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Se todos sejam bem-vindos, vocês devem ter visto no meu Facebook aquele quadro estatístico que na verdade pertence a um trabalho científico ainda não publicado, que está apenas circulando em resumo na internet, a respeito da ascensão e queda do queimédio em várias nações, onde nós vemos que em praticamente todos os países abrangidos, algumas da América, da Europa, da Ásia e da África, em todos os países sem exceção o queimédio subiu. O único onde baixou foi o Brasil e não baixou pouco e vem baixando a pelo menos 40 anos. Então é claro que a queda do queim de uma população implica o decréscimo da sua capacidade de lutar pela vida, de resolver seus problemas, está certo? E portanto isso a meu ver é que vale a um genocídio, a liquidação progressiva e inexorável de uma população. Eu considero evidentemente que todos os responsáveis por esta situação que são diretamente os donos da mídia, os chefes da educação, líderes e chefes da educação nacional, a indústria editorial, os jornalistas, os formadores de opinião são todos responsáveis por isto e são todos criminosos no mais alto grau. Portanto o que quer que se faça contra essa gente é legítima a questão de salvação nacional. Isto é o problema mais sério que o Brasil já teve. Você pensar assim, a corrupção, o perdo de dinheiro público, tudo isto é fichinho, perto do que está acontecendo com a população, com a inteligência da população brasileira, que na vida em que se torna mais bura, se torna também mais enorme, mais inerme, mais incapaz e se torna uma vítima fácil de tudo quanto é, por qualquer problema pequenininho se torna impossível de resolver. Você vê, por exemplo, essa questão da violência endêmica, 70 mil homicídios por ano, que se arrasta aí há 30 anos e ninguém consegue fazer nada. Às vezes não é porque há alguma força secreta resistindo contra isso, é simplesmente que o pessoal não são capazes. Se você não está ao nosso Parlamento inteiro, só tem incapazes, todos eles, praticamente sem exceção, se tiver uma ou duas pessoas de inteligência normal lá, é muito. Porque é claro que o Parlamento sendo eleito ele é uma amostragem da população. E se o que aí da população inteira está caindo, certamente, ou dos políticos está caindo junto. É certo? Políticos, administradores públicos, formadores de opinião, etc., etc., etc. Então, Depois de você começar a ver a corrupção comparada com isso, é um nada. Se você soma o mensalão e petroma, tudo que nós perdemos ali é um nada comparável à perda de capacidade da população. É incapacitar uma pessoa é pior do que matá-la. É certo? Porque, eu disse, morreu, acabou o problema. Você vai perdendo a capacidade, perdendo a capacidade. Você está matando a pessoa aos poucos. E é isso que estão fazendo com o povo brasileiro. Estão matando os brasileiros aos poucos. O incrível é que você vê ali em países palpérrimos, como o Quênia e o Sudão, o que aí subiu, meu Deus do céu. O que está acontecendo no Brasil? Então isso não é coincidência, isso não é fruto de forças históricas anônimas. Isso aí é responsabilidade direta dos planejadores da educação, da mídia, das universidades, etc., etc., etc. Então se verem pra cima de mim com conversa de combate à corrupção, eu vou mandar pastar, porque isso aí não é problema. É onde a queda da capacidade do povo brasileiro explica isso imediatamente. Então é natural que a medida que um povo vai perdendo sua capacidade, ele apele para os meios mais fáceis e disponíveis para se salvar de uma situação. Inclusive, roubar a mentira, passear, quer dizer, é claro que se cai o que aí, a moral, cai junto. Isso não afeta, se traça, se queie imédio, portanto não se trata de miséria, porque a miséria no país efetivamente diminuiu, não se traça sequer, falta de escolaridade, porque hoje em dia praticamente não há crianças fora das escolas no Brasil. Hoje nós temos excesso de vagas nas escolas, está cabendo mais crianças do que tem no Brasil. Então não é esse o problema. O problema é o conteúdo que está sendo ensinado. Se alguém falar que precisamos investir em educação, investimento em educação já é monstruoso no Brasil. Não é isso que falta, que falta meu dinheiro, que falta noção escolas, que falta noção professores. O problema são os conteúdos que estão sendo transmitidos, que parecem realmente calculados para imbecilizar as pessoas. Quando a gente usa o verbo imbecilizar, não é força de expressão, não é hiperbola, é uma coisa, um fato bruto de ordem material. Muito bem. E isto tem algo remotamente a ver com aquilo que havia planejado para ser a aula de hoje. E o tema da aula de hoje seria o seguinte. Numa sociedade como a brasileira, que está em pleno declínio das suas capacidades, é de se esperar que as pessoas entendam a vida real como uma coisa, vamos dizer, como um conjunto de atividades voltadas à sobrevivência imediata e a cultura como espécie de um adorno que você coloca em cima ou como um instrumento para você conseguir um emprego melhor. Está cheio de maneira aqui. Entre a vida real e a cultura você tem um abismo. Ora, acontece que todos os nossos problemas diários, nossas dificuldades que nós enfrentamos no nosso emprego, as discussões que temos em família, a relação com os amigos, etc. Tudo isso se baseia num certo repertor de ideias que certamente, com certeza, não foi o povoão que criou. Todas as ideias de circulação vem de filósofres e escritores de outras épocas, filtradas, simplificadas, deformadas, etc. Mas a sua origem é essa. A totalidade das ideias circulantes da humanidade foi criada por um número relativamente pequeno de pessoas e elas se espalham de tal modo que você as recebe e as repete, passa adiante sem saber de onde vieram. Muitas vezes acreditando que foi você mesmo que as inventou, mas basta um pouco de conhecimento, vamos dizer, da sociologia da opinião para você saber que todas as opiniões circulantes têm origens históricas, confirmando aquilo que diz o Augusto Compte, que a vida dos vivos é cada vez mais governada por filósofres mortos. Então, mas ainda, outro dia eu coloquei ali uma coisa que eu vi no Aerocovegrin, ele dizia que logo quando ele era jovem ele aprendeu com o Max Weber que ninguém pode ser um cientista social sem ele ter um suficiente conhecimento comparativo de várias civilizações do Oriente e do Ocidente tomado em várias épocas do seu desenvolvimento. Coisa que o Max Weber tinha, você vê os estudos dele sobre a religião da Índia, da China, sobre as origens do capitalismo e do protestantismo, etc. Mostram, mas é um conhecimento comparativo imenso. Às vezes até em detalhes, por exemplo, na música do Oriente e do Ocidente, então não faltava conhecimento, o Max Weber e o Aerocovegrin, muito menos. E eu vi que nesse sentido não havia, no Brasil, nenhum cientista social, porque só tinha havido três. Os três eram Gilberto Freire, Luís da Câmara Cascudo e o Alberto Guerreiro Ramos, que não vale porque fez a carreira praticamente fora do Brasil. Os outros não são cientistas sociais. FHC não é um cientista social, ele é apenas um bacharel em seres sociais. Nunca foi um cientista social, nem ele, nem Floresta Fernandes, nem nenhum desses palpiteiros que estão por aí. O Weber tinha toda a razão, se você não tem esse conhecimento comparativo das civilizações, você não tem a medida do que acontece. Você é incapaz de discernir a gravidade, a extensão relativa dos fenômenos que estão na sua frente porque você não tem o campo comparativo do passado. E se você pegar hoje a totalidade dos opinadores que estão aí em circulação dos chamados formadores de opinião, eles também não têm essa formação. Então, não tem nada. Então, esse é um povo cujo que aí está decaindo e que está sendo dirigido por