Bom, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Eu queria continuar alguns temas da aula passada, eu estive falando da narrativa, do gênero romance, etc., mas, vou recuar um pouquinho, eu tenho insistido muito no tema da perda da alta cultura no Brasil, nos últimos 50, 60 anos, talvez um pouco mais, mas eu noto que você falar disso num ambiente onde justamente a alta cultura está faltante, o resultado é que as pessoas ouvem isso de uma maneira errada porque entendem o termo segundo o quê? O estereótipo, o inculto da alta cultura. Então você quer um espécie circunvicioso, onde você está dando o nome do remédio por sujeito, ou seja, não entende o nome do remédio, então ele vai arrumar alguma outra coisa ou vai achar que não precisa. Este circunvicioso é a causa de todos os vales do Brasil, criminalidade, corrupção, desorden, vulnerabilidade a influências externas e indesejáveis, tudo isso vem da falta da alta cultura, por quê? Vou dizer, quem governa e defende um país é a camada mais culta que exista nele. Se esta camada falta, o país está em defeso, ele está assim como uma criança entregue a sanha de todos os pedófilos do mundo e é exatamente a situação do Brasil. Então eu escuto esses deputados, senadores, governadores, juízes, generais falando e eu vejo assim, olha, o Brasil está na mão de crianças, são pessoas que não tem menor ideia do que estou falando, sobretudo porque nos últimos anos, vamos dizer, a encampação da alta cultura pela instituição universitária foi uma das causas de rebaixamento no mundo inteiro, isso é um fenomenal também reconhecido na França, quando a pessoa fala muito disso, que a partir da hora que você transforma as atividades intelectuais em profissões universitárias, elas acabam porque entram considerações de ordem burocrática, plano de carreira, verbas etc. São uma série de fatores que se não corrompe as pessoas, pelo menos desviam o foco, se um escritor, em vez de estar interessado na qualidade do que ele está escrevendo, está interessado na sua carreira, na sua posição no mercado editorial, acabou, acabou mesmo. Então com isso você perde, todo o senso do respeito, dizer pela arte, pela literatura, pela alta cultura, pela filosofia etc. e substitui por carreirismo barato. Então isso transforma-se numa máquina de produzir imbecis e colocá-los nos altos postos, e esta é a raiz do problema, não adianta ser, vamos investigar as causas sociais da criminalidade, da corrupção, olha, causas sociais sempre existem, porém uma causa maior do que a ausência de um fator que nos proteja contra isso, é mais do que o suficiente para explicar. Quer dizer, se o surede está em defeso, por que que os maiores lhe acontecem? Bom, pode acontecer por mil causos diferentes, mas se ele não tivesse em defeso, não aconteceria. Está certo? Então eu creio que tomar consciência disso, e o consciência muito profundo e muito séria é o problema principal que existe para nós, e note bem, não adianta você apostar nos partidos políticos, não adianta você apostar nos militares, não adianta você apostar na igreja, ninguém vai fazer nada. Eu vou falar seriamente para vocês, só as pessoas que saíram deste curso podem fazer algo pelo Brasil, não já, mas daqui 10 ou 20 anos, e talvez tenha a condição de botar um pouco de ordem no correto, não garanto que tem, mas se vocês não tiveram, ninguém terá. Vocês veram que o Brasil agora tem este programa do Ciências Sem Fronteiras, que manda paga para pessoas estudarem no exterior. Isso, ah, então você vai para Harvard, vai para não sei onde. Essas universidades nos Estados Unidos e na Europa, elas também se transformarem em fábricas de imbeciles, e todo mundo está consciente disso, e realmente ninguém sabe o que fazer, porque a situação, a burocratização da vida intelectual já é um fato no mundo inteiro, só que em outros países não teve as consequências devastadoras, no Brasil, porque esse país tem uma retaguarda cultural, e sempre tem, vamos dizer, um resíduo de consciência que permite continuar, por exemplo, na França, vamos dizer, o debate de ideias na França ainda é muito rico, independentemente, fora das universidades, vocês vêem isso pelo movimento editorial, e por revistas culturais, independentes de qualquer instituição. Então, isso ainda existe e resiste. Você vê aqui, no mundo anglo-saxônico, você ainda tem muitas pessoas também, formadores de opinião ou intelectuais públicos, que não chamam independentes, capazes de não deixar a bola cair, mas no Brasil não tem mais ninguém, no Brasil sobrou este que vos fala, então, foi o que deu para arrumar para o momento. Então, se nós não produzirmos mais gente qualificada, simplesmente acabou, porque se os debates públicos são todos do nível das conversas que eu ouvi lá na Hávore, então está tudo perdido, meu filho, não é dentro de disfarçar, e quando eu vejo, sobretudo, o pessoal postar, não, fizemos um golpe militar, eu respondo, os militares não estão preparados para governar o Brasil, de jeito nenhum, são pessoas notávelmente incultas e pretensiosas, e cada vez mais, isso está ficando assim, cada vez mais, quando você pega os melhores dos melhores, você vê, bom, os melhores dos melhores são capazes, antes de perceber um pedacinho assim do problema, mas o simples fato de um indivíduo falar dos problemas nacionais sem mencionar a destruição da alta cultura, essa mostra que ele não entendeu, absolutamente nada. Então, já quando se fala de alta cultura, as pessoas acreditam que é uma espécie de adorno, revestimento que a pessoa vai ter, e que vai lidar certos instrumentos de ação social, por exemplo, ela vai falar melhor, vai se explicar melhor, vai ter uma aparência melhor, e isto é exatamente a concepção inculta do que alta cultura. Se um exemplo característico, vamos dizer, é a crença que se difugou no Brasil, e vou dizer o Português, claro, principalmente por culpa das igrejas evangélicas, de que o que importa é você ter a sua experiência com Jesus Cristo, o resto não interessa. Eu dei muito bem, é possível um sujeito inculto, iletrado e intelectamente indolente, chegar a uma alta compressão da realidade espiritual, claro que é. Só que o seguinte, isto é uma intervenção extraordinária do Espírito do Santo, isto é um milagre, e Jesus Cristo foi muito explícito, maldita a geração que perde um milagre. Se é maldita a geração que perde um milagre, quanto mais maldita não será aquela que acredita, que tem direito ao milagre, e que isto vai acontecer assim, de montão. Quer dizer que todos os gente inculta todo pastor seminalfabeto, que esse pastor são quase todos os homenalfabetos, o mais culto é um burro que não pode ser aluno deste curso, não tem capacidade para ser aluno deste curso, esses camaradas todos estão aí sendo iluminados pelo Espírito Santo, eu digo, isto é impossível gente, milagres não acontece assim, milagres não acontece por presunção, e o simples fadeir a ver esta presunção é uma maldição maior do que você pedir um milagre, muito maior, então aí você entra naquele circuito fechado, como diziam, amigo meu, quanto mais eu resso, mais a sombra só aparece, quer dizer, este desprezo pela alta cultura, esta presunção de santidade, esta presunção de ser iluminado pelo Espírito Santo, é uma coisa maldita, estudar um ouro cubaca que você não imagina, tudo quanto é demônio, fala, opa, esse aí se acha, ele não precisa estudar, não precisa saber nada, está certo, ele tem todas as virtudes cardinais e teologais, todas por ciência infusa, está certo, então, não precisa dizer o ridículo, mas se o ridículo fosse todo o mal, o problema não é o ridículo, o problema é que o ridículo se transforma em tragédia e está se transformando em tragédia muito rapidamente, ou nós restauramos a consciência da necessidade absoluta da alta cultura, ou está tudo acabado, eu vou dar uma explicação para vocês, o que eu estive falando sobre o gênero romance, o gênero romance é uma coisa que só começa a se definir mais ou menos a partir do século 18, embora tenha alguns antecedentes, que alcança o seu auge entre o século 19 e a primeira metade do século 20, por que que isso aconteceu? Ora, o gênero romance é um gênero narrativo, e ele narra sempre, vamos dizer, as aventuras e desventuras de algum tipo