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Vamos lá, boa noite a todos, sejam bem vindos. Hoje eu queria prosseguir o assunto, não provar ainda a filosofia do Schelling, mas alguma coisa em torno da filosofia dele. O Schelling tem sido uma constante inspiração para mim, cada vez fico mais impressionado com a profundidade, a visão quase profética que ele teve sobre o desenvolvimento futuro da filosofia depois que Hegel havia decretado o fim da filosofia. O sistema de Hegel é um todo fechado que aparentemente resolve todos os problemas e de fato os discípulos de Hegel proclamaram isso assim ostensivamente. Não há mais nada a investigar, agora só tem que tirar as consequências da filosofia de Hegel. O fato de que a filosofia chegasse a um termino, fez com que surgisse uma atividade derivada da filosofia quando Karl Marx disse que os filósofos se limitaram a interpretar o mundo e o que interessa é transformá-lo. O fechamento do horizonte filosófico traz como consequência imediata a substituição da atividade filosófica pela atividade revolucionária. Isso é mais ou menos como você não conseguiu resolver um problema proposto pelo seu convençor e você vai lá e dá uns tapas nele e você transferiu, mudou o nível da conversa. Passamos da teoria para a prática, da interpretação para a transformação, ou seja, não podendo entender o que está acontecendo, nós fazemos acontecer uma outra coisa completamente diferente. Esse estado de espírito, do fim da filosofia, de fato se disseminou por toda a classe falante da Alemanha durante algum tempo até que o próprio rei Guilherme IV chama o Schelling, a Berlínia, para dar um fim nessa apucaria, falou que nós temos que desmascarar, ele chamou-se com uma precisão incrível de oniciência fácil do regalo. Donde sai esta oniciência? Quando nós amamos a história inteira da filosofia, aí nós percebemos cada vez mais que a divisão, a separação entre filosofia e religião, que se tornou uma espécie de dogma da modernidade, filosofia e ciência, de um lado a religião do outro, é de fato um artificialismo e é uma farsa no fim das contas, porque todas as filosofias modernas, inclusive as que se pretendem mais científicas não são, senão variações de antigas cosmogonias religiosas em competição com a cosmogonia cristã. Isso é exatamente a mesma coisa. Você vê que o Friedrich Heer, no livro História intelectual da Europa, ele observa que as antigas heresias combatidas desde o tempo de Santirineu desapareceram do cenário aparente, mas continuaram criando discípulos e florescendo nos mesmos lugares onde havia surgido. Isso transcorreu de quase dois mil anos. Você ainda vê adeptos daquelas mesmas correntes, claro que agora minoritar, porém, minoritar mas como influência terrível dentro do campo da filosofia. Também é óbvio que aqueles que se apresentam como porta-vozes de uma possível renovação dessas cosmologias não se declaram como tais, nem rei ne de carte, nem bacon, nem cante, nem rego, etc. Mas quando você vai ver o que eles estão dizendo mesmo, você vai ver que não acrescentar novidade nenhuma apenas, vamos dizer, acrescentar argumentos em favor de antigas cosmogonias que, encaradas, frente a frente, não se sustentam de maneira alguma. Então, primeiro lugar, é preciso comparar essas cosmogonias, para o indústria, agnóstica, budista, etc. com a ideia cristã. A ideia cristã é, vamos dizer, de um deus onipotente, puramente espiritual, infinito, que, por um ato de livre vontade, um ato de amor, cria o mundo e todas as suas criaturas. Portanto, esse ato de ignorância não tem explicação, como também não tem explicação, o fim do mundo. Quando perguntar a Jesus Cristo, quando será o fim do mundo, eles, eu não sei, só Deus Pai é que sabe. Ora, sendo Jesus, a inteligência de Deus, o Logo Divino, a regra ordenadora do mundo, então isso significa que o fim do mundo não depende de algo que possa ser deduzido racionalmente dos primeiros princípios da razão universal, mas que será um ato livre de Deus Pai assim como foi a criação do mundo. Então, nesse sentido, nós vemos pela própria narrativa do Gênesis, que o mal só aparece no mundo através do mal exercício da liberdade humano, que há uma livre escolha feita pelo ser humano. Então, eu faço assim, assim, assim e a Daúria vai decidir fazer uma outra coisa. Isso significa que não há em toda a criação, um elemento de mal que esteja ali embutido na própria estrutura da realidade. Por assim dizer, não existe o mal universal. É uma coisa que está limitada a uma determinada esfera da vida humana e terrestre e mais nada. É que assim como a criação foi um ato livre de Deus, a introdução do mal e, portanto, da anticriação, a rebelão contra a criação também é um ato livre da parte do ser humano. O ser humano não tem onipotência, mas ele tem a liberdade, ele pode fazer algo que não está... A liberdade significa o seguinte, fazer algo que não estava programado, que não decorre de uma causa anterior. Então, nós vivemos fazendo atos desse tipo, atos que não podem ser explicados por nenhuma causa antecedente, porque não quer dizer que surram do vazio, mas que não podem ser deduzidos de nenhuma causa anterior. Então, esses dois temas, vamos dizer, da criação, da estrutura do cosmos e do mal e também da liberdade humana. Vamos dizer, eles perpassam toda a história da filosofia com várias versões, está certo? E todas as outras versões que aparecem, todas as outras cosmogonias, elas resultam no fim das contas em... ou universalizar o mal, como, por exemplo, nas doutrinas gnósticas ou em plotino, por exemplo, a existência inteira do cosmos é explicada como uma queda. Havia um mundo puramente espiritual. Está certo? Um espécie de universo sem mal que, de repente, degradou e virou este aqui no qual nós vivemos. Então, isso quer dizer que a presença do mal no mundo, no mundo humano, histórico, etc., é explicada como uma determinação cósmica. Dizemos, nós estamos sujeitos a isso, o universo inteiro está e não tem como escapar. Isso quer dizer que o problema da liberdade humana não se coloca, porque se estamos, quer dizer, obrigados ao mal por assim dizer, então, evidentemente, não temos culpa nem inocência. Então, tudo é explicado como, no fim das contas, uma responsabilidade do próprio Deus, o Deus que nos fez assim, ele fez o universo e o universo está impregnado do mal e não tem escapatório. O único escapatório é sair do cosmos e voltar para o cosmos espiritual. Portanto, a ideia toda é de uma destruição da criação. A criação tem de ser destruída para que retornemos a um mundo puramente espiritual onde não existia o mal. Isso aparece claramente na agnose. Você tem outras cosmogonias, por exemplo, a indústria que, literalmente, nega a existência do cosmos. O cosmos, todos, não passa de um tecido de aparências. A aparência que só existe para nós, aparências subjetivas, está certo? E que à medida que você vai descobrindo a verdadeira realidade, eterna e mutável, etc., você está vocólogo, simplesmente desaparece, você se reintegra, você desaparece, por sua vez, na única realidade supremo ou o brâmano. Está