cegos. Cegos, burros, idiotas, incapazes. E essa situação está se agravando dia a dia. Não há nada mais grave que ter acontecido no Brasil, nem os homicídios, porque os homicídios também são efeito disso. A queda do que aí começou muito antes da ascensão da criminalidade. Você pode datá-la pelo menos, pelo menos da década de 60. Então, e curiosamente, este decréscimo do cossum de inteligência coincide com a expansão do aparato educacional, não com a sua retração. Você vê aqui ainda no tempo dos militares, eles abriam a escola e tudo conta a esquina. Naquela época, vi o problema dos excedentes, dos estudantes que eram aprovados no vestibular, mas não tinham vaga na universidade. Então, você tinha o direito, mas você não tinha garantia efetiva de poder fragmentar a universidade. Então, eles abriam a universidade, tudo quanto é lugar. E, desde então, a escolaridade no Brasil aumentou muito. E este fato me leva à conclusão de que o problema não são os meios materiais de educação, mas o conteúdo, o problema não é o hardware, é o software de educação. Nessa circunstância, é normal que as pessoas não tenham a menor ideia da origem das suas opiniões. Simplesmente, houve algum lugar, repete pensando que é dele mesmo. E, portanto, está todo mundo perdido no tempo histórico, eles não sabem aonde estão historicamente. Como é que um povo assim pode decidir as suas coisas? Quando você pegar os americanos, em geral, pelo menos uma certa ideia da evolução histórica dos Estados Unidos, os cidadãos americanos, digamos, de entre 40 e 60 anos têm. A geração mais nova já não tem muito, mas, para você pegar pessoas entre 40 e 70, eles têm ideia da declaração de independência, da guerra civil, da participação dos Estados Unidos nas duas guerras mundiais, da guerra da Coreia, da guerra do Vietnam, do assassinato do Kennedy. Eles sabem essas coisas, eles têm essa referência. No Brasil não tem nem isso, meu filho. Se você perguntar para o Brasil, quem ganhou a guerra do Paraguai, ele não sabe. Quais dos exércitos estavam lutando na guerra do Paraguai? Ele não sabe. Você viu quando o pessoal, aí, de Santos, decidiu fazer o filme sobre o Zebra Unifácio, Rafael Nogueira, Mauro Ventura, outros, eles entendiam isso como uma obra de salvação nacional, porque o Zebra Unifácio foi o truíto que inventou o Brasil. O Brasil como nação foi realmente uma invenção pessoal de Zebra Unifácio. E se você procurar aqui nos Estados Unidos, você tem milhares de edições dos escritos, por exemplo, de Thomas Jefferson. Ele mesmo tem aqui publicado pela Library of America, que é altamente popular, em todo lugar que você vai ter livro Thomas Jefferson, que o pessoal sabe o que ele disse, o que ele pensou. Após que o Zebra Unifácio tem que ter melhor ideia do que o homem pensou. Então é um povo que está perdido não só dentro, antes do quadro maior da história da civilização como um todo, mas dentro da história do seu próprio país. Como é que as pessoas assim podem tomar decisões, meu Deus do céu? É por isso que a gente vê toda hora as pessoas adotarem modas que eram de 60 anos atrás, acredito, porque elas estão fazendo uma grande novidade, porque agora modas, garotas, não rasparem as pernas. Eu falei, mas eu vi esse igualzinho nos anos 60, pernas e sovacos. Outro dia o Neguil escreveu para mim o seguinte, você não sabe nada, você precisa ler as veias abertas da América Latina. Mas eu li esse livro quando eu tinha de seis, sete anos, e esse livro é uma porcaria, eu superei isso, o autor já disse com o livro uma porcaria e vê um garoto assim crente que ele está me dizendo uma grande novidade. Olha, 80% do que eu vejo acontecer é retro, tudo isso já foi feito nos anos 60, a gente vê de novo, tá certo? Quantas ideias circulantes, outro dia apareceu um livro extraordinário na França dizendo com o título, os anos 30 estão de volta. Esse Neesfer Intellectual também você está voltando as ideias dos anos 30. Isso não quer dizer que a situação hoje seja dos anos 30. Quer dizer que as pessoas estão interpretando a vida atual em termos que serviam para uma outra época. Outro dia eu vi um historiador russo dando uma entrevista que eu achei espetacular, ele diz a maior parte das teorias sociais surge quando os fenômenos que elas explicam estão no fim. Então quer dizer, elas não servem regularizamente nada, elas explicam o passado até aquele ponto e para dentro não servem. Se você pegar, por exemplo, as transformações do capitalismo desde o tempo do Karl Marx, Karl Marx explicou relativamente bem o capitalismo da Inglaterra e da França entre os anos 20 e 30 do século 19, 1820 e 1830. A teoria Andrea até que descreve direitinho, só que na época dele o capitalismo já estava mudando completamente e hoje é outra coisa completamente até antagônica ao que ele escreveu. Então isso já, vamos dizer, está defasando, o tempo já é normal, é quase que permanente, mas num país como o Brasil essa defasar chega a ser catastrófica. Ninguém sabe onde está historicamente, ninguém sabe do que está falando. E quando eu falo ninguém, não é uma força de expressão, é ninguém mesmo, materialmente, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0. Se você ler todas as opiniões de circulação durante uma semana, você vê que nenhuma delas tem nada a ver com a realidade, é tudo coisa subjetiva, inventada, frequentemente é por o Wishful thinking, a pessoa quer que as coisas serem assim. E daí surgem fenômenos como dos três patetas, que são evidentemente todos os três idiotas preparados completamente e que vão dizer que tem milhares de admiradores. Se a gente chega lá e fala como o Mauro Cernutela, a finalidade da filosofia é despertar a suspeita. Ele ouviu falar que havia uma técnica da suspeita que veio com Descartes e depois fez grandes progresso com Marx, Nietzsche e Freud e sai repetindo isso aí. Mas em primeiro lugar, a filosofia não existe para despertar a suspeita, ela lida com as suspeitas já existentes, com dúvidas já existentes de algum modo, e mais ainda quando Descartes colocar tudo em dúvida, ele não está se referindo a tudo, ele está se referindo ao campo de investigação filosófica dele. Colocar tudo em dúvida é absolutamente impossível, é uma frase que não faz menor sentido, é impossível você formular uma dúvida sem você montá-la em cima de uma montanha de certezas que você não vai questionar naquele momento. Então, do jeito que ele fala isso, ele está propondo uma coisa que é impossível de realizar, que é apenas uma frase, uma bolha de sabão verbal para impressionar a plateia e que não vai exercer a mais mínima influência sobre ninguém. O efeito dessa frase é apenas arrancar aplausos no momento, aquilo não gruda, não vai aprofundar nas pessoas porque não dá para fazer. Será que ele espera que se ele fala para uma plateia de 300 pessoas, as 300 pessoas vão sair dali duvidando de tudo, suspeitando de tudo? É claro que não, porque mesmo ele não consegue fazer isso. Então, por exemplo, se você diz a finalidade da filosofia é essa ou aquela, você está afirmando que a filosofia tem uma finalidade, prove que ela tem uma finalidade. Nós não sabemos se ela tem, isso teria uma tera de investigação? Não, desuspeita mais de investigação. Outra coisa, quando você fala a filosofia, existem milhares de filósofos, em cada um deles tem um conceito diferente da filosofia. O que você está falando se aplica a todos eles ou é apenas uma ideia sua? O que você chama de filosofia é o que digamos, Plotino chamaria de filosofia, Karl Marx chamaria de filosofia, Nietzsche chamaria de filosofia. Eu tenho certeza suficiente de que a minha definição da filosofia, como unidade do conhecimento menor, unidade consciência e vice-versa, se aplica a todos os filósofos independentemente de quais são as suas