individual dentro de uma determinada sociedade, vocês acham que o ser humano nasceu sabendo narrar essas coisas? Vamos ver, por exemplo, se você lê, uma fantástica obra, história da autobiografia na antiguidade, do Georg Misch, Gjörg Misch era cunhado, acho, do filósofo, de Diltey, e escreveu esses livros de história da autobiografia na antiguidade, que é uma obra prima. Você verá que no mundo greco-romano, dizem que não tinha ideia do que fosse uma autobiografia pessoal, a autobiografia era apenas funcional, se ele contava sua carreira, seus feitos de homem público, etc. E parecia que o Georg Misch não era propriamente uma alma, ele era apenas uma função pública. Se você recuar um pouco mais e for no antigo Egito, o que que se entendia por autobiografia no antigo Egito? Primeiro que só os para-far-oste, uma autobiografia. E a autobiografia era consistia em se exibir perante os deuses, contando seus grandes feitos e ocultando todos os seus pecados, malefícios, crimes, etc. Então, a autobiografia autoglorificante. Ao longo do século, o primeiro sinal de uma autobiografia, no sentido moderno que nós encontramos, quer dizer, um indivíduo que revela a sua alma, é a autobiografia do santo Augustinho, século 4. Só que essa autobiografia era um negócio tão esquisito no meio, tão fora da época, que não gerou outros, não virou um gênero, ficou uma obra isolada. Ela só foi exercer uma influência na arte da autobiografia a partir do que? Século 18, 19. Só aí, antes as pessoas liam a autobiografia do santo Augustinho, mas tomavam aquilo, vamos dizer, como uma exceção, uma coisa estranha. Isso, mesmo a lei, muita gente, ele deu as confissões santo Augustinho, mas ninguém foi despertado para a possibilidade que ele também podia fazer uma autobiografia no mesmo sentido. Ele também podia fazer suas confissões. Quando você vê no século 17, 16, 17, você vê alguns sinais disso aí, você vê o Plano Pauba de Michel de Montagne ou Pascal, tem alguns elementos disso, mas ainda falta muito para ser aquela sondagem em profundidade, vamos dizer, da unidade, da raiz de uma alma, tá certo? Perante o próprio Deus, como aparece em santo Augustinho. Já no século 19 e 20, o pessoal começa a tirar proveito das confissões santo Augustinho, aprende a fazer aquilo e começa a aparecer inúmeras autobiografias ao mesmo tempo em que se desenvolve o gênero romance. Ora, sem o desenvolvimento do gênero romance, a autobiografia jamais poderia ter tirado proveito das confissões santo Augustinho, elas continuariam, vamos dizer, uma exceção inexplicável, tá certo? Porque você contar vamos dizer, fazer uma narrativa de fatos reais, às vezes é muito difícil porque, porque os fatos reais não tem unidade. Augustinho consegue dar uma unidade à narrativa da sua vida, por que? Porque ele se coloca perante Deus, né? E Deus então enxerga a sua alma como um todo, não apenas como uma sucessão de fatos, ou dizer uma sucessão de pecado, né? Leva uma listinha lá pro padre, padre, comi sua mãe, né? Ou chegue pro pastor, comi sua mulher, não é isso, né? O problema das confissões, vamos dizer, é o drama inteiro de uma alma, uma pessoa inteira, perante a vida inteira e perante Deus, tá certo? Então, se fosse depender apenas de autobiografias, o gênero narrativo jamais poderia voltar a fazer isso que santo Augustinho fez, ele fez por uma inspiração de Espírito Santo, mas nem todo mundo tem inspiração de Espírito Santo, então não saíram outras autobiografias. No gênero romance, você inventa os personagens, claro que você pode se basear em acontecimentos reais, mas você os inventa e, portanto, eles têm a unidade de uma obra de imaginação, a unidade de uma forma que os torna reconhecíveis, quando você reconhece, sei lá, o Julião Sorredo, o Vermelho Nego, você reconhece o Rascão de Cofo do crime e castigo, você reconhece o figura de Tom Jones, então a alma do personagem do romance, ele tem uma unidade, uma identidade reconhecível, tá certo? E é claro que é muito mais fácil você fazer isso com personagens inventados do que com personagens reais, porque com personagens reais, às vezes, ele falta, vamos dizer, a lembrança ou o documento dos fatos que articulam o conjunto, né? Então, a maior parte das pessoas, quando elas contam sua vida, elas vão contar de maneira inconexa, fatos separados, tá certo? E esses fatos não serão apresentados de modo a perfilar diante do ouvinto, o leitor, um personagem e sim uma série de fatos, realmente descosidos sem um elo interior que os unifique, tá certo? Então, o surgimento do gênero romance assinala um fenômeno importantíssimo na história do desenvolvimento da consciência ocidental. E este fenômeno é o seguinte, você lendo romances, lendo assim, não desatentamente, mas lendo com seriedade, você vai ver que todas aquelas vidas que estão aparecendo ali, todas aquelas situações e emoções diversas e dramas internos, etc, etc, vão criando na alma do bom leitor, janelas e superfícies de reflexão por onde ele reconhece as situações reais, né? Se você não conhece muitas situações reais, muitos dramas internos da alma, etc, etc, você simplesmente não compreende as pessoas, você as vê de uma maneira inteiramente subjetiva, você simplesmente projeta na alma dela o que você tá sentindo e você as interpreta como se elas fossem você mesma ou ao contrário, se elas fossem a negação de você mesmo. Ora, se você não compreende as pessoas, que sentido tem você falar em amor ao próximo? Isso é só exibicionismo, não há amor ao próximo nenhum. Se aparece, por exemplo, diante de você uma alma complexa de um homem maduro, que tem uma vida rica, etc, etc, e você é um zemané que nunca saiu de casa, como é que você vai entender? Então assim, de cara, o homem enculto não pode entender as emoções internas de um homem culto, é impossível, porque? Porque o outro é uma personagem da rica e complexa, esse aqui é o personagem doska. Agora eu tava lendo no maravilhoso romance do William Faulkner, luz de agosto, e tenho ali uma cena que é clássica e muito ilustrativa quanto a este ponto. Num dos vários flashbacks que ele faz, ele começa a contar uma história de apareceu um personagem, ele volta pra trás pra contar a história daquele personagem, depois volta ao ponto instável, assim por exemplo. Tem um personagem que é um psicopata, criminoso, chama-se Joe Christmas, e uma hora ele para a narrativa central e volta pra contar a história do Joe Christmas, que tava lá num orfanato, e daí descobre que ele tem uma pontinha de sangue negro, e aí fala, bom, agora ou nós temos que entregar pra uma família adotada, temos que mandar por orfanato dos pretos, porque não pode ficar aqui. E ele é adotado por uma família que é um sujeito desses ultra moralista rigoroso daqueles que acha que tudo se conserta com a Vara e o chicote, né? Que tem aquele montanho, aquele montanha de culpas, e joga a montanha de culpa em cima dos outros, e o Joe já começa a apanhar no primeiro dia, evidentemente, né? E a mulher do cara que adotou, a mãe, a mãe adotiva, é uma pessoa boa, ela tem dó do menino. Você vê que o menino não presta, já tá desde o início, tá ensinado a ter algum treco errado pra ele. E a única chance que ele teria seria receber a afeição verdadeira na infância. Isso talvez amenizasse um pouco a coisa. E a mulher tenta fazer isso, mas acontece que ela é uma personalidade que diante da força da autoridade, do marido, se apagou completamente. Então ela é incapaz de conceber algo mais que ela possa fazer pelo menos além de fazer comida. Então ela faz comida, porque ela coloca todo o coração dela na comida, tá certo? E leva pro moleque, quando o moleque não tá com fome. Então ela percebe que existe uma necessidade mais qual. Elas só podem entender a necessidade do outro nos termos dela mesma. Esta é a desgraça, eu digo, do homem culto, inculto que tenta entender o problema dos outros. O homem, inculta, é um idiota, é um idio, ele vive nele mesmo, ele só entende o que é igual a ele. E o resto ele inventa. Agora vem me dizer com o sujeito desse, tem amor ao próximo? Não, ele só pode ter alguém que seja igualzinho a ele. Os outros simplesmente não entendem. Agora, não entendendo, ele vai se abster de jogar, dizer não, eu sou apenas uma besta quadrada, não posso dar