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Então vamos lá, hoje eu queria continuar um tema parecido com a da última aula, aproveitando algumas observações que o Eric Fregland fez na década de 30 a respeito do estado alemão. A observação dele é mais ou menos a seguinte, não nesses termos mais traduzindo para o Línguas Atual, todo o povo, toda a sociedade tem algumas formas consagradas de associação e de relacionamento entre as pessoas, são aquelas que elas seguem no dia a dia, não por uma intenção deliberada, mas pela força do hábito, hábito que muitas vezes não é sequer conscientizado como tal, é simplesmente seguido na prática, isso existe em toda a sociedade. Por outro lado existe a estrutura legal constitucional do estado, que é votada por representantes e promulgada numa certa data e tida como obrigatória. Ora, esta última estrutura são duas conjuntas de normas, certos normas não escritas, mas que estão profundamente arraigadas na obra das pessoas e que elas seguem e determinam seus valores, seus julgamentos, suas reações, seus sentimentos, etc. E por outro lado existe um conjunto de normas constitucionalis legais que demarcam por um lado a estrutura do estado e por outro lado os deveres e direitos dos cidadãos. Ora, destas duas, qual que você acha que tem mais força na conduta real das pessoas? É evidentemente a primeira, e a primeira tem mais força não só na conduta da população em geral, como na conduta dos próprios governantes. É claro que o governante, se quiser, ele pode prestar muita atenção à norma legal, como é o famoso caso do General Dutra, e tudo que ele ia decidir, ele perguntava o que diz o Livrinho, o Livrinho era Constituição e ele fazia questão de seguir as coisas como estava ali. Ele pode fazer isso, tá certo? Mas é evidente que esse será um esforço de segundo grau que se coloca em si, que se superpõe tardiamente aos hábitos já arraigados. Ou seja, a gente não vai mudar de personalidade só porque ele assumiu a presidência da República, adquiriu um mandato de senador, o deputado ou foi nomeado chefe de departamento, ele continua sendo a mesma pessoa com essas mesmas emoções, essas mesmas reações, etc. Então isso quer dizer que em toda a sociedade você verá dois conjuntos de normas operando ao mesmo tempo. E a pergunta decisiva é a seguinte, a segunda camada tem o poder de mudar a primeira? Obviamente não. Quando é para o Brasil, quantas constituições o Brasil já não teve? Quantas alterações o nosso código civil, nosso código penal já não sofreu? Terceira pergunta, algum cidadão por acaso tem conhecimento? Vamos dizer, suficiente? Até mesmo só da constituição. A nossa constituição tem mais de 200 parnas, quem conhece isso? Se você perguntar na rua, você vai ver, a pessoa desconhece isso por completo. Então como que elas podem seguir normas que elas nem sequer conhecem? Então a maior parte da população não conhece sequer a constituição, quanto mais código penal, código civil, código tributário, código isso, código aqui, código comercial, é claro que não. Então o mundo da constituição e das leis não se constitui de normas efetivas que dirigam a conduta das pessoas. Ele se constitui apenas de limites legais que se forem transpostos, podem ocasionar algum castigo da parte da autoridade, se as autoridades tomarem conhecimento disso e se elas decidirem interferir. Então você tem por um lado normas efetivas que determinam a conduta real. Por outro lado você tem normas legais que limitam certos aspectos e muito parcialmente, muito acidentalmente a conduta das pessoas. Então a coisa mais lógica é o seguinte, a estrutura constitucional legal não pode mudar, a estrutura real da sociedade é determinada por aquelas normas, você poderia virar um pouco essa luta para lá porque está batendo direto na minha cara, me dá a fotofobia daí perco aqui, é o fio da minha... Mas... ah, tá bom, tá bom. Então o aparato, a forma constitucional legal do Estado não pode mudar a estrutura da sociedade. E essa estrutura da sociedade está inteiramente determinada pelo conjunto de normas costumeiras que estão impregnadas no hábito e até no inconsciente das pessoas, inclusive as normas linguísticas. Então essas normas delineem todo o mundo emocional, moral e até imaginário das pessoas. Então esta estrutura social real, em cima disso você tem a ordem constitucional e legal. Portanto é do mais alto interesse da sociedade que as normas legais, a estrutura do Estado imitem as normas, vamos dizer, constitucionárias, as normas costumeiras que já estão arraigadas nos hábitos do povo. E só onde isso acontece é possível você ter, vamos dizer, uma ordem jurídica mais ou menos estável. Isso aconteceu claramente nos Estados Unidos, nos Estados Unidos onde tem atualmente a constituição escrita mais velha do mundo e a única que ainda está em funcionamento depois de todo esse tempo. Isso se deve ao fato de que quando houve a guerra da independência praticamente não houve mudanças legais. Vocês podem ler, tem o