doutrinas. Mas você dizer que a filosofia se destina, a finalidade dela é despertar o suspeito, bate de frente já com uma off filósofo do Ocidente que foi Lámenis, Lámenis dizia o seguinte, eu acredito em tudo quanto eu leio. Quer dizer que o método heurístico do Lámenis era o contrário do Descartes, em vez de botar tudo em dúvida, nós acreditamos em tudo para ver o que dá. Funciona também, funciona tanto quanto a suspeita. Por exemplo, se você é um policial, um delegado de polícia, você está investigando um crime, tanto faz você suspeitar de todas as testemunhas ou acreditar piamente em todas elas. O processo vai ser exatamente o mesmo. Aliás, você tem até a obrigação de acreditar em todas, você não pode suspeitar em vão de ninguém. Então você nem suspeita e nem acredita, você se enlumete, aceita os depoimentos como eles veem. Então isso quer dizer que o camarado quando diz um trecho desse, ele está falando no vazio, ele não sabe o que está falando, ele não se perguntou o que aquilo quer dizer, ele apenas achou uma frase bonita e repetiu. Esse tipo de coisa acontece o tempo todo em tudo quanto é debate nacional, em tudo quanto é editorial, em tudo quanto é artigo do jornal, em tudo quanto é tese universitário. E não é de espantar que a camada mais intelectualizada esteja assim, porque ela faz para da nação. E o que é dela também está caindo junto. Então eu tenho enfatizado muito a destruição da alta cultura no Brasil, mas não foi só alta cultura. Se você não, nós não temos mais criatividade literária ou filosófica, mas nós temos capacidade técnica, nós temos excelentes engenheiros, excelentes varradores de rua, excelentes engraxates. Não, nós não temos nada disso. Nós temos um ban de incapazes perdidos no tempo e no espaço. Sendo assim, é normal que as pessoas não saibam para mais a origem das ideias delas. E também a origem da própria imagem que elas têm de si mesmas, está certo? No seu sentido vamos dizer, mais íntimo, mais cotidiano. Então eu levantei outro dia o problema é o seguinte. Hoje em dia a maior parte das pessoas não só no Brasil, mas em todo o Ocidente, tem uma visão da sua própria identidade centrada na continuidade do seu corpo físico. É por aí que elas se reconhecem. E vamos dizer, as ideias, as emoções, os sentimentos e etc. Vão passando por isso aí como uma água que passa por um pote, entao para um lado e sai pelo outro. E de onde veio essa ideia? De que a realidade primária que se oferece a nós é a realidade material. De que em cima, às vezes existe um mundo mental, espiritual, cultural etc. Sabe que você quer evanescente? E que pode até ser explicado, pode até levantar a questão de se ele existe em si mesmo, se ele é um fruto de processos materiais ou corporais ou qualquer. De onde veio essa ideia? Rastriando, nós vemos que na filosofia psicológica, em Santo Tomás de Aquino, por exemplo, ele parte daquele famoso axioma de Aristótia, que Aristótia jamais formulou nessas palavras, mas que em certo modo resume uma boa parte do pensamento dele, de que nada está no intelecto que primeiro não tenha passado pelos sentidos. Qual que lá respondeu? Exceto o próprio intelecto. O intelecto não chega a nós como um dado dos sentidos, ele antecede os dados dos sentidos. Então, o que Santo Tomás de Aquino estava explicando não é a origem real das nossas ideias, não é um processo psicológico, mas é um processo lógico de validação das ideias. Isso aqui é atilando e fundamental. Quando você pensava em a psicologia do conhecimento, ela não aparece, o primeiro cara que tenta lidou com isso foi John Locke, que não é um grande filósofo, um filósofo até medio, mas ele tem esse mérito e ele ter esboçado pela primeira vez o que nós estamos fazendo na psicologia evolutiva, é uma evolução do como evolui no tempo o aparato cognitivo do ser humano. Não é disso que Santo Tomás de Aquino está falando e não é disso que Aristótia está falando. Eles não estão falando do processo psicológico real do conhecimento e sim do processo da sua validação lógica e nesse sentido é claro, as ideias abstratas têm o seu fundamento em dados dos sentidos. Isso não quer dizer que a nossa experiência primária da realidade se constitua eminentemente ou só de dados dos sentidos, há outras coisas também. Se você vasculhar os documentos históricos de várias épocas e civilizações, você verá que não existe nenhum ser humano cuja presença tenha sido atestada por tantas pessoas em tantos lugares quanto o diabo. Existe mais depoimentos de pessoas que viram o diabo do que de pessoas que viram Napoleão Bonaparte e não só o diabo, também anjos, Jesus Cristo, Santíssima Virgem etc etc, você tem milhares de depoimentos. Ora, você acha que você é tão mais inteligente do que todos os homens das épocas passadas, pode dizer, não é tudo alucinação ou crença? E você averigou se ela alucinação ou crença? Você não averigou nada? Então pode dizer, o seu próprio senso da superoridade que é totalmente ilusório, vigora como critério para você interpretar toda a história anterior da humanidade. Tudo sim é que é alucinação. Então se eu vejo depoimentos de muitas épocas e lugares diferentes, de que as pessoas viram alguém, bom, não me cabe impugnar tudo isso de uma vez só baseado no meu senso de superoridade, mas eu tenho que averiguar, será que eles viram mesmo? Que raio de experiência é esta? Isso já aconteceu que a partir da teoria escolástica da abstração, que parte, vamos dizer, da presença imediata dos dados, dos sentidos para depois se elevar aos conceitos gerais mais abstratos, René Descartes dá um passo adiante e diz que existem dois tipos de substâncias, como é que eu ia dizer dois tipos de coisas? Um que ele chama substância extensa, que são os corpos que têm propriedades mensuráveis, extensão, peso, etc. E outra coisa que ele chama substância pensante, que eu não sei exatamente o que é, é que ele identifica com a sua autoconsciência imediata, famoso penso logo existe, quer dizer, eu sei o que eu estou pensando, portanto, eu existo. Agora, que essas duas coisas fossem igualmente substâncias, foi seguida colocada em dúvida, com muita habilidade por dentro de que homem. Ele diz, olha, eu tenho percepções, tenho sensações, tenho pensamentos, tenho emoções, etc., mas eu não tenho nenhuma prova de que existam um eu por trás de tudo isso. Eu ver que as emoções passam por mim, as sensações passam por mim, etc., e isso é que, cadê o tal do eu? Cadê o eu pensante do Descartes? O eu substantivo de que falava o Descartes? Então essas objeções são realmente irrespondíveis, sob certo aspecto. Você vê que no capítulo seguinte, o Cântio e o Idealismo Alemão de Mó General tentam restaurar a noção do eu pensante, afirmando a prioridade da estrutura do nosso conhecimento sobre o objeto conhecido. Tudo que conhecemos é de acordo com a nossa estrutura do pensamento, portanto a estrutura do pensamento não depende de nada externo. Ela é o aprior, ela é ela que vem antes de tudo. E isso, evidentemente, tem o mérito de impugnar parcialmente, pelo menos, as objeções de David Yom. Quer dizer, a existência de um eu cognoscente é uma necessidade absoluta, se existe o conhecimento, o eu cognoscente, embora nós não possamos experienciá-lo do mesmo jeito que experienciamos o órgão do sentido, eu não posso ver o meu eu, não posso pegar ele, etc., etc., mas é absolutamente necessário que eu tenha algum aparato cognitivo que é anterior a cada objeto do conhecimento. Agora, por exemplo, eu estou vendo esta câmera, mas eu estou vendo com o mesmo olhos que eu estava vendo a rua, o carro, etc., etc. Portanto, o funcionamento disso é que não depende da presença desta câmera e da presença de nada que eu estou vendo agora. Então, é claro que o idealismo alemão, especialmente