palpita na vida de ninguém, é possível isto? Não, evidentemente, porque a sociedade brasileira é uma sociedade, um discurso condenatório, é quase uma obrigação. As pessoas se sentem bem quando elas falam mal do terceiro, e sentem mal e humilhados quando falam bem. Então, você participar da fofoca gerar quase uma obrigação. Então, você vai passar a vida julgando e condenando pessoas que você não entende. Ou porque é uma personalidade complexa, por ser um, vamos dizer, um anormal, como Joe Christmas, ou porque é um superdotado, ou porque é uma personalidade complexa e rica mesmo. Então, toda esta conversa a mole de amor ao próximo, é tudo 100% falso, gente. O indivíduo sem cultura, que não tem condição de compreender a alma alheia, ele nunca terá sabedoria de não se pronunciar e de não jogar ninguém, porque a pressão para jogar é muito grande. E isso quer dizer que 99% dos casos, ele vai julgar aquilo que ele não compreende e ele vai chamar isso de amor ao próximo. É isso? Eu vou dar um exemplo pessoal, eu ver essas pessoas, padas, pastores etc, que eles não se aproximam de cholar, mas ele fala palavras. Eu digo, olha, o homem vulgar quando fala palavras, ele usa isso ou no sentido expressivo de espelir de dentro de si uma emoção ruim que os sacode, ou no sentido agressivo, de ferir alguém. Esse é o uso espontâneo dos palavras. O uso literário dos palavras não é jamais assim. Se é numa obra de ficção, o suitor usa o palavrão no sentido de caracterizar a fala de um personagem ou de uma situação. E se é numa obra ensaística, uma obra de outra natureza qualquer, então certamente o palavrão será usado a maneira indireta com um sentido irônico e a atenuação dada pela distância estética. Só que o homem inculto não percebe essa diferença. Ele só percebe o palavrão na sua materialidade. E vai julgar. E todos esses padregos e bispos etc, pastores que julgam isso aí, eu digo, esses são todos difamadores assim, mas porcos. Porque eles estão julgando o que não conhecem, julgando e condenando. Quando o homem inculto vai poder julgar a linguagem do homem inculto nunca na vida, isso não é possível. Porque ele não tem nem domínio da linguagem, suficiente para entender isso, pegar todas as nuances de sentido, e muito menos tem a compreensão das várias situações e emoções humanas. Ora, quando você lê livro, sobretudo livros de literatura, a única finalidade, tem duas finalidades que você pode ler. Se você está lendo muita poesia, a poesia desenvolve o senso da linguagem, o senso, vamos dizer, da precisão, da profundidade e da expressividade da linguagem. A poesia existe para isso. Como dizia Malarme, poetas eram para dar um sentido mais puro às palavras da tribo. Você aprende a falar com os poetas, aliás, a humanidade aprendeu a falar com as poesias míticas. Pajé reunia as pessoas em torno da fogueira e recitava lá a narrativa poética das origens da tribo, etc. Assim que eles aprendiam a falar. Falar não, evidentemente, só no sentido imediato da expressão infantil, mas falar no sentido realmente comunicativo. Então, a poesia serve para isso. E a arte narrativa serve justamente para você desenvolver o senso da variedade e riqueza das situações e emoções humanas e da vida interior dos personagens. Isso é tão difícil e isso é um tesouro tão maravilhoso devolvido pela humanidade que levou séculos depois do advento do cristianismo até que isso se consolidasse num genero literário. Como no cristianismo existe a arte da confissão e a confissão deve ser precedida do exame de consciência. Então, é natural que as pessoas dentro da sociedade cristã desenvolvam um senso da sua interioridade muito mais agudo do que o que tem em outras sociedades. É isso. Então, se você ver, por exemplo, no meio islâmico não existe o exame de consciência, não existe a confissão, existe ao contrário à ocultação. Você falar dos seus pecados é um pecado. Você não deve contar para ninguém. Se você fez, não conte. E se contar, aí sim, o pecado é grave. Tanto que nos tribunais islâmicos o réu é convidado a mentir em defesa própria. Exatamente o contrário do que acontece nos tribunais do mundo ocidental. Se você mentir é o segundo crime. Então isso quer dizer que no mundo ocidental não existe essa tradição. E por isso mesmo não existe no mundo islâmico uma literatura psicológica como existe no ocidente. Você tem literatura poética, você tem poemas místicos, poemas filosóficos, mas uma literatura da vida interior do indivíduo concreto não existe. Então, o advendo o cristianismo com a sua valorização da alma individual e com a exigência da confissão, que é o que muitas denominações cristianistas aboliram como completo, ou perverteram, tornando por exemplo uma confissão pública. Mas, eu disse, mas que profundidade interior para ter uma confissão pública? Eu assisti uma uma vez, estou horrorizado até hoje. Eu disse, para que isso é isso? É um negócio masoquista que não serve para absolutamente nada. Mas a confissão, no confecionário perante um pade que você não vê e que não vê a sua cara, está certo? Aí é outra coisa. Mesmo assim, a confissão tende a se tornar um negócio puramente regulamentar, a listinha de pecados. Então, não existe a verdadeira interpenetração das consciências. Liturgicamente, isso não tem importância, porque o pade receba a narrativa genérica e dá uma absolvição que não é genérica, uma absolvição que é concreta por uma alma concreta. E vale. Você vê isso aí? Deus tolera a coisa que nós jamais toleraríamos. Mas, fora da confissão, para você fazer o exame de consciência, é por isso que você tem um diretor espiritual que ensina a fazer isso. Como é que é isso? E esse diretor espiritual tem que ter dentro dele os instrumentos de reflexão para captar o drama das pessoas e entender exatamente qual é o peso relativo dos pecados, dos atenuantes, etc. Não é assim? Então, depois do Adrendo Cristianne, passaram-se 18 séculos antes que esse senso da autoconsciência da alma individual se desenvolvesse publicamente. Claro que tinha muita gente que tinha isso, mas tinha em casa. Como o gênero literário, isso só aparece no gênero romance. No teatro você tinha já isso. Apareceu, claro, apareceu primeiro no teatro. Mas aparentemente, apareceu primeiro no teatro. Mas aparece no teatro quando? No século 17. Era Elizabethan, na Inglaterra. E também com o teatro clássico francês, Racine, Corneille, Molier, etc. etc. Mas você vê ali na Inglaterra, o teatro Elizabethan chegou uma enorme riqueza, não só com Shakespeare, claro, o panorama praticamente monopolizado pela figura gigantesca de Shakespeare. Mas havia muitos outros autores de primeira e cima ordem, como Christopher Marlow, John Ford, Ben Johnson, muitos, muitos. Eu recomendo a leitura do teatro Elizabethan, para você ver que a riqueza, o Shakespeare não surgiu do nada, ele surgiu de um ambiente em que o teatro estava numa efervescência. E o teatro, evidentemente, explorava o que? Dramas humanas e emoções humanas. Mas ainda, não com a sutileza e o senso da concreta da situação, como pode aparecer no gênero romance. Quer dizer, eu tenho uma certa limitação neste aspecto, porque, você vê uma peça longa, tem 80 párneis. Não é isso? Não mais do que isso. 80, 90 párneis, né? Tem que ser tudo mostrado ali em duas horas. Então, é claro que o teatro tem que simplificar as coisas. Existem muitas emoções mais sutis que não tem jeito de você reproduzir no teatro. Às vezes, eu estou lendo um romance e pergunto como eu faria para transpor isso para o teatro, para o cinema. Às vezes, eu vejo. Não vai dar. E, em geral, as transposições cinematográficas de teatras do romance são piores do que o romance. Às vezes, acontece o contrário também, mas é um caso em cada amigo. Então, para você refletir o drama concreto de uma alma individual, foi preciso que esse gênero narrativo se desenvolvesse muito e muito e muito e muito. É certo? Como é que se desenvolve? Bom, na hora de você escrever um romance, aparece vários problemas de construção da história. O primeiro problema. Quem vai contar a história? Desde que ponto de vista você está contando a história? Quer dizer, é um indivíduo que conta sua própria história, mas se ele está contando sua própria história, ele não pode saber quais são os