livro do McLaughlin que é a história constitucional dos Estados Unidos, é um clássico e ele estuda lá todas as normas que foram adotadas pelo novo governo independente. E essas normas não modificavam praticamente nada as regas ou escritas ou constitucionárias que já estavam vigentes nas várias comunidades americanas. Mas ainda, se você lê o Alexi de Torreville, você vai ver que essa ideia da comunidade independente era uma ideia tão arraigada nos Estados Unidos que muitas dessas comunidades achavam que não precisava ter um governo central. E por que elas achavam isso? Donde tinham surgido essas comunidades? Bem, em parte todas elas se originaram da primeira comunidade de Game of Thrones, que veio aqui, houve um lugarzinho. Da certo passou por uma série de percaus que eu até comentei no artigo, eles fizeram um experimento socialista, deu tudo errado. Da certo, daí veio o governador James Bradley que acabou com aquela pocaria e tudo voltou ao normal e daí começou a prosperar. Mas você não pode esquecer que esses pioneiros vieram para os Estados Unidos por causa da perseguição religiosa na Inglaterra. Eles eram um grupo dissidente da igreja reformada dominante na Inglaterra, eles formavam puritanos. Eles eram revolucionários também, mas se deram muito mal na Inglaterra, que vieram para um novo mundo buscando um espaço onde pudessem criar um novo tipo de comunidades mais livres. E essas comunidades se caracterizaram historicamente pelo fato de que sempre que havia uma dissidência, a dissidência era resolvida mediante a fundação de uma nova comunidade independente. Então assim como eles saíram na Inglaterra, porque ali as suas ideias religiosas não eram aceitas, se houvesse dentro de cada comunidade uma dissensão, uma divisão, era assim para evitar o conflito, eles também saíram da Inglaterra e fundavam outra comunidade e a expansão dos Estados Unidos foi muito feita nessa base, das comunidades que se formavam em torno da igreja protestante. Assim como no Brasil, as comunidades foram se formando com o destacamento do exército que eram mandados para lá. E aqui não, aqui foram as igrejas protestantes sempre dissidentes da anterior. Então isso quer dizer que a independência das comunidades era a própria razão de ser da existência delas. Elas não podiam desistir disso tão facilmente. Então isso quer dizer que a nova constituição, as novas leis, tiveram que refletir esse espírito de independência das comunidades. Claro que mais tarde tudo isso seria questionado quando da guerra civil. Os Estados Unidos tinham que escolher entre dois caminhos possíveis, preservar esse espírito federativo da independência dos poderes locais, ou então conservar a unidade necessária para se tornar uma grande potência. Por isso que na guerra civil, vamos dizer, os dois lados tinham razão. Claro que a autonomia dos Estados e até das comunidades é um valor a ser preservado. Mas por outro lado, vocês imaginem o que teria sido os Estados Unidos ao longo da história, se tivesse perdido a sua unidade e hoje fosse constituído de 20 ou 30 nações independentes. Assim, ela não teria chegado a ser, evidentemente, a grande potência que se tornou. Então... Eu pego o corpo e tome a garrafa. Mais rápido, né? Então... Você vê que a constituição americana conseguiu uma legitimidade, legitimidade que é nada mais de credibilidade, quer dizer, o povo acredita naquelas normas, porque aquelas já eram as donas que já seguiam antes. A mesma coisa aconteceu na Inglaterra, onde até as leis foram sendo criadas aos poucos pelas sentenças dos tribunais. Quer dizer, é o direito que é afirmado, não há muita diferença da jurisprudência à lei, a jurisprudência vai gerando a lei num processo de séculos. Está certo que hoje se tem um julgamento de qualquer assunto, a camara vai buscar precedente até de 1820. Isso também figou aqui nos Estados Unidos. Então... Na Inglaterra, a lei se formou muito pela convivência dos camponeses, os trabalhadores, com o que eles chamam o gentleman farmer, quer dizer, é um nobre dono de terra, mas que administra a sua terra, de fato o gerente daquilo não é como na França, onde os camaradas tinham lá as suas terras, mas iam viver só em Paris, formando a corte do rei. Isso na Inglaterra nunca existiu, quer dizer, os nobres da Inglaterra eram apegados às suas terras de origem e eram fazendeiros, de fato. Então, o gentleman farmer era um nobre fazendeiro. E isso foi criando, aos poucos, um sistema de convivência, que é muito bem descrito nos livros do George Colton, um grande historiador inglês, onde ele vai mostrando ali... É o George Colton, uma espécie de Gilberto Freire inglês, então ele vai mostrando os usos e costumes que foram, aos poucos, se consolidando em normas legais. Então, aí, o sistema legal funciona, funciona por quê? Porque ele não requer a adaptação do cidadão a um sistema de normas que é estranho ao seu costume, então a coisa é fácil de obedecer, é muito fácil você fazer aquilo que você sempre fez, tá certo? E é