Kant, exagera essa prioridade da mente cognoscente dizendo que nós só conhecemos aquilo que está de acordo com a estrutura dela e, portanto, tudo que conhecemos está condicionado a essa estrutura e é balizado por ela. Portanto, não sabemos o que as coisas são em si mesmo, só sabemos o que elas oferecem e que seja comproporcionado a nossa estrutura de conhecimento. Bom, eu acho que dizer isso não dizer nada é exatamente a mesma coisa, é a mesma coisa que dizer, bom, eu só vejo coisas dos meus olhos e, portanto, aquilo que os meus olhos não alcançam, eu não vejo. Não parece uma grande novidade, mas como tese filosófica teve consequências devastadoras. Acontece que, ao mesmo tempo em que Kant está dizendo isso, começa o progresso das ciências históricas e sociais no século 19, ciências históricas sobre tudo com Leopoldo von Ranck e ciências sociais sobretudo com Emilio de Orkheim e o próprio Karl Marx. Ah, ciências sociais fazem um sucesso enorme e começam a proliferar em, vamos dizer, faculdades de sociologia, de economia, de antropologia, etc. E daí suja a palavra mágica que se chama cultura. Então, a coisa fica assim dividida. Bom, nós temos certeza da existência dos objetos corporais, porque nós os vemos, tocamos, etc. E por outro lado, existem o trecho chamado cultura, que é o conjunto do que nós pensamos e imaginamos a respeito. O mundo, então, passa a se constituir somente disto. Corpo e cultura, ou natureza e cultura. Ou, como diz os americanos, nature e nurture. Nurture é aquilo que você recebeu. Ora, a imagem que as pessoas têm de si, vemos exatamente uma cópia dessa tradição cultural, que é o que as pessoas vendem de si mesmas, é exatamente isso. Um corpo e um conjunto de vivências psicológicas que são, pertencem a cultura, são em vendições humanas, criações humanas, de algum modo. Ora, acontece que você sabe que o seu corpo muda ao longo do tempo. Você hoje não tem a mesma aparência que tinha os três anos de idade. Ora, nós sabemos que todas as células do nosso corpo foram trocadas várias vezes, e só o que sobrou é uma forma abstrata, essa continua mesmo, mas o corpo já não é mais o mesmo, com certeza. Então, o seu corpo também é uma coisa evanescente. Quem quer que fique velho percebe isso? O corpo certamente já não é o mesmo. Vamos dizer, e a sua auto-image, os seus pensamentos sobre si mesmas, eles são parte da cultura. Então isso quer dizer que a auto-image que você tem de você mesma como pessoa, dela certamente não vem com o seu corpo, ela é dada pela cultura, quer a mesma coisa que você tem, quer dizer, é dada pelas outras pessoas, pela educação que você recebeu, pela influência que chegaram até você, pelas informações recebidas, etc. Ou seja, tudo que você sabe de você e a sua auto-image foi criada pelos outros. Mas esses outros também não têm outra auto-image, senão aquela que receberam da cultura. Então a sua auto-image, já que você não tem nenhuma, é dada por pessoas que também não têm nenhuma, é nisso que nós chegamos. Ninguém tem uma identidade e as pessoas que não têm identidade me deram a minha, me chamando pelo meu nome, por exemplo, como chamava-se sempre pelo meu nome, que acaba como pelo endereco comigo. Pessoal, eu acho que isso é impossível. Por que? Se eu não tivesse nenhuma noção do que isso é eu, como é que eu ia associar um nome a um eu inexistente? O nome por si mesmo não teria a capacidade de formar esse eu. Então você ver que o que as pessoas pensam de si mesmas quando elas dizem a palavra eu é uma bolha de sabão. E isso vem de uma evolução filosófica de séculos. E é nisso que chegamos. Então, eu estava pensando tudo isso, estou pensando tudo isso há muito tempo. Eu comecei a pensar no dia em que o falecido Orlando Vila Buas me contou uma história. Ele disse que em uma certa tribo do Xingu, duas crianças haviam desaparecido no mato. Então chamaram a Funa, chamaram o Exército, chamaram a Fábio, chamaram todo mundo, até se ia procurar as crianças e vasculhar tudo e não achar. Daí eu vi antes que em uma outra tribo tinha um pajé que localizava qualquer coisa perdida. Chamaram o pajé, botaram uma oca, a minha reunião todo mundo ali. E o pajé foi lá, fez sua macumbinha, sua resa e disse quando eu terminar aqui as crianças vão estar aí na porta da oca. E dito e feito. Aí na hora que ele terminou, todo mundo iria estar com as crianças na porta. Isso já é meio assustador, porém mais tarde aconteceu, uma coisa pior. Aconteceu como na certa região do norte do Brasil, houve uma seca miserável, estava matando todo o gado, as plantações estavam queimando, estavam desgraças. Isso foi no tempo do governo Fernando Henrique. Tentaram tudo, tentaram produzir chuva, não conseguiam. Tentaram todos os métodos científicos, nada funcionou. Daí eu vi dizer que tinha a dupla de pajés que sabia fazer, chover. E chamaram os pajés. Os pajés foram lá em Brasília, fizeram lá, no Rio de Janeiro, quando eles terminaram falam, vamos sair daqui que vai cair o modo tempestade. E de fato, dito e feito. Daí evidentemente apareceu um monte de artigos eruditos sobre a cultura indígena. Diz de quando a cultura faz chover. Então é o seguinte. Ou esses índios tinham algum domínio efetivo sobre forças sutis da natureza, ou a coisa não aconteceria. Se você explicasse, rito apenas com uma criação cultural deles, não é isso. Mas o problema não é ser uma criação cultural. É saber se essa criação cultural reflete algo dos processos efetivos pelos quais as pessoas são localizadas no espaço ou a chuva se produz ou não. Esse é o problema. Até escrevi um artigo a respeito dizendo, olha, todos eles estão dando palpite, vocês não entendem nada. Vocês estão analisando a cultura indígena, os dois índios sabem fazer chover, você não sabe. Se você entende tanto do assunto, então faz você chover. Eu não sei fazer, então. Tem que admitir. Olha, eu não sei como é que faz, mas ele sabe. Isso quer dizer que essa cultura conservou algum controle do conhecimento de forças invisíveis. Não são forças necessariamente angélicas, nem demonias, que são aquilo que Santo Tomás chama a força sultís da natureza, mas algum conhecimento disso elas têm. E essas forças realmente não são visíveis, mas elas estão presentes. Elas não estão presentes para o corpo físico, mas algo no ser humano permite tomar conhecimento delas, adquirir algum conhecimento e localizar pessoas desaparecidas ou fazer chover. Então eu comecei a me interessar por esta coisa e um dia eu descobri e falei, olha, existem mais depoimentos sobre a presença do diabo do que de qualquer pessoa. Então como é possível isso? Isso significa em outras épocas ou em algumas culturas primitivas ainda hoje, as pessoas têm uma imagem de si mesmas, não como um corpo no qual se acrescentou a cultura em cima, mas como uma totalidade de funções que abrange o visível e o invisível. E no qual os elementos invisíveis estão tão presentes quanto os visíveis e às vezes se tornam visíveis, ou seja, nessas épocas e culturas as pessoas não precisavam sequer ver o demônio para saber quando ele está agindo e não precisavam ver os anjos para saber quando os anjos estão agindo. Elas estavam ligadas nisso, porque elas estavam ligadas? Porque a imagem que elas tinham delas mesmas não separava o corpo e cultura dessa maneira. Não era assim uma entidade corporal física na qual se colocou em cima algumas ideias. Não era isso. Era a ideia de uma alma vivente na completude das suas funções. Então entende? Agora quando o santo agustinho diz, nole fora ire, in interior, homens habitantes, não vá para fora, a verdade está no interior do homem, o que quer dizer esse interior, meu Deus do céu? Isso é uma boa aventura de que nós podemos conhecer Deus em três etapas. Em primeiro lugar, nós o vemos agindo na