pensamentos secreto de terceiros, ele só pode conjeturar. Mas se você quer mostrar os pensamentos secreto de vários personagens, então você tem que fazer o que se chama um narrador oniciente. Quase que um ponto de vista divino, um angélico, está certo? É uma solução possível. Mas o narrador oniciente, se ele passa num certo limite, ele se torna totalmente envelocível. Então a narrativa na primeira pessoa tem problemas. A narrativa pelo narrador oniciente também tem problemas. Bom, então nós podemos contar a história do ponto de vista de vários personagens. Eu digo, ah, muito bem. E onde você unifica tudo isso? Tem vários personagens que dão contando a sua história. É certo? Então não chega a formar um drama, propriamente dito. Articular tudo isso é muito difícil. Todas as técnicas que você tenta usar para a narrativa, todas vão dar problema. E o gênio do romance consegue justamente resolver esses problemas e contar uma história de maneira que o leitor acredite e sinta o que está acontecendo. Na medida que ele sente e acontece, ele se torna consciente daquelas situações como possibilidades humanas. Está entendendo? Por exemplo, no ilusões perdidos do Bausaco, o garoto que vem do interior e quer fazer uma carreira de escritor em Paris. Então ele olha a cidade como se fosse o campo que ele vai conquistar, como se ele fosse Jules César conquistando uma cidade. E todo o drama que se desenrola. Ou, por exemplo, a história do Raskolnikov no crime castigo. Ela poderia ser narrada na primeira pessoa? Não. Porque muito da conduta do Raskolnikov é baseado no alto engano e na ilusão. Então ele não poderia contar a sua história com honestidade. O autor teria que ser muito mais engenhoso do que Dostoevsky. Para ele contar uma história pela boca de um surreito que está se enganando e fazer com que o leitor de fora perceba o alto engano do próprio narrador. Seria muito difícil de fazer. O Falkner faz isso. O Falkner faz isso. O Raskolvassar faz isso. Mas é difícil de fazer. Então, isso quer dizer que, lendo o grande romance, lendo com toda a seriedade humana que isso implica, essa superfície como esses espelhos nos quais aparecem mais dos outros. Conhecendo inúmeras situações possíveis, você tem, por assim dizer, um prisma pelo qual você percebe as situações reais de maneira muito mais correta, concreta e realista do que se você não tivesse essas coisas. Portanto, você está habilitado a compreender a alma alheia e a partir daí você começa a entender o que é amor ao próximo. Sem isso, meu filho, é só besteira. Você acha que amor ao próximo é contribuir para a campeia da fraternidade ou passar a ser irmão com a pessoa, você para de beber, essa coisa toda. Chega para a Roberta Clouse e diz, seja homem, meu filho. Isso quer dizer que a introdução de fator religioso no Brasil das últimas décadas piorou essa situação de uma maneira dramática. E é impossível você deixar de ver que isso foi grande parte da responsabilidade das igrejas evangélicas. Por quê? Porque elas já tinham esse problema aqui nos Estados Unidos de onde elas vieram. Isso é uma coisa característica não do protestantismo em geral, mas do protestantismo americano em particular. Eu recomendo, sob esse aspecto, a leitura de um livro chamado Anti-Intellectualismo nos Estados Unidos. O autor é um historiador chamado Richard Hofstadter. Ele foi um estudo importantíssimo, já embora já um pouco antigo, ele era dos anos 50 e 60. Mas mostra que esse culto, vamos dizer, da inocência evangélica, que não tem nada a ver com o cristianismo, mas que é um filho bastardo, russoco, bon selvage, isso entrou profundamente na sociedade americana, especialmente nos Estados do Sul. E criou uma série de dramas humanos perfeitamente desnecessários dos pais. A literatura do William Faulkner é, vamos dizer, uma galeria de amostras absolutamente orripilantes. Então, se lendo o Faulkner, o livro do Richard Hofstadter, vocês vão entender a raiz cultural de certas influências que penetraram na sociedade brasileira depois dos anos 70 e 80, e que criaram este anti intelectualismo medonho, tá certo? Substituído por um falso sentimentalismo, tá certo? Por um na verdade um exibicionismo bocó, onde todo mundo fala, o meu encontro com Jesus, e ele está falando diretamente com todos eles. Não é um negócio incrível, cada um deles está recebendo revelações pessoais. Vou dizer, apesar de ele não ter a condição de compreender nem o seu vizinho, Deus fala com ele e ensina tudo pra ele. Quer dizer, isso é um milagre em profusão. Um milagre deixou de ser apenas um pedido e virou um direito. E gestam todos por definição, só por isso amaldiçoados pelo próprio exotristo. Sem saber. Deveu o tamanho da tragédia que é isso. Também, é o Lorque, ao mesmo tempo que acontecia isso, nesta penetração das igrejas evangélicas na cultura brasileira, havia autodestruição da igreja católica ou a sua prostituição, se quiser, a serviça de teologia da libertação do PT, etc. Ao mesmo tempo, teve um terceiro fator que foi a adoção da estratégia gramshana pela pela esquerda. A estratégia gramshana consiste em assim, primeiro, chamar de intelectuais todos que trabalham com algum tipo de comunicação. Fublicitário, jornalista, vendedor e instrumentalizar toda a vida intelectual a serviço do que? do partido. Então são todos agora intelectuais orgânicos do partido. Então, a conjunção desses três fatores, a auto-degradação da igreja católica, a entrada do anti-intelectualismo americano por via das igrejas evangélicas e a adoção da estratégia gramshana pelo PT, isso destruiu a auto-cultura e destruiu a auto-cultura e isso me é uma coisa de dizer, destruiu a auto-consciência meu Deus do céu. O que o neguio pode fazer sem auto-consciência? Que problema ele pode resolver? Isso é impossível, quer dizer, é uma coisa de uma impotência tão grande quando você vê as discussões públicas do Brasil e fala que se reunir todas essas pessoas elas não conseguem resolver nada nem os problemas mais de elementar de escala municipal que conseguem. Então, diga. Eu tenho uma pergunta. Se a linguagem não tivesse sido destruída o instrumento pra destruir a linguagem seria o desaparecimento dessa literatura? A destruição da linguagem é a próxima fase e foi a destruição da linguagem que derrubou essa possibilidade de auto-consciência? Sim, destruição da linguagem, mas não só isso porque não é o que se trata, que não é de desenvolver a linguagem, mas desenvolver a consciência de situações. Agora, por isso mesmo, o fator de degradação que foi à medida que a atividade intelectual foi monopolizada pelas universidades e todos os departamentos de letras foram tomados por uma concepção linguística da literatura é acabo mesmo. Porque as obras passam a ser como dizem as construções linguísticas. Eu disse, olha, mas eu sei dizer que morou uma construção linguística, porque ele nunca ouviu falar do um cheque chamado Verbomentes que é uma consciência inteira que ainda não é uma fala mas que aprende as coisas melhor do que a fala. A fala traduz de maneira imperfeita o Verbomentes. A fala não traduz diretamente as coisas. Então, existe a apreensão dos fatos, existe aquela síntese imaginativa, existe uma consciência inteira das coisas e uma parte minúscula dessa consciência inteira você consegue dizer ou dizer em termos literários. Então, você vê, o peso desses quatro fatores é pra destruir qualquer cultura e destruindo a cultura, destruindo a consciência. Destruindo a consciência você destrói o que? A capacidade de ação, evidentemente. Então, simplesmente não há nenhuma possibilidade de esperança no Brasil, exceto de levantar de novo a alta cultura. Entendido da alta cultura como cultura da alma. Não é cultura dos instrumentos linguísticos. Não é um adorno, não é um enfeite, também não é um instrumento. Você quando tá lendo obras, grandes obras de ficção, você tá formando a sua alma, você tá montando ali os espelhos, a superfície de reflexão que vão captar as situações exteriores e assimiladas como se fossem suas. Então, você tem, pela primeira vez, essa identificação com o próximo e sem identificação que amor existe. Existe só estereotipagem, tá certo? E pose. Então, eu digo pra vocês, este intelectualismo religioso que entrou na alma brasileira