muito difícil você se adaptar a normas novas que ele fala numa outra linguagem, que no tempo se liquidamem nada a ver com os seus costumes. Então isso quer dizer que, como norma geral, o que vai vigorar na sociedade não são as leis, se as leis não copiarem os costumes, o que vai vigorar são os costumes e não as leis. Você precisa outra explicação para a corrupção brasileira, não precisa outra, esta aqui, ela não é uma causa eficiente, quer dizer, ela não provoca a corrupção, mas ela... Quer dizer, é uma causa ocasional, ela criou uma ocasião totalmente propícia. Você imagina, por exemplo, o senador, que é eleito, que vem lá do interior da Bahia, do Pernambuco, do Paraná, sei lá de onde, e que tem lá as suas lealdades locais, os seus compromissos de família, suas dívidas com amigos, etc, etc. Então ele sobe lá e agora tem um novo sistema constitucional, é legal que ele vai ter que seguir, qual que você acha que ele vai seguir, na verdade? Vai seguir, é o compromisso mafioso, né? Por causa da máfia você tem dois sistemas de normas, um sistema tradicional, baseado na lealdade das famílias, etc, e outro sistema em cima, criado pelo Estado. Então é como água e óleo, eles não se misturam, né? E aquele que vem mais de baixo vai sempre predominar. Isso é uma constante na história do Brasil. Isso quer dizer que o... promessas que o sujeito fez para os seus compadres, etc, eles terem no seu lugar de origem, pesam muito, tem muito mais autoridade sobre ele, do que todas as leis e determinações legais, que ele mesmo votou ou um ou outro parecido com ele votou na véspera. Então, a sucessão de constituições e de normas legais que aparece no Brasil, o número delas já prova que nenhuma delas vai funcionar jamais. Quer dizer, tudo isso é uma imensa palhaçada. Da certo constituição é palhaçada, códigos são palhaçadas, né? Quando você vê, por exemplo, que... você pega um número de crimes, você fala a proporção de crimes que são punidos em outros países e quais são punidos no Brasil. No Brasil esse é 5%, que é punido o resto, fica tudo em puno, e todo mundo sabe que é assim. Por que é assim? É o famoso episódio do Getulo Vargas com o seu ministro da Justiça Francisco Campos. Ele chamou Francisco Campos e disse, ''Ah, doutor Francisco, se eu faça aí.'' Ele chamava ele Chico Ciência, né? ''Doutor Chico, se eu faça aí um decreto sobre tal coisa, assim, assim, assim.'' Então, Francisco Campos já foi... Mas, meu presidente, já existem um decreto sobre isso. Ele disse, ''É, mas o outro decreto não pegou.'' Quer dizer, o decreto chegou no papel, ninguém nem... todo mundo despreza, ninguém sabe nem da existência, porque ali então vamos tentar um outro. Quer dizer, a lei, então, vira um negócio experimental. Nós fazemos ali para ver se ela será comprida, para ver se ela pega ou não. E não, após os casos, a verdade é essa, não pega. Então, a coisa mais urgente no Brasil é pegar estes códigos não escritos, quer dizer, que regem as associações humanas, a convívio humana, etc., etc. Estudarmos, descrever-los, qual é a norma ética efetivamente vigente no Brasil. E em seguida, propô uma legillação que simplesmente reflita a isso. E essa legillação será obedecida, porque? É obedecido. Acontece que até hoje nós não sabemos exatamente quais são essas normas vigentes no Brasil. Até hoje não existe um estudo sequer sobre a ética brasileira. Quais são as leis que as pessoas efetivamente seguem na sua vida? Leis que elas às vezes nem conseguem formular verbalmente, mas que são muito importantes. Em função, vamos dizer, desse estudo, que aí nós teremos uma ideia do que seria a identidade, a unidade nacional brasileira, que nós não temos até hoje. Existe um livro muito interessante do Condi Hernan von Kaisen, que eu já citei, que eu já citei muito antigamente aqui, chamado Análise Spectral da Europa. O Condi Kaisen era um homem muito rico, viajando, e a especialidade dele era tentar compreender os países onde ele estava. Ele tinha um livro que já é Meditação Sul-Americana, onde ele traça retratos muito impressionantes do argentino, do chileno, do brasileiro, etc. Ele pegava os detalhes da psicologia nacional. Na psicologia nacional, evidentemente, não é uma coisa de ordem genética, não é biológico, não vem com a raça, mas se forma por essa longa sedimentação de costumes e reações quase reflexas, impensadas. Eu já mencionei aqui nesse curso que ele observa, por exemplo, a respeito da elite brasileira, ele não conheceu muito profundamente o povo, mas ele conheceu bem a elite governante e é dela que ele traça o retrato do povo, do pessoal de cima. E ele diz, olha, a imitação é um processo natural de aprendizado do ser humano, mas todo lugar que eu visitei, quando as pessoas imitariam alguém, é porque elas queriam ser como ele. No Brasil não, as pessoas se contentam com a imitação enquanto tal. Quer dizer, elas sabem que é imitação e para estar contentes, quer dizer, deu para enganar os outros, deu para aparecer, está ótimo. O processo de