natureza física. Então começa aí essa ação de Deus sobre a natureza física já se tornou invisível. Por que? Porque Deus é um elemento de cultura, é uma crença. Então é algo que está só na nossa mente e não existe portanto, não há. Ou seja, excluída a hipótese de Deus a priori, quando você verifica acontecimentos de ordem miraculosa, o máximo que você pode dizer deles é o seguinte, não tem explicação científica. E a falta de explicação científica passa a funcionar como causa do acontecimento. Você quer uma coisa mais absurda e mais estúpida do que essa? Quer dizer, a causa de tal acontecimento é porque você não sabe a causa. Ora, se você procurar aquela minha aula sobre o que é um milagre, vocês vão ver que essas pessoas estão estudando não são os fatos miraculos em si, mas a redução desses fatos há uma definição prévia. Por exemplo, está aqui um sujeito, ele tinha câncer e o câncer sumiu sem nenhuma intervenção humana. Há uma certa quantidade de câncer que são anos auto-remissivos. Até o falecido Darcy Ribeiro, quando estava no hospital, estava com câncer e disseram para ele, ó, 30% dessas casas são auto-remissivos, ele disse imediatamente, tonessa, e saiu do hospital e foi para casa e de fato. Três meses depois ele estava curado. Pode ser isso, mas pode ser outra coisa também. Então ao estudar um milagre, você tem que ver a conexão inteira do acontecimento concreto com todos os seus componentes e não somente aquela parte dele que coincide com outros casos similares acontecidos de maneira não miraculosa. Então, por exemplo, há todos os tipos de cura do câncer que existem, eu digo, existem vários tipos de cura do câncer, algumas dos quais nós chamamos de miraculosas porque elas são atribuídas a uma ação divina e não a uma ação humana ou a uma mecânica natural qualquer. Eu digo muito bem, você não está pegando o acontecimento em si mesmo, você está reduzindo a expressão de uma causa pressuposta. Eu digo, antes de você saber se um milagre é miraculoso mesmo, se ele foi causado por Deus pelo acaso ou por alguma força natural conhecida, você precisa descrever o fato, ou seja, antes do porquê você tem que ter o ok. E quando você descreve um fato miraculoso na sua totalidade, para você pegar o fato daquele episódio narrado pelo Dr. Ricardo Castanhon da Óstia que Sangra, foi uma óstia que caiu no chão, essa é a primeira que ele estudou, uma óstia que caiu no chão e a igreja manda nesses casos pegar a óstia e jogar dentro d'água e esperar que ela se dissolva, não jogá-la fora e nem usá-la. E o Pado fez isso e quando ele foi virar a água estava vermelha. Ele chamou do Dr. Ricardo Castanhon que era um médico para ver se ele tinha alguma explicação para isso, ele não tinha explicação. Ele começou a fazer exames daquele líquido, então o primeiro lugar era Sangra. Ele pegou, levou nos melhores laboratórios que há no mundo e os caras descobriram que não só mentira sangue, mas as células do sangue estavam vivas. Segundo, elas mostravam sangue, que era uma célula cardíaca e essas células eram de um paciente que tinha tido sofrimento cardíaco, medonho, mas elas estavam vivas ainda. E evidentemente quando o Dr. Castanhon falou ao homem do laboratório que é um famoso patologista americano, falei isso aí, saiu de uma óstia, o homem quase caiu de costa. Ora o que que é isso aí? É um sangue que há numa óstia e que foi examinado, não, isso aí é só o conceito obstrato da coisa, o milagre começa na hora que a óstia caiu no chão e termina quando o Dr. Castanhon conta para o homem do laboratório que era sangue de uma óstia. Tudo isso tem que ser visto junto. Então é claro que esse acontecimento concreto, tomado na sua totalidade, ele por definição não tem nenhuma explicação científica porque não existe nenhuma explicação científica de nenhum fato concreto. Só existem explicações científicas de recordes abstrativos feitos de acordo com o ponto de vista perspectiva daquela ciência em particular. Então isso quer dizer que a ausência de explicação científica não quer dizer absolutamente nada. O caráter miraculoso do fato tem que ser observado por outro lado. Ou seja, tem que ver o que esse fato comunica. Tem que ver o significado que está dentro do acontecimento, pelo qual ele aparece, vamos dizer, como uma expressão de uma intencionalidade. Ou seja, ele tem que ser examinado do ponto de vista semiótico em primeiro lugar, não do ponto de vista neurobiológico ou neuroquímico como quiserem. Isso aí são só componentes, são aspectos do fato e não o fato propriamente dito. E acontece o seguinte, que o estudo semiótico dos milagres simplesmente não existe, é uma disciplina inexistente. Eu sei que ela precisa existir e eu, se eu tivesse 40 anos pela frente para trabalhar, eu criaria essa disciplina, mas não vai haver tempo. A ideia é me ocorrer um pouquinho tarde. Então nós temos um problema seguinte, nós estamos numa cultura onde todos nós somos transformados em corpos que recebem uma identidade de uma cultura criada por outra pessoa que também não tem identidade. Nós estamos nessa situação. Ora, se a nossa identidade vem da nossa cultura e nós sabemos que os produtos culturais são mutáveis e relativos, então evidentemente toda a nossa alta imagem é relativa à cultura onde estamos e os produtos culturais, por definição, são arbitrários, eles podem ser de um jeito, podem ser do outro. Todos nós sabendo que aquilo que é proibido numa cultura pode ser obrigatório na outra e assim por dentro, então caímos no relativismo cultural que muda portanto a nossa própria imagem de nós mesmos. Ou seja, se eu não tenho nenhuma identidade, eu não tenho nenhum eu substancial, então o meu eu é simplesmente emprestado pela cultura, não é a espadeira ser emprestado por outra cultura, nada impede que eu peça essa cultura, alguns elemés de impréscimo e mude a minha alta imagem conforme outros elementos culturais. Essa relativização da imagem do eu vai até o ponto daquilo que nós chamamos hoje de ideologia de gênero, em que a identidade sexual do sujeito não tem mais nada a ver com a forma do seu corpo. Ele pega elementos culturais, costurma outras identidades, agora eu sou e estou a sua aqui. Ver, tudo isso começa lá pra trás, começa com a teoria da abstração do zicológico, passa por o Enredicardo, passa por David 1, passa por Cante, passa por emergência da ciência social no século 19, termina aqui. Há veria alguma outra alternativa? Claro que haveria, nós podemos aproveitar essa imensa experiência de outras épocas e civilizações nas quais a alta imagem humana não era de um corpo adornado por uma cultura, mas era de uma alma vivente tomada na totalidade das suas funções. Bom, mudar a cultura atuaria de Vicílio pode levar muitas gerações, sem gerações, dos zeta gerações, assim como o processo de formação da alta imagem moderna, levou vários séculos, começa lá no meio da escola e vai se agravando com o tempo. Mas nós podemos mudar nossa percepção pessoal das coisas. Como é que eu faço para eu mesmo parar de me ver apenas como um corpo adornado de uma cultura e me ver com uma alma vivente aberta para a totalidade das minhas percepções sem perder a minha identidade? Então, primeiro lugar, não é o ego cartesiano, não é o ego cartesiano, também é abstrativo e também não é real, ele é apenas a função cognitiva num instante em que ela se exerce. Claro que isso não existe, ele fala o penso logo existe, eu digo bom, mas se só começou a existir agora, começou a pensar, se não existia antes, não aprendeu a língua francesa para você poder raciocinar em francês, etc. Então isso não é o ego real. O ego substancial é aquele que permanece no tempo e se ele não existisse, todas as demais funções serem impossíveis, até a sua memória serem impossíveis, porque se você se