isso tá destruindo as almas e tá destruindo a possibilidade do amor ao próximo. Ora, o amor ao próximo, segundo santo agostinho, é a base da sociedade humana meu Deus do céu. Se não existisse amor ao próximo, seria impossível você formar se os impulsos negativos e destrutivos que tem no ser humano predominassem, tá certo? Na convivência não seria possível você criar uma coisa como a cidade, por exemplo. As pessoas vão pra cidade em busca de que? Em busca de segurança em busca de melhores meios de ação isso. Em busca de proteção e se ninguém lhes dá isso como acontece no Brasil hoje? O ando surrete pra cidade e se arriscar levar uma bala perdida. A se assaltado, sua casa invadida etc etc. Então a base fundamental da sociedade que é o amor ao próximo já se perdeu e esse pessoal religioso todo não está contribuindo em nada pra restaurar o sentido do amor ao próximo porque sem a compreensão do próximo não há amor ao próximo. Então, entendem? Ao longo da história do ocidente você vê uma evolução tremenda da compreensão da alma própria e alíria tremenda. Se você vê desde o termo greco-romano até o século 19 você pensa assim se não a democracia moderna não a de hoje evidentemente mas digamos do começo do século 20 seria possível um julgamento como o de Socrates não seria. O meio não seria tão compreensivo quanto foi as coisas seriam discutidas exhaustivamente em profundidade nos seus mínimos detalhes e nuances e tudo se esclareceria. É claro que esta conquista vamos dizer de uma consciência pública onde a realidade da alma humana se torna visível, transparente para uma grande faixa de população é uma conquista enorme da civilização e o conquista enorme do cristianismo. Só existe do cristianismo isso aí quando ele sobe, torna possível coisa como os processos de Moscou em que os caras inventavam crimes e convenciam o réu a confessar o crime que não cometeu porque era para o benefício do partido e os caras confessavam acreditando que aí seria o então receberem um indulto e era um condenado e condenado da morte. Então, monstruosidades desse tipo não seriam possíveis no meio onde a alta cultura estivesse disseminada por um grande número de pessoas, porque são essas pessoas mais influentes. Mas quando você pega lá, por exemplo o famoso promotor dos processos de Moscou, tal do Vichinsk ele diz que a cultura tinha Vichinsk, é? É não idiota com a cabeça intoxicada de marquismo, de leninismo, só? E você pensa assim que que cultura tinha a classe dirigente soviética naquela época. Se você pega o realismo socialista que eles criaram, você já vê que aquilo é uma cultura de rinoceronte, meu Deus do céu. Então, é o que é um retorno a Barbárie e o Brasil está em pleno retorno a Barbárie e ele não vai sair enquanto as pessoas acharem que assim, continuam a dizer não, só Jesus salva. Jesus salva, mas ele não vai ligar pra você. Porque você não tem amor ao próximo, meu filho. Outro dia, eu para provocar umas reações eu disse assim o amor que não sobrevive um par de cor não é amor. Isso pra mim, isso do ponto de vista cristã é a coisa mais óbvia do mundo. Porque se você não perdoa nem a mulher, o homem que você mas ele vai perdoar quem? E, imediatamente, aparecem reações indignadas. Não, eu não to ler isso, porque é aquele orgulho do, a mim ninguém me faz de trouxa. Pois, eu que sou uns 70 anos e não sou nem uma vez do quadrado já me fiz era de trouxa 40 vezes. Em todas elas eu tive que acabar perdoando. Não nesse sentido, evidentemente. Mas em outro sentido, não? Então, eu insisti no negócio pra ver o seguinte. Olha, a compreensão do que seja o perdão é mínima. Num meio religioso brasileiro eles não sabem o que é isso. É? Até levantei um outro tema que é assim, o direito à fidelidade matrimonial. Esse direito não existe, gente. Você ter uma mulher fiel, uma marida fiel, é um benefício que você recebeu de Deus, que você não tem direito nenhum. Esse direito é uma falsa invenção da democracia moderna que pegou, vamos dizer. A ideia do sacramento, matrimônio como sacramento, quer dizer, um sacrifício que você faz para Deus, certo? Eu consagro como se fosse um direito, uma lei. Então, as pessoas acreditam ingenuamente que elas têm realmente esse direito. E que isso o direito foi violado? Elas têm direito a uma vingança, uma reparação, etc. E imediatamente o sacramento se transformou num instrumento satanás, meu Deus do céu. O sacramento do matrimônio, sem a obrigação número um, que é o perdão, ele não vale nada. Estão entendendo isso? Mas o senhor colocou a fidelidade matrimonial acima do dever do perdão? O que é isso? Quer dizer, o segundo mandamento não vale mais nada. Quer dizer, o perdão deixou de ser a essência do cristianismo? Porque, por que Jesus deixou pendurar na cruz e matar? Não foi para perdoar todo mundo? Ele oferece o seu sangue pelo perdão universal, meu Deus do céu. E os pessoas não vão aprender nada com isso. Você vê o homem lá sangrando, apanhando para caramba, morrendo. E tudo que você aprende, que você tem direito a uma mulher fiel, o marido fiel, isso é de uma brutalidade, quase impensável. Eu digo, nenhuma pessoa que saiba ler realmente pode cometer assim, gana. Se as pessoas comete, é porque elas não estão entendendo o que tão lindo. Não estão entendendo as palavras. Não entendendo nem as palavras de um românico a entender as Jesus Cristo. Então, esse outro fenômeno que eu digo das pessoas que acreditam que estão recebendo mensagens de Jesus Cristo, vai ser e não entendem que isto é um milagre, isto é uma ação extraordinária do Espírito Santo, e portanto, é um milagre. Eles transformaram o milagre também no direito. E muitos, em fórums teológicos, de uma estupidez fora do comum, dizem, não, eu não preciso de intermediários. Eu digo, para, pera, pera, pera. Eu li na Víba para Jesus Cristo falando para os apóstolos, recebeu o Espírito Santo, o que voz unir diz na terra será unido no céu, e o que diz unir, diz, será desligado no céu. O pecado que perdoar, diz, aqui será perdoado no céu, e o pecado que mantiver será mantido no céu. Ele disse isso para os apóstolos. Ele disse que era conversa mole, então, só ele pode perdoar? Não, ele diz que eles podiam. Porque estava investido no Espírito Santo, ele mandou fazer isso. Segunda pergunta, será que isso acabou com os 12 apóstolos? Foi só a primeira geração. Depois acabou? Ninguém mais depois deles, os discípulos dos discípulos, os discípulos dos discípulos, não podem continuar fazendo isso. Se fosse assim, Jesus teria avisado. Porque é sacanário. Então, é claro que você precisa de intermediário, meu filho. Você precisa de intermediário até para você ler essa Bíblia. Você por acaso, você lê em grego, aramaico, direto, entende, todas as nuances, etc. Ou você precisa do sujeito que explicou para você. Como a tradução, é uma explicação, afinal de contas. Eu confesso que eu preciso, porque eu leio em latinho, mas meu grego é muito deficiente, e eu não sei nada. Então, eu preciso que alguém me explique. Então, este é um intermediário. Ele está me pegando pela mão, levando até o Jesus Cristo. Olha, o Jesus Cristo quis dizer, foi assim, assim, assim. Será que você... Alguém te levar a compreensão das palavras de Jesus? Não é uma intermediação? Não é isso? Você pode chegar sozinho só porque você quer? Jesus me ia falar comigo agora já. Eu digo, telefone, não precisa nem telefone, telefone intermediário, é um pecado. Tem que ser direto. Quantas pessoas não têm essa pretensão no Brasil? Isso é fruto da total incultura e da inconsciência. Você não tem nada a ver com teologia, com fé, nada, nada, nada. Se nós não fizessemos voltar atrás, esses quatro fatores que acabaram com a alta cultura no Brasil, que acabaram com a consciência pública no Brasil, nenhum problema será resolvido jamais e tudo vai piorar, piorar, piorar. Piorar tanto que você vai precisar de agentes estrangeiros para ver resolver os problemas. Já está assim. Então, é isso, gente. Esta é a mensagem de Orde. O romance, o gênero romance tem uma importância extraordinária na formação da consciência humana. É o único jeito que você tem para você desenvolver esses canais de apreensão das situações, emoções e dramas humanos e você começar a compreender as pessoas e aí poder ter algum