Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem vindos. Antes de tudo eu queria aqui agradecer a Keileera que me nos enviou com seu novo CD, Just a Sele Game. Nós não ouvimos ainda porque acabou de chegar, mas vamos ouvir com toda atenção e carinho. Obrigado Kei. Em segundo lugar eu queria dar um outro aviso. Não se espanta porque nós temos aqui uma visitante de quatro anos, ela pode querer interferir na aula, se acontecer, que problema. Em terceiro lugar temos aqui um aviso que vem do Maurício Marques Cantorúno que em função desse acontecimento aí entre a Ampou, Associação Nacional dos Professores de História e o Pessoal de História da Universidade Estadual de Marília chegou a conclusão muito justa de que está na hora de fazer uma revisão profunda de toda a bibliografia historiográfica ou pretensamente historiográfica produzida por esse pessoal da esquerda organizada desde 1964. Logo após o golpe militar, houve, publicou-se um livro, um jornalista chamado Edmar Morel com o título e o golpe começou em Washington. Isso aí fixou um dogma que vem sendo repetido há mais de meio século. Embora não há nenhuma documentação que comprovisse ao contrário, a documentação proprova exatamente o contrário. Chegaram a suprima cara de pau de colocar como prova de que o golpe for uma intervenção americana uma gravação de uma conversa entre o embaixador Lincoln Gold, o presidente Lyndon Johnson em que o embaixador dizia no primeiro de abril, o presidente, o presidente, os tanques aqui estão na rua, o que nós fazemos? Daí o presidente responde, temos que fazer alguma coisa. O cara estava agindo a posterior e na verdade tudo que fizeram foi enviar um navio com gasolina para os tanques e que não saiu nem de graça, pagaram o depósito que os americanos jamais devolveram e isso foi toda a colaboração. Mas essa mitologia continua, assim como essa continua muitas outras mitologias. Uma coisa espantosa, por exemplo, é o livro do Helio Gaspari que é tido como uma das grandes fontes sobre o 64 e a parte principal da história o Gaspari não conta que é a participação dele mesmo na história porque ele era um dos membros mais próximos do círculo íntimo do general Golberi e ele era ao mesmo tempo um militante ou provavelmente dirigente do Partido Comunista Brasileiro. E ele não conta o que ele estava fazendo ali, é como se fosse um jornalista, um espectador que dá apenas um observante, você acha que o Partido Comunista vai botar um cara do lado do Golberi para não fazer nada, só anotar e trabalhar como jornalista e é inteiramente absurdo. Então, tem vários furos nessa história e isso tem que ser revisto seriamente com critério científico, não se trata absolutamente de fazer a propaganda ou a apologia do regime 64 que isso não falta quem faça. Nós temos que escapar dessa tônica, absolutamente, nós temos que recontar a história direitinho. Existem alguns episódios que apesar de conhecidos nunca são mencionados, um exemplo é o caso de saindo no Livrinho de uma historiadora Denise Rohlenberg que ela conta que desde 1963 havia guerrilhas operando no país financiadas e treinadas e armadas pelo governo cubano, de modo que explicar a guerrilha como uma reação ao golpe 64 é inteiramente absurdo. Essa guerrilha foi descoberta porque um dos intermediários da coisa estava num avião que caiu na Bolívia, se ele foi preso na Bolívia e entregaram ao governo brasileiro todas as provas dessa guerrilha, então o presidente Rongular, em vez de tomar providência para investigar, entregou os documentos para o Fidel Castro, é um crime de alta traição que só isso já se ficaria derrubado para o presidente até fusilá-lo na hora. Esse episódio, embora conhecido a Denise Rohlenberg não é uma apologista do regime 64, bem ao contrário, embora conhecido é raramente mencionado, basta você esconder isso aí que já toda a perspectiva fica alterada. Então, primeiro começar com uma revisão da bibliografia desde 1964, desde o Livro Edmar Moral, em segundo lugar empreender pesquisas e tentar restaurar uma narrativa mais realista do que se passou no governo Rongular, no golpe e nos governos subsequentes. O maior isso gostaria de reunir para isso os estudantes do COF que sejam ao mesmo tempo estudantes de história, formal ou informalmente estudantes de história, mas de preferência que eles que estão atuando ou estudando para exercer alguma atividade nessa área específica. Os interessados então por favor escrevam para protocolo1964arrobagmail.com, entra em contato com Mauricio e lhes dará o restante da orientação para o projeto. Muito obrigado. Muito bem. Bom, aliás, ainda esse respeito, uma outra coisa importantíssima é que eu escrevi dois artigos na revista época lembrando o livro de Memórias do Ladislau Bítima que era o chefe do escritor da KGB no Brasil na época e ele conta que essa história de que o gol foi preparado em Austin foi ele que inventou e ele conta como que ele inventou e como que ele disseminou isso na imprensa brasileira e como os idiotas todos continuam repetindo. Então, dois artigos dizendo como é, eles não vão entrevistar esse homem, ele está desmentindo tudo que ele disser e ele é uma testemunha direta, isso é uma confissão, a confissão não é uma coisa para brincar. É claro que todo mundo fez de conta que ele não viu, mas essa palhaçada já foi longe demais, você não pode fazer todo um gênero literário, toda uma historiografia, um instrumento de propaganda de um partido, aliás, cuja atuação na história brasileira não é das mais onrosas. Então, é isso. Esse pessoal da UMPUP, então, emitiu um manifesto contra o pessoal da Universidade Estadólica de Maingá achando que é um escândulo absurdo que eles usarem como material o livro do Coronel Austra, o livro do Cabo Anselmo e alguns escritos meus, é igual a como, quer dizer, não são testemunhas, mesmo que você não gosta de testemunha, o que é o problema de usar? Você já tem que selecionar os testemunhos e documentos anteriormente, antecipadamente para concordar com o que você vai dizer. E daí eles me mostram, assim, o nível da naofabetia funcional, extraordinário, porque acabaram de protestar isso aí e dizendo não, essas coisas que estão levando a decadência da Universidade Brasileira, mas pelo pouquinho, se essas negócios são lhes na Universidade Estadólica de Maingá, e se você não leem, como é que este material pode estar ajudando na incentivando a decadência da Universidade Brasileira? Então são pessoas que não têm sequer continuidade e consciência de um parágrafo para o outro. Quer dizer, se desmentem, se desmascaram, pro burrice. E as pessoas absolutamente desprovisas de qualquer qualificação são os donos da profissão hoje. E esta coisa tem que acabar. Eu tenho dito o seguinte, o pior inimigo do Brasil é a Universidade Brasileira, é o Establishment Universidade, que são bando de incompetentes, de ineptos, de anofabetos funcionales, que estão usando a Universidade apenas para formação de militância. Deitam formando outros anofabetos funcionales iguais a eles. Lá no encontro do EMIT, eu lembrei isso, né, como as pesquisas que mostram, 80% dos formas da Universidade são anofabetos funcionales. Deve ter um surreto que entrou lá no site do Maurício para dizer, não, não é isso, são apenas 4%. É que ele não aprende o conceito de anofabeto funcional, não sabe que é anofabeto funcional. Funcional deriva de função. Portanto, se ele está anofabeto funcional, não é o cara que não é capaz de ler nada, é o frente que é incapaz de ler aquilo que corresponde à sua função ou ao seu nível de escolaridade. Não é isso? Eu surrei de que é capaz de ler batatinha quanto nasce, mas não é capaz de ler um livro da área dele, um livro de história, ou de filosofia, ou de direita. Então é o anofabeto funcional, evidentemente. O cara já afinou, já