aprendizado termina aí. Isso ainda é um elemento fundamental dessas normas brasileiras. O que a gente vê, de simulação, de teatro, na política, no jornalismo, nas artes, etc. De fingimento. É um negócio terrível. É um fingimento que se contenta, de fato, com o ser fingimento. Ele não continua imitando até que a pessoa se converta naquilo que ela idealiza. Então, como crianças, brincando de imitar os adultos, sem querer deixar de ser criança, está certo? Então, vê lá, papai e mamães, brinca de casinha. E quando o caso continua brincando de casinha. Quer dizer, a imitação não se transfigura em realidade, ela para por ali mesmo. E o desempenho na imitação é tido como o suficiente. Quer dizer, ele não precisa corresponder a uma realidade embaixo. Por quê? Porque o ouvinte ou o espectador disso também age do mesmo modo. Ele também se contenta com a imitação. Então, por exemplo, esta aqui já é uma regra quase estabelecida na sociedade brasileira. Existe muitas outras. Se não existe, se nunca foi feito um estudo para saber qual é a legalidade, vamos dizer, a regada no brasileiro, conjunto de regras que ele realmente segue, e qual é a diversidade disso, conforme as regiões. Então, é claro que toda lei que nós inventamos, será apenas o quê? Fruto da imaginação de meia-duz de políticos, imaginação que por sua vez é condicionada pelo mesmo espírito de imitação. Então, nós vamos imitar algo que nós achamos bonito no exterior, está certo? Sem saber se isso corresponde às possibilidades reais do povo brasileiro, ou não. Você vê o que é que estamos na nossa legislação tributária. A legislação é inabarcavel. Então, existe aquele negócio, aquela regra de que ninguém pode alegar o desconhecimento da lei, mas no Brasil virou, ninguém pode alegar o conhecimento da lei, porque ninguém o conhece. Só um computador aqui pode abarcar aquilo. Então, agora eu vou fazer coisa certa aqui. Então, isso quer dizer que existe no Brasil um abismo entre a sociologia do povo brasileiro e a política. E isso está assim, faz décadas. Então, quando acontece um fenômeno como esse do PT, porque o que é que a gente tem que fazer é fazer isso, fazer o PT, por que que acontece isso? É porque um partido imbuído de uma nova fórmula estratégica, que era desconhecida dos outros partidos, e se aproveita dessa situação, e com a maior facilidade, com a facilidade abismante, assuma o controle total do Estado, e com idêntica facilidade, é removido de lá. Então, por aí você ver a total superficialidade da política brasileira. Isso é melhor coisa que dizer que na política brasileira nada é sério, nada é para valer. É tudo um jogo de impressões. Por que? Porque o jogo de impressões está profundamente arraigado na legalidade intema do Brasil. Então, eu pergunto, o que nós podemos esperar de um país assim? Por exemplo, você derrubar um governante, eu trocar um partido, essa coisa. Em substância não vai mudar nada. Claro que você pode diminuir a roubalheira. Por que? Porque existe um limite normal para a roubalheira. Esse limite foi transposto há muito tempo pelo PT. Não é que o PT roubou. PT roubou mais do que devia. Mais do que se admite. E ele criou, a roubalheira organizada. A roubalheira era, se você acompanhar as antiga CPIs, você ver, você tinha grupos de políticos que se aliavam para roubar a invantagem própria de meia dúzia. Agora não. Foi um negócio organizado, milhares de funcionários, trabalhando para tomar dinheiro do Estado e fortalecer o partido. Claro que eles também levavam cada uma sua cota. Mas pessoalmente até que não era tão ambicioso assim. Agora, você imagina se você, diante disso, não ficamos com saudades do tempo do Ruiz Lalão. Lembra-se do Ruiz Lalão? O Ruiz Lalão roubava apenas para si mesmo. Então era uma coisa modesta. Ou os anões do orçamento. De fato, comparado com esse aí, agora eles são anões. Mas é claro que um país coja estrutura constitucional é legal. É tão frágil porque ela não tem relação com a legalidade profunda. É totalmente vulnerável a um partido que entre em campo com uma estratégia muito bem traçada e com uma firmeza de propósitos que era desconhecida na política anterior. Porque o fato é isso, quando o PT quis o poder, ele quis seriamente. Nisso, ele não estava fingindo absolutamente. Então, o PT não é fruto da sociedade brasileira. Você não pode esquecer que quase todos líderes maiores disso foram treinados na União Soviética, na China, em Cuba, na Albânia, etc. e vêm com aquela ideia de homens de ferro comunista, estalinista, que comparado com os quais esses caras penetrando no corpo da política brasileira é como um ferro penetrando uma geleia. É a coisa mais fácil do mundo. Eu conheci vários desses líderes, conheci muito bem os Edirce, eu conheci Oro e Falcão, muitos outros. O Costa Pinto, que era o chefe da Comitê Estadual, vários deles. Era um homens de ferro. Homens de ferro, vamos dizer, com aquela decisão de matar ou morrer, fazer absolutamente tudo que seja necessário para aumentar o poder do