemplo, quando Jesus diz, o meu julgo é suave e o meu fardo é leve. Foi o Evangelho de hoje. Ele diz, epa! Você tem certeza que o julgo que você está impondo aos outros em nome da sua religião é leve? É que é suave e que o fardo é leve? Ou você está jogando um peso de toneladas em cima do outro? E achando que com isso você está cumprindo a palavra de Deus? O fenômeno, por exemplo, que aparece tanto nas obras do William Faulkner, do indivíduo que toma o seu desejo de vingança como sendo a própria mão de Deus que exerce um castigo. Esse engano é muito comum. Então, eu me imagino, por exemplo, se eu fosse um sacerdote e eu tivesse que explicar, vamos dizer para um casal divorciado, casou com outra mulher, está vivendo com ela, eu vou ter que explicar que ele está fora da comunhão. Como é que eu faria? Eu iria quase chorar para explicar isso. Eu teria que explicar isso com muita piedade. Dizia, não, porque esperamos no dia o espódio resolver, eu não sei como o espódio se resolver. E não assim, ele diz, não, você está fora. O que é o que a maior parte das pessoas faz? Porque usa a palavra de Deus como um porreto e para se sentir superior ao outro. Então, isso é muito comum. Isso realmente emburece as pessoas e emburece com uma espécie de licença divina, com uma espécie de autorização divina. Isso é uma coisa tão, tão, tão comum. É isso. Então, você entender, por exemplo, a rigidez dos princípios divinos é imutável. Mas as suas aplicações, os casos particulares, é infinitamente imutável. Mutável, relativo, precária, problemática, está certo? Principalmente quando é você que tem a responsabilidade de fazer essa aplicação, que eu graças a Deus não tenho, não sou pago, não sou juiz, não sei nada. Eu sou posa aqui, dá minha opinião, é pronto, acabou. Mas se eu tivesse uma função dessas, aconteceria o seguinte, eu conheci um grande médico chamado Dr. Robert de Barros, que ele durante a consulta, ele suava frio de medo de arrar. Isso é consciência médica. Ele não estava ali para transmitir segurança para o paciente. Ele não tinha segurança nenhum, não sei exatamente o que está se passando. Eu posso errar aqui e matar você. Então, ele nunca falava no tom da autoridade, mas no tom de quem está buscando algo. Podia ser que alguns pacientes que necessitassem uma figura paterna para acalmá-los, se sentissem mal, mas eu me senti sempre muito bem para não estar mais preocupado com o meu problema do que eu estou. Então, esta dedicação me lembra a famosa frase do Pascal. Eu não posso aprovar nem aqueles que condenam, nem aqueles que aprovam, nem aqueles que riem, mas somente aqueles que buscam entre gemidos, seja o que chefe a uma gemição. Isto é que a atitude é certa. E se você busca a verdade, com toda a sinceridade, Deus não fica indiferente a isso. Ele acaba te dando uma ajudinha. Então, é aquele negócio, bate na porta e a porta vai abrir. Se você não abrir, você não quer saber nada, você quer apenas expressar sua opinião. Bom, Deus não vai te ajudar a fazer isso, porque como dizia Dirty Harry, a opinião é como o Dunda, todo mundo tem. Então, a sua não vale mais que a do outro. O princípio de organização da sua biblioteca é o mesmo princípio de organização de toda a sua vida, na verdade, de toda a sua vida. Porque é aquilo que você vai buscar pelo restante da sua vida. Mas ainda, esta lista que eu estou falando, ela corresponde ao que, em outras aulas, eu já vi do mapa da sua ignorância. O mapa da ignorância é definido assim. O que eu preciso saber a mais para entender aquilo que eu já sei? Entender, aprofundar, consolidar, etc. Se você tiver o mapa da sua ignorância, você vai ver que esse mapa também está incompleto, que você vai ter que acrescentar novos itens, a medida que o tempo passa. E talvez você possa até desprezar alguns itens que lhe pareceram importantes no começo e que em seguida se mostraram irrelevantes. Isso pode acontecer. Quando você sai da esfera que é abrangida pelo consenso, isso é a média do que os profissionais universitários da área sabem ou deveriam saber ao mesmo tempo, e começa a investigar, agora eu quero ver aquilo que ninguém sabe. Naquilo que foi dito, mas ninguém presta atenção, ou não foi divulgado, etc. Aí você entra na parte mais fascinante do negócio. É isso. Quando você estuda a vida por exemplo, tipo com o Nicola Tesla, que praticamente tudo que existe da eletrônica no mundo foi ele que inventou e ele morreu na miséria, sem ter nada enquanto os outros tinham dinheiro com as invenções dele, e que é um cara que ficou desconhecido por muito tempo, só de uma década para cá, começaram a divulgar as descobertas dele, você vê que acontecimentos desses tipos são muito frequentes na história. Quer dizer, aquele cara que disse a coisa mais importante foi o mais ignorado. No fim, se revela, dizer de novo, a profecia bíblica, a pedra que os construtores rejetaram, que torna a pedra angular o edifício. Isso acontece com muita frequência. Você já ouviu o caso do Mario Ferreira, que é certo aqui, o pessoal só começou a falar de Mario Ferreira, e depois que eu destampei o túmulo e mostrei, e falei, olha o que vocês enterraram. Mas ainda assim, até hoje, ele não ocupa, no panorama geral do que nós chamamos, cultura brasileira, um lugar