certo? Então, tudo, absolutamente tudo, é ilusão, exceto o brâmano. Se tudo é ilusão, isso também significa que toda ação livre humana também é ilusória. Apenas você está pensando que está fazendo uma ação livre, mas, na verdade, você é apenas mais uma sombra que está se movendo entre outras e que será dissolvida no fim das coisas, no retorno de tudo ao brâmano. Outras escolas, como, por exemplo, a Escola Orfica, também via a única finalidade da nossa existência, nos retirarmos deste corpo maligno, o quanto antes. Aparece também, isso aparece também em Plotino. Em Plotino, nem tudo contradiz a Cosmogônia Cristã, mas em parte contradiz. A parte absorvível pelo cristianismo foi bastante aproveitada, mas, no fim das contas, ele também apresenta essa ideia, do cosmos como uma degradação. Não precisa nem falar, mas do maniqueísmo, onde existe, originalmente, dois deuses, um bom e um mal, e o mal é responsável pela criação do cosmos. Então, o que nós temos que fazer o mais rapidamente possível é evadirmos do cosmos ou destruí-lo. E assim por diante. Isso quer dizer que todas colocam, no fim das contas, a origem do mal ou, no próprio Deus, na própria origem de tudo, quer dizer, o mal está embricado em tudo, ou dissolvem a ideia do mal e do bem na concepção, vamos dizer, da ilusão e da dissipação da ilusão no retorno de tudo ao Braman. Quando nós examinamos a história da filosofia, nós vemos que essas concepções, elas ressurgem, ressurgem, ressurgem, ressurgem. A partir, vamos dizer, da modernidade, elas ressurgem de monés, cada vez mais disfarçadas, mas no fim, não é exatamente isso. Por exemplo, a filosofia de René Descartes, ele suprime a ideia, vamos dizer, de um Deus Criador e de um homem livre e coloca no centro de tudo o eu autoconciente. Quer dizer, o eu autoconciente passa a ser o legislador universal, a realidade depende dele. E Descartes vai reduzir a função de Deus a de um mediador entre o eu e o mundo. Para que o eu se certifique de que tudo que ele pensa do mundo não é ilusão, ele apela a ideia de Deus e dizam, Deus é bom, ele não ia me enganar tanto assim, não ia criar todo o universo fictício só para me enganar e, portanto, deve haver alguma conexão entre os meus pensamentos e o mundo exterior. Mas fica aí já essa ideia de que a ordem dos pensamentos, a ordem interna da razão pensante é a ordem externa do mundo, é a ordem da realidade. E esta ordem é reduzida ao seus elementos matematizáveis. Isso quer dizer que o cosmos inteiro, a natureza inteira, terrestre, extraterrestre, fica reduzido, vamos dizer, a um esquema matemático que pode ser inteiramente reduzido de certos primeiros princípios por um processo de identiculdade, de edução geométrica. Então este ente geométrico matemático tem uma existência, vamos dizer, por si mesmo, está certo? Ele só pode vir a depender de um Deus criador no instante da sua instauração inicial, como o dia Galileu, Deus escreveu o universo com caracteres matemáticos. A partir da hora que escreveu o universo e estruturou o matematicamento, o universo continua funcionando por si e só o que resta em descobrir as leis ou regularidades do seu funcionamento. Ora, mas se tudo está previsto matematicamente, determinado matematicamente, aonde pode entrar o problema do mal ou o problema da liberdade do humano, ele não pode entrar de jeito nenhum. Então esta ideia de chegar a uma perfeita descrição matemática do cosmos, que é uma ideia que ainda existe hoje em dia, transformar o cosmos numa espécie de sistema geométrico, está certo? Vamos dizer, é uma ambição permanente do pensamento ocidental tanto filosófico quanto científico, e não é preciso dizer que isso suprime o problema da liberdade e o problema do mal. Então, quer dizer, voltamos a uma espécie de concepção induísta, está certo? Onde tudo é ilusório. Veja que quando Descartes instaura o seu, cria o seu sistema, já aparece imediatamente o problema da dúvida quanto ao mundo exterior, e ele não tendo como conectar o mundo dos seus pensamentos ao mundo exterior, veja que coisa estranha, ele ao mesmo tempo percebe que ele está fechado dentro do mundo dos seus pensamentos e do mundo da sua racionalidade, e que não tem uma ponte para o mundo externo, e ele tem que apelar para um deus para colar os dois pedaços. Neste mesmo instante, ele pretende que o universo interno dele, da razão, corresponde exatamente a toda a estrutura do real. Ele diz, mas como? Você não tem acesso ao real? Você mesmo diz que não tem, você está fechado dentro do seu eu pensante, e a única conexão da sua razão interior, como o mundo exterior, é um deus ao qual você apelou, vamos dizer, como uma cola entre as duas partes do sistema. Então onde entra esse deus na estrutura do mundo? Ele simplesmente não entra, então está reduzida a função de colar uma coisa com a outra. Aqui você tem um eu isolado e tudo que eu penso corresponde à estrutura real das coisas, como se verifica por medições e comparações científicas. Então este domínio que o ser humano exerce sobre o mundo exterior através das medições, esse transforma no substituto da própria presença do universo. Note bem que o universo, na verdade, ele não está mais presente, a única coisa que está presente é o eu pensando presente a si mesmo, e este é o fundamento do conhecimento. O universo é como se fosse uma hipótese que está colocada lá fora e que você pode conhecer até sem mesmo necessidade da experiência, porque você dedua o estudo dos seus primeiros princípios. A construção racional interior que você fez, ela é agora a suprima da legislação do cosmos. Não é preciso dizer que daí surge a ideia do deus ocioso, quer dizer, o deus que criou o universo, botou lá para funcionar matematicamente e daí foi dormir. E não fez mais nada, você não precisa de deus para mais nada, só como garantia da coincidência entre as suas ideias e a realidade e como criador, como autor do pontapé inicial. Está certo? A ideia, vamos dizer, de um sistema fechado e autoexplicativo que contém em si mesmo o fundamento de todo o universo é a grande ambição da filosofia, desde o século XVII até o começo do século XIX. Praticamente todos os filósofos desde Descartes até Hegel e Fischl pensaram nisso. Um dos mais ambiciosos evidentemente foi Spinoza, está certo? E Spinoza acreditava piamente que tudo pode ser conhecido pela razão sem mesmo a necessidade da experiência, quer dizer, você não precisa da presença de um cosmos, você precisa dizer o extrai totalmente pronto do seu próprio pensamento e ali estão, vamos dizer, as leis universais. Isso quer dizer que a razão e tal como exercida por Descartes ou Spinoza, ela se torna a grande legisladora do cosmos e pior ainda, esse cosmos está colocando um segundo plano em comparação com a razão. Essa é a grande diferença da filosofia moderna em todas as antigas e medievais, desde a antiguidade até o fim da idade, mas todo mundo acredita que nós estamos num cosmos material, é que a racionalidade humana é uma convivência, é uma troca, um intercâmbio entre o nosso pensamento e a realidade. Tanto que São Tomás da Quino vai definir, vamos dizer, a