partido, custe o que? Custar. Quer dizer, eu vou roubar quando for necessário, eu vou mentir quando for necessário, eu vou trapacear quando for necessário. Tudo pelo partido. E se for preciso morrer, eu morro, se é preciso matar, eu mato. Não há problema. Então você imaginou que são homens com essa mentalidade penetrando num meio onde está todo mundo fingindo e brincando. É como tomar um doce e tomar uma criança. Então o PT era um fenômeno novo na história do Brasil, porque era um partido de massas, coisa que o Partido Comunista jamais foi, eu velho o Partido Comunista. O Partido Comunista, junto com a AP, criou esta organização defachada, que é o PT, mais repleto de militantes verdadeiros lá no Brasil. Homens de ferro. Então essa é uma organização nova, inédita no Brasil. Por exemplo, você acha que se você pegar essa turma do PMDB, o que representa o PMDB para os seus membros? A pena não cabia de emprego, meio de subindo a vida, se precisar ele troca de partido da manhã. O PT não era assim, porque o Partido Comunista não era assim, e a ação popular não era assim. Eram organizações feitas para valer. E que tem aquela característica fundamental das organizações que são sujeitos agentes da história. Que é, vamos dizer, a propagação dos seus objetivos de geração em geração, a continuidade de geração, que é o elemento básico para uma ação adquirida de dimensão histórica. Para penetrar na escala histórica, só existe a ação histórica quando é uma ação que transcende, ou cursa e fez, transcende a duração de uma vida humana. Aquilo que morre junto com você não entra para a história, só entra o que vai além do seu cadáver. Então aquilo que morreu junto com o sujeito é esquecido. Então logo ele seja esquecido, pessoalmente aquilo é esquecido. Mas vocês imaginam, por exemplo, quando Moisés desceu do mundo sinaico os dez mandamentos. Moisés já foi há quanto tempo, e os dez mandamentos continuam aí, sendo ensinadas para todos os judeus, para todos os cristãos até hoje. E para muitos deles essa é a referência básica. Então você pode tomar, por exemplo, Moisés como o protótipo do agente histórico, que é o que eu chamo o poder profético. O poder profético é o mais alto dos poderes humanos, porque aquele cujos efeitos se prolongam enormemente para além da ação do indivíduo. Então, pouco importa se este teologicamente é um profeta autêntico ou falso. Isso aí não é a nossa prêmio. Essa discinção não pode ser feita historicamente, não há elementos históricos para você distinguir entre o profeta verdadeiro e o falso profeta. Mas se o falso profeta já para os satanás, bom, os satanás também é bem velho, ele já passou por várias gerações, e a ação satânica também continua ao longo dos tempos. Então não é novidade nenhuma que a ação de um falso profeta se propague por muitos séculos como a de um profeta verdadeiro. Ou seja, a distinção do profeta verdadeiro falso não é histórica, é outro conto de parâmetro. Então, o Partido Comunista e, portanto, a sua criatura, que é o PT, tem esta característica da durabilidade, ela trancei de gerações, e, portanto, pode fazer planos para 60, 80 anos, 100 anos, 200 anos, para dentro e como, de fato, os comunistas fazem, os islâmicos fazem e assim por exemplo. Quando essa gente, não apenas com esse espírito transistórico, transsecular, entrem em ação num meio onde tudo é fingimento e imediatismo, é claro que eles vão levar vantagem. É isso? Então, você imagina, sei lá, uma discussão entre o incrível Hulk e o Joelis. Não tem como, um lado não tem chance alguma, o outro passa em cima dele como um trator, como de fato passou. E note bem, a única coisa que se opôs ao PT foi a massa popular. Ou seja, você precisou botar do total 7 milhões de pessoas na rua e botar 95% da nação contra eles para que você retirasse do cargo um do seu representante, um e não mais de um, e os outros continuam tudo assolta. Então, você veja o poder desta organização, é um poder anormal no quadro brasileiro. Se você fizer uma história dos partidos políticos brasileiros, você vê aqui no Estados Unidos, o Partido, a democrata e o Partido Republicano, existe há mais de 100 anos, são os mesmos partidos, eles podem mudar de identidade interna, mas eles continuam. Faz a história dos partidos políticos brasileiros. Quantos vieram e já foram. Então, os partidos são apenas bolhas de sabão. Eles são cápsulas temporárias nas quais os políticos entram e, que as abandonam, estão logo, a situação mude. Então, por um lado, você tem uma sociedade, umas ecuras normas profundas, são ainda desconhecidas, não foram traçadas. Se nós perguntarmos assim, no que o povo brasileiro acredita realmente, primeiro, nas suas atitudes diárias, na sua casa, na convivência com os vizinhos, etc., etc. Em segundo lugar, o que ele acredita perante a vida pública? Nós não sabemos nenhuma coisa e nem outra. O pouco que sabemos dessa segunda pergunta é o que nós obtemos por essas sondagens de opinião a respeito da confiabilidade, é, eu acho, essa pesquisa da mais alta importância. Ou seja, em quem que o público brasileiro acredita? De fato. Então, você vai ver que da totalidade, das entidades que têm uma presença pública, segundo as últimas pesquisas, a que tem mais confiabilidade, ainda são as forças armadas. Mais quanto de confiabilidade, antigamente, era mais de 50%. Chegava 65%. Foram-se 15%. Então, isso quer dizer que as últimas atitudes dos comandantes das forças armadas já desencadearam o seu efeito. Estão desmoralizando o que mais tinha que a gente tinha que fazer. Então, o que é que a gente tem que fazer? É que a gente tem que fazer. Estão desmoralizando o que mais tinha, moral. E os outros? Mídia. Quanto porcento acredita na mídia? 