equivalente, digamos, ao do Gilberto Gil. Você vê, quando as pessoas, outro dia ouvindo uma entrevista com o Ciro Gomes, ele citou como exemplo da cultura brasileira, dos progresso da cultura brasileira nos anos 50, e sinta a música popular. Ele disse, oh, meu Deus do céu. Você já imaginou alguém na Inglaterra citar como exemplo dos grandes progresso da cultura britânica, os Beatles? Ninguém jamais faria uma coisa, ele disse que ele estava até gostando dos Beatles, mas pera aí, calma lá. Eu estou falando de cultura superior, não, de show business. A distinção entre show business e cultura, as pessoas não têm no Brasil. Mas ainda, porque a nossa constituição consagrou como cultura aquilo que expressam os modos de ser da nossa população. Desculpe, mas a cultura está aí para expressar o que as pessoas são? Ou ao contrário, ela está aí para moldar a população, para educar e moldar a população. Você vai dizer que Shakespeare, quando escreveu as suas peças, ele estava apenas vendo o que a sociedade em torno dizia e ele copiando tudo igualzinho para expressar, ou ao contrário, ele disse muito mais do que a sociedade compreendia e ela passou a compreender vendo as peças de Shakespeare. Então, isso é assim, tanto nas artes quanto na filosofia, assim é quanto nas ciências. A cultura não é expressão do modo de ser um povo, ela é a educação do povo. Para moldar, educar e melhorar o povo, não para expressar o modo de ser. E outro dia mesmo estava lendo no Fernando Zombart, o Zombart é um tremendo cientista social e ele estava lá nos anos 30, o pessoal nazista tudo entusiasmado com o nacionalismo germânico, tudo tinha que ser germanizado, só aquilo que era puramente alemão-valia, ele disse, olha, essa preocupação de você nacionalizar as coisas, nacionalizar a cultura e estrangula a capacidade criativa. Tanto estrangula que se você perguntar hoje, bom, aquele período nazista do motempão, no mínimo uns 15 anos, 20, antes já era cultura dominante, que obra de arte é cultura nazista produzida, que vale a pena ainda você vê? Nada. Se você perguntar aqui, na União Soviética, onde não era, a ideologia não era nacionalista, mas era um espécie de dogmatismo, uma ortodoxia marxista, o que que a cultura marxista produzida na União Soviética que ainda vale a pena ler? Você só lê as obras de dissidentes, é gente que fugiu da União Soviética, foi banido da União Soviética, foi fusilado, só isso que sobrou. Então, é claro que a classe política interessa sempre usar a cultura como instrumento de propaganda, no mínimo de áudio promoção, e para isso eles têm o quê? Cortejar a opinião popular, em vez de tentar educar as pessoas, tem que encontrar você de se prosternar para muitas pessoas em cultas, e perguntar o que elas acham disso daqui. E no Brasil, esse espécie de populismo errado, porque acho assim, popularismo autêntico, que é você consultar o povo naquilo que é da alçada dele, por evasões necessidades básicas, não é isso? Mas não sobre questões de alta cultura. Então, esse tipo de populismo errado, vem contaminando o Brasil desde o século XIX, que começa com um negócio da colocal no romantismo, pediu muito bem, pega o autor que tem colocal e vai ler elusor, vai ler Zé Delencar, não há quem aguente ler aquilo. Vamos fazer a verdade, a obra toda do homem é uma babaquice. E, mas uma chave da Cisque não brucou, tem também um pouco de colocal, mas não era o centro da atenção dele. Bom, este dispersa interesse em qualquer lugar do mundo, até hoje, cada vez mais. Por quê? Porque ele tem a profundidade humana, não apenas local. Então, semana de arte moderno de 2012, o que que sobrou? Sobrou quem não estava lá, que era o Carlos do Mundo Andrade, o Mundo da Bandeira, Jorge de Lima e outros, que entraram muito depois. E das obras características de semana de arte moderno, o Mário de Andrade, Osvaldo de Andrade, não dá para ler hoje. Você vê que é uma coisa apenas folclórica local. Você só ler por caridade, patriótica. Então, o nosso apego, vamos dizer, as nossas opiniões e gostos de juventude, é uma coisa que pode leder a você para sempre. A melhor coisa de você ser jovem, a melhor coisa é você poder mudar de opinião todo dia, porque você não tem nenhuma responsabilidade social, você é apenas você mesmo, você apenas um zemané, ninguém liga para o que você fala, e isso lhe dá a liberdade de mudar de opinião toda semana se você quiser. Mas você só vai mudar de opinião se você não se apegar às suas opiniões como se fossem objeto de estimação. E sobretudo, se você não construir a sua personalidade usando as suas opiniões como elementos formadores da sua auto-image. É preciso que você forme a sua auto-image com base nas suas atitudes, esperando situações concretas, não perante questões longínquas nas quais a sua opinião não interfere absolutamente. No entanto, a similar opiniões como se fossem muletas psicológicas, os amparos de uma auto-image vacilante, isso é a coisa que a juventude mais faz. Ele logo se define, eu sou marxista, eu sou evangélico, eu sou católico, eu sou raicoparta. Você não é nada de jovem, você é um jovem, você é um jovem, você é um jovem, você é um jovem, você está brincando, você está imitando, na adolescência é tudo imitação, é tudo brincadeira, é tudo um teatrinho, você