verdade como a correta apreensão da realidade pelo pensamento. Então se você vê um coelho e descobre o que é um coelho e tem a definição do coelho, essa definição corresponde com a forma interna do coelho, então você está na realidade. A partir de Descartes e Spinoza, a razão é autônoma e ela vem antes do cosmos, por assim dizer, o cosmos é apenas uma projeção da razão e do cosmos inteiro só interessa agora aquilo que está submetido à estrutura da razão. E daí vem a ideia das famosas propriedades primárias e secundárias, primárias são aquelas que podem ser medidas, as outras são consideradas todas subjetivas, então você separa do universo, por exemplo, o gosto, o som, a cor, etc. Tudo isso são apenas impressões subjetivas e sobra apenas uma estrutura matematizada, criada pela própria razão, e essa estrutura tem autoridade sobre o cosmos. Note bem que aí é a própria autoridade do pensamento humano que se sobrepõe à presença do cosmos. Então não espanta que a partir desta época a ideia da matematização tem invadido todos os domínios e tem encontrado algumas impressões plásticas, por exemplo, no planejamento dos jardins. Os jardins daquela época deixam de se parecer com a natureza e começam a aparecer formas geométricas. Se você ver o jardim para as adversárias é exatamente assim, quer dizer, é a natureza geometrizada. Porém ainda restava, alguma diferença, tanto no sistema de espinosa quanto no Descartes, ainda existe alguma diferença entre o homem e Deus, ainda se admita um Deus externo transcendente de algum modo. Porém, esta lacuna vai ser preenchida aos poucos a partir do momento em que Kant faz todo, todo, todo, todo o conhecimento humano depender apenas da estrutura da cogneção humana e de nada exterior. O mundo exterior só nos fornece, diz ele, estímulos caóticos. Todo princípio de ordem vem de nós. É a estrutura da cogneção humana que determina, por assim dizer, a estrutura do cosmos, a única estrutura cognosível do cosmos. Se isso é algo para lá, além disso, nós não podemos saber e na verdade, pensando bem, nem interessa. É partindo disso que Hage vai ter uma conclusão que é quase inevitável. Se a estrutura da razão predomina sobre a própria presença do cosmos, na escala da realidade, então o que falta para nós dizermos que esse edifício criado pela razão é não apenas a imagem correta do cosmos, mas é a própria lei constitutiva do cosmos, é a própria criação. Então, já não há mais diferença, nenhuma entre o filósofo e o Deus criador. É isso que vai fazer Hegel no momento onde ele, partindo do conceito fundamental, do ser, do nada, etc., ele vai tirar a conclusão de que o universo inteiro é o próprio absoluto que se desdobra, por assim dizer, para conhecer-se. Então, quer dizer, ele penetramamente de Deus, ele sabe tudo que Deus está pensando e não há mais diferença entre o pensamento dele e o de Deus. Mas ainda ele dirá que todo pensamento só vale alguma coisa quando ele se eleva ao nível do conceito mais abstrato possível. Mas esse conceito mais abstrato possível passa a ser o próprio absoluto que se pensasse mesmo e se manifesta no tempo através de oposições que ele mesmo vai criando como um espelho no qual se enxergar. Então não é preciso dizer que, ao mesmo tempo em que isso acontece, os progressos da ciência e da tecnologia vão substituindo a imagem da natureza pela imagem de uma matéria plástica sobre a qual o homem exerce a sua função transformadora. Então, você vê que em Karl Marx, por exemplo, a natureza não é nada mais do que a matéria prima da indústria. Ele diz que a história humana é o conjunto dos esforços de apropriação da natureza pelo homem e a natureza por si mesma não tem uma grande função. Ela é apenas o cenário no qual se desenrola a história central, que é a história da indústria, a história da técnica, a história dos instrumentos, etc. E, portanto, a história da posse desses instrumentos, a história da luta pela posse desses instrumentos. Então é um pouco antes de Marx que Schelling entra na conversa, embora ele... Schelling é um caso trágico, porque é um raríssimo caso de precoçidade filosófica. Ele publicou um livro aos 20 anos, um livro fazendo um sucesso graçado, um livro mais ou menos na linha do idealismo de Hegel e Fisch, anunciando algumas coisas que ele viria a desenvolver mais tarde, mas dentro de de maneira muito nebulosa. E fica conhecido como um dos membros da Santíssima Trindade do idealismo alemão, Hegel, Fisch e Schelling. Em seguida, Schelling se retira da atividade públicas durante algum tempo, em parte em função de um casamento escandaloso que ele teve lá com a mulher divorciada de um exameio dele. Ele surge muito bafafá e ele se retira e fica quieto durante muito tempo. E quando ele volta, já bastante idoso e dá aos seus cursos finais, sobretudo a filosofia da mitologia, a filosofia da revelação, os cursos fazem um certo sucesso no começo, mas é uma espécie de sucesso assim, mais por uma manifestação de respeito do que por outra coisa. É um desperto interesse verdadeiro. Eu diria que esses livros só vieram a ser lidos corretamente no século 20, a partir dos anos 40 a 50, antes não. Então, quer dizer que a imagem de Schelling ficou impregnada como se fosse do Schelling da juventude. Mas ainda a filosofia de Schelling tem essa característica que ela nunca se estabiliza, ela nunca se fecha num sistema. No começo parece estabilizar, então parece, como eu só falo, do sistema de Schelling. Ele mesmo deu o nome de sistema. Na verdade não era sistema algum, ele tinha uma espécie de filosofia aporetica que estava sempre buscando as dificuldades e buscando integrar novos elementos, novos elementos saísdão da própria cultura, da história, da ciência, etc. Chegue sempre que teve um interesse muito grande pela ciência naturais, acompanhava cada descoberto e via que essas descobertas colocavam problemas novos, problemas que nenhum filósofo tinha pensado antes. E ele aos poucos vai desenvolver em oposição a ideia do sistema final de Hegel a ideia de uma espécie de filosofia orgânica que vai crescendo como a natureza, integrando novos elementos e que portanto jamais estará pronta. Isso quer dizer que Schelling chega quase à definição que eu mesmo dei da filosofia que é da unidade do conhecimento, da unidade da consciência. A unidade que é sempre potencial porque nenhum homem tem todo o conhecimento e porque o conhecimento está todo o ar mudando e trazendo novos dados. Então quer dizer que há um esforço permanente de um equilíbrio entre o progresso do conhecimento, a ampliação do conhecimento e a unidade da consciência. Então essas duas coisas estão sempre numa relação tensional por assim dizer, novas descobertas, novos fatos etc. Eles sobrem, quebram as estruturas anteriores e exigem um novo esforço de reorganização do conjunto. Na geração seguinte vai acontecer de novo a mesma coisa. Esta concepção já estava não apenas na cabeça de Schelling desde o começo da sua filosofia, mas estava no próprio desenrolar da sua obra. O tempo todo é isso que ele está fazendo. Ele integra novos elementos e tenta uma nova ordem