desistiu, discutiu com o Maurício. E lá no EMIT, uma mocinha levantou e falou, mas qual é a fonte? Eu falei, eu tenho uma fonte aqui, quando terminar você fala comigo, eu te dou. Ela veio falar comigo? Você veio? Ela dorme não. Então não era sério o negócio, né? Muito bem. Então, vamos lá. Quando esta semana houve algumas discussões muito interessantes em torno de dois temas, que é arte, do romance e a questão do tempo. E eu gostaria então de colocar aqui alguns esclarecimentos. As pessoas lem às vezes algumas obras de física e ficam impressionadas com a ideia, ou dizer, da relatividade do tempo. Ora, o tempo não é relativo em si mesmo, que seria um contrassenso, ele é relativo ao espaço. O tempo e o espaço são mutuamente relativos. Ora, são muito relativos porque não há medida de tempo fora da referência a um deslocamento no espaço. Se absolutamente nada acontecesse no espaço, nós não teremos a menor noção de tempo e muito menos poderíamos medi-lo. Isso quer dizer o seguinte, que a medida do tempo, qualquer medida de tempo, ela é relativa ao espaço por definição. O que significa o seguinte? Não existe uma teoria da relatividade. A própria ideia de medição de tempo é baseada na relatividade e, portanto, a relatividade é um pressuposto da teoria e não a sua conclusão. Quer dizer, se os reis te vêm com uma teoria para... Olha, o tempo relativo ao espaço. Não precisa nem demonstrar, é claro que é, por definição é. Agora, se o rei desenvolve milhões de equações para provar uma coisa que já está aprovada na própria definição, é claro que vai dar certo no fim. Só que a rigor, essa teoria, ela é verdadeira porque ela é tautológica. Ela mesmo dizia que um quadrado tem quatro lados. Ora, mas a medição do tempo é uma coisa e o fenômeno do tempo é outro completamente diferente. Não são a mesma coisa. Ora, o fenômeno do tempo só é acessível ao ser humano. Não é acessível sequer a animais. Por quê? Se você lê os livros do Xavier Subir e vocês vão entender que existe uma grande diferença entre a cognição humana e a cognição animal, na qual, na cognição animal, não existe um negócio chamado realidade. Nenhum animal aprende traços objetivos do que quer que seja. Ele só aprende o que altera a ele, as suas alterações corporais que o Subir chama de estimulidade. Eles não captam a realidade, mas é estimulidade. Por exemplo, um urso ou um gato sente frio ou sente calor, mas ele não tem ideia de um fenômeno objetivo chamado calor, o qual é quente em si mesmo e seria quente mesmo que não estivesse ali, o gato não estivesse ali. Esta noção é exclusivamente humana e ela é, vamos dizer, o modo natural e espontano de percepção do ser humano. O ser humano não diz, eu estou sentindo calor, não, ele diz, está calor. Isso todo ser humano é assim desde pequenininho. Ele percebe que é um fenômeno objetivo externo, é ele que não depende dele, que o afeta, certamente o afeta, portanto, também a noção de realidade inclui a estimulidade, mas vai além dela. Quanto a experimento científico, nenhum experimento científico pode reproduzir esta percepção de tempo. Ele só pode reproduzir medições de tempo, portanto, o que ele está pegando não é o fenômeno que nós chamamos de tempo, o transcurso de tempo, mas é apenas uma medição, ou seja, uma comparação com um deslocamento qualquer no espaço. Ora, para que você vivencie o tempo, você precisa de alguma alteração no espaço. Não precisa acontecer nada. Você percebe que o tempo passa. Como nós percebemos isso? Eu não tenho a menor ideia, mas o fato é que nós percebemos. Agora, se queremos narrar o tempo, se queremos medir-lo, então temos que referi-lo a mudanças que ocorreram no espaço. Isso aí tudo nos leva ao problema do tempo linear comparado com a ideia de um tempo curvo ou relativo. Ora, na minha imaginação, no meu pensamento, eu posso conceber quantas sequências de tempo eu desejo passadas, futuras, posso misturar os vários tempos, posso fazer o que eu quiser, só que enquanto isso o tempo linear está passando e me levando inexturabilmente ao túmulo. Todos nós sabemos disso. Quer dizer, o homem é o animal que sabe que morre, e portanto, é o animal que se pergunta sobre o que vem depois. Nenhum gato ou urso jamais fez essa pergunta. Então, essa consciência da morte está ligada intimamente à consciência de tempo, que nós temos e vice-versa. Então, esta é uma experiência que, embora seja exclusivamente humana, ela não é subjetiva. Nós estamos captando aí um fenômeno perfeitamente real, objetivo. O que é subjetivo são as medições, meu Deus do céu. Toda a mediação é a comparação de uma coisa com outra. Portanto, não é a apreensão da característica inerente ao seu objeto, mas apenas uma comparação dele com outra. Ou seja, tudo o que a ciência física diz sobre o tempo é tudo, tudo, tudo subjetivo. E a única apreensão objetiva de tempo é a experiência humana normal e corrente do tempo. É para, justamente, para o que a ciência faz. A ciência vai partir deste fenômeno, observado por todos os seres humanos e consciente em todos os seres humanos e vai tentar especificá-lo mediante certas medições e comparações, que é tudo o que ela pode fazer. Agora, dizer que a apreensão científica do tempo é o objetivo do ser humano, que essa apreensão científica, o objetivo é humano, é subjetivo, isso é uma inversão total da realidade. Você vê que de uns anos para cá, a tendência quase universal da classe científica é sobre por, vamos dizer, as concepções da sua ciência em especial, a experiência comum e normal da humanidade. Então, vamos dizer, olha, somente esta classe aqui conhece a realidade do objetivo, tudo mais é subjetivo. Se é assim, então, esta classe científica está colocada em face dos demais seres humanos, quase numa posição divina. Eles conhecem a realidade, nós não. É claro que essa pretensão é absolutamente psicótica e deve ser rejeitada na base. Aquilo que o Edmond Huster chamava, o Leandro Feller, quer dizer, o mundo vivido, esta é a realidade, o resto são aspectos ou comparações que nós fazemos na realidade. E nenhuma ciência pode estudar a realidade como tal, ela só pode estudar um campo específico delimitado já previamente para que dentro desse campo sejam possíveis as experiências que são acessíveis aos equipamentos usados por essa ciência. Portanto, o campo de qualquer ciência é um aspecto abstrativo, quer dizer, abstrativo, a abstração é separação, quer dizer, você vai separar um aspecto da realidade dos demais aspectos sem os quais ele na realidade não pode existir. Por exemplo, você, para você estudar, digamos, a antropologia física, quer dizer, as diversas raças de seres humanos, a sua altura, seu peso, etc., você não precisa referir isso a fatores, por exemplo, de ordem econômico ou religioso, mas pode existir um ser humano sem os fatores de ordem econômico e religioso? Não. Então, tem uma coisa, um ser humano concreto que vive dentro de um sistema de determinação que é total e simultâneo, e existe o ser humano da antropologia física que é só uma faixa, uma fatia que só existe abstrativamente. Não existe na realidade. Isso não é importante, nenhuma ciência estuda a realidade, ela não é impossível estuda a realidade, realidade só é acessível à experiência humana comum e concreta. E dentro dessa realidade nós recortamos abstrativamente aspectos para comparar um com o outro e para estudar cada um nas suas características específicas, é certo? Então, se você espera que haja uma concepção científica da realidade, você pode esperar sentado porque isso não vai existir nunca na sua porca vida. E eu quero ser uma concepção científica do universo, eu souberia que tinha uma concepção científica do universo, o dia que a ciência inventar um outro universo a sua imagem semelhança, para poder, então, medí-lo e explicá-lo. Então, a