lembra de algo que aconteceu, bom, que prova você tem que acontecer a você ou de que você acabou de inventar aquilo, você não tem nenhum. Então a inexistência do ego substancial leva a conclusões absolutamente catastróficas e incongruentes, inclusive de sustentar, mas por outro lado nós não sabemos exatamente o que é o ego substancial. Nem saberemos jamais enquanto continuamos nos olhando no espelho dessa concepção que divide tudo em natureza e cultura. Existem várias maneiras de você superar isso, uma delas é você integrar na sua autoimagem o senso das formas, porque se você pensar bem, essa imagem que consiste a complemento de natureza e cultura, ela desmembra a forma essencial, mas na forma real, substantiva a sua humana em dois conceitos abstratos, o seu corpo tomado como... Houve algum dia que você tivesse algum corpo sem nenhuma vida interior? Não, desde que você nasceu você tem isso, e até você morreu, você tem isso. Então você nunca teve o corpo sem a mente e neamente seu corpo, você nunca teve isso, isso não faz para da experiência humana, essas são abstrações posteriores, coisas que você separa mentalmente e em seguida você começa a ver as coisas como se ela estivesse realmente separado, você pega uma abstração mental e a transforma em um simuláculo de percepção. Isso quer dizer que você não tem mais o sentido da forma real da sua existência como alma vivente. Isso não é fácil de pegar? Por que? Porque hoje em dia tudo é feito para você perder o sentido da forma. Se você pega todos os pensamentos e percepções, como o fruto da cultura, todas elas se tornam ideias e elas podem ser relativizadas como ideias, elas podem ser contestadas como ideias. Por exemplo, a ideia do gênero, você transforma numa teoria e você contesta essa teoria, pronto, acabou. Mas acontece que a percepção do sexo não é uma teoria, ela é uma realidade patente desde o início e acontece em algum sexo você percebeu, desde o início, você percebeu o seu e percebeu o dos outros. Você nega a sua identidade de gênero no instante em que você modela a sua auto-image não pela forma do seu corpo, mas pela forma de outro corpo. Por exemplo, se você nasceu com um pipi ou uma xoxota, você nasceu com um pipi ou xoxote, você não pode mudar isso aí. Mas você pode formar a sua imagem pelo corpo do papai ou da mamãe. Por que? Porque o papai e a mamãe ocupam mais espaço na sua imaginação do que o seu próprio corpo. A presença deles é mais impressionante para você do que a sua própria presença. Então você se modela por aquele que é mais fisicamente mais parecido ou por aquele que por este ou aquele motivo se tornou mais atraente para você. De qualquer modo, a sua mudança de identidade de gênero é baseada numa percepção corporal, anterior. Percebção do quê? Mascolina feminina. Identidade que vem com um certo conjunto de gestos, uma gestualidade específica, um tom de voz específico, hábitos específicos, tudo isso é identidade de gênero que você copia. Não precisa ser baseado na sua. Mas também você vê, isso não é uma pura criação cultural. É uma percepção efetiva, real. E não é a percepção de uma abstração chamada corpo e de outra chamada identidade de gênero. Não, a identidade de gênero está no corpo. O corpo está na identidade de gênero. Vem tudo isso junto, evidentemente. E você quando decide modelar a sua auto-imagem por um dos gêneros, você não está acasando catalogando separadamente todos os componentes dessa identidade para imitar um pulo. Você está copiando um conjunto. Portanto, você tem algum sentido da forma, você tem a forma da masculinidade, a forma da feminidade, tomada no seu todo. E é esta forma que você copia. E você copia a do sexo, que é o seu próprio, bom, acabou o problema. Está certo? Porque onde você for, você vai levar sua identidade masculina, já que nasceu com ela, masculina ou feminina, que ela está na forma da totalidade das funções do seu corpo. Está certo? E também está no seu modo de se comunicar com os outros. Então, uma coisa é perfeitamente coerente com a outra e não há mais problema. Mas se você pegou a identidade do outro sexo, bom, você vai ter continuamente a reforçar isso aí, porque a forma do seu corpo não confirma aquilo. Então, aí você tem que fazer uma criação cultural em cima. Mas este procedimento é inteiramente legitimado pelo fato de que na concepção do Alista de Natureza e Cultura, corpo e mente, uma coisa não tem realmente nada a ver com a outra, são entidades separadas e uma pode se colar outra da maneira que você quiser. Você pode combinar os elementos do jeito que você quiser. É claro que na medida em que você recupere o senso da forma, esse problema se resolve automaticamente. Mas esse senso da forma não pode ser apreendido, porque todas as formas existentes são apenas criações culturais. Então, não tem uma substancialidade, não tem o poder de preenção sobretamente. Não te convence por assim dizer. E a única coisa que você tem é o seu corpo físico. Você imagina então o número de problemas de identidade que pode surgir com pessoas criadas dentro desta coisa da natureza e cultura. É praticamente impossível uma pessoa assim chegar a ter um treco chamado autoconhecimento, porque todo o conhecimento que ela tem dela é evonecente e ela não sabe se vem dela ou se vem dos outros. Então é o que se observa, por exemplo, na literatura do século 20, a perda da identidade dos personagens. Quando você lê o Marcel Proust, por exemplo, os recuspersonais dele não tem propriamente uma identidade, é só ter, como dizia David, um estado momentâneo. Esses estados passam. Isso observa inúmeras obras de literatura. E o Cúmulo Mandé Da, da situação absurda criada pela oposição natureza e cultura, está no livro do Luíde Pirandelo, o falecido Matias Pascal. Ele foi o Matias Pascal. Matias Pascal é um sujeito que um dia tem um acidente, ele está com um saco cheio da família, da mulher e tudo, da cidade dele vira, e tem um acidente na ferrovia e ele decide fingir que o morto é ele. E ele pega o mesmo trem que matou o morto e vai embora. 20 anos depois ele volta para a cidade, 10 ou 20 anos depois ele volta para a cidade. E descobre o seguinte aqui, a mulher já casou com outro e ele não pode mais ser o Matias Pascal porque todos os documentos atestam a morte dele. Então ele descobre o seguinte aqui, a identidade civil dele tinha maior realidade para aquela sociedade do que ele mesmo. Então ele passa quando as pessoas se apresentam para o pessoal, ele diz prazer, eu sou o falecido Matias Pascal. Então o que é? A cultura comeu a própria realidade do corpo. Só existe o lado cultural, atestado pelos documentos etc etc etc. Ora, desde que Pirandelo escreveu isso, eu creio que ele escreveu na década de 30, não tenho certeza, não lembro bem. Ele diz, quantos cientistas sociais levaram este fenômeno em conta? E daqueles que quiseram levar em conta, ele diz, quantos tinham conhecimento comparativo suficiente de várias épocas e civilizações para poder explicar esse fenômeno dentro do conjunto da experiência humana? Praticamente nenhum. Então o que acontece é que o sentido das formas se transformou apenas na aquisição de modelos culturais e nada mais. Nós podemos, na nossa esfera pessoal, tentar vencer isso desenvolvendo o sentido das formas. Uma das maneiras de você desenvolver isso é evidentemente a arte. Eu antigamente sugeri aos meus alunos e vou sugerir a vocês. Vocês podem ser das composições musicais e ouçam mil vezes até decorar. Eu pegava lá a quinta sifone de Beethoven, falava isso aqui mil vezes. Quando você ouviu mil vezes e decorou, acontece um treco extraordinário. Você consegue se lembrar da obra inteira num segundo. Você captou uma forma que permanece, idêntica a si mesma, numa temporalidade diferente da sua