está só brincando disso aí. Então, você não vai confundir sota de fume, com uma guerra de verdade. É dizer, aproveite a disponibilidade da juventude para ser pára. Você mudar de opinião mil vezes, quando você tiver assimilado mil opiniões diferentes, talvez você enxergue algo do objeto e possa dizer algo sobre ele que não seja opinião. Então, isso que eu estou dizendo, o princípio de formação da sua biblioteca é o princípio de formação da sua mente. Olhar os objetos de cultura, como se fossem lentes, ou perspectivas, ou ângulos, pelos quais você olha a realidade, segundo, aproveitar tudo. Não precisa assim. Esse é um negócio de você concordar ou discordar, se você está lendo Nietzsche, por exemplo, de que importância tem você concordar ou discordar? Você pode chegar muito tempo depois, vamos dizer, a uma avaliação relativa da obra inteira de Nietzsche. Mas isso é bem mais tarde, por enquanto o que interessa é aproveitar o que você está aprendendo com ele. E se o cara disser uma coisa que tem ressonância não no seu coração, mas no fato, você guardar aquilo, ele fala, não, isso aqui é precioso, isso aqui diz algo real. E isso pode ser útil mais tarde. E nesse sentido, vamos dizer, a pressa de você criar uma opinião de você reagir e dizer, gosto ou não gosto, atrapalha tudo. Você tem que gostar de tudo que você está estudando. Tudo é interessante, tudo é bom para você. Então, muito bem, essa aqui é o que eu queria dizer hoje. Tá dito? Pega a pouco eu volto com as perguntas. Então, vamos lá. Como sempre tem perguntas excelentes, não vai dar para responder todas, eu vou seleccionar mais que eu puder. Alexander Laranjeira pergunta. Entendi a hora de aproximação e a função de um sórego repertório sobre os temas ou disciplinas que eu tenho a real interesse. Mas pergunto, no caso de quem está ainda em sua leitura de formação de imaginar, ou ainda procurando seguir uma hora de basear no modelo das leituras de formação de imaginar, ou seguir uma hora de basear no esquema das sete horas liberais, deveria escolher sobre um outro, seguir caminhos paralelos na sua auto-educação. Bom, então, primeiro lugar, leve em consideração aquela distinção feita pelo Padre Celtian, entre quatro tipos de leitura que ele entende, leituras formativas, leituras informativas, leituras inspiracionais e leituras de passatempo ou de versão. Então, evidentemente, se você está na etapa de formação, você sente que está na etapa de formação de imaginar, todas as leituras nessa área são leituras inspiracionais para te dar inspiração. Isso rigorosamente não tem nada a ver com o departamento que eu estou falando. É claro que se você está lendo livros, pode adquirir inspiração para que te deia uma energia, para que estimule a sua imaginação, etc. Isso não tem nada a ver com a organização da sua ordem de estudos. São coisas que você pode seguir paralelamente, sem problema nenhum. Renato Lemkul Shaid. Sob a parte que você comentou em relação a definir a vida de estudos, gostaria que você explicasse melhor o que é objeto material da investigação, objeto formal e objeto formal terminativo. Vamos supor o seguinte, você toma como objeto material, digamos, o ser humano, em seguida você vê que o ser humano pode ser encarado sobre vários aspectos. Por exemplo, o ser humano tem uma vida econômica, tem uma vida política, tem uma vida literária, cultural, etc. Qual desses aspectos você quer abordar? Você quer abordar a estrutura psicológica do ser humano em geral, ou você está interessado em uma sociedade em particular, ou num fenômeno em particular? Então, isso aí é essa diferença de objeto material e objeto formal. Mas, uma vez definido objeto formal, vamos supor, por exemplo, você quer estudar, a estrutura das sociedades humanas. Qual é a pergunta que você está fazendo a respeito? A pergunta pode ser sobre origem e formação, pode ser sobre a estrutura, pode ser sobre a diferenização comparativa, etc. É a sua pergunta que define, a meta da investigação, por exemplo, que é uma determinativa, onde vai terminar isso aí? Suponde que você chegasse a saber o que você quer saber, essa é uma resposta a qual pergunta. Claro que você pode ter várias perguntas. Eu posso dizer, por exemplo, que desde o início, a pergunta que eu me coloquei nessa, ainda muito jovem, foi a questão do progresso do conhecimento. O que o pessoal chama de progresso do conhecimento é nada mais do que aumento do número de registros. Mas, os registros estarem presentes fisicamente, não quer dizer que alguém os conheça, portanto, às vezes, o progresso, o número de registro, o seu progresso tem ignorância, tem mais coisas que você ignora. Então, como fazer para qualificar pessoas para que possam absorver o máximo disso aí, ou o máximo do que seja de interesse, de importância, um certo problema, numa certa época? E eu descobri que essa técnica simplesmente não existia. Ninguém tinha que ser preocupado realmente com isso. Tio, se preocupado, por exemplo, o maior admirador, com a formação do cidadão consciente. É de bom, mas uma coisa, você tentar formar um cidadão consciente a respeito dos conhecimentos médios que o cidadão precisa ter, a respeito de história, de política, de lei, etc. Outra coisa é você qualificar o sujeito para uma