pretensão, vamos dizer das pretensões da classe científica são tão, tão, tão, tão absurdas, que já ultrapassaram infinitamente a capacidade real de qualquer ciência possível. Então, se você pegar, por exemplo, os linguistas, eles demonstram que tudo, tudo, tudo o que você pensa, a vivencia, etc., não é se não uma projeção da linguagem, um efeito secundário da linguagem. Agora, você pega um físico, ele diz, não, não é nada disso, são tudo partículas subatômicas. Eu digo, não é possível que os dois estejam certo ao mesmo tempo, porque afinal de contas a física também depende da linguagem e a linguagem também depende das partículas subatômicas. Qual é a relação entre a explicação linguística da realidade e a explicação subatômica da realidade? Ninguém sabe e jamais saberá. Isso ultrapassa infinitamente a capacidade de qualquer ciência. Não adianta você apostar na interdisciplinaridade ou interciência, porque você só pode, vamos dizer, conectar, vamos dizer, interdisciplinaramente, ciências já existentes. Agora me responde, existem ciências suficientes para estudar todos os aspectos da realidade e todas as interações entre eles por definição, isso não pode existir. Então, quer dizer, que toda qualquer concepção científica será apenas analógica, sempre, nunca vai passar disso aí. Agora, o fenômeno real do tempo, do espaço que nós vivemos, não, isso é o espaço onde nós estamos e onde, no qual se dão as investigações e experimentos científicos. E é nesse espaço tempo real que as verificações científicas têm que ser confirmadas ou impugnadas. Então, onde os cientistas se encontram, por exemplo, para discutir suas teorias? É no espaço linguístico ou no espaço quântico? Não é nenhum e outro, é no espaço da experiência comum. O suprasumo da paralaxia cognitiva, a paralaxia cognitiva 95 cruzes e que isso aí já virou uma doença endêmica. Quanto mais um indivíduo se dedica a sua ciência, mais a tendência dele de fazer dessa ciência uma explicação universal de tudo, se for psicologia, então nem se fala. Então, físicos, linguistas, psicólogos, ou todos, o Ortega, se já chama isso de imperialismo, mas hoje em dia eu acho que é pouco, já é o globalismo científico. Então, se você observar, por exemplo, as disputas dos cientistas em torno do aquecimento global, se eles existem ou não existem, basta isso para você perceber o estado precário da ciência atual. Se a coisa ainda está em discussão, porque ninguém sabe, tá certo? Agora, tem alguma coisa que não esteja em discussão? Para a teoria da evolução, o estado em discussão continua. O heliocentrismo no continue em discussão continua. Portanto, a pretensão de você, a mera existência de uma ciência é incompatível com a noção de autoridade científica, porque se a ciência é um modo de investigação que é sempre autocrítico, que está sempre se reformulando, então ela jamais tem uma sentença final. E se ela não tem uma sentença final, ela só pode lançar interrogações e hipóteses, jamais sentenças definitivas, portanto a autoridade pública da ciência tem que ser zero, a ciência apenas sugestiva. E o que eu estou dizendo também é apenas sugestiva. Então, isso é muito importante, quer dizer, a própria lógica da investigação científica é incompatível com a noção de uma autoridade pública da ciência. No entanto, o rei vindica, isso todo o cientista sabe. Acho que não tem nenhum cientista que não tenha lido o calpô pro que aquela teoria da falsabilidade, a qual está certa, embora ela não seja nova, porque ela estava lá em Aristóteles. Todos os cientistas sabem disso, mas quanto mais sabem disso, quanto mais tem a consciência íntima de quanto a sua ciência inserta e provisória e precária e sempre em autocorreção, essas autoridades públicas reivindicam. Eu não sei se isso é uma compensação da insegurança, quer dizer, uma dificuldade de coexistir com o estado de dúvida por mais de duas semanas, ou se é um simples e banal corporativismo, ou as duas coisas, ou talvez outros fatores. Mas vocês não podem reserir, é que a inteligência e a razão são propriedades de todo ser humano, não há mais outros, mesmo é que todos têm, e que não há nenhum uso específico da razão que possa se sobrepor à razão enquanto tal. Por outro lado, o mundo da experiência humana comum, o Lebanverde, é o terreno onde todas as teorias são julgadas no fim das contas. E só existem duas disciplinas que lidam com o Lebanverde, que são a filosofia e a poesia artiliterária de modo geral, elas expressam e designam o Lebanverde, porque essa é a experiência comum e corrente da humanidade, sem pretendermos abrangê-la, abarcalar ou explicar-la. Ou seja, o que um poeta fala, o romancista fala, um filó de falo, não pretende conter a realidade em si, mas ele apenas designa essa realidade para uma outra pessoa que também está consciente dela e que também não pode abarcalar ou explicar-la. Ou seja, vocês entendem o que eu estou dizendo, nenhum de nós abarco a realidade inteira, mas nós estamos dentro da mesma realidade e nós a conhecemos pela sua presença, portanto sabemos do que estamos falando. Então eu posso designar um objeto do qual não tem explicação nenhuma, mas você sabe qual é o objeto e toda a comunicação, a espéria filosófica e literária desse tipo, ninguém está explicando, nem abarcando, nem dominando nada. Nós estamos apenas nos preferindo, vamos dizer, a um mundo que nos é acessível, ele nos é acessível, mas nós não podemos abarcalo. Então estamos todos dentro do mesmo mundo e a coisa mais óbvia do mundo, que eu já expliquei aulas atrás do seguinte, o mundo é o mediador de toda a comunicação possível, inclusive a comunicação científica. Se não estamos dentro do mesmo mundo, não há comunicação. Você pensar que a linguagem é uma coisa que paira acima do mundo, isso é totalmente idealístico, por isso aí talvez seja a linguagem dos ânions, a linguagem de Deus, mas a nossa não é assim. A nossa linguagem ser desprovida de qualquer nexo com a realidade, se torna automaticamente incompreensível. Saber do que que o outro está falando é saber de algo que ele não disse, mas que está designado na sua linguagem. Quando você vai comprar uma salsicha, você está num país estrangeiro, você não precisa saber como se diz salsicha na língua dele, você está por andando na Hungria, como se diz salsicha em um gordo, não tem a menor ideia. Você indica a salsicha, você aponta e o homem da lora sabe o que você está querendo. Se não houvesse essa possibilidade de indicar fisicamente ou imaginariamente, a linguagem seria totalmente inviável. Portanto, você imaginar é o poema do Drummond, que filosóficamente é um erro, mas é a impressão que muitos linguistas têm e que ele assim descreve, quer dizer, a terra está tatuada de símbolos e cálculos. Não, não está tatuada de símbolos e cálculos, não é dentro dela, não é ela que está rodeada disso. Nenhuma linguagem rodeia e abarca a realidade como uma rede, isto simplesmente não existe. São sinais que nós trocamos dentro do campo da experiência humana, que se diferencia de qualquer experiência científica por ser uma experiência aberta e simultânea, na qual estão simultaneamente presentes todos os fatores que acomponham, fatores essenciais e acidentais. Também já expliquei para vocês aqui a teoria do acidente metafísicamente necessário. Quando um acontecimento qualquer, bom, ele pode ser definido segundo várias essências de acordo com a ciência que esteja investigando, em nome da qual você está falando. Mas, por exemplo, do ponto de vista anatomofisolórico, um assassinato, é um processo de transformação desencadeado num corpo humano, está certo? Pelo impacto de uma bala, de um objeto cortante, perfurante, etc., etc., pode ser descrito assim. Mas juridicamente ele não é bem isso. A descrição jurídica leva a isso de conta, está certo? Mas