execução real. Era isso que fazia Mozart, quando era pequenininho, ele ouviu uma música e chegava em casa e regigia aquela música. Ele só tinha ouvido uma vez. Então como é que ele conservou isso? Sob esta forma. Ou seja, Mozart com uma audição conseguia fazer o que nós conseguimos com milhares de audições. Ele decorava a música e conservava a sua forma. Então, entedã? Muito bem. O que o século 20 fez com isso? Ao perceber isso, alguns músicos, na escola chamada Dodecafônica, chegaram à conclusão de que a música era totalmente independente da sua audição. Porque a música é uma forma matemática. Então pouco interessa a audição e pouco interessa as emoções que ela produz. Ora, acontece o seguinte, a fórmula matemática de uma composição é a composição ou é só um pedaço dela? Claro, nós podemos expressar matematicamente o conjunto de uma música, mas esse conjunto não se constitui só das relações internas entre os sons, mas entre o som e a audição, que também é um fenômeno matemático. O que é ouvir é uma certa vibração do seu tínpo, e o que é um sentimento, uma emoção é a reação total do seu organismo psicofísico a um acontecimento qualquer. Essa reação é tão mensurável quanto os sons. Portanto você pode dizer que a música é uma forma matemática, mas é uma forma matemática que inclui a audição e as emoções. E isso aí escapava da visão dessas camaradas, pensam só a música abstratamente considerada como composição na mente do compositor. Mas isso não é a música, isso é um aspecto da música, isso é uma música abstrativa e não a música real. A música real continua sendo um fenômeno de ordem matemático, mas abrangendo a totalidade do seu acontecer e não somente a sua concepção na mente do compositor. É por isso que as composições do decafônico são inaudíveis, ninguém aguenta isso, é o que me pergunto o carpo. Se você tiver que ir para morar numa ilha e levar um disco só, quem levaria um disco de música do decafônico? Ninguém, só se for o próprio do decafônico. Então, até na audição musical, então nós vamos perdendo o sentido da forma, nós só conseguimos pegar formas quando são formas convencionais impostos pela cultura, não a forma da nossa experiência real. E acontece o seguinte, quando você ouve uma música mil vezes e conserva a memória dela, você está conservando junto a forma da música e a forma das emoções que você experimentou, tudo isso vem junto. Então você está fazendo uma abstração no sentido correto da coisa, você está abstraindo da totalidade de um fenômeno, da totalidade da sua forma. Então essa é uma das muitas práticas que eu recomendo. Assim, eu me lembro assim que, não sei se comentando propositadamente ou aludindo quase sem querer a forma de santa agustina, de que a verdade da do interior do homem, são boas aventuras e dizia que conhecemos Deus em três etapas. Primeiro nós conhecemos pela sua ação no mundo exterior, depois pela sua imagem na nossa alma e depois em si mesmo, pela sua presença real. Isso quer dizer que a imagem de Deus na nossa alma está mais próxima de Deus do que do mundo exterior. Mas se nada temos desta imagem de Deus interna, nós não podemos reconhecer a sua presença no mundo exterior. Ou seja, nesses aspectos, os escolais que tinham razão, nós percebemos as coisas. Mas o que exatamente que nós percebemos? Só o fenômeno corporal? Ou é o fenômeno corporal já mesclado aos elementos interiores que ela suscita ou que ajuda a formá-la? Eu digo, a percepção de um puro corpo é impossível. Tudo o que nós percebemos já tem um sentido. Absolutamente tudo. Portanto há muitos anos eu escrevi alguma coisa contra a teoria aristotélica, Aristotélico Tomista da simples apreensão. Que diz que a simples apreensão é você tomar ciência de um objeto sem nada afirmar ou negar. Peraí, peraí, peraí, peraí, você não pode tomar coisa de objeto sem afirmar a sua presença? Portanto não existe isso aí. E sim, se eu ver um objeto que eu nunca vi na vida, que eu não sei o que é, esse é o que é a presença de um enigma. E ele é realmente um enigma para que não o conhece. Portanto a simples apreensão é uma coisa que não é um conceito descritivo do ato psicológico real do conhecimento. A simples apreensão é um conceito válido enquanto descrição da estrutura lógica do ato de conhecer. Então você distinga uma coisa da outra, uma coisa você apercebeu o objeto, outra coisa você pensara algo a respeito. Mas no processo psicológico real essas coisas não estão distintas, não estão separadas. Então esta é o que é uma abstração puramente mental, quer dizer você separa mentalmente coisas que na realidade não são separáveis. Então nesse sentido a teoria da simples apreensão está certíssima, mas acontece que as pessoas quando lencem o tomada de Aquino imagino que ele está falando de tudo e tomam a descrição que ele faz do processo da estrutura lógica do conhecimento como se fosse uma descrição do processo psicológico real e daí dá um bode desgraçado. Então não é que você irá contra a teoria da simples apreensão, eu sou contra, utilizá-la como se fosse um fenômeno real e não uma pura abstração lógica. Acontece que no mundo onde tudo está dividido entre natureza e cultura praticamente você não percebe mais nada concretamente, tudo é abstração. A começar pelo seu próprio corpo. O que é o seu corpo? É um fenômeno que a Ana toma um fisiologia de descreve de certa maneira que a medicina trata de uma certa maneira etc etc etc e quem sabe realmente o que é o seu corpo, são os médicos e não você. Então até o corpo ficou abstrato. Então realizou a sua profecia de Jordano Bruno. Eu até hoje acho que os caras queimaram os droiterrados porque ele disse muita coisa útil. Entra, se você continuar duvidando de Deus, vai chegar um dia que vocês vão duvidar e que vocês não me existem. Já chegamos neste ponto, as pessoas não sabem mais a que sexo elas pertencem meu Deus do céu. É culpa delas? Não, a cultura inteira está sugerindo que elas façam isso. É um processo que vem há séculos. Então olhar esses fenômenos só pelo lado da sua suposta imoralidade, você ficar escandalizado porque o garoto pareceu vestido de iminente. Escuta, você está gravando o problema meu filho. Porque esse escândalo provém da sua incompreensão do fenômeno. Na verdade quem está fazendo isso, não está vivendo isso. É vítima de um processo histórico que eu já não comprei de jeito nenhum. Nem tem como compreender. Então eu sempre me imagino a cena, eu chegando para Roberta Cruz e dizer, seja homem meu filho. É ridículo, ela não pode fazer isso. Então é o seguinte, você sabe como resolver esse problema? Não. Se você não sabe resolver, você não pode exigir com o outro resolver. Então este é um pepino de tamanho transcontinental histórico que dura vários séculos. E se nós não corrigirmos este defeito congênito da cultura moderna, ele vai continuar produzindo frutos cada vez mais absurdos. Eu vejo por exemplo o que está acontecendo nos Estados Unidos agora, porque as pessoas dão tanto Donald Trump. Ah, ele é racista, ele é mejor, não é? Mamã, me mostra um ato dele que tenha manifestado isso, não tem nenhum, tem nada. É isso. Ao contrário, se você está a olhos vistos recuperando a economia americana, do bom de vista econômica, eu estou fazendo uma administração extraordinária. Mas quando as pessoas falam dele, eu já reparei, elas falam com tanta raiva, que a raiva produz o horror do seu objeto e não ao contrário. Não há nada de horroroso no Donald Trump. Eu acho que o contrário tem um negócio que eu vejo nele que eu acho terrível, é que ele exerce um poder que ele não tem. Ele está baixando decreto sobre isso, antes de ele assegurar os meios de poder, de fazer cumprir esse decreto. Isso chama-se uma arrogância. A arrogância vem do abrogário, quer dizer, você exige