atividade propamento filosófica, que eu defini como unidade do conhecimento, unidade da consciência e vice-versa. Então, como qualificar as pessoas para que sejam filosos, não necessariamente filosos no sentido profissional, mas para que tenham uma envergadura filosófica na sua abordagem das coisas. Eu descobri que essa técnica não existia e eu acabei por inventá-la. É a técnica exatamente deste curso aqui, que ele funciona, vocês estão careca de saber porque vocês viram a sua inteligência de despertar no decorrer deste curso. Vocês viram que vocês acabaram sabendo muito mais coisas do que eu tinha ensinado. Quer dizer, eu dei uma chavezinha e você abriu lá um monte de porta agora. Quer dizer, isso funciona. Eu não saberia reduzir esta forma, esta técnica a um conjunto de formas. Quer dizer, eu sei fazer, mas não sei direito resumir, explicar resumidamente o que eu estou fazendo. Então, vários pontos me chamaram a ter essa. Bom, primeiro lugar, esse ensino, essa técnica, é uma transmissão pessoal, assim, pessoa-pessoa. Você tem que sentir a presença do professor e ele tem que, com a atitude dele, inspirar você. Se esse professor conseguiu fazer, eu também tenho que conseguir. Como você ensina em qualquer técnica, se você vai aprender esgrima, arte marcial ou pintura, você vai ver o professor desenhando e dizer, o que ele está conseguindo fazer, é isso aí que eu tenho que conseguir fazer também. Posso até fazer mais depois. Então, não basta explicar, eu preciso mostrar. Muitas dessas aulas, aqui eu estou mostrando como é que você faz. Olha, se você quer analisar um problema, é assim que você analisa, dessa maneira, pá, pá, pá, pá, pá. Então, o professor tem que ilustrar, quase que fisicamente, aquilo que ele está ensinando. Daí, eu vi que isso vinha desde o tempo de Socras. Socras faz exatamente isso e é por isso que foi um tremendo professor aristótrago, também é a mesma coisa, quer dizer, ele exemplificava, como hoje nós demos, quer dizer, o resumo das aulas que ele dava, não temos o texto completo, nós temos o resumo das aulas, você vê mais ou menos como era o ensinamento dele, ele pegar uma coisa examinada por um ponto de vista, por outro, por outro, por outro, por outro, por outro, por outro, no fim acaba fechando. Quer dizer, não é que ele está dizendo que ele deve fazer isso, ele está fazendo e mostrando como é que faz. E é isso, realmente, o que falta nas nossas escolas filosofias, ninguém pode ensinar isso, porque ninguém sabe fazer isso. Ele sabe passar a cultura filosófica, isso é. Ensinar você a ler livros de filosofia, mas entra a cultura filosófica, exercista de filosofia, e a diferença é tão grande que você ler livros de arquitetura e você ser arquiteto. Você tem que ensinar a fazer, não é somente a contemplar. A filosofia é uma atividade cognitiva real, então é preciso exemplificá-la. Depois eu fui vendo que os grandes professores na história, como pessoas que marcaram a época, pelos ensinamentos como Benedetto Crocer, o T.I.G.C., o Manoel Garcia Morente, o Alain, o Julio Lanyo, todos eles faziam assim. Quer dizer, eles não só diziam o que querem fazer, mas eles faziam, eles tocaram o pianinho, eles falavam assim que toca, tem coisa que você não pode transmitir verbalmente. Uma coisa é o conteúdo verbal que eu estou transmitindo. Outra coisa é a ação que eu estou praticando quando faço isso. Você tem que pensar duas coisas ao mesmo tempo. Márcio César, na área de ciência política, podemos adotar obra de Wigner, história da ciência política, você indica outra obra a mais. Aqui você vai precisar de muitas obras, principalmente porque esta obra do Wigner, ela é muito incompleta, ela é uma série de rascunhos que ele não chegou a completar. Ele foi contratado para escrever uma obra que fosse a obra padrão nas faculdades, para substituir a obra do tal do Sabine, que era a obra padrão de mitismo então. Aqui é um livro relativamente curto. E ele começou a ser um livro de 300, 400, parna, um negócio aumentando, aumentando, aumentando, 8 volumes, então bom, dançou o projeto e com os 8 volumes ele ainda não tinha completado todos os autores, todas as escolas que ele queria expor. E daí a coisa se complicou porque ele estava fazendo a história das ideias filosóficas, ele chegou a considerar que as ideias políticas não existem, porque existem são políticas efetivas que se expressam ou se legitimam através de ideias, sem você observar a história real das políticas, você não podia fazer histórias das ideias políticas. Ou seja, o projeto de 8 volumes para ser realizado seria se multiplicar para o mais 8, então que acabou virando depois a outra série de livros de ordering, que ele também não acabou. Existem muitos filósofos cujas obras são sempre incompletas. Isso acontece com frequência porque a filosofia não consite fazer obras, você pode fazer e é bom que faça e termine, faça um livro bem feitinho, etc. Acabar no obra de arte, é bom, mas não é obrigatório. Então você vê que alguns dos grandes filósofos da humanidade como Aristóteles, Leibniz, mais modernamente o próprio Érico Völgren, Ortega, Cê, nunca terminaram um livro, é tudo fragmento. Por quê? Porque o que é interessa na filosofia, o que é a filosofia é a atividade da busca, da unidade