ela vai descreve-lo como uma conduta tipificada no código tal. É um homicidoloso, homicidoposa, isso aqui, quer dizer, o quadro classificatório usado pelo direito é diferente da usada pela fisiologia, pela anatomia patológica. Sociologicamente ainda é uma terceira coisa, ou seja, estes vários aspectos que são acessíveis às várias ciências são fatias, recortadas dentro do acontecimento, que é tudo isso ao mesmo tempo e mais alguma coisa. Se você perguntar assim, qual é o número de ciências que podem estudar este fenômeno, um homicid, ilimitado? Pode ser ajudado do ponto de vista físico? Sim, do ponto de vista balístico, ou do ponto de vista resistência dos materiais, e assim por diante. Pode ser ajudado do ponto de vista psicológico? Pode, do ponto de vista socialológico? Pode, do ponto de vista antropológico? Pode, do ponto de vista econômico? Pode. Só que tudo isso são pontos de vista. Ele não pode esquecer isso, ciência é um ponto de vista, é uma linha de observações, uma só linha. Você pode articular todas e você não esgota nem o mais banal dos acontecimentos. O sujeito soltou um pum ali na esquina, isso pode ser estudado por 20, 30, 40 ciências diferentes, todas elas. Isso pode ser do ponto de vista químico, físico, antropológico, sociológico, moral, jurídico, etc., etc., etc. Então, cada uma das ciências é apenas um ponto de vista. Agora, o característico da experiência humana concreta é que todos os seus componentes essenciais e acidentais estão presentes ao mesmo tempo e não falham nenhum, porque se faltar uma, coisa não acontece. Quer dizer, é por isso que chama concreto. O concreto é aquilo que cresce junto, que sucede junto. A nossa mente pode ser para abstrativamente, porque? Por facilidade. Porque nós temos a consciência, vou dizer, da experiência humana concreta, ou seja, a consciência dessa simultaneidade, mas nós não conseguimos pensá-la simultaneamente. Isso é importante. Nós podemos designá-la. Posso falar de experiência humana concreta? Porque você tem, ele tem, ela tem, todo mundo tem. Então, sabe o que eu estou falando. Mas eu não posso abarcar isso conceptualmente e nem sequer simbolicamente. Então, a nossa comunicação funciona porque estamos dentro do mesmo mundo e porque temos a experiência concreta da presença do mundo e da nossa presença do mundo e da presença do mundo e de nós. Isso que é o famoso começo do livro, lá apresenta o total do Lila Vela. Então, o primado da experiência humana concreta sobre qualquer descoberto ou verificação científica tem que se afirmar mil vezes. Você diz, olha, você não tem autoridade nesse domínio. A sua ciência não estuda. Isso nem pode estudar. E todas as ciências de um mundo que também não podem. E mais ainda, a nossa filosofia, a nossa arte literária pode apenas designar isso aí. Ou se designar por símbolos de modo que as pessoas a reconheçam. Mas a reconhece porque elas conhecem. É isso. E conhece porque? Porque toda e qualquer experiência se desenrola dentro do mundo. Do campo, do ser ou da existência que é onde nós estamos e que tem por principal característica a coexistência simultanidade de todos os fatores que a compõe. O mais acidental deles. Você imagina, por exemplo, um homicídio onde você fizesse abstração de um fator. Por exemplo, o fator econômico, o fator psicologo. Que ele não estivesse presente, algum homicídio não aconteceria. Porque se ele teve que comprar uma arma, alguma coisa ela custou. Mesmo que o crime não tenha tido uma motivação econômica, algum envolvimento econômico que tenha e se não tivesse, ele não seria possível. Algum aspecto psicológico que podiam fazer abstração? Não. Um aspecto antropolólico, socialólico, não podiam fazer abstração nenhum. Se fizéssemos o acontecimento, não sucederia. Uma vez sucedido nós podemos, partindo da vivência com a etaquitemos e das imagens que a representam na nossa mente, na nossa memória, separar abstrativamente vários aspectos de estudá-los, separadamente tentarem até articulá-los, mas sempre em número limitado. Isto é uma coisa básica, básica, por isso mesmo, desde a primeira aula, eu insisto que o primeiro elemento de educação é educação literária. Porque se você não sabe designar a realidade e você não sabe reconhecê-la quando ela é designada, você vai operar as suas abstrações científicas em cima do que? Se você não tem esta consciência, da experiência concreta e da sua simultaneidade, então todas as abstrações que você fará serão em cima de outras abstrações e você vai tomar o resultado das abstrações como se fossem coisas efetivamente existentes. Então, entedã? Então, se você ler o livro do Wolfgang Schmidt, o Enigma Quântico, você vai ver que esta coisa que nós chamamos partículas subatômicas, ninguém, nenhum físico sabe qual é o estatuto ontológico delas. Você não sabe se elas são coisas, se são propriedades, se são o que raios de coisas são, você sabe apenas observar certas reações que elas mostram. Mas se você não sabe o que é, você não sabe em que camada da realidade ela está, então evidentemente você está medindo uma coisa que você não sabe o que é. Ou seja, você não precisa nem saber do que se trata, você pode comparar aquilo com outra coisa. Eu tenho um amigo que na originária, que ele brincava, que que é isso aqui? Deu falar, não sei, ele também não sei, mas lá vem outro. Se você quer saber muito da ciência física assim, eu não sei o que é, mas lá vem outro. Teoria quante quenteirinha assim? Então você precisa saber o que um objeto, um fato é, para você poder até reagir a ele? Claro que não. Para poder interferir nele, não precisa. Então esta interferência é o objetivo da ciência. Ela não se destina a explicar a constituição do mundo, mas a criar mecanismos, estratégias e táticas de você reagir ao mundo e de interferir nele. Se você quer ter alguma ideia do que é a experiência humana real, você só vai adquirir consciência, claro, a experiência todos nós temos, mas onde é consciência e expressividade da experiência, a capacidade de você fazer um intercâmbio de informações sobre a experiência com outras pessoas, somente através da formação literária e do extenso domínio da linguagem. Não tem outro jeito. E a linguagem por sua vez, ela só funciona se você reconhecer que ela é subsidiária em relação à experiência. Porque a linguística só estuda a língua que se fala. A língua que efetivamente os adegues está talvez codificada em gramáticas, mas antes disso existe um fenômeno que são verbamente. E não é ainda uma linguagem, é uma intenção de linguagem ainda não formulada em palavras. Se não existia o verbo mentes, nós não conseguiríamos pensar nada e dizer nada e o verbo mentes não é acessível a estudos linguísticos. Ele é acessível talvez, em parte, a estudos psicológicos, mas é sobretudo o único meio de você observar o verbo mentes é você observar em você mesmo. Portanto, de maneira reflexiva. Então, um escritor, qualquer escritor, ele sabe o que ele quer dizer antes de ele encontrar a palavra certa. Todo mundo que escreve tem essa experiência. Eu disse, mas você não tinha a palavra, como é que eu sei o que eu queria dizer? Eu sei o que é, mas não sei dizer. Isso acontece o tempo todo quando você está escrevendo. E às vezes você tem que consultar um dicionário para você ver 20, 30 nomes da mesma coisa e você saber qual que corresponde exatamente ao não tanto objeto quanto àquilo que você queria dizer dele. Isso que você queria dizer dele corresponde a algo dele, nunca a ele inteiro. Então, na própria linguagem, você opera esse primeiro nível de abstração, sem o qual os demais não seriam possíveis. Então, a questão da narrativa é uma questão fundamental porque você vai encontrar sociedades, culturas, as quais falta uma coisa ou outra. Portanto, algumas faltam a arquitetura desenvolvida, outros