4%. Quanto acredita nos partidos polêmicos? 1,5%. Quanto acredita no Congresso? 1,5%. Então, isso já reflete, vamos dizer, o abismo entre as normas arraigadas no coração do povo, quaisquer que sejam elas, porque eu também não tenho a pretensão de conhecê-las. Tá certo? E as normas que são alardeadas oficialmente, como sendo aspas às nossas instituições, o abismo é profundo. Então, isso quer dizer que quando alguém diz eu confio nas nossas instituições, o que ele quer dizer? Quer dizer, eu pertenço a esse 1,5% que confia neles. E, evidentemente, essas instituições significam ao para este 1,5% que o vos próprios interesses elas defendem. Então, as nossas instituições são feitas para defender somente quem as ocupa, meu Deus do céu. Elas não têm absolutamente nada a ver com a vida do povo brasileiro. Então, a pergunta é, até quando isso vai continuar assim? Eu não sei. E, evidentemente, não temos a capacidade de mudar isso. Mas nós temos a capacidade de parar de raciocinar a base errada. Nós temos a capacidade de saber o que está acontecendo. E, o saber o que está acontecendo, vamos dizer, é a base da ciência política. Nós nunca insistiremos demais na distinção do aristóteles, do que é o discurso do agente político e o que é o discurso do seu observador científico. O discurso do político jamais diz exatamente o que ele sabe disso, o que ele quer que você pense para ter o resultado X ou Y. Portanto, ele não pode ser interpretado literalmente jamais. Sempre, existe alguma coisa por trás dele. E, muitas vezes, ele se caracteriza mais pelo que ele esconde do que pelo que ele revela. Já o discurso científico ele tem de refletir os dados que estão na frente do cientista, tal como ele conseguiu aprender até onde ele conseguiu aprender. Por outro lado, a classe política, os agentes políticos não podem agir se não tiver nenhum conhecimento da realidade. Então, até se arrepôter, eles também dependem do discurso científico. Mas, no princípio, que ninguém consegue mentir com eficiência se não souber qual é a verdade. É dizer, o mentiroso tem de se orientar não dentro do campo da mentira, mas dentro do campo da verdade que ele encobra. Isso me parece suficientemente óbvio. A partir da hora que o nego é o próprio mentir, ele entrou no universo ficcional dele mesmo e, evidentemente, ele não tem mais nenhum controle da situação. Por mais eficiente que ser o seu desempenho, por mais pervasivo que ser o seu fingimento, ele não tem controle da situação. É claro que ele vai desencadear efeitos, mas nunca serão aqueles que ele pretende criar mudanças, mas, ele não sabe quais. É por outro lado, é preciso ver que se existe na ação política, existe sempre interesses em jogo e são esses interesses que tem que ser identificados por baixo. Do sentido literal do discurso. É preciso ver que o desejo de conhecer e de compreender o que está acontecendo também é um interesse e, às vezes, é um interesse muito mais intenso do que qualquer interesse político. E isso aqui, muitas pessoas não conseguem entender. E a incapacidade de entender isso se deve, em grande parte, a influência marxista. Porque o marxismo não existe discurso objetivo, existe o suamento, discurso do interesse de classe. E se existe alguma possibilidade de interesse objetivo é só o discurso de classe do proletarado. Isso é o nosso mesmo. Porque os interesses do proletarado coincidem com os interesses da humanidade. O que também não está provado de maneira alguma. É isso. Eu não ver, por exemplo, no que que o interesse do proletarado industrial coincide com dos camponeses, com da classe média, com os dos mendigos de rua, com do exército, com o do clero, não ver nada disso. Eu vejo o proletarado industrial defilutando pelos seus próprios interesses. Sem contar o fato de que os componentes dos líderes do Partido Comunista nunca são proletários. Então, é claro que aí há uma, vamos dizer, mais perda de confusão proposital. E o resultado final da influência do marxista é convencer todo mundo de que não existe verdade objetivos e simplesmente interesse. Interesse de classe ou interesse do grupo etc. Isso entrou muito na cabeça das pessoas. De modo que quando elas veem alguém tentando compreender a realidade elas vão tentar descobrir quem está por trás dele. A vida do Erick Wegel e foi