provisória que depois será trocada por outra e por outra. No momento em que a ideia de filosofia estava identificada, a ideia do sistema fechado, vocês imaginam como isso pode ter soado aos seus contemporâneos. Soa como era incoerência. Esse cara cada hora tem uma filosofia diferente. E a ideia do Schelling como um sujeito instável, incapaz de se estabilizar, essa ideia se disseminou e virou parte da cultura popular. Piorada pelo fato de que o Schelling, embora fosse com as pessoas do seu círculo, muito amável, ele era em público, era um sujeito às vezes estourado, brigava com as pessoas e não dava satisfação para ninguém e não tinha muitas virtudes sociais. Eu não estudei a biografia do Schelling o suficiente para saber do que ele viveu durante esse tempo. Mas algum recurso ele devia ter, porque ele consegue sobreviver muito tempo fora da profissão universitária. Talvez fosse o dinheiro da mulher dele, não sei. Mas alguma coisa é certa, em muitos dos seus livros ele insiste no seguinte, se você vai acompanhar esse curso, esse livro você tem que ir até o fim, porque nenhum pedaço dele é auto-suficiente. Ele diz claramente, isto não é um sistema de tese que cada uma se sustenta por si. Isto é um movimento em direção a alguma coisa que talvez eu não chegue nunca. Hoje esta concepção é praticamente universal. Ninguém mais acredita em sistema filosófico fechado desde o tempo de Nietzsche. O Nietzsche, eu acho, se esculhambou com isso de uma vez por todas. O Nietzsche era se abertamente incoerente, ele não era como Schelling, não estava buscando com coerência alguma, ele simplesmente denunciava suas impressões em cada momento e isto de certo modo pegou bem e ajudou a esculhambar com a ideia do sistema filosófico. Então hoje em dia todos os filósofos são por assim dizer experimentais, como Schelling propunha. E só depois que eles aprenderam assim, é que eles forem ler o Schelling e falam, oh Reis, era isso que eles estavam fazendo. Então a ideia fundamental do Schelling durante toda a sua carreira foi discutir com estes sistemas, com todas essas cosmogonias e derrubar todas, me botar alguma coisa no lugar. E no fim a única coisa que ele consegue botar no lugar é a cosmologia cristã inicial, porque a única que é compatível com a ideia dele, vamos dizer, da filosofia aberta, da filosofia que cresce, e com a concepção que ele tem da própria natureza, que reflete, uma expressão dele, reflete a exuberância do ser. Então a exuberância significa o seguinte, que não apenas a criação foi um ato livre, mas existem novidades aparecendo a todo momento. As cosmologias atuais sabem disso, que acontece no cosmos, coisas que não estavam no programa. Quer dizer, existe uma história cósmica, assim como existe uma história do ser humano, o cosmos não se fecha num sistema perfeitamente estável, e existe uma enorme margem de imprevisibilidade em certeza como ficou mais do que demonstrado na física quântica. É como se determinadas partículas, até as partículas de vez certo livre-arbítrio, elas podem fazer o que elas quiserem, podem ir para cá, para lá, e isso só é previsível por um efeito estatístico, 75% da responsabilidade que a partícula tal faça isso, mas ela pode apostar no 25% e fazer outra coisa. Então, esta ideia de uma cosmogoninha aberta e portanto de uma filosofia aberta, hoje ela está definitivamente conquistada, não só para uma filosofia, mas até no mundo da ciência através da física quântica. Mas na época apareceu muito esquisito. E o Schelling foi muito combatido, não pelos seus defeitos, que existem evidentemente, mas justamente pelos seus méritos. Justamente a parte mais genial, mais profética da sua filosofia é que se tornou mais objeto de crítica. Então a ideia, por exemplo, da previsibilidade total, quer dizer, fazer do cosmos um sistema fechado repetitivo, essa foi a aberta no ar, o monstro que Schelling combateu a sua vida inteira, buscando inspiração na própria natureza. Então ele diz o seguinte, que sempre haverá na natureza um resíduo de imprevisibilidade que atesta a presença de uma força criativa por trás. Então o cosmos definitivamente não é uma máquina, não é um conjunto de fórmulas que você possa deduzir todo antecipaadamente, mas ele é antes de tudo uma presença. Note bem que em Descartes, em Spinoza, em Kant e no próprio rei, o universo não é de maneira alguma uma presença, ele é uma projeção da razão e você não tem satisfações a prestar ao cosmos que está presente. Dito de outro modo, o único conhecimento que existe é o conhecimento das essências e das propriedades que você deduz das essências. Mas é fácil você perceber que você não conhece nada pelas suas essências em primeiro lugar. Então antes de você pegar a essência de alguma coisa, a coisa tem que estar presente de algum modo. Portanto, neste sentido, não no sentido que o sartre usará a mesma expressão depois, a existência precede a essência, na ordem do conhecimento, não na ordem do ser, necessariamente. Então, vamos dizer, a própria concepção de Deus que aparece em Descartes, em Spinoza, Deus aparece apenas como conhecedor antecipado de todas as essências. E Schelling volta a afirmar, não, Deus é o criador da existência, de toda a presença. E esta presença só se reduz a essências por um esforço nosso que é sempre particial, ou seja, nós conhecemos as essências de algumas coisas, dessas coisas que nós criamos conceitos e elas tiramos conclusões, mas essas conclusões nunca abarcam a realidade inteira. Então, a base da nossa investigação tem que ser a existência, o existente, então a prioridade absoluta do fato. E daí Schelling chega a uma outra coisa extraordinária, onde ele diz claramente o seguinte, a criação do cosmos foi a primeira revelação divina. Muito ex de Moisés escreveu, é a pergunta que eu fiz, o que veio o primeiro? A criação do mundo é a primeira edição do Gênesis. Então existe a revelação em palavras que Deus faz através de Moisés, etc. Mas existem várias outras revelações anteriores e posteriores que ele faz através de fatos, como de santo Maiaquín, nós falamos com palavras, Deus fala com palavras, coisas e fatos. Então esta prioridade absoluta do fato mostra a absoluta irredutibilidade do cosmos a qualquer sistema racional. Todo sistema racional que nós criamos é sempre parcial, ele pode abarcar no máximo o círculo da nossa experiência, então dizer idealmente. Se nós pegamos o círculo inteiro da experiência disponível, isto é o conhecimento disponível, nós podemos articular no sistema racional, mas é só o conhecimento disponível, daqui a pouco chega outra informação e você tem que rearticular tudo. Então a unidade do conhecimento, a unidade da consciência é precária pelo simples fato que nós não vivemos para sempre. Quer dizer, do que que me adiantaria eu me antecipar a todo o conhecimento futuro? Está certo? Se eu só vou ver um determinado tempo e vou ter que ficar quieto depois. Quer dizer, isso seria a ideia do sistema universalmente explicativo é incompatível com a própria existência física do ser humano. Então, rega o que a filosofia acabou com ele. Bom, daí rega o