não têm uma estratégia guerreira desenvolvida, não tem isso aqui, mas todas têm uma arte narrativa finíssima. A mais primitiva que você encontrar tem narrativas de uma complexidade enorme. Está certo de fazer inveja aos grandes narradores da literatura ocidental. Você é só você pegar essas mitologias da Índia, da China, dos esquimosos e você vai ver que são narrativas altamente complexas. Com a pluralidade e nível de significado da pessoa da meta alucinante, isso já está aprendendo desde o início da humanidade. Por isso que eu disse, por onde a humanidade começou a aprender, é ali que você tem que começar também. Então que necessariamente a ontogênese repita filogênese, quer dizer, a origem do indivíduo repita a origem da espécie, mas o aprendizado do indivíduo imita o aprendizado da espécie. Nenhum de nós pode superar isso de maneira alguma. Então existem culturas que, por exemplo, não têm uma matemática avançada, mas todas têm uma arte narrativa avançada. Então isso significa a arte narrativa é uma precondição para que haja um desenvolvimento matemático e científico posterior. Então a formação educacional começa pela arte literária, especialmente a arte narrativa, ou seja, o que nós chamamos româncias, poesias épicas e o teatro. Poesia é propriamente dito, no sentido especializado, e é um pouco depois, porque nela o tratamento da linguagem tem uma certa autonomia em relação a experiência. Mas a narrativa é absolutamente indispensável. Então pensando nisso, que eu coloquei no Facebook esta advertência, uma narrativa pode quebrar a ordem do tempo. Por exemplo, você pode tentar contar um mesmo acontecimento desde o ponto de vista de vários personagens diferentes, que certamente não estão recordando ao mesmo tempo e que não estão de acordo uns com os outros. Cada um está contando a coisa de uma certa maneira. E neste caso que você faz, você retorna no tempo várias vezes. Você começa a contar desde vários começos diferentes. Você pode fazer isso. Você pode também quebrar a ordem para refletir não a sequência de acontecimento, mas a sequência em que você o recordou. Num dia eu lembrei tal pedaço, no outro eu lembrei tal pedaço e assim por exemplo. E ele não vem em ordem. Ou seja, mentalmente eu posso, como se diz, viajar no tempo. Só que enquanto eu estou viajando no tempo, o tempo linear continua transcorrendo. Então nós podemos quebrar a ordem da narrativa, mas não a lógica interna do tempo linear. Na experiência concreta humana, o tempo é sempre linear. Ele só se, vamos dizer, se fragmento se subdivide na nossa imaginação. Ou seja, no nosso modo de narrá-lo seja para os outros, seja para nós mesmos. Então isso coloca problemas muito interessantes na técnica do romance, técnica da narrativa. Como é que eu vou contar uma história? Então eu posso, por exemplo, supor o que se chama narrador inonitiente. Eu trequei em conta a história como se ele fosse Deus, um homem observando. Então ele sabe toda a sequência linear e ele sabe a participação das várias pessoas e sabe quais são as diferentes faixas de tempo que cada um pegou. Está certo? Mas às vezes isso funciona, às vezes não funciona. Então você pode também partir, vamos dizer, para uma narrativa mais subjetivista. No qual você escapa um pouco da linearidade objetiva do tempo para você retratar as transformações subjetivas que se passam na cabeça dos personagens enquanto eles estão recordando ou vivenciando os acontecimentos. Mas tudo isso só evade-se no fundo e estiver subentendida à lógica do tempo linear. Se você lê o lixo do James Joyce, tudo se passa ali em umas poucas horas. Mas tem cenas, por exemplo, o delírio final da Molly Blum leva 40 parnas e quanto tempo aquilo passou na mente da Molly Blum? Você pode levar horas para ler porque a linguagem é meio complicada, mas tudo aquilo se passou na cabeça dela num segundo. Está certo? Então este delírio final que ela tem mudou a temporalidade linear da narrativa em absolutamente nada. Quero continuar fechadinho dentro daquelas poucas horas que a narrativa inteira abrange. Do mesmo modo que, vamos dizer, num breve conto você pode suceder, hoje mesmo acho que está comentando, um conto do William Faulk, né? O conto tem umas 20 parnas, mas várias gerações se passam ali. Então isso quer dizer, o tempo da narrativa não reflete a linearidade do tempo, mas a linearidade do tempo ou a determina, determina a estrutura da narrativa, que é feita por uma seleção de épocas. Está certo? Um dos componentes fundamentais do gênero trágico é o retorno do passado. Quer dizer, algo que foi esquecido muito tempo atrás e que de repente volta. O famoso negócio, toma com filho, é teu. Fenômeno nega manuka, chega com fitofe teu. Então evidentemente o filho foi gerado no momento passado, mas que não faz parte da narrativa subjetiva que o personagem estava acostumado. Então isso quer dizer, a temporalidade subjetiva dele é contestada por uma outra temporalidade que veio daonde do passado linear. Então o tempo linear ele predomina sobre todos os jogos temporais que a nossa imaginação possa fazer, assim como a temporalidade linear objetiva predomina sobre todas as variações das medidas de tempo que todos os físicos do universo possam fazer. Porque quando nós falamos de tempo, a própria noção de tempo corresponde à experiência concreta humana. Agora as várias medições de tempo, várias comparações não são tempos reais, são tempos abstrativos, meu Deus do céu. Agora se o tempo fosse uma abstração, ele só se passaria na nossa mente e não na realidade. Nós não estaríamos submetidos a ele, mas ele a nós. Então esta confusão do concreto e do abstrato é uma das características mais constantes da cultura contemporânea, dos debates públicos contemporâneos, seja na esfera da ciência, seja na política, onde quer que seja. Mas nós que estamos estudando, que o nosso objetivo na vida é nos instalarmos na realidade, após ter uma consciência viva dele ao ponto de podermos reconhecer o que os outros dizem, pouco importa a complexidade do que estão dizendo, mas se você está lendo um regalo, a disso que ele está falando, eu sei do que ele está falando porque eu tenho essa experiência. Eu posso não dominá-la, mas eu sei aquele ser feio. Você está lendo Aristóteles, a mesma coisa, você está lendo o Shakespeare, a mesma coisa. Saber do que... Olha, o suprasumo da cultura é o seguinte, saber do que eles estão falando. Tanto se você está lendo um grande autor, um grande filósofo, quanto se você está conversando com o Zé Mané na rua. Quando você não sabe do que estão falando, você cria uma estrutura para seu uso. E essa estrutura pode ser, por exemplo, uma estrutura linguística. O romancista ou narrador é um indivíduo que tem que ter em grau eminente a autoconciência biográfica. Porque, afinal de contas, um romance trata do que? Das vidas de pessoas. E essas vidas não podem ser concebidas sob a forma de acontecimentos isolados soltos no ar como se elas não tivessem um passado, nem um futuro, nem se que é um presente. Tivessem só aquela faixa. Que, nesse caso, você não está lidando com personagens reais, mas com fantoches que você mesmo inventou. E o leitor, quando lei isso, sabe que é um fantoche. Sabe que não é uma pessoa real, mas é apenas um símbolo de uma possibilidade muito remota que só existe abstrativamente, como, por exemplo, no Kafka, o homem que virou barata. Nós sabemos que ninguém vira barata, mas nós sabemos que subjetivamente. Isso pode acontecer numa fantasia. Quer dizer, você pode sentir que virou barata. O Pierre Vuitton diz que o Jean Paul Sartre é o anti-Café, porque a barata que virou o homem está sentindo muito desconfortável nessa posição, assim como o Joseph K. O Estado se sente muito desconfortável com o barata, ele cai de costas, como é que vou