isso. O Erick Wegel em todo o tempo foi diagnosticado como representante disso, todo aquilo, e não era nada disso. Uma coisa acontece comigo e é de se esperar que aconteça. É certo? Porque o interesse pelo conhecimento existe e ele é uma taishama, ele é um interesse tão forte quanto, vamos dizer, um interesse financeiro. Às vezes mais forte do que interesse sexual. Que é talvez o mais forte impulso humano. Então, quantas vezes quantas personagens você não vê ao longo da história que você tem que ver. Aplicar os seus interesses mais patentes e mais legítimos por causa da busca da verdade. O Erick Wegel disse que quando as coisas se agravam numa sociedade que está correndo perigo então a posição do cientista política é quase que de alta traição. Porque ele está contra todos os interesses estabelecidos. Então provavelmente vai levar pedra tudo com até lado. Ninguém vai entender o que está acontecendo. Algum interesse de compreender sempre existe. Por isso interesse apenas compreender aquele coeficiente de realidade necessário para obter a satisfação de certos interesses. Então você tem um caso em que a ciência subordinada a um outro interesse. Mas sempre existirá alguém numa sociedade buscando saber o que está acontecendo. O problema é que no Brasil o número dessas pessoas diminuiu assim ao longo das últimas décadas de uma maneira impressionante. Você ver que o interesse por conhecer a sociedade brasileira sempre foi muito intenso. Se você pegar esse ramo de estudo chamado Estudos Brasileiros você vê que isso produziu dezenas de milhares de obras importantes. São clássicos dos estudos brasileiros. Pega o Zé Lu Paulo Mercadante Gilberto Freire, Pessoa de Morais, do próprio Joaquim Nabucco um monte de gente que é que a Pistrande de Abril, Zé Luanão Rodrigues, todos os caras estão queimando as pestanas para ver se entendam o que está acontecendo aqui. Então isso sempre existiu. E o fato de as coisas para cá, esse ramo de estudos simplesmente me usou. Só começou a produzir só discurso ideológico. Eu dei quem está tentando compreender. Eu acho que no período entre os anos 90 até 2010 mais ou menos, só tinha um cara interessado em entender. Era eu. Mas ninguém não. Todos estavam fazendo outra coisa. É isso. Então, para mim, mas é a coisa mais insultuosa que eu pode haver contra a minha pessoa é alguém me comparar com os antipetistas da mídia. Quer dizer, o sujeito está escrevendo contra o PT. Eu falo, bom, alguém tem que escrever contra o PT. É lógico. Não estou robando pra caramba. Então alguém tem que ficar revoltado com eles e escrever. Mas isso é apenas polêmica jornalística. Você acha que é isso que eu estou tentando fazer? Não. Alguém vai ter que fazer isso, mas eu deixo isso para quem é interessado nisso. Mas, como também de passagem a gente escreveu alguma coisa que vai contra o PT, então pessoas que não estão interessadas na compreensão do processo, mais apena da política imediata vão interpretar você como botar lá você tá, tem aqui o o Ryan Alzevedo, o Diego Meinard, o Pondé e o Olavo Carvado. Este menino aí, Martim Váquez da Cunha, pensa exatamente assim o que já é prova de que não tem, não tem nada do que escrever. Ele está reclamando porque eu disse que ele não sabe o que eu escrevi e eu disse nesta aula, em vez de dizer diretamente a ele, porque ele diz que ele tem o meu e meu e meu e meu e meu lugar não tem. Se eu te chegue publica um livro, o livro está publicado, então eu não tenho nenhuma obriação de criticado em particular, meu Deus do céu. Eu nunca vi uma coisa dessa. Então o diagnóstico do Martim é esse, existe aí esta direita, que é o lava, o Pondé, etc. que estupidez. Se vocês vejam o conjunto dessas aulas que vocês têm assistido e ver se vocês podem catalogar isso na rota do antipetismo que brincadeira esta. Quer dizer, eu a partir dos anos 90 eu me esforcei para criar uma revolução cultural. Não para criar um movimento político. Da revolução cultural, naturalmente emerge envolvimento político. Ou seja, eu me esforcei para criar a possibilidade de que existisse uma direita atuante no Brasil. Não me esforcei para criar esta direita, presta atenção. Se fosse para criar, eu teria que ter criado um movimento. Eu criaria, sei lá, ouvir para rua, UBBL, qualquer coisa dessa. Não tenho nada a ver com isso. Meu negócio foi apenas criar a possibilidade de que ela tivesse. Esta possibilidade é determinada pelo que? Pela cultura. Se tem um campo que tem hegemonia cultural total, tem o controle de tudo e só ela fala, então não é possível. Então é preciso, em primeiro lugar, quebrar esse muro e quebrar como? A gente tem que ter a desmoralização dos seus representantes. Vocês leem o imbecil coletivo e ver se alguma daquelas figuras que são mencionadas naquele livro ainda tem um lugar perante o público brasileiro. Não tem mais nenhum. Todos, cabeças cortadas. Então, ao hora que cortou as cabeças da liderança cultural não política, não falo de nenhum político ali, só de intelectuais, então é