amor de fato por elas. A forma mais elementar passiva do amor é a compreensão. Você agir e, por exemplo, põe a compreensão antes. Se você agir sem compreensão, você faz que nem a mulher fez com o menino lá com o Joe Christmas. Você vai dar o que ele não precisa. Quantas vezes na minha vida era ver uma pessoa dizer, ah, eu quero ajudar você. E só me atrapalharam, evidentemente, porque me dava o que eu não precisava, eu ainda ficava inibido de explicar e tudo terminava muito mal. Isso aconteceu muitas vezes e deve acontecer na vida de todo mundo. Então, eu já encontrei pessoas que me ajudaram mesmo. Por exemplo, o meu falecido amigo na frente de César Miller. Ele é um monstro da psicologia. Ele entendia tudo. Às vezes a pessoa não explica e precisava abrir a boca. Ele via, a pessoa já entendia qual era o problema. Um dia, o senhor da Minha da Folha de São Paulo que ele entrevistava e ela entrou na sala e ele falou, põe, você vive caindo? Aí disse, eu acabei de cair da escada aqui mesmo, acontece todo dia. Eu vi essa coisa acontecer várias vezes. É um homem que tinha uma percepção das situações humanas que é um negócio maravilhoso. E eu já vi isso acontecer e sei que isso é possível. Mas se você não chega a desenvolver a este ponto, pelo menos ouvindo a pessoa explicar os problemas, você tem que entender. E, sobretudo, não espere entender uma pessoa que tem um nível de consciência superior a você. Você pode entender o que ela diz, o que ela tem que dizer. A pessoa mesmo você não vai entender. É um problema das camadas da personalidade. Você não entende quem está na camada superior. Agora, a aquisição da alta cultura no sentido profundo, na cultura da alma, cultura da consciência, isso eleva você de camada em camada. Naturalmente, você não precisa fazer força. Então, todo sentido deste curso é exatamente de puxar as pessoas pela sua consciência. Tá? Vamos ver se daqui a pouco nós voltamos. Aqui, o Ellen, então, Camargo Santos pergunta, e dizem as práticas de como ler bem o romance e indicar obras que dêem boas orientações. Olha, não existe, evidentemente, uma técnica definitiva para isso. Mas é claro que você compreender qual é o gênero no qual você está te metendo ajuda muito. E, nesse sentido, existem alguns livros que podem te ajudar a entender o que é a estrutura e o intuito da arte do romance. Um deles chama-se a estrutura do novel. O autor chama-se Edwin Muir, M-U-I-R. Um outro livro bom, em relação a Fiction. O autor chama-se, são dois autores, Clint Brooks, Clint Scriven, C-L-E-A-N-T-H, Brooks e Robert Penn Warren. É um grande romanciista americano. Os dois escreveus esse livro em parceria. E existe um outro livro que não é sobre arte da ficção especial, mas sobre a literatura em geral. E que é um livro difícil de ler, mas é do Motilidade Estradinária, que é do filósofo o nome de Roman Ingarden I-N-G-A-R-D-E-N, que é um discípulo de Rousseau. Chama-se a obra de arte literária. Existe uma tradução portuguesa pela Fundação Calústica Gulbenkian. Aliás, falando de tradução, o livro que eu mencionei na primeira parte, o Ant intelectual livro do Estados Unidos, do Richard Hofstadter, tem uma tradução brasileira já antiga, talvez vocês encontrem Cebo, publicado pela editora civil dação brasileira. E alguém aí colocou um link no chat para um PDF do livro em inglês, não deixem de ler e aqueles que eventualmente ficaram abrabinhos do que eu falei das Igrejas Evangélicas, lém os capítulos 3 e 4, porque isso já é um fenômeno amplamente documentado na história americana, um dos fatores constantes da cultura americana, esse anti intelectualismo evangélico. Isso foi um tipo dos Estados Unidos, você não vai encontrar isso na Igreja Protestante Alemã ou holandês, de fato não tem isso, mas aqui por causa da influência dos puritanos que saíram na Inglaterra, perseguidos pela Igreja reformada não pela Igreja Católica, então eles vieram com certas concepções que se arraigaram profundamente, e é claro que as Igrejas evangélicas que foram para o Brasil a partir da década de 70, todos por vir nesse dos Estados Unidos. Nenhum é o Tóctone, embora pareça, que o perfeito vai na esquina e registra no cartório, mas onde que ele aprendeu, quem são os professores dele, você vai ver a origem quase sempre americana. Não adianta ficar brabinho, se você não tem amor à verdade, você não tem amor a Deus, é zero, zero, se você qualquer coisa que fere a sensibilidade do seu grupo, você já reage com quatro pedras na mão, você não tem o Espírito da verdade. O Espírito Santo passa longe de você. Então, primeiro, sobretudo, você vai ver que é a confissão, você vai ver as pioras verdades sobre você mesmo. Você fazer uma confissão é muito fácil, se você tinha dos pecados, comia empregada, recebi um dinheiro do petrolão e assim por diante. Mas, isso é realmente um exame de consciência, no Tratado Teologia Cética e Mística do Adolfo Tanque Rei, você tem lá um questionário sem perguntas, você fez isso, fez aquilo, fez aquilo, só de você fazer isso, você já vê que como é superficial a nossa visão dos nossos próprios pecados. Mas, existe um outro, uma outra dimensão mais profunda, que aparece nas confissões de Santo Agostinho, é onde, em vez dele confesar os pecadinhos um por um, ele confessa o pecado de raiz. É dizer, eu estava no Bercinho e eu já era mal, já estava com mal instinto. Então, aí, foi num nível mais mais profundo, né? Por exemplo, você confessar a Deus os pensamentos que você tem contra ele, isso, existem, por exemplo, um das conquistas de consciência, consciência ocidental é a percepção, uma percepção mais aguda dos vários níveis de inconsciente que existem. Se tem um inconsciente, um subconsciente, um pré-consciente, e isso está muito bem observado se você pegar para uns romanos do Proust, isso aparece numa clareza incrível. Nesses monólogo interior do final do Ulisses, do James Joyce, isso aparece na... nos próprios livros do foco, não aparece muito, Henry Miller aparece demais, são pensamentos que cruzam a sua mente, em princípio de acordo com a Doutrina da Igreja Católica, você não tem culpa deles, está certo? Eles passaram, mas, às vezes, eles passaram, você não se lembra deles, mas você acredita neles, você acha baseado neles, então, é um nível muito fino de auto-observação para você pegar isso em você, e para pegar nos outros, então, para captar isso nos outros, então, você precisa ter uma certa prática, eu digo, você não tem interesse por isso, então, você não tem interesse pelo próximo, meu Deus do céu, você não quer nem saber o que está se passando com o próximo, não é? Você só quer criar alguma opinião sobre ele e falar a opinião, então, assim, é faldo e amor ao próximo, acompanhar do hábito, do falso de estimulho, isso é o que eu vejo acontecer, assim, em massa, então, você vê como a religião cristã, ela é deficiente no Brasil, tanto na Católica, nem precisa falar quanto é protestante, então, é por motivos diferentes, obviamente, em matéria de livro, eu também tinha lembrado um outro negócio, me foi lembrado aqui pela Rochen no intervalo, isso é um nível muito importante, é um grande código, o autor chama-se, é um canadense, chama-se, um norther fry, o qual era um pastor protestante, isso, e ele observa ali que todos os enredos da literatura ocidental, inclusive a mais moderna, todos eles saem da Bíblia, todos eles, então, o que significa o seguinte, o desenvolvimento da literatura de ficção, teatro, romance, conto, etc, no ocidente, ela é uma amostra do processo que o Éreco Feuglian chama Descompactação dos símbolos, quer dizer, que certas verdades que chegam a ser humanas, por revelação divina, de uma maneira tremendamente compacta, com uma tremenda força simbólica, tem que ser descompactado para você saber do que eles estão falando, porque um símbolo não é uma afirmação explícita, é um símbolo que tem várias afirmações possíveis dentro dela, ou como diz a Suzanne Langer, o símbolo é a matriz de intelectões, dessas intelectões, algumas são verdades, as outras são falsas, e elas todas se articulam de algum modo, então você precisa ir descompactando para você ter uma consciência clara daquilo, e a literatura de ficção, então, são em redos que estão compactamente dados na Bíblia, que são