virar? Então, tudo isso é possível nos jogos de imaginação, mas aí você está escapando da temporalidade concreta. Temporalidade sem a qual você não entenderia esta narrativa abstrativa de jeito nenhum. Você consegue entender por uma situação do Joseph K. na metamorfose, porque você consegue imaginar como seria isso na temporalidade real. Mas não é a narrativa que está na temporalidade real, é você. Você reinsere a temporalidade abstrata na temporalidade real, a título de experiência, e você entende do que ele está falando. Agora, tem narrativas que quando você faz isso, você se engana. Por exemplo, essas narrativas de retorno no tempo, tipo exterminador do futuro. Ele é retorno ao passado para mudar o seu futuro. E Daniel se pergunta mais quando que ele fez isso. E aí a narrativa se esborou. Você pode pegar aquela proposta que é intrínsecamente autocontraditória, impossível, e vivenciá-la como se ela se reportasse ao censo da experiência real. Mas é você que está fazendo isso. Então, nesse caso, você está se enganando redondamente, porque este retorno ao passado para mudar um futuro contingente, primeiro, você tem quase mais esse futuro que ele está mudando desde o passado, é o futuro presente ou é o futuro do futuro ainda? Já começa esse problema. E o instante onde ele pulou para o passado será alterado também. Ele voltou para o passado e daí ele muda o futuro de modo que ele não volte para o passado, ou seja, esses são jogos puramente gramaticais. Daí, o espectador ou o leitor trouxa pode preencher com conteúdo sem se dar conta de que isso é apenas um jogo gramatical. Ora, o jogo gramatical em si mesmo não pode comover você, não pode mexer com seus sentimentos. É porque é apenas um jogo mental. O homem que vê o barata não é um jogo mental. Ele é um símbolo da degradação humana que acontece em nível muito pior. Um preso no campo de concentração está abaixo de uma barata. O sujeito está sendo torturado, ele está abaixo de uma barata. Está tão impotente quanto uma barata que caiu de costas. Isso é um símbolo real, mas o sujeito que voltou para o passado para mudar o seu futuro não é um símbolo de coisa nenhuma, ele é apenas uma estrutura gramatical. Ora, eu entendo o seguinte, o narrador romancista tem que ter consciência biográfica muito aguda porque ele vai lidar com pessoas reais, cura sequência biográfica tem que ter uma continuidade, um travamento qualquer interno. E ele só pode entender isso desde a sua própria biografia porque ele é só um e não dois. Então se há uma coisa que o romancista tem que ter, é uma consciência muito clara da continuidade, da unidade da sua biografia, ou seja, da transformação que ele foi sofrendo e como ele foi, vamos dizer, progressivamente integrando os vários aspectos. Mas quando lemos uma biografia, nós vemos uma vida que se completou, de que portanto alcançou algo que nós dizemos que é o seu sentido. Você pega a biografia do Ostoiev, você vê o cara lutando com as dificuldades da vida, com as próprias dificuldades da criação literária e no fim chegou a um travamento qualquer, deu uma solução. E quando ele morre, você diz, nossa, a vida está realizada. Bom, mas isso é assim só depois do fim. Então é famoso o telcão, o imenforo, a eterna intelecional, o malarmê, o diante do túmulo, o Edgar Allan Poe. Então a vida encerrada adquiriu uma forma e esta forma nós dizemos que é o sentido dela. Mas enquanto ela está se desenrolando, ela está buscando o seu próprio sentido, buscando e realizando ao mesmo tempo. Então isso quer dizer que ela não está realizada ao sentido, não está nítido para o próprio personagem vivo. Esse sentido é apenas uma possibilidade, entre outras. E esta possibilidade pode não se realizar. E sobretudo é aquele negócio de vários personagens, do Willow Faulkner, revê a sua vida e vê que aquilo não fez o menor sentido. Isso pode acontecer também. Então a possibilidade de não fazer sentido está sempre presente para o ser humano. Então se o romancista não estiver consciente de todas essas alternativas, ele não pode contar a história de ninguém. Então quando o indivíduo não tem essa consciência autobiográfica e, portanto, não pode aprender a unidade da vida de outros personagens, o que ele faz? Ele substitui com jogos linguísticos, com combinações gramaticais. E pior, hoje em dia existe a tendência de encarar a área narrativa principalmente com uma construção linguística. O que ela não é de maneira alguma, porque a construção linguística, evidentemente, ela está lá, mas ela só está para designar algo que só pode ser compreendido pelo leitor. Caso o leitor remeta a sua própria experiência da vida, porque isso é o saber do que está falando. Por exemplo, você, suponhe que vocês aqui jamais têm matado a sua mulher, porque ela os traiu, mas você consegue entender que o hotel tem feito isso e feito isso porque ele acreditou que ela o traiu. Se você não soubesse o que é o filme, se você não tivesse nem uma experiência imaginária do filme, você não entenderia isso aí. Ora, uma construção linguística não pode, por si mesma, abarcar essa experiência, pode apenas designá-la. Então, a construção linguística só é compreendida por aquilo que nela transcende a própria construção linguística e penetra dentro do mundo do Lebesbeth, da experiência vivida. Mas ainda essa experiência vivida pode ser concebida pelo romances que geralmente é antes de que ele possa formulá-la de linguisticamente. Não, às vezes não aparece pronta, mas algo do desenvolvimento temporal dos acontecimentos que você tem antes de você botar a primeira palavra no papel. Portanto, existe uma estrutura narrativa prévia antes da construção linguística, existe outra depois que se realiza na menduleitor. Então essas distinções, vocês têm que se acostumar com elas. Dizem, mas só vai acostumar, se você nem muitas narrativas, não no sentido de estudá-las como construções linguísticas, mas estudar como se fossem vidas possíveis, porque é disso que a literatura trata, vidas humanas possíveis. E com isso você vai ampliando a compressão que você tem da sua própria vida e da vida dos seres humanos que te cercam. Idiotes que você não conheceu pessoalmente, mas que você pode imaginar, por exemplo, a vida de um grande estadista, a vida de um tirano, a vida de um serial killer e assim por diante. Vidas que você não poderia viver, mas que você pode imaginar. Então isso é a base de toda a cultura e de toda a compreensão, porque isso é a base de toda a comunicação humana, de toda a linguagem possível, inclusive a linguagem científica. Deu para entender? Então, deixa para que nós voltemos com as perguntas. Então vamos lá, vou começar respondendo aqui uma pergunta que se refere ao começo da aula, a introdução da aula, ou seja, aos avisos que eu estava dando. E Samuel Montresol. Eu só luto a história da UFRJ e tive aula do Brasil contemporâneo com o professor Carlos Fico, que supostamente ser um dos maiores atoradores do regime militar. Me lembro que ele garantiu que os Estados Unidos tiveram um papel importantíssimo no financiamento dos grupos civis antigos, junto na ajuda na preparação militar do golpe. Segundo ele, haveria uma operação chamado Brother Sam, em que os Estados Unidos enviariam um comboio militar para as verdades militares brasileiras. Também me lembro que eu me perguntei para isso, para as atuações soviéticas no Brasil, ele desviou do assunto. Bom, por exemplo, ele faz uma confusão que já se tornou clássica. Houve, evidentemente, o financiamento americano para grupos de ação parlamentar, tá certo? Mas é evidente que se esperavam vencer o jango no parlamento, não estavam planejando um golpe contra ele. O golpe surge quando a luta parlamentar falha. Então uma coisa não tem absolutamente nada que ver com a outra. A outra possível operação