do conhecimento, da unidade da consciência. Não a obra escrita que registra isso. A obra escrita é de fato só um registro. Isso é o... Eu não conheço nenhuma obra de ideia da história da cessia política, das ideias políticas que possa suprir esta deficiência, você vai ter que usar muito. Existe uma série coordenada pelo Leo Strauss, com vários autores, que acho que tem o mesmo título, a história das ideias políticas assim, da um volume grosso, mil páres, aquilo está muito bom. Não tem tanta unidade por ser vários autores, mas pelo menos o material está ali à disposição. Mas... Existem muitas ideias políticas que foram de uma importância extraordinária no seu tempo, orientaram políticas e tiveram consequência, e que não se incorporaram na tradição. Agora, por exemplo, eu estou estudando esses filósofos que chamaram de Revolução Conservadora alemã. Revolução Conservadora... É um nome genérico, na verdade, de várias escolas de pensamento totalmente de cordem, mais ou menos, que apareceu no começo do século XX e foram durar até o advento nazismo. É uma coisa que foi totalmente enterrada, esquecida, e só objeto de confusão e mal-entendido depois. E eu vejo que ali tem mil ideias interessantíssimas, que às vezes as pessoas se perdem de interesse, porque por exemplo, você pega o livro do Werner Zombart, Socialismo Alemão, e fala, bom, socialismo, ou esse negócio vietnico é aquela pocaria de nazismo, não estou interessado, passa em frente. Mas o livro chama-se Socialismo Alemão. Agora, a concepção que ele tem do tal do socialismo alemão, que é totalmente diferente do Bolshevismo e totalmente diferente do nazismo, é uma coisa de uma originalidade extraordinária, que a mim me parece uma proposta inviável, mas só o expor a proposta inviável, ele tem tantas e tantas e tantas ideias importantes, maravilhosas, inspiradoras, etc. Isso está perdido. Tem um outro camarada que era também um dos líderes, o meu amigo chamado Merler van den Brug, que também era um homem do tal do socialismo alemão, que desde o início combateu a ideia racial, porque ele falou que vai definir os povos na sua raça, na sua cultura, a unidade da cultura não tem nada de ver com a unidade da ração, então você vê que foi banido pelos nazistas por causa disso, mas tem outras ideias dele que os nazistas aproveitam. Ele fez uma série de análises sobre estilos nacionais, partindo realmente da arquitetura, principalmente ele aprofundou em duas, o estilo que ele chama estilo bruxiã, é diferente do estilo do raciocinco do alemão, arquitetonicamente inclusive, e a estética italiana. Mas tem cada ideia ali que é um negócio fantástico, e o cara foi totalmente esquecido, por que? Porque esse movimento ele foi superado pelo nazismo, os caras estavam lá especulando como é que nós faríamos aqui um socialismo alemão, e aparece o Hitler, o Hitler tem uma ideia muito simples, diz bom, a gente conquista o exército e o exército impõe, o exército e a polícia impõe o tal do socialismo alemão por resto da sociedade. Então eles estavam ainda discutindo como é que seria, e o Hitler fez a coisa do jeito dele, claro que estragou toda a ideia, eles tinham excelentes intenções, etc. Então ele resolveu o problema não na esfera da discussão teórica, mas na esfera do fato consumado, e ele disse que era o socialismo alemão, e ele estava aqui, mas não era assim, porque agora é tarde, cada boca burra, foi assim, e esse movimento foi abortado. Tem um historiador americano, já vi falar do livro The God that Failed, o Deus que falou, é uma coletana sobre o comunismo, tem um historiador americano que pegou as ideias de um desses teóricos da revolução conservadora, que é o Hans Freyhe, e escreveu um livro com o título, e o outro Deus que falou, porque sempre a gente estava ali, mas o Alemão também foi um aborto. Mas no entanto, eu vou dizer, se perder tudo isso só porque historicamente aquela corrente foi abortada, é uma coisa que faz sentido historicamente. Se tudo o que você quer é conhecer quais são as ideias que formaram a mentalidade moderna, então você só vai ficar com as ideias que frutificaram. E é aquela que não frutificaram porque não foram plantadas, ou porque infelizmente foram plantadas no sol errado, por umas armas que mereciam ter. Isso aí depende do nosso julgamento pessoal e depende de investigações pessoais que você faça. Você não vai começar por elas, evidentemente, você vai ter que ir pela regra, pela média, pelo consenso, mas depois, pelo resto da vida e muito além do consenso. Eu pego, por exemplo, as ideias políticas do Mário Ferrero do Santos, que é, na grande parte, inspiradas por uma coisa quase impossível que é a mistura de ideias escolásticas com as doutrinas do Pierre-Joseph-Rudon. Tem ideias muito interessantes, nunca frutificar, nunca pegar, mas não merece você voltar lá, dar uma olhada, falar, e se esse negócio puder render frutos amanhã ou depois? Agora, se você vai ver só as ideias políticas que estão em circulação hoje no Brasil, é uma pobreza extraordinária. Porque, por exemplo, você pega os caras que são conservadores, os caras não leram décima bilionésima parte do que precisaria ler para você poder achar que conhece o pensamento conservador. Depois eu dei uma lista de livros sobre o comunismo, eu