antes, exige o resultado antes de produzir-lo. Isso é um defeito que ele tem, é gravíssimo, mas ele não o torna o monstro do bom de vista moral. Ele não torna apenas aquilo que ele é, ele é um empresário e não um político, ele não entende política, realmente, ele pensa que não entende, mas não entende. Ele não entende a luta pelo poder, não entende mesmo, ele entende negociação, e isso é o campo dele. Mas quando você entra na guerra política, eu digo, ele está me parecendo 100% analfabeto nisso, porque o rito que assume o governo, nominalmente o governo, e antes de ele assegurar o controle da máquina estatal, ele começa a baixar decreto, ele não sabe se a máquina estatal vai sustentar as medidas dele ou vai boicotar. Na verdade, está boicotando. Isso aí é como o sujeito da tiro sem saber se a espingada está carregada ou não, e queria que funcione, você atira várias vezes sem bala, e quer que o renoceronte morra, ele não vai morrer, provavelmente ele vai matar você. Então esse defeito o Trump tem e ele pode ser criticado severamente por isso. Mas o horror moral que as pessoas têm está produzindo um monstro imaginário na cabeça delas. Isso não é uma outra pessoa, isso é uma categoria inteira de pessoas, praticamente o Partido Democrático inteiro, a mídia inteira, é uma alucinação sem dúvidas. E a pessoa das militantes queria chegar ao que eu preciso dizer, eles batem em você, e por tendo batido em você, chega a conclusão de que você é um monstro. Eles agem como um fascista e acham que isso é a prova de que você é um fascista. Eles fazem bandos armados para agredir as pessoas exatamente como a turma do Mussolini fazia, exatamente como a turma do Hitler fazia, davam porreto para cada um, falavam lá batendo com o municida, batendo na Católica, eles estão fazendo exatamente a mesma coisa. Toda a conduta dos caras é projetiva, mas isso surgiu de nada, não surgiu de quatro séculos de cultura. Aí você entende a responsabilidade dos filósofos mortos sobre o que veio depois. Eu acho que um filósofo que não é capaz de calcular os efeitos das suas ideias, ele não compreende essas ideias, ele só compreende a formulação abstrada delas, mas não a realidade substantiva do que ele está dizendo. Santo Maraquino dizia que a ação boa é aquela que é boa no seu conceito, nos seus meios, na sua execução e no seu resultado. Aí sim, completou. Nós temos carros de ações boas, por exemplo, o filósofo Alain, que também se preocupava muito com a questão da ação, ele tomou o combate que os americanos fizeram, a febre amarela em Cuba no começo do século, foi um negócio excepcionalmente bem sucedido, ele toma aquilo como exemplo de uma ação que foi bem pensada, bem executada e teve um bom resultado. Nós podemos, existem inúmeras ações assim, mas eu acho que o número das ações desastradas que produzam o resultado oposto é sem dúvida maior. E aí, é o que dizia o próprio Max Weber com a noção da ética de responsabilidade. Ah, você quer fazer isso ou aquilo na sociedade? Muito bem, você está disposto a aceitar a responsabilidade pelas eventuais consequências negativas? A resposta em quase 100% dos casos é não, eu quero ser julgado pela minha linda intenção. É o que falava o Sergio Salibida que o mestre, quando viu um da notícia para ele das porcarias que estava acontecendo na terra dele na Romênia, ele falou, leses intensiones, leses ideaux, leses ideaux, as intenções, ideais, ideais, é isso que está matando a humanidade, meu Deus do céu. Quer dizer, é a total falta de responsabilidade, mas ele não pode ser responsabilizar por um processo cujo desenrolar concreto ele não compreende. Por exemplo, hoje nós sabemos que 68% dos crimes de morte nos Estados Unidos acontecem apenas 2% dos condados americanos, justamente aqueles onde você tem um controle mais distrito do armamento na mão da população. Então, o sujo quer desarmar a população? Ah, uma boa intenção, porque em tal lugar funcionou, no Japão funcionou, o Japão funcionou por um motivo muito simples, os crimes da Yakuza não entram nas estatísticas e a Yakuza é tão violenta que ela conseguiu ter um monopóleo do crime, só ela pode cometer crimes os outros, não pode, porque senão elas matam. Então, não é que é uma população pacífica, é uma população aterrorizada, é outra coisa completamente diferente. E além disso, você pensa, depois das bombas de Hiroshima e Nagasaki, os japoneses foram os caras que fizeram o massacre de Nanjing, que assim uma semana mataram 300 mil pessoas na China, estupraram todas as mulheres que diziam isso, estupraram e matavam, então um povo excepcionalmente violento, que depois sofreu os ataques mais violentos que algum povo já sofreu com as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Então ele experimentou os dois lados da coisa, é para ficar traumatizado por 200 anos, para ficar todo mundo bonzinho dentro de casa, então dizia, ah a cultura japonesa, a cultura japonesa é uma pinóia, foi o horror dos crimes que eles cometeram e o horror do crime que foi cometido contra eles. Isso aí deixa uma população aterrorizada por muito tempo e todo mundo fica bonzinho e vai para casa. Foi isso que aconteceu, não é cultura japonesa, não, cultura japonesa jamais se caracterizou pelo pacifismo. É só estudar um pouquinho, você vê que não tem nada disso. Então no jeito baseado no modelo japonês, eu dei uma coisa, você pega os americanos, manda eles matarem 300 mil mexicanos e depois você solta uma bomba atomic no vio, eles vão ficar bonzinho por muitos anos. Então as pessoas que têm essas ideias, elas não aceitam a responsabilidade. Por quê? Porque elas têm uma visão abstrativa da realidade, eles não querem o impacto da realidade total, eles não estão abertos à realidade total. E isso aí veja logo no começo da sua filosofia da mitologia. Schelling escreveu o seguinte, nós não precisamos de fatos que se adaptenham a nossa filosofia, nós precisamos da filosofia que se adapta aos fatos, ainda que nós não compreendamos esses fatos. Se os fatos aparecem para você com a forma do ministro e cava confusão, é porque eles são assim. E é você que vai ter que se esforçar para compreender o si possível. Agora, é importante você entender, a maior parte dos fatos eu não vou compreender nunca. Agora alguns eu vou compreender e esses um eu vou me dedicar. Eu pessoalmente escolhi me dedicar a este problema, a educação e a autocultura no Brasil. Eu não entendo de mais nada, eu só sei fazer isto. Eu estou fazendo só o que eu sei e estou fazendo tudo o que eu sei. Se a pessoa me perguntar, problema de saúde pública, não sei. Problema de segurança, não sei. Problema disso, não sei. Problema econômica, não sei. Mas isto aqui eu sei. E por isto mesmo, eu creio que a minha vida não é uma coisa irreal. Eu estou voltado para um problema que existe realmente e eu estou realmente fazendo alguma coisa. É o máximo que dá para fazer. Eu espero eu criei esses cursos para com a intenção específica de educar pessoas para me ajudar nessa tarefa, não para outra coisa. Não para embelezar sua vida, para melhorar sua carreira profissional, para resolver seus problemas de atrimonio. Não, mas para isto. Isso nós vamos fazer e muitos já estão fazendo de maneira brilhante. Então, eu lembro vocês novamente que D-19-24 de junho estão reabertas e inscrições para o curso Político e Cultura no Brasil. E aqueles que se inscreverem terão além do acesso ao curso já gravado, o acesso a uma aula extra que eu darei em data a ser anunciada durante o período das inscrições. Se eu puder entrevistar aqueles que já fizeram o curso da primeira vez, eles também terão acesso à aula extra. Hoje eu não vou responder perguntas porque essa aula foi mais comprida do que o habitual. Então, até a semana que vem. Muito obrigado.