moreve, a filosofia continua existindo. Lá em seguida, continua existindo com o próprio Schelling que diz umas coisas que rega o jamais teria suspeitado, está certo? Então a estrutura temporal da vida do ser humano é incompatível com a ideia do sistema universalmente abrangente. Só que nós podemos abranger, é o conhecimento disponível, mas é todo o conhecimento disponível? Não, é o conhecimento disponível àquele filósofo em particular. E é este outro ponto onde Schelling critica Descartes, Spinoza, Rega, todos esses filósofos que dizem, eles não sabem que são eles que estão pensando. Eles pensam que eles são a razão universal, quando é apenas a razão deles mesmos. Então eles não sabem contar a sua própria história. Eu dei um exemplo disso no caso de Descartes, onde ele confunde o eu, o biográfico concreto dele com o conceito universal do eu. É um erro tão grotesco que, assim, é de, depois de baixar a calça, o sujeito dá algumas palmas, dizer como é que você faz um treco desse? De você que tem treino filosófico, ele aprendeu a escolar, como é que você faz isso? Você não sabe o que você está falando? A resposta é não. E isso é justamente o que eu denominei a paralaxe cognitivo. Quer dizer, a experiência real do sujeito está dizendo uma coisa e ele está construindo outra em cima dela para seu uso e está fazendo com que essa experiência construída se sobreponha à experiência real. Então se devolve às coisas, ao seu devido ponto, por exemplo, você entender que a filosofia de Hegel é parte da biografia do próprio Hegel. Ele foi pensando uma coisa depois da outra, descobriu, entrou em discussão com ele mesmo, chegou a tais conclusões. Você vê que pelo simples fato de ter sido construída ao longo do tempo, a filosofia não poderia ser universalmente abrangente. Hegel só pode abranger o que ele sabe até aquele momento. Se não tem a seguinte, ele fica sabendo outra coisa, o Babal vai ter que modificar tudo. Só que esta adaptabilidade da filosofia aos movimentos, aos progressos, descobertas, etc., até Kant e Hegel era um problema, era um obstáculo, isso era o mal, por assim dizer, era o irracional. E Schelling ao contrário, ele aceita plenamente isto. Enquanto ele fecha o sistema, ele se abre e diz, manda vir todas as novidades que Deus quiser, o que a humanidade quiser, o que os acontecimento. Os fatos têm prioridade absoluta, quer dizer, eu não estou ninguém para o nome do meu sistema negar o fato. Então, isto é que vai fazer, vamos dizer, de Schelling, o que eu chamo de um herói do pensamento, o que é o jeito de ter a coragem de pensar alguma coisa que os outros têm terror de pensar. Quer dizer, tudo aquilo que ficasse fora do sistema, para ele seria o irracional, o mal, o inexplicável, está certo? E para ele não, isso é a natureza das coisas, é assim mesmo e não temos porque temer aquilo que contradiz o nosso pensamento. Claro, aquilo que o contradiz, o enriquece, porque ele é obrigado a abranger e é assim por diante. Ora, você vê que Nietzsche e Kirchgaard, eles também se revoltaram contra esse espírito do sistema fechado, mas eles nunca passaram, daí, de lado, protesto subjetivo. Quer dizer, em face do sistema fechado, daquela construção, Schopenhauer também, Schopenhauer também vai contra o sistema, mas ele cria um outro sistema baseado no que? No hinduísmo. Então, ele não sai do circuito, ele continua escravo do mesmo circuito. Então, assim, como dizer, o protesto dele contra o Hegel é um protesto impotente, ele simplesmente vai trocar um sistema por outro sistema. Kirchgaard e Nietzsche também são protestos impotentes, porque Kirchgaard só diz, mas onde fica a minha vida subjetiva, a minha alma, os meus sentimentos, etc., etc., tudo está muito desconfortável na filosofia de Hegel, então, para o Hegel, vamos dizer, como aliás, para o Descartes, existe um ego, que é o ego dele mesmo. Então, o que raio de ego é esse? Esse ego não é um ego real, é um conceito abstrato, que você pensa que é você. Nessa conta, é o seguinte, o ego tem esta propriedade, que é um para cada um, e o tem um, você tem o outro, tem o outro, tem o outro, tem o outro. Então, vamos dizer, jamais o meu ego poderá engolir todos. Então, o protesto do Kirchgaard está muito certo, está certo? E Nietzsche, por sua vez, disse, olha, esse espírito, esse sistema é apenas uma covardia, você quer fazer de conta que você sabe tudo, mas você não sabe nada, está se refugiando no mundo de... O Nietzsche faz muito para análise psicológica, cruel e em geral verdadeira, mas as acusações que ele lança a filosofia desde Platão até... estão certas, só que é apenas uma reclamação. Ele não consegue criar uma alternativa, nem Kirchgaard, nem Nietzsche cria uma alternativa, mas quando eles vieram, Schelling já tinha criado a alternativa, porque a filosofia dele ela não é um sistema, mas ela é sistematização temporária e sempre em crescimento como a própria natureza. Você pode entender? Então, isso tem um motivo fundamental para nós estudarmos Schelling. Então, eu não sou especialista em filosofia de Schelling, na verdade, eu conheço muito pouco. Eu não li os primeiros trabalhos de Schelling, eu só li a filosofia da mitologia, a filosofia da revelação, onde, de certo modo, ele dá o coroamento da coisa. Eu estou estudando agora o livro do Xavier Tiliettes, uma filosofia indevir que é a história da evolução interna do pensamento do Schelling. Quando estiver a acabar de ler esse livro eu dou uma ideia mais clara para vocês da evolução do pensamento, mas só pelo que eu disse aqui, que você vê como a vida interior desse homem foi apaixonante, pelo fato de que ele não fugia da contradição, mas ele a buscava, e a gente fazia parte do quê? Da exuberância do ser. Outra coisa notável é como ele vai cada vez mais se distanciando das cosmogonias pagãs que inspiravam a filosofia de Descartes, Pinosa, Cânted, etc. E se aproximando da metafísica cristã distante do Maidaquine. É um negócio absolutamente surpreendente, né? Mas nesse trajeto você veja, em nenhum momento ele ressuscina a partir da revelação escrita. É a ressuscita que dá na natureza. E essa, na verdade, é a diferença entre a religião da filosofia, porque a religião vai ter que partir do quê? Da revelação, do verbo revelado, portanto, do texto sagrado, né? E da tradição. E o filósofo vai lidar com o quê? Com a mesma coisa, só que tomando como ponto de partida a própria natureza, que é tudo que nós temos à nossa disposição. Então, a filosofia e o rejom tratam da mesma coisa, por vias, apenas por vias diferentes. Essa decisão não corresponde exatamente ao que deu Santo Maidaquine, que vai dizer que a filosofia lida apenas com a razão natural e a rejom com a revelação, porque Schelling não está falando da razão natural, mas está falando da própria natureza. Natureza não como estruturadora da nossa razão, mas como fenômeno, como fato que está presente, né? Deu para entender? Então vamos para a parquita aqui, 15 minutos e 30 voltas, que eu te pergunto. Então vamos lá. O mario olímpio é o ribero parcheco, perguntei. Dischance Taylor, em seu livro sobre a filosofia de