disse, ah, para você entender o comunismo, você precisa ler pelo menos isso. Não são mil livros, são um 100. Mas, por isso eu não quero fazer nem isso? Então, quer dizer, que o nível de conhecimento que caras estão se exigindo para poder opinar é muito baixo. Então, são apenas opiniões amadorísticas, que não têm peso científico, e que só podem contribuir para confundir e embolar mais ainda o meio de campo. Porque são preferências arbitrárias, o sujeito é assim, aos 17 anos ele é lá, ah, limite, eu não deverei limite a ano na memória. Muleque adere a qualquer coisa, o encanta, mas é totalmente arbitrário. E se tivesse caído na sua mão, o Karl Marx, por exemplo, seria Karl Marx ou o Caio do Doutor Freud. Eu me lembro que, na adolescência, eu li todo o livro do Eric Frum, eu virei quase um psicanalista. Psicanalista marxista. Depois eu vi que não é tão bonito quanto eu pensava, é fraco. Então, essa adesão inicial, ela não significa nem que você compreendeu a ideia. Significa apenas que ela te encantou naquele momento. Mas você não pode compreender uma ideia se você não souber tudo, mas você tem todas as alternativas a essa ideia. Então você precisa reconstituir a discussão inteira, não só a discussão real, que eu vi historicamente, mas a discussão ideal, que deveria ter existido. Por exemplo, o confronto do que um autor de hoje diz com o que um autor, o outro autor disse no século XVI ou XV, a respeito disso. Só quando você monta essa discussão inteira, que você entende a verdadeira significação da ideia. Principalmente quando você está lendo autores muito cultos, porque todas essas referências não citadas estão lá contidas. Quer dizer, o autor não está discutindo explicitamente com o fulano, mas ele tem aquela evocação quase que no seu subconsciente. E ele está participando, aí nós temos que apelar a ideia do morto, o grande diálogo, todas as ideias no ocidente aparecendo de um grande diálogo, real ou ideal. Então, enquanto você não reconstitua o diálogo, você não sabe do que as pessoas estão conversando, e, portanto, você não é capaz de entender uma opinião outra. Acontece que hoje nós temos um agravante disso. Qualquer moleque que se encha de dinheiro como Zuckerberger ou Bill Gates, a partir da hora que ele tem dinheiro, ele acha que ele sabe tudo e começa a querer reformar a humanidade. Eu, por meio de ter uma fórmula infalível, eu daria livros da Nrand para essa gente toda ler, para eles ficarem bem egoístas e pararem de querer salvar a humanidade. Eu digo, agora você só vai cuidar do seu bolso, entende? Para de nos amolar, para de inventar, para de nos salvar pelo amor de Deus. Então assim, eu não gosto nem um pouco das ideias da Nrand, mas eu daria para eles falar, lê aí, fique egoístas, só pense em você mesmo. E nesse tito da literação, se esses caras pensassem só em si mesmo, se não as for fortunas, eles pelo menos fariam menos mal a humanidade. Robson pergunta, para quem tem vocação literária, como aplicar os conceitos dessa aula? O mais importante no começo, sem o conhecer a história da própria literatura, ele era as obras, assim como estudar, imitar o escritório escolhido como modelo. No segundo momento, entanto, você indica alguma maneira de articular isso com o estudo da crítica literária, gêneros, etc. Ah, ah, ah, aí é que tal o negócio. Daí ele pergunta, como aplicar a distinção dos escolásticos para acertar o foco no objeto de início sempre indefinido? Muito bem. Então, qual é o objeto material? É a produção literária de modo geral. E segundo, qual é o objeto formal e qual é o objeto formal terminativo? Vamos dizer, onde é que você quer chegar? Você quer ser um historiador da literatura? Você quer fazer crítica literária? Não, você quer ser um escritor, digamos, um escritor romancista. Então, o objeto formal terminativo é aproveitar tudo isso aí para duas coisas. Primeiro, ampliar sua compreensão do ser humano através da literatura. Então, são ângulos, porque todas as histórias inventadas são histórias possíveis. E através das histórias possíveis, você entende melhor as histórias personais reais. Eu acho isso uma coisa apaixonante, você conhece a vida das pessoas e você percebeu a lógica do enredo da vida delas, que às vezes elas mesmo não percebem. Às vezes não, quase nunca percebem. Então, essa é a primeira coisa. E segundo, você desenvolve a técnica narrativa. Então, esse é o seu objeto formal terminativo. Você tanto ao ler os livros de literatura quanto aos livros de crítica literária, de história literária, estudo literária, etc. Você está buscando o quê? Não o conhecimento da história literária, mas você está buscando o desenvolvimento da experiência literária da vida e os elementos da fórmula literária. Que você vai depois usar para você escrever suas coisas. Está aí dado o objeto material, o objeto formal, o objeto formal terminativo. Não há dificuldade alguma nisso aí. Você está entendendo? Não entendeu? Eu entendi isso profissionalmente. Eu não entendi isso, não consegui repetir isso. Por exemplo, eu estou lendo livros de literatura. Bom, eu posso estar lendo, por merda diversão. Eu não tenho nada de fazer. Eu pego lá, sei lá, um livro do William Falkner, do Stoyevski, e vou ler como inspiração, por exemplo. Não