descompactados e desenvolvidos de modo que você possa reconhecê-los na vida concreta, todo mundo, é claro que ele é a Bíblia, depois gosta de interpretar os acontecimentos à luz da Bíblia, mas você tem certeza que está usando o símbolo certo, sempre está interpretando corretamente, se você não tem esta percepção, esta consciência mais desenvolvida, as suas interpretações simbólicas não valerão nada, absolutamente nada, mesmo porque 90% delas são usadas apenas como instrumento de auto-defesa e para você sentir-se superior ao próximo, não é um impulso de compreensão verdadeira, Tiago Dantas, você poderia dar uma rápida explicação, ou deixar uma impressão referente ao comunismo proposto pelo Mário, e suas aulas ele fala sobre isso o tempo todo, o ex-admite que pela Matés que é o método dele, integralmente desenvolvido, o método final dele, por assim dizer, e por sua teoria do símbolo, você precisa de uma convergência entre as religiões eu já expliquei isso no curso sobre as outras as religiões convergem no que diz respeito a sua doutrina metafísica que é doutrina metafísica, é descrição da estrutura do real incluindo assim, mas a possibilidade universal as suas várias níveis de manifestação, as várias esferas de possibilidade neste sentido todas elas convergem, o que significa que existe uma metafísica normal da humanidade tanta normal que é compartilhada por todas as religiões só que a metafísica é só estrutura da realidade, ela não tem nada a ver com a salvação da alma não é um caminho de salvação só de mistério menores não porque a metafísica já tem algo a ver com a eternidade alguém perguntou se são os mistérios menores não necessariamente, já entra um dos mistérios menores, mas apenas em modo puromente teoretico puromente cognitivo e isso não pode levar ao conhecimento daquilo que o próprio deus nos trouxe por revelação entende? então a revelação é algo que vai além dessa metafísica quer dizer, a religião é toda disto núcleo metafísico é igual em todas as religiões e tem um outro negócio que é especial de alguma delas especialmente se você falar caminho de salvação só o cristianismo tem, os outros não são isso, são outra coisa completamente diferente para se você pegar o islam, o que é o islam? o islam é a construção de uma sociedade sacra não código civil digamos, se você acredita, se você é um humano então é o código civil divino pode acreditar nisso, mas o caminho de salvação não é do mesmo modo é claro que existem pessoas que acreditam, não somos só um apenas pela fé, as nossas obras não ajudem absolutamente nada, eu digo mas as obras não ajudam, mas elas atrapalham você pode ser punido pelos seus pecados ou não se as suas boas obras não tem mérito os seus pecados também não tem culpa então você é salvo ou condenado por um mistério divino insondável e veja as suas obras você vê são coisas materiais e a sua fé a sua fé é uma coisa que está permanente dentro de você como está presente o seu corpo por exemplo como ela sobe, desce entre meadas de dúvidas de negações, de revolta contra Deus todo mundo tem isso você não tem, você não sabe porque você não tem? porque você não percebe porque você é burro e tosco demais para perceber os movimentos sutis da sua alma então você reconhece somente aquilo que você diz em voz alta os seus pensamentos secretos você nem mesmo percebe, eles vão e veem e você é vítima deles é conduzido por eles e não percebe porque isso aí falta de autoconsciência falta, portanto, da autocultura então a maioria das pessoas que no Brasil estão fazendo pregações religiosas católicas, protestantes são pessoas toscas nesse sentido que na verdade não é que elas não podem ser na religião não pode ser na nada então a pessoa tem um desenvolvimento de consciência grosseiro, infantil e baseado no alto engano e aí Luciana Cherto tenho 54 anos e ainda vivi numa sociedade remotamente saudável assusta a minha velocidade com que o cal se instaurou seu prognóstico de 20 anos até que uma nova nata intelectual que eu conheço do presidente me parece realista, punha assustadora temos 20 anos eu não sei quem vai decidir isso é Deus o que nós temos que fazer o que nós temos que fazer se vai dar certo é Deus que decide, não é nós vamos ver o que mais eu estava falando desse negócio de ecumenismo vamos voltar um pouco lá e o Mario acreditou nesse negócio do ecumenismo que é a mesma coisa que é unidade transcendente das religiões do do Frithjofrond com a diferença de que o Frithjofrond só explica nos termos do simbolismo ao passo que o Mario realmente criou uma metodologia que ele chamava de uma meta-linguagem de todas as ciências a Matese partindo do estudo dos números no pitagorismo ele fez um negócio absoluto monumental e eu acho que esse método dele vai muito além do que o Frithjofrond explicou pretendeu explicar ele realmente dá uma base lógica muito firme pra tudo isso mas não estamos falando de religião, estamos falando de metafísica apenas Fátima Romanelli quanto a valor da confissão com uma possibilidade de aumentar a conselha das pessoas também considera que é uma função da psicanálise que só se realiza quando o narração terapêutico desvendar da raiz do mal estar transalível segundo o próprio Ford eu preciso recordar, repetir para o que o Fátima falou que o Fátima era um dos primeiros que o Ford eu preciso recordar repetir para o que o Fátima falou bom, mas é só um negócio a psicanálise teve pelo menos este mérito de mostrar que as pessoas não sabem contar sua própria história existem blocos inteiros de memória que estão ali sóterrado enquanto você não desinterrar eles vão continuar se expressando vamos dizer por condutas ritualísticas de tipo compulsivo, por neurose etc isso acontece mesmo agora a interpretação específica que o Freud dava para isso, que é um negócio vamos dizer da energia sexual para dizer em luta consigo mesmo eu acho que está errado, mas a ideia mesmo da anamnese de retorno ao princípio da formação, a história da consciência isso é uma coisa básica você sabe quem ajudou, por exemplo o Jhon Locke falou o cara que primeiro falou isso claramente, a ideia da história da consciência quer dizer, uma que seria chamada de psicologia evolutiva então se você desconhece a história da sua consciência, nunca mais vai entender a história da consciência dos outros eu digo, você não quer saber e você não quer estudar isso, então você não quer entender o próximo meu Deus do céu Luide praça amêndola sua aula está muito boa, obrigado nesse panorama como fica a situação de um aluno seu que como eu sonha ser historiador isso é que são as dificuldades específicas com que deve se confrontar a verdadeira historiadora nesse encontro primeiro coisa, você tem que dominar as técnicas narrativas e note bem técnica narrativa, não é técnica de você escrever uma história é a técnica de você você conscientizá-la é a técnica de você perceber na sua interioridade como foi o encadimento efetivo dos fatos, isso é uma coisa extraordinária é difícil de fazer então veja, não se trata você compreender um personagem de ficção que você mesmo inventou já é difícil, porque nós tendemos a projetar a estereótica das soluções mecânicas e perdemos a lógica interna do personagem que é justamente o que os grandes ficcionistas nunca fazem eles nunca fazem dos seus personagens instrumentos das suas ideias deixa o personagem se desenvolver de acordo com a lógica interna que está na alma dele não não do escritor pode ter afinidades, diferenças e imelianças tem um e outro, mas o personagem tem que ter uma autonomia se é difícil de fazer isso com o personagem de ficção quanto mais com o personagem real ao qual no estudo de cuja vida com certeza vão faltar blocos inteiros de informações que conectam uma coisa com outra é por isso que eu tenho uma boa biografia, eu considero que a biografia é o gênero historiográfico supremo o mais difícil no fim das contas isso é como se você está fazendo a história de uma sociedade, e se você salta pedaços inteiros da conexão causal, porque você não tem conhecimento e ninguém tem, então você vai meio no chute mas numa biografia você tenta se aproximar o máximo possível do que seria a história real daquela consciência se você mantiver isso claramente dentro dos seus