Hegel, Aspas, com o desenvolvimento da noção de Geist, espírito, como um sujeito maior do que o ser humano, Hegel desenvolveu uma noção de processo histórico que não poderia ser explicada em termos de propósitos humanos conscientes, mas antes pelos propósitos maiores do Geist. As transformações nas instituições políticas sociais religiosas que devem acontecer se o ser humano pretender cumprir o seu destino não são mais vistas como tarefas das quais os seres humanos devem desencubir-se conscientemente. Pelo contrário, embora sejam efeituadas pelos seres humanos, esses não compreendem plenamente o papel que estão desempenhando até depois de as terem realizadas. Portanto existe, vamos dizer, uma lógica interna do processo histórico que é a própria auto-manifestação do espírito, a qual as ações dos seres humanos servem inconscientemente, embora depois de realizados, eles possam compreender retroativamente o que se passou. Acontece o seguinte. Isso acontece que quem está pensando isso aqui não é o espírito, é um sujeito chamado George Hegel. Portanto o que ele está dizendo é o seguinte, só eu concebo o processo histórico, vocês todos são sujeitos inconscientes e isso evidentemente é uma alucinação para não dizer como o Eric Vergre uma feitiçaria. Então ninguém pode ser o intérprete autorizado do espírito divino e falar como se fosse um boneco de ventriloco e ele é o ventriloco. Quer dizer que existe um descompasso entre a experiência e a realidade evidentemente. Ele poderia dizer no máximo a arriscar tudo isso como hipótese, sem pretender dar conta do processo inteiro. Claro que de alguma coisa ele dá conta. Ao longo dos livros de Hegel, da fenomenologia do espírito, a lógica, a filosofia da história, do espírito de direto, existem interpretações magistrais sobre determinados fenômenos históricos. Então, aliás, essa eu acho uma característica diferencial entre as filosofias antigas, antigas e as modernas do outro lado. As antigas e as medivais já elas estão certas no todo, embora estejam cheias de erro de detalhe. E as modernas não, elas estão ser perradas no todo, mas tem pedaços brilhantes. Então, o réguil de certo modo é indispensável, vamos dizer pelo seu domínio da técnica filosófica, e por essas várias interpretações que ele faz, por exemplo, de estilos artísticos, de certos acontecimentos, etc. Não é uma coisa para você jogar fora, tá certo? Eu não estou dizendo que Hegel é um subfiloso, ao contrário, ele é um grande, grande pensador, é lá? Só que ele tinha um fundo, eu acho que tinha um fundo falso, ele tinha um fundo 7.1, no fim das contas, né? Daí a pergunta aqui, você está totalizado em assumir alguma forma o papel do Geist no plano da história terrestre sem sombra, de dúvida. Quer dizer, no Marxismo, por exemplo, o partido é o único e supremo intérprete da história. Ele é o autor da história e ao mesmo tempo o único intérprete autorizado. Então, é exatamente a mesma função do Geist, do espírito, no réguil. Só que aquilo que o réguil desenvolveu apenas como teoria, ali se torna uma praxis. Aliás, ele é inevitável que se tornasse, ele é inevitável que alguém lê no réguil. Deu aí, por que que não possuei o agente, o grande e supremo agente? Então, é por isso que Schelling disse, essa filosofia seria cômica se não fosse pelo seu resultado catastrófico, que ele previu perfeitamente. Michael Wendling pergunta, partindo presposso de que no início seriunado se equivale, como o réguil consegue o aparecimento da presença? É precisamente através, vamos dizer, da auto-manifestação e auto-desdobramento do absoluto que para se conhecer, ele se transforma, ele cria uma oposição a ele mesmo. Como uma imagem num espelho. Então, todo o desenrolar da história não é se não o processo pelo qual o espírito absoluto se conhece a si mesmo, como se no fundo ele estivesse mergulhado num poço de ignorância e de inconsciência, do qual ele fosse saindo através da manifestação histórica. Então, se o ser de acordo com o réguil, Deus precisa do processo histórico para ele saber algo a respeito dele mesmo. Então é claro que você fala que o ser e o nada, o ser na sua indeterminação e dentro de qual nada, isso só vale do ponto de vista cognitivo. Isso quer dizer, se eu não sei nada a respeito do ser, tá certo? Se eu somente o conceito na sua abstração universal, sem nada saber concretamente dele, então para mim ele é que vale ao nada. Mas isso tem valor cognitivo, mas não tem valor ontológico, você não pode dizer que o ser em si mesmo realmente equivale ao nada, tá certo? Porque se ele equivale, isso é o nada, e como é que o nada vai se auto manifestar numa oposição a si mesmo? Como é que o nada vai criar algo que se oponha a ele mesmo? Então, essa confusão entre o plano cognitivo e o plano ontológico também é uma constante de toda a filosofia moderna. Claro que você tem as exceções como o próprio Schelling, o Kierkegaard ou o próprio Nietzsche, tá certo? Todos eles não caem nessa esparela, mas o Kierkegaard Nietzsche não cai nela, mas também não sabe o que botar no lugar. Alexandre Zivetti perguntou, eu poderia me indicar, autores que pensaram o problema que foi apresentado hoje no campo da filosofia moderna, no campo das artes, falam, ó, agora você me pegou assim, porque no momento eu não me lembro de nada. Mas exemplo que você cita aqui, penso que em Schumberg, temos um claro exemplo da inversão, mas com certeza, quer dizer, o Schumberg não tanto, mas a escola do decafônica, toda ela, a ideia dela era uma música que independesse do ouvinte, quer dizer, uma música considerando si mesmo, quer dizer, mas o que é uma música que não se ouve? Tá certo? Você não pode dizer que Beethoven ouvia as suas próprias novas, claro que eu ouvia imaginativamente. Então ele não tinha, ele estava privado da audição, mas não da imaginação auditiva, é lógico, né? Então a música considera com a pura estrutura matemática, independente da reação do ouvinte, ela não quer dizer mais na absoluta, mas nada, é uma música inaudível. E isso é evidente, é, vamos dizer, uma transposição, mas é de um fenômeno que aparece na esfera da natureza, que é a esfera dos sons e dos sons organizados. Se eu vou passarinho cantar, ele não está canto do aísmo, ele tem uma sequência, tem uma ordem, tá certo? Existem vários sons da natureza que são ordenados, e a partir dessa ordenação você pode você mesmo criar uma ordenação. Ora, essa ordenação não é só de sons, mas das reações que as acompanham. Quer dizer, se você perguntar comigo o que é uma música, uma música, uma sequência de sons ordenadas segundo uma sequência de sons que as produzem. Então, é uma emoção ordenada no tempo, tá certo? Você poderia dizer que uma pintura, ao contrário, é uma emoção ordenada no espaço, também pode dizer arquitetura, tá certo? Agora, partindo daí você pode mentalmente abstrair, você separa o fenômeno concreto da música, da sua estrutura matemática, que não é apreensível diretamente pelos ouvintes, mas pela inteligência. Então, daí você pega essa estrutura matemática e faz com que ela seja um objeto real, só que você está invertendo