Brother Sam é importante ver que é claro que os Estados Unidos tinham um plano de contingência, porque é obrigação constitucional do presidente dos Estados Unidos quando há uma revolução, um golpe de Estado, qualquer agitação mais perigosa no país, qualquer, ele removeram os cidadãos americanos do lugar. Se ele não fizer isso, ele pode até sofrer impeachment. Então é evidente que a operação se destinava a este fim e não tinha mais nenhuma possibilidade de ação além disso. Mas no que seria uma ação militar americana num território do tamanho do território brasileiro? Seria muito maior do que o que foi a ocupação do Iraque. Não havia nenhum plano dessa envergadura. No fim a única coisa que acabou sendo feita foi enviar um navio com combustível, combustível que não chegou a ser usado e que não foi sequer dado de graça. Foi pago pela família do ex-governador Paul G. Martin, que era um banqueiro, pagou e eles nunca devolveu dinheiro. Isto foi exatamente tudo o que houve. Agora, o financiamento a entidades civis que lutavam na esfera política houve mesmo. O que é que isto tem a ver com o golpe militar? Ele quer dizer que todos os componentes daqueles grupos parlamentares estavam informados do golpe, mas nem se estivesse não teria vindo o golpe. O golpe foi tramado em segredo por grupos pequenos que envolviam como as militares e alguns governadores de estado como Magalhães Pinto. Outro só entrar no fim como a de Mardi Barras, o próprio Carlos Serda. De ver, nem o Carlos Serda participou da elaboração do golpe, isso é importante. Ele entrou no último momento. Então, você vê que um golpe militar não é uma coisa para você discutir no Parlamento. A explicação é o que se chama síntese confusa. O negro mistura duas coisas que contribuíram para a desmoralização do governo jangular e junta tudo isso sob o nome de golpe. Isso é o síntese confusa. Isso é o máximo de inteligência que o nosso mundo acadêmico consegue chegar. Esse é um dos pontos que eu gostaria muito de esclarecer. É a diferença entre o financiamento da grupo civil, isso que é uma coisa normal no mundo inteiro, quer dizer, qualquer ONG vai pedir dinheiro para os americanos. E, por outro lado, quando o frente desconversa a ação soviética, ele sabe o que está fazendo. É claro que ele está, não está fazendo historiografia de maneira alguma, ele está fazendo uma desinformação, uma ocultação proposital. Você dizendo que uma coisa importante nessas pesquisas é você levar em conta as investigações feitas pelo Mauro Abranches na Tcheco Lovac, que teve acesso aos documentos do serviço secreto do Tcheco, que era o que atuava no Brasil, que era no Brasil, que era no Brasil, ela não atuava diretamente pela CGB, mas pelo serviço secreto dos ramados países satélites, como por exemplo o serviço secreto da Romênia atuava no Oriente Médio. E no Brasil era da Tcheco Lovac, por isso que o chefe era um checo que era o Lássaro Albítimo. Tem que ler o livro do Lássaro Albítimo e tem que aguardar um pouco essas investigações do Mauro Abranches, que não deixam a menor dúvida da quantidade enorme de agentes soviéticos que havia no próprio governo de Angular. Agora, quando fomos aos agentes da CIA, eu disse como seria possível tramar um golpe, a CIA tramar um golpe, se até hoje não apareceu o nome de um único agente da CIA lotado no Brasil na época, quando nós temos mais de 300 nomes da gente da CGB. Claro que algum agente havia, mas até hoje não sabe o nome desse agente, então é tudo uma especulação baseada na síntese confusa. Quer dizer, se eles estavam dando dinheiro, por exemplo, o IBATE, o IBATE era o Instituto Brasília de Ação Democrática, era uma ONG, que fazia então propaganda, lutava assim contra os projetos de reforma de base, essa coisa tudo isso na esfera, jornalismo e parlamentar. É claro que isso ajudou o golpe, é claro que ajudou, se não tivesse a vida, esta luta parlamentar, então a reputação do governo estaria intacta, mas eu não quero dizer que essas que estavam atuando no parlamento, no IBATE, estavam articulados com os golpistas, falem isso, isso é absolutamente impossível, é dizer, igual foi eminentemente uma operação militar, tá certo? Da qual veja você, no parlamento ninguém sabia de nada, quando o presidente do Senado, o Sr. Morandrade, decretou a vacância do Cárbio, o presidente da República, porque o João Gura tinha assumido, estava jogando no sul, mas a pessoa pensava que iria estar no exterior, então ele reuniu o Senado e disse o Senado declara que a presidente estava a vagas, ele nesse instante não sabia do golpe militar, o presidente do Senado, que era o amarracionário que tinha lá, você gosta de ir mais nos outros, então quer dizer, a luta parlamentar é uma coisa, o golpe é outro é completamente diferente, aliás, são processos antagonicos, um golpe é conduzido em segredo até o seu último momento, quando o general Morandrade, o filho, botou as tropas para sair de Minas e baixar para o rio, nem os outros generales sabiam que iria fazer isso, quer dizer, só que não sabe o que é um golpe militar e que fala essas coisas, bom, feito isso, vamos para o Brasil, é, é, bom, feito isso, vamos para outra pergunta, Marcelo Sprecher pergunta, se eu coloque a ciência recorto aspectos da realidade, se eu não sou incapaz de abarcar sua totalidade, porém a nossa experiência no mundo concreto também não pode abarcar sua totalidade, por limitações de lenença na nossa condição humana, papapá, não foi isso que eu disse, de jeito nenhum, eu disse que a nossa experiência do mundo, a nossa experiência em aberto, está não está previamente delimitada e ela não é de tipo abstrativo, embora a abstração se siga, olha ela, ao passo que a investigação científica começa com abstração, começa com recorte abstrativo, portanto ela não está aberta para a realidade e a realidade que ela abrange é necessariamente fechada e circunscrita pelo campo previamente delimitada essa ciência, o qual é delimitado em função dos métodos acessíveis, nós temos tais ou quais métodos, o que que nós podemos estudar com esse método, tais e quais fenômenos e tais e quais aspectos dos fenômenos, pronto, eu nunca falei em totalidade, aliás, pense um pouco, abarcar a totalidade é uma expressão autocontraditória, abarcar a totalidade e não terá que estar fora e acima dela, isso nem Deus abarca a totalidade, porque Ele é a totalidade, então Ele não pode abarcar ela e ficar fora dela, Deus teria que estar fora e acima da realidade, Ele não está, Deus a ONU e Presente, portanto Ele está também dentro da realidade, então essa é uma expressão, muitas vezes as pessoas disseram isso, ah, sem saber com apenas as pedaços e não a totalidade, esse é um argumento absolutamente falso, falso e autocontraditório, o que caracteriza a experiência humana não é o seu caráter total, mas seu caráter aberto a simultaneidade dos fatores acessíveis, claro que nem todos esses fatores precisam estar conscientes, mas eles têm que estar presentes, e nós sabemos que uma experiência é real, porque nós sabemos que ela tem uma infinidade de aspectos acidentais que estão ali presentes, qual é a diferença entre você assistir um homicídio e você ver um homicídio no cinema, você sabe que ali no cinema só estão presentes aqueles elementos que fazem parte do enredo, tal como via se desenvolvendo, não há outros elementos, ao passo que na experiência real pode haver milhões de elementos, você está aberto para todos eles, então é o que caracteriza o experiência humana, não é a sua totalidade, mas a sua abertura, e o que caracteriza a experiência científica é o seu fechamento, a sua limitação a um conceito delimitador prévio à experiência, uma ciência ela delimita um certo campo, esse campo é delimitado em função de hipóteses iniciais que ela já tem, e em seguida ela vai verificar