é tão diversão, mas é inspiração. Claro que alguma inspiração eu vou obter com aquilo. Mas se eu sou um futuro escritor, um futuro romancista, eu vou aproveitar algo mais disso aí. Eu vou aproveitar primeiro a experiência humana e segundo os modos de narrá-la. É isso? A experiência humana que está nos livros do... Uma coisa é você estar escrevendo sobre um caipirum redneck americano, cheio de ética, protestante da cabeça, e outra coisa é você estar escrevendo sobre um revolucionário russo do século XIX. Então, já são... A diferença da experiência humana já é grande, mas essas duas coisas existem. Fazem parte da realidade humana. E, por isso mesmo, os dois não estão narrando a coisa do mesmo jeito. Por exemplo, em Dostoyevski, você tem parnas e parnas e parnas e parnas, que são de discussão filosófica? Que eram os russo cheios de vodka na cabeça discutindo ideias malucas a noite inteira. Então, você tem um drama intelectual. Você não vê isso no Falkner. Os personagens dele não são tão intelectuais assim. Os dramas dele, às vezes, os camaradas são tão toscos que ele tem que retratar o drama interior deles pelas suas ações exteriores, não diretamente. Ele não tenta refazer o discurso interior do cara. Ele mostra o que o cara está fazendo e você vê então a lógica, a falta de lógica do comportamento, da alma do sujeito no seu comportamento exterior, ao passo que os personagens do Dostoyevski são muito mais intelectualizados. Então, você está vendo duas experiências humanas diferentes, dois modos de narrá-los assim, mas por diante você pode ver outras e outras, e outras e outras experiências. Quando você lê o Bausacre, você vê aquela história daqueles burgueses que se aproveitaram da confusão da Revolução Francesa, pelo sincheiro de dinheiro, comprando os bens da igreja a pressuviu e vendendo por mil vezes mais aquela ambição, aquela fome de dinheiro, aquela experiência humana também, o Bausacre tem lá sua maneira de narrá-lo. Você vê, depois você lê uma Dambovarita, você vê aquela mocinha de classe média com ilusões românticas na cabeça, casada com sujeito chato, tedioso e tal, e que ela se encanta por muito cara. Bom, isso aí também existe, tem que ser contado, não dá para contar nem da maneira do Fócrino, nem da maneira dos Toevsk, tem que ser uma outra. Então você vai ampliando a sua experiência imaginativa da humanidade e ampliando a sua técnica narrativa. Então este é o objeto formal, é aí que você quer chegar. Você não quer escrever uma história da literatura, você não quer escrever uma obra de teoria literária, você quer escrever um romance, um ou vários. E é isso que você está aprendendo ao longo de todo este estudo. Você pode estar estudando as mesmas coisas que um estudante de filologia está estudando, se as nossas obras de literatura, a história literária, a história da língua, etc. Materialmente é a mesma coisa, mas formalmente é diferente e a finalidade também é diferente. Deu para entender? Hugo Cravo, que história nas dos livros digitais, das contas na Amazon, por exemplo. Eu não sei, eu não me dou muito bem com ler na tela. Às vezes é preciso, porque se você tem o livro na tela para você organizar citações, por exemplo, é mais fácil. Eu só uso para isso, que é pegar uma versão em PDF, em Word, etc. Se eu quero usar para citações, é evidente, eu só levo, copiar e colar, fica mais fácil. Eu só uso para isso, mas para ler livros de grande extensão na tela, eu não consigo, se você consegue. Sorte isso. Mas outra coisa, em geral, os livros mais raros você não vai encontrar aqui, de jeito nenhum. Você vai ter que procurar, às vezes, houve livros que eu procurei durante 20 anos. Ou porque estava muito caro, não tinha dinheiro, você esperava baixar o preço. Ver, o livro que você não encontrou na hora que está na sua lista, algo você já sabe dele. Ele já está no seu mapa da ignorância. E você sabe o que ele vai, mais ou menos, o que ele vai te dar quando você puder ler. O mapa da ignorância é a coisa mais preciosa na vida do estudo. O que me falta saber para eu entender aquilo que eu já sei. Alexandre Selts, por senhor, não é a pergunta, apenas um abraço. Desculpe por não incomodar com esse tipo de coisa, mas é que eu admiro muito. Forte abraço, do Selts, e Deus continua a abraçar, a bençoa. A você também, meu irmãozinho. Vai em frente. Hugo Cravo, como enquanto as minhas questões, elas que daram a estrutura os caminhos dos meus estudos, você já tem essas questões, meu Deus do céu. Veja quais são as suas dúvidas, as isistenciais profundas, quais são as suas perplexidades na vida. É ali que está a pista. Não são questões que aparecem, sob a forma de questões filosóficas do científico, mas que aparecem como questões isistenciais da sua vida real. Pode ser alguma coisa assim. Até boboca. Como eu venço a minha timidez, eu digo, ah, isso é um bom começo. Você estuda a história dos grandes tímidos. A vida, sei lá, por exemplo, o Diário de Amiel, mas que ele torço isso. Era um homem tímido, indeciso, incapaz de se comunicar muito bem com as pessoas, então ele comunicar no papel e escrever um livro maravilhoso, que é o Diário dele. Existem inúmeros personagens de tímidos na literatura universal. Vai procurar isso? Ou então, sei lá, porque que nenhuma