olhos e ver que a compreensão de um processo histórico de uma vida alheia é um exercício espiritual da mais alta importância e ao qual nós devemos dedicar o melhor de nós antes de escrever qualquer coisa, antes de escrever sobre uma vida tentar compreendê-la, como se compreenda um ser humano real, não estereótipo na sua cabeça, não aspas personagem histórico ser Napoleão Bonaparte, o Júlio César ou qualquer outro, por exemplo se fazer uma biografia de Júlio César é muito difícil, porque existe mais estereótipo de Júlio César circulando do que conhecimento sobre a história Júlio César nós somos oprimidos sobre uma montanha de estereótipos e lendas urbanas e frases feitas etc etc então o historiador eventual biógrafo de Júlio César teria que escavar esta coisa toda para encontrar o personagem real na vida do possível para o que faltarão documentos com certeza que vai ter que suprir muita coisa com a imaginação e aí você vai ser um romancista é isso Igor Sales sobre isso que a aquisição da auto-cultura é uma chave para a interpretação conhecê-la nas diversas situações humanas e na sua postura ideal para procurar corretamente o que percebemos mas sem menor sombra de dúvida você tem que partir do reconhecimento e confissão da sua ignorância sobretudo vamos dizer quando você está lidando com um personagem história de grande envergadura você tem que começar por reconhecer e falar, olha este cara é muito mal do que eu ele percebe coisas que eu não percebo ele sabe o que eu não sei ele pensa no que eu não penso e ele teve uma experiência infinitamente mal do que a minha e eu ainda vou tentar compreender-lo portanto você vai ter que no curso do seu esforço de compreensão você vai ter que crescer por um tempo fazer uma biografia do Napoleão eu diria mesmo, eu lia Andrew Roberts e duas biografias que eu gosto do Napoleão, do Dmitry Merechkovsky e do Andrew Roberts as duas são ótimas escritas de ponto de vista de diferentes você vê que foi interessante Leon Bloch, é um escritor católico formidável, um pouco louco, mas sempre genial ele via Napoleão Monaparte como um santo quando Napoleão Monaparte foi um inimigo da igreja, o santo que humilhou o Papa e foi escomungado etc etc e ele disse, não, você está muito enganado, eu tenho um toque de santidade no cara e eu até isso é possível então quando você vê a extensão das visões conflitantes, que existem sobre um único personagem se isso não convidar você a humildade é porque você tem um pecado da soberba incurável eu disse, ele leu Andrew Roberts, Leon Merechkovsky e Leon Bloch e eu realmente não entendo esse Napoleão ele é maior que a minha capacidade é o santo o Merechkovsky ele fala que só quem compreendeu Napoleão foi Goethe, quando eles se encontraram ele disse, está aí duas almas que poderiam ter algum diálogo sem sobre dúvida e você tem dois gigantes o que não quer dizer que um e outro não tiveram seus pontos cegos tem evidentemente e o Goethe o Napoleão ele lia no campo de batalha o Werther sim mas todo mundo leu Werther na época todo mundo lhe chorava inspirou alguns suicídios de apaixonados frustrados então mas eu acho que o Goethe tinha perfeitamente condição de entender Napoleão assim como de entender Hegel ele também teve encontro com Hegel né Vitor Antonio Rosa do Santos para o senhor na farsa histórica que foi montado no Brasil também um aspecto da destruição da alta cultura sim, sim olha existe um livro do Benedetto Croce a história como pensamento e ação que ele tem uma tradução brasileira uma das raras traduções brasileiras boas feitas pelo Goethe D'Arcy da Maceno uma tradução em antiga mas talvez encontro ainda em que ele tem um capítulo que chama historiografia sem problema histórico e isso aqui a história que se faz no Brasil, sobretudo a partir de história moderna história contemporânea por exemplo o 4th é ser, não tem problema histórico todos os problemas já estão resolvidos dentro de mão eles já entenderam tudo esse contraristório só encaixar os fatos dentro daquela visão que eles já têm e para isso evidentemente você tem que os fatos que vão contra aquilo tem que ser escondidos, tem que ser negados eu sempre compro para essa história todo mundo dizer não, Acia participou e assim é que tivesse lotado no Brasil ao Páscoa o menino vai te acolovar que o Mauro Abraer já sou o nome de 300 agentes da KGB então é uma coisa tão desproporcional mas você não pode falar isso porque senão você vai estar justificando o golpe e daí você está atraindo a crasse então é claro que não é o problema preconceito ideológico isso não é ideológico, isso é autodefesa grupal você está entendendo? nós temos que esconder os potes da nossa turma porque senão eles nos pegam não tem nada de ideologia isso aí então o senso de autodefesa grupal da esquerda brasileira predominou enormemente sobre o desejo de descobrir a verdade vamos dizer da historiografia as fazia e testa eu nem falo porque ela não existe existem apenas livros de memórias de livros polêmicos sempre baseadas na ideia de glorificar origem militar etc com a outra estupidez também então a discussão toda estava muito baixo nível outro dia tem um professor Carlos Fico dizem essa maior autoridade etc etc e eu li um trabalho dele feito em 70 e pouco uma revisão da historiografia onde ele mostra tentar ser um pouco equilibrado etc etc mas o meu aluno foi falar mas esse negócio da KGB o documento da KGB ele desconversou mesmo também então você vê que o superego grupal é muito forte nessa gente você vê que o intelectual na sociedade brasileira ele não tem uma situação muito segura é sujeito pra poder viver do trabalho intelectual pra poder viver por iniciativa própria trabalhando sendo seu próprio patrão só se estiver muita cabeça como eu caio entre nós eu tenho um pouco então eu não tenho patrão eu não tenho ninguém eu criei meu próprio sistema de trabalho e sou vamos dizer a minha filha Google com a dica pequenininha autumomo autumomo e amomimo então se ele quer uma carreira intelectual ele não vai arriscar na iniciativa privada ele vai tentar entrar em algum escaninho de alguma estrutura externa que o proteja então um partido político um grupo de amigos uma sociedade secreta ele vai entrar em algum PT algum amassonari algum igreja, algum treco assim e poder falar em termos de nós e eles os amigos e os inimigos é claro que o intelectual muito sujeito se estililiza na mesma hora fez isso e estililizou pode ser a própria igreja católica meu filho ela nesse aspecto ela não está acima de qualquer outra organização enquanto organização ela é tão personalizante quanto qualquer outra só que em geral a igreja não faz assim a liberdade que os autores católicos têm nem o automo humano e evangélico têm se você ler um bloar ou se ver os arranca raiva do Pierre Boutin com o Jacques Maritain ou o Jean Torniac católico maçon se ver a riqueza de discussão e a variedade de perspectivas é muito grande eu vou falar de eu não tenho isso no islamo não tem porque é um negócio compressivo evangélico não tem porque elas são igrejas pequenas elas não podem se dar ao luxo de uma grande diversidade interna na igreja católica pode porque ela está no mundo é universal sei lá uma igreja que tem 100 mil seguidores ou 200 mil não pode se dar ao luxo ela vai ter que forçar a unidade o significado em geral intelectual brasileiro é um tipo socialmente fraco e portanto psicologicamente fraco também o indivíduo vai manter sua força individual numa situação psicologicamente inferior você precisa ser um leão bloar como digo, me indigo em grato mas você não são nada você são um... é duro fazer isso e se tiver que morrer de fome eu morro mas daí pouquíssima as pessoas conseguem fazer isso em geral o indivíduo precisa de um suporte social para sua estrutura de personalidade e na hora que ele busca isso o suporte social tem um preço o preço é você só pensar igualzinho aos amigos bom eu acho que por hoje é só tá bom então tem algum aviso não eu queria pedir para vocês rezar em BOSQUISÃO CRISTÃO pelo nosso amigo Maurício Marques Canto Juno que teve um acidente bateu a cabeça e teve lá um espirito que está no hospital espero que você recupere logo mas nós todos estamos todos muito preocupados tá obrigado por tudo até a semana que vem