tudo, é você que abstraiu. É o mesmo erro característico, quando diz certo platonismo, quer dizer, você observa um cavalo e daí você abstrai dele a ideia geral da espécie de cavalo e em seguida você transforma essa ideia geral num ente existente em si mais real do que o próprio cavalo, que é justamente a aristótese, corrigida, não, pera aí, existe a cavalidade, tá certo, existe a forma geral do cavalo, mas ela está no cavalo, não está em outro lugar. Aqui o Carlos Felipe Lessage informa que ele vai dar um curso, na segunda semana de outubro, um curso em 12 horas em todas as outras, história e filosofia da música sacra, eu acho que esse curso pode ser importante e valioso. E eu me darei continuado o projeto de investigação de repertório de siado de 2012, com alguns 30 alunos já participaram. Cadê o lugar do... Vamos pegar a informação aqui, epa. Não tem aqui o link, meu Deus do céu. Não tem o e-mail dele aqui também. Se ocorra no Facebook, Felipe Lessage com S só, L-E-S-A-G-E. E daí vocês pegarão a informação sobre isso aqui. Diogo Reggiani, professor, podemos emprestar a definição de aberte fechado, que Berkson dá para morar a religião e dizer que a filosofia de Chein seria uma filosofia de tipo aberto, enquanto eu deixei que eu seria tipo fechado. Perfeitamente, aliás, essa foi uma das fontes da onde o Berkson tirou a S-D. O Wellington Nunes. A filosofia de Regg pode ser considerada a parte filosófica do Taoísmo. Bom, até certo ponto, eu não sei se houve fontes taoístas reais. Existe uma analogia entre as duas coisas. Se Reggiel andou lendo o Tauteking e tirou alguma coisa ali, eu realmente não sei. Isso aí precisaria ver em alguma biografia intelectual do Reggiel, se ele copiou algo dessa fonte, ou seja, uma merméra coincidência. Paulo Rocha Cuelli. Qual é a diferença do esquema de matemáticos usados pelos modernos, da matemática usada pelos antigos? Para os antigos, a matemática era tão importante para a prisão da realidade, para a realidade me pareceu que a matemática é substituída pela realidade. Não, ela substitui a realidade. Mas essa tendência já estava no próprio Platonismo. Quer dizer, a ideia do mundo das formas como algo que se sobrepõe à rede da presença, já é a ideia que está no Platonismo. Então, você pode se dizer que muito do que surge do pensamento matematizante que surge na renascença, ela é uma espécie de quase um neoplatonismo, nesse sentido. E aí, Advaita Das, o nome indúl, quando se compreende que o brama é apenas um aspecto de Deus, podemos dizer que, bom, eu farei mais no hinduismo, o brama não é um aspecto de Deus. É um brama absoluto, interno e mutável. Há duas linhas no hinduismo, fundar novedante monista e novedante personalista. Logo enquanto o vedante monista nega a existência, o vedante personalista apresenta a realidade plena que não nega este mundo e não considera ilusão. Sim, isso existe, claro, existem muitas escolas ali dentro. Quer dizer, eu estou me referindo ao que é predominante, a interpretação que ainda se dá nas escolas vedantinas. Eu conheci o Swami Dayananda Sarasvati, que era o chefe da academia védica de Bombayin, e o que ele ensinava era o vedante clássico, no caso, nada existe, só o brama. Claro que não existe outras escolas que dizem coisa diferente, mas como diria Grosso Marx, não melhora em nada a sua situação. Mesmo porque é preciso ver se estas outras escolas que atenuam a ideia da reabsorção total no brama não foram influenciadas pelo ocidente de algum modo. Minha pergunta é, seria possível o homem estar vivenciando o sagrado em cada ato, integrando cada instância da realidade e a sua consciência enquanto mantém a sua consciência presa-vídeo de Deus como um registro da sua memória original? Bom, aí é uma questão quantitativa. Se você pegar a vida do Padre Pil, se você pentei algum momento em que Padre Pil está fora da presente de Deus, a gente não identifica. Mas tem algum momento em que ele está dormindo, com o inconsciente, dizendo como é que eu vou saber isso aí. Quer dizer, aí a gente queria adivinhar demais. D. Jules Gutmann, não, ainda não. Aqui tem uma pergunta do Nelson Filho, mas é melhor, esta pergunta é melhor para o curso da guerra cultural. O Nelson Filho me pergunta aqui, como estou interessado em compreender a mentalidade do Brasil a partir das doenças descritas por Constantinoica no livro A Sês, Doenço do Espírito Humano? Gostaria saber se há alguma relação de um lado em capacidade de perceber o circo de latência e de outro a todo título. Isso tem capacidade de lidar com o particular. Mas sem sombra e dúvida. Quer dizer, a inteligência atusca, ela sempre se vai pegar nas realidades. Está certo? Por que? Se você começa a descer o particular, tudo complica e tal que é fórmulas gerais. Está certo aqui. A calma, a sua inquietação no momento e que por isso mesmo lhe parecem verdadeiras. Quer dizer, é uma filosofia de chavões, chavões ou lugares comuns, topo. São frases gerais que parecem que explicam tudo. Por exemplo, o senhor me diz assim, tudo é sexo ou tudo é política, como diz o carnal, o leão do espiritão. Então, isso parece que explica tudo. Só que essas frases não estão querendo dizer absolutamente nada, porque elas não distinguem entre o que é um elemento que está presente em todos os fenômenos e qual é o elemento que explica e define esses fenômenos. Por exemplo, você pode dizer que o sexo é político e a política é o sexo. Analogicamente. Também é só que isso não diz o que é político e nem o que é sexo. Está certo? A mente tosca, ela se contenta com essas afirmativas gerais. Se você pegar os livros do leão do espiritual, do Costela e outros, são só essas frases. Está certo? Não são nem frases de efeitos, apenas chavões. Mas elas funcionam e portanto existe uma recusa de examinar a particularidade, a individualidade. Quer dizer, o fato concreto. Por isso em verdade gerais, para mim não quer dizer absolutamente nada. Eu quero ver a verdade na realidade, a verdade encarnada. Esse problema da encarnação é a metafísica cristã a única que dá conta deste negócio. O problema da encarnação é o próprio Deus, portanto é absoluto, universado, mas ao mesmo tempo ele também é um homem que está presente, está vivo. Então é uma coisa que evidentemente tem uma tensão, quase uma contradição. Mas a estrutura da realidade é feita dessas contradições. Por exemplo, se você pega um coelho, então o coelho está ali, naquele lugar, naquele momento, então é um ente particular concreto colocado no espaço tempo. Mas ao mesmo tempo o universal coelho não está presente nele, ou seja, ele não tem todas as características que estão na definição de coelho, tem que ter, se ele não seria um coelho. Então ele é um particular e um universal ao mesmo tempo. Só que esta distinção só se opera na nossa mente. Na realidade, o coelho individual é o universal coelho também, ao mesmo tempo, inseparávelmente. A separação só se opera na nossa mente. Bruno Boutino. Ele quanto mais assisto às suas aulas, iniciando o cópia, você come a sair mais básica, que você passa, parece seras mais negligenciadas. Lá pela vigésima aula