mulher gosta de mim? Ah, não tem um bom começo, é uma boa pergunta. Existem inúmeros personagens da história literária, as quais aconteceu isso. Vai atrás disso. Pode ser qualquer pergunta da sua realidade, só que você não vai tratar só como da sua realidade. Pessoal, você vai elevá-la ao nível de uma questão digna, referente à história, à sociologia, à psicologia, etc. Eduardo William. Eu falo a respeito de certas jaulas em que podemos nos colocar nós mesmos, mas eu estou como músicos de matemática, como perceber que a porta da jaula está se abrindo? É só você tentar entrar em várias jaulas ao mesmo tempo, não ficar numa só. Então, vamos dizer, é o contraste. O que é o contraste? O que é o contraste? Você fica numa só. Então, vamos dizer, é o contraste que vai vacinar você contra o fascino excessivo. Por isso, aquele autor, é aquela filosofia. Uma coisa fascina no sentido da admiração, você pode adimirar enormemente um certo escritor sem você precisar fazer as suas ideias ao contrário, às vezes por contraste. Você às vezes só chega à sua ideia através de uma ideia contrastante que você absorveu antes. E você tem que ser grato a essa ideia contrastante. Então, eu passei 8 anos da minha vida fazendo marxismo. Depois, eu acabei pensando em coisas diferentes, sobre todos os pontos, mas as minhas ideias só fazem sentido por contraste com aquilo que eu aprendi no marxismo. Então, elas precisam do marxismo de algum modo, superfície de contraste. Então, o martelo me ajudou a formular minhas próprias ideias. Marco Antonio Martins Jr., você recomenda os alunos desse seminar, principalmente os dezenove, que devorem que todas as suas obras no início desse curso, nunca. Nunca. Primeiro, por que? O que você chama de as minhas obras? A parte escrita representa uma parte ínfima do que eu estou ensinando. O essencial do que eu estou ensinando está só neste curso. Não está em livro nenhum. Então, você fazer este curso, te dá um acesso mais direto às minhas ideias do que se você le tudo que eu publiquei. Isso não quer dizer que você não deva ler, mas eu considero que um sujeito, um estudioso muito sério, muito capacitado, conseguir fazer uma exposição de conjunto das minhas ideias do meu ensinamento é um desafio enorme. Primeiro, pelo fato de você não ter a versão escrita. E segundo, porque toda exposição que eu fiz nunca foi uma exposição sistemática. Por exemplo, uma exposição de ocasião, motivador por uma pergunta, por uma situação, ou por uma necessidade didática. Em suma, eu não procurei dar uma ordem interna aos meus pensamentos. Toda ordem é que eu dê externa, causada por motivos puramente externos. Por exemplo, uma coisa é eu dizer algo aqui nesta aula, outra coisa é eu fazer um post do Facebook, uma terceira coisa é eu explicar isso a um amigo meu, uma quarta coisa é escrever um livro a respeito. Então, você tem essas várias abordagens que eu uso todas ao mesmo tempo, e não conseguir dar uma fórmula, não conseguir não nem tentei dar uma fórmula geral escrita para a coisa. Mesmo porque, vamos dizer, o meu objetivo principal não foi a criação de uma obra escrita, foi a criação de uma geração de pessoas. Então, as atividades filosóficas e literárias se mesclaram de tal maneira, com o impulso pedagógico, que esta acaba engolindo as outras. O conjunto que eu fiz, o que que predomina? Educação sem dúvida. Não tanto a filosofia como disciplina em si mesma, mas a filosofia como educação, no sentido do livro do Julius Tensel, Platão como Educador, o grande livro de história da filosofia. Então, você vê que os grandes filósofos são todos educadores, e não raro a forma escrita dos seus ensinamentos e foram sacrificados pela atividade pedagógica. O próprio Platão é um exemplo disso. Sócrates mais ainda, porque ele nunca escreveu um livro, ele só educau pessoas. Então, o que é a obra de Sócrates? Foi o que ele deixou na mente dos seus alunos, principalmente o próprio Platão. Isso acontece com muita frequência. Teve outros que nunca foram professores, como o Lávis, nunca foram professores. Então, o grande parado que ele escreveu é correspondência com amigos, o escrito de ocasião, em suma, os fatores exteriores condicionam muito a forma de expressão que você vai usar. E isso coloca para o intérprete, para o estúdio, é só problemas terríveis. E eu acho que, a minha obra, entre aspas, nesse sentido, ela está muito mais difícil de você reduzir a uma exposição geral do que do Mário Ferro do Santos, pelo menos está tudo escrito. Ou pelo menos está tudo transcrita. Então, é claro que você deve ler as coisas que eu escrevi, mas não deve considerar isso prioritário. Prioritário é você seguir esse curso. Eu acho que não tem nada que eu expliquei nos livros, eu não tenho explicado melhor aqui. Um dia, eu gostaria que tudo isso estivesse transcrito e corrigido com uma forma mais definitiva. Eu não sei se isso será possível, mas de qualquer modo, o trabalho pedagógico está feito. Vocês mesmo são o exemplo. Qual é a minha obra? Minha obra é você, pô, não é os livros. Bom, eu acho que por hoje já deu o que tem que dar, né? Desculpe as perguntas que eu não respondo, mas como diz o Russo, só um idiota se propor responde todas as perguntas. Então, até a semana que vem. Muito obrigado.