se dentro desse campo aquelas hipóteses efetivamente se realizam ou não, isso é tudo, então nada de esse negócio de totalidade e tal, isso é tudo besteira, houve gente que alguns humanistas alegaram isso com o contrário do ano passado, mas isso é uma coisa tão tosca que não merece nem ser levada em consideração, então vira a experiência humana está aberta a uma totalidade virtual, não totalidade real, a ciência não pode estar aberta, nenhuma ciência pode estar aberta a totalidade virtual, ela só pode estar aberta ao território que ela delimitou, não vamos dizer a interferência de outros fatores, bom isso seria uma outra ciência que vai investigar aquilo por outros métodos completamente diferentes nos quais nós não podemos opinar nada, de articulação de duas ciências a mesma coisa, ele três, ele quatro e cinco é a mesma coisa, você pega qualquer manual de qualquer ciência, você pega um manual de química, com o que que ele começa, vinte parnas de definições, suspenda essas definições e não há mais química, o que que são essas definições são delimitações de território, ou seja, está criando um objeto ideal, que em seguida você vai comparar com as experiências, um objeto ideal que previamente delimita o campo das experiências possíveis, agora se, compara isso vamos dizer com a experiência concreta da vida humana, começa com alguma definição, nada tem definição, vamos ver outra pergunta aqui, Rodrigo Bellinazo, essa semana eu vi uma agumentação no Filósofo Italiano afirmando que o número de suicídios na Inglaterra aumentou devido ao neoliberalismo, ou seja, a maior concorrência dos indivíduos provocou esse suicídio, isso é absolutamente inconcebível, esse é o tipo de assíntese confusa, quer dizer, enquanto se aplicava as técnicas e teorias neoliberais, nada mais aconteceu, nenhuma outra mudança social aconteceu, nova destruição de valores, nova destruição da família, nova decomposição da linguagem, nova mudança da educação, foi só o neoliberalismo sozinho que magicamente provocou o suicídio, esse é o primeiro, um cara desse não tem condição de selecionar a universidade nenhuma, não tem condição de selecionar num ginásio, porque pega um fator abstrativo e ele dá aquilo a um poder real, olha, nenhuma situação econômica por si determina nenhuma conduta humana e isso é uma coisa importante entender, porque depende da interpretação que você faz e essa interpretação por sua vez não é determinada pelo próprio fator econômico, mas pelos fatores culturais, morais psicológicos etc, por exemplo, você ir à falência, como é que você interpreta isso? um cara mete uma barra na cabeça, o outro vai começar outro negócio, então a falência por si não determinou nada, então é preciso, para formar uma conduta humana qualquer, você precisa uma confluência de muitos fatores, qualquer conduta, qualquer conduta simples, então isso aqui é o tipo do pensamento metonímico, o neguinho pega a parte pelo todo, acredita que a parte existe em si mesma, você poderia inverter o raciocínio, por exemplo, o socialismo da Suécia ele cria um elevado número de suicídios, ele sozinho não, não é porque o governo encampou tal e qual negócio e que todo mundo vai meter a barra na cabeça, a conta é que para fazer isso ele teve que criar mudanças na educação, na moral, tá sendo nos costumes é tudo insomado, leva os caras a estourar os miolos. Rondom pergunta, quais são as melhores narrativas da língua portuguesa? Aquela que você ocorreu um exemplo para a aula de hoje pela perfeição, por contei todos os elementos que definiu o gênero, bom, aí é uma escolha mais ou menos subjetiva, mas tem algumas coisas que eu vou indicar são muito bons, eu não posso garantir que são os melhores ou os únicos, mas eu acho que os maias do estroquemórios são primórdios de narrativa, as novelas do Camilo Castelo Branco e todas elas são pequenas obras primas, mas não chega a ter a samplitude, são livros de 70, 80 parnas, são apenas novelas, não chega a ser romance. Se você pegar um machado de acido, você vai ver que no memórias próximos de Brascovas ele apela muito as jogos linguísticos, o próprio fato de o sujeito escrever a sua autobiografia depois que morreu, quer dizer, eu não sou um autor defunto, mas um defunto autor, é claro que isso é um jogo de palavras e isso tira muito do impacto realista, mas na época o machado de acido estava muito influenciado por Laurence Stern, uma romanciz de inglês que fazia muito esses jogos de palavras, depois o machado de acido cria a conquista da sua independência imaginativa e chega a perfeição narrativa no Don Casmuro. Então Don Casmuro, você era um exemplo, e ali você vê que a loja implacável do tempo linear está ali presente, embora não seja sempre seguida literalmente na narrativa, mas ela está ali presente. Eu sugeriria o São Bernardo, graças a Eleano Ramos, que também é uma tragédia, e onde você vê o tempo implacável, as causas se encadeando até o amargo fim. O livro do Zé Geraldo Vieira, a mulher cogido de sua doma, é certamente a narrativa mais bem construída dele, tem outros românticos que são mais ricos de imaginação, mas é uma perfeição de construção. Eu sou um grande apreciador do érico veríssimo do tempo e o vento, que é uma epopeia onde o tempo vai inexoradamente produzindo seus efeitos. O livro do José Montelo, o tambor de São Luís e a Coroia de Areia, a Coroia de Areia é uma história de um personagem que passa por todas as revoluções brasileiras. Em tudo isso você vai ver a ação do tempo inexorável, que já era a base da tragédia grega e continua sendo a base de toda a narrativa até hoje. Eu acho que esses são, não digo que são os melhores, mas são os que eu gostaria que vocês lhes sim. Ramón Gomes. Estou tentando escrever um romance, mas ainda tenho muita dificuldade em encontrar as palavras que se adequam às minhas ideias. Tenho um anamento e copo da história e os dramas nos quais pretendo escrever. Se eu puder me dar mais alguma sugestão além da leitura e imitação dos grandes escritores, sim, você imaginar a história de maneira cada vez mais meticulosa. Não tente narrá-la em palavras, tente imaginá-la simplesmente. Até você visualizar cada cena, ouvindo as palavras, ouvindo os sons. Se você fizer isso, ou seja, aí você vai ter clara consciência do que você quer dizer e as palavras, ou surgirão naturalmente, agora, para as palavras surgindo naturalmente, dependem da amplitude do seu vocabulário. Então, você vai fazendo isso, ao mesmo tempo tentando aumentar o seu vocabulário. Então, a principal de uma narrativa não está nas palavras, está no verbo mentes, que é uma intenção de dizer ainda não realizada. Felipe Riso, eu gostaria de compartilhar a leitura que estão fazendo da montanha mágica de Thomas Mann e como se encaixa perfeitamente no tema de hoje, romance e tempo. O tempo é a discussão constante no romance e muda a percepção que o personagem tem do tempo no hospital e isso faz mudanças neles. Então, ali você acompanha diferentes vivências do tempo pelos vários personagens, mas tudo isso abrangido no que, num tempo linear que também vai transcorrendo inexorávelmente até o amargo fim. Bom, eu acho que por isso eu não vou ter que parar por aqui, existem outras, olha, aqui tem o Andrew Mendel do Santos manda uma oferta de ajuda, de colaboração em função dos benefícios que ele sente ter recebido deste curso e diz, ah, eu estou a sua disposição, eu não estou precisando de coisa nenhuma, mas eu tenho um monte de gente no curso que está precisando. Você colabora com quem está começando, colabora com seus colegas, o que vocês fizeram um pelos outros, está não fazendo por mim. Está bem, por exemplo, colabora nesse projeto do Maurício e outros projetos que aparecem, está bom? Então, vou ter que parar por aí, até a semana que vem. Muito obrigado.