o professor diz, enfaticamente, para estornar o nome de estudo, muito mais importante será o seu recondicionamento moral e psicológico, pois feito isso numa etapa subsecurecente, aquisição ativa da alta cultura, que faria que o processo de assimilação fosse extremamente mais rápido. Com tudo a dita etapa da recondicionamento moral, existe um esforço, ercule. Bom, este é o problema básico. Olha, eu vou confesar uma coisa para você, quando eu estava mais ou menos entre ele, acho que eu creio que foi entre os 17 e os 20 anos, eu percebi que a vida tinha sido muito ruim para mim, e eu não conheci nenhum ser humano adulto que merecesse o meu respeito. Minha mãe tinha amor por ela, mas eu não respeitava nem obedecia a minha mãe de jeito nenhum. Então eu vi, olha, eu desprezo todo mundo, oraios. Se eu continuar assim, eu vou virar um monstro. Eu tenho motivo para desprezar-los e até para odiá-los. Um outro ressentimento como tudo. Não, se eu controlar por esse caminho, eu estou lascado, porque eu vou virar um bandido delinquente. Então eu vou ter que virar tudo, está certo? E aprender a ser humilde, aprender a amar as pessoas, ainda que elas não merecem pegar o pior deles. E isto foi uma disciplina. Essa disciplina também foi a questão da verdade. Eu contei para vocês que um dia da minha existência eu conversei com Deus e desprezo. Eu quero saber a verdade, ainda que eu não consigo contar para ninguém. E foi a partir disso que eu comecei a aprender. Porque assimilar a informação de adquirir conhecimento está muito ligado à sua expressão. Então, senhor querido, se você for mal percebe uma coisa, já tem a necessidade de falar. Isto, felizmente, não aconteceu para mim. Porque eu tinha que trabalhar em três empregos, viver cheio de 10, eu lia no ônibus, lia no metrô, lia em tudo, em tal lugar. E não tinha tempo de escrever, então o que eu fazia? Eu escrevi os textos mentalmente e guardava no memórico, semanas, até poder escrever. Então isso foi criando uma certa concentração. Quer dizer, a disposição de conhecer a verdade sem poder contá-la significa o seguinte, eu já tinha desistido de qualquer carreira nas letras, na intelectualidade, etc. Eu falava, eu sou o Zé Mané e sempre continuo a dizer, mas eu quero saber. Eu olhava em volta, eu sabia que o que eu quero que fosse explicar, ninguém volta e entender absolutamente. Por que não les interessava. As pessoas viam o gente lendo de intelectualidade, eles falaram, ele gosta de ler. Claro que eu não gosto de ler, eu gosto de saber as coisas. Eu gosto de ler, ler dói os olhos. Ler é um instrumento material da coisa. Eu acho que o que eu gosto de ler é que nenhum viciado em droga está entendendo. Eu gostava de saber as coisas. Se alguém me contar assim, eu precisava ler. Eu achava, ó, tenho um amigo meu, ele resumiu para mim, o que é isso, a metafísica do Heidegger, eu não preciso ler, ele me contou tudo. Eu falei, ó, tipo, foi sempre assim, né? Mas o pessoal entendia, o jeito que eu gosto de ler. Então o que estava se passando de mim, o que eu estava procurando? Eu falei, não tinha a menor ideia e se eu fosse explicar, eu achei que eu estava doido. Eu falei, não tem importância, eu quero saber, meu Deus do céu. Então esta decisão, vocês vão ter que tomar um dia. Então você vai desvincular para sempre a sua vida de buscador do conhecimento, da sua vida de escritor, de jornalista, de professe, da sua carreira, enfim. Uma coisa não pode ter nada a ver com a outra, absolutamente nada. Quer dizer, a sua carreira tem que ser assim como a cueca que você veste. A cueca não se incorpora ao seu ser, você está entendendo? Você usa um, dois dias, tem pessoas que usam por um mês ou dois, está certo? Mais um dia elas tiram. Não mais que a cueca sequer se incorpora a sua personalidade, um dia ela vai embora. Então, uma carreira, uma profissão é como uma cueca, você veste e tira. Mas você continua. Aí diz que esta é a etapa onde o recondicionamento moral e psicológico, é fundamental. Isso é muito mais importante que você ler mil livros. Eu contei que eu tinha um colega de quarto que ele lia o dia inteiro sem parar e um dia repentinamente ele parou e virou para mim. Diga uma coisa, você entende o que você lê? Eu fiquei aterrorizado. Mas isso aconteceu realmente, eu não estou inventando não. Então, ele diz que isso afeta o tema da militância conservadora, é claro que é. Eu não acho que a militância conservadora no Brasil já seja muito séria. Vamos ao tipo que eu vou explicar depois no curso Guerra Cultural. Pessoal que está muito cruel e eles não têm ideia do quanto de chão eles têm de percorrer antes de poder fazer o que eles estão querendo fazer agora. Não tem ideia mesmo. Está certo? Então, eu estou escrevendo um artigo que eu vou ler para vocês no curso Guerra Cultural onde o seguinte, quando eu fogo ao 64, a primeira reação da esquerda for de ordem literária de romances, contos, peças de teatro, filmes, ou seja, uma reação imaginativa de uma riqueza extraordinária. E daí começar as discussões políticas, estratégicas, etc. Qual foi a reação literária dos conservadores e liberais brasileiros? Tudo o que aconteceu não é assim em um dia como o golpe 64, tudo o que aconteceu no 248. Nada. Ora, se você não, o que que é a artesia Benedetto Croce é expressão de impressões. Eu digo, mas se você não consegue nem expressar a impressão que você tem de um fato, como é que você vai descrever o fato? Se você pular direto da percepção sensível para a descrição de ele, é impossível explicar no aristótico. Bom, eu vou explicar isso melhor no curso Guerra Cultural, mas a pessoa está saltando a setapas, não estão trabalhando imaginativamente. De, por exemplo, as mudanças todas que houve na Constituição da família brasileira, mudanças drásticas, profundas, revolucionárias, a introdução de critérios psicopáticos na ação de toda a classe política e do jornalismo. Os jornalistas são todos psicopáticos, às vezes não tem o menor senso da verdade. Eu me comentei isso, o Leandro Carnal e o outro lá vende 6.800 exemplares no livro, todo mundo dá um grande sucesso. Eu vende cento e tantos mil, os caras não dão um pil, falam, não é porque sou eu, mas olha, um pouco de senso, as proporções, o fato contentativo está aí. Então, quer dizer, o que eles chamam de sucesso? O sucesso que aparece na mídia, não é o que está vendendo o livro. Então, você é um sucesso na mídia, mas não no livro. Então, o que é esse pessoal da mídia está fazendo? Está confundindo a sua impressão subjetiva, está confundindo a sua imaginação com a realidade e eles são confirmados nisso diariamente pelos um-zum das redações. O que se fala nas redações é o mais importante do mundo. O que se passa fora dali não importa, nem se eu conheço bem a crasse. Eu sei que eles são exatamente assim. Muito bem. Hoje vamos parar por aqui. Bom, é isso mesmo. Então não esqueço de ter o curso Felipe Le Sarge e não esqueço o meu curso na terça-feira. Eu não sei se as inscrições ainda estão a ver, já fecharam, né? Então está bem. Então até terça-feira, para algum, se até sábado, com outros. Muito obrigado.