claro que cria um vácuo e esse vácuo é preenchido por pessoas que, vendo esta operação, são encorajadas a entrar em campo tardiamente. Você já que em 1995, quando era fazia dois anos que eu tinha publicado a nova era a Revolução Cultural, em 1995 o seu Ronaldo Azevedo ainda estava batalando Emer Sader, que era uma das principais vítimas do imbecil coletivo, do Emer Sader não sobra nada. Dois anos depois disso ainda estava a força da hegemonia. Aí, mais tarde, para os reinos às vezes, eu e o Olavo Carvalho falamos do Foro São Paulo etc. Ele reconhece que eu comecei a falar depois de São Paulo, em 1995. Ele começou em 2005, em 2006. Onze anos depois. Isso no Brasil é pioneirismo. Onze anos atrás no Brasil é pioneiro. Eu estou pegando o deserto. É evidente que esse esforço, meu de compreensão da sociedade brasileira, ele só tem ouvintes aqui nesse círculo. Entram meus alunos. O povo que em geral lê apenas artigos de jornal ou no máximo poços do Facebook. A dificuldade, a maior dificuldade no Brasil ainda é esta. Nós ainda não delineamos a ética brasileira. Nós não sabemos no que o povo brasileiro crê. No máximo, o único indício que nós obtemos são essas pesquisas de credibilidade. Que sempre dão os mesmos resultados. Mostrando que o povo brasileiro não confia em ninguém que fala nesse país. Ele pega as classes falantes, a confiabilidade dela está entre 15% e zero. Ou a confiabilidade negativa. Quando fala, você já sabe que é mentir. Então, se o povo brasileiro não acredita nas suas instituições e nos representantes dela, em que ele acredita exatamente? Então, traçar essa ética brasileira ver e ver se ela, em si mesmo pelo seu conteúdo, ela fundamenta a possibilidade de instituições baseadas nelas. Que eu acho que não. Eu acho que não. Eu acho que a ética brasileira não dá para ser transposta num sistema legal ainda, por ser muito tosco. E, por não refletir de unidade, nenhum. Então, pode ter uma pergunta aqui. Pode. Você acha que se a igreja católica fosse forte e, digamos assim, cumprisse o papel de mãe educadora no Brasil, isso estaria acontecendo? Bom, em parte. É claro que a igreja tem o seu papel nisso aí. Mas, você não pode esquecer, a igreja católica é uma entidade transnacional. E, como tal, ela não pode ser fundamento de uma identidade nacional. Não esquece, identidade católica é uma coisa. Identidade nacional teria de ser, vamos dizer, uma espécie catolicismo nacional. Quer dizer, que formas o catolicismo adquiriu no Brasil especificamente. Nós estudando um pouco, por exemplo, nos livros do João Camilo do Oliveira Torres, que acompanha bem a história da igreja no Brasil, você verá que o catolicismo nacional sempre foi tenui. Ele foi apenas superficial. O João Beres Friere também assinou isso. Ele era um catolicismo de festas, de processões, catolicismo estético. Está no livro do Mar Vieira de Mello também, o predominant do esteticismo, sobre a ética etc. Então, é um catolicismo superficial. Portanto, o catolicismo que se acomoda às situações, se acomodava até a Padre que tinha 40 amantes. Ou Padres que eram maçons, biscos que eram maçons, o cardeal primário do Brasil, do Ávila do Abrandão, foi maçon. O tradutor do Reneguinó, Galvão, Fernando Galvão, escreveu para o Reneguinó, contando que no Brasil estava cheio de Padre maçons, o Reneguinó que era o maior ecomunicador de maçonaria no mundo, quase caiu de costa. Falou, mas isso nunca, isso só aconteceu na revolução francesa durante um período pequenininho. Agora, aqui não, é um negócio endêmico, que está aí até hoje. Então, é um catolicismo que se acomoda qualquer coisa. Esse catolicismo que se acomoda, não é característico do catolicismo geral, mas da sociedade brasileira. Então, está aí um dos elementos éticos, quer dizer, uma tolerância religiosa anormal. Tolerância que já vira quase obscenidade, seria uma das características. O Brasil definitivamente não é fanático religioso, de nada. Há não ser de ideias esquisitas, um grupo bem louco. Daí, os caras não falam nada, aquilo é só porque é louco. Então, isso, você vê a facilidade com que as igrejas evangélicas penetraram no Brasil, né? E um monte de gente que um dia na igreja católica, um dia na igreja evangélica, até hoje tem, outro vai na igreja católica, vai na igreja evangélica, vai na uma cumba, tem um monte católico, espírita. Então, o perfil religioso do brasileiro já é meio difícil de você traçar e até hoje você não tem estudos definitivos sobre isso. Então, claro que há, vou dizer, a igreja católica por si não pode gerar uma identidade nacional, mas a queda da igreja católica pode ajudar a dissolver. Porque se você perde até o senso moral mais elementar, a identidade nacional vai pro Brejo mesmo. Tá certo? Então, nós não conhecemos ainda a sociedade brasileira o suficiente pra saber qual é a ética dela. Os estudos sociais brasileiros ainda se concentram muito na economia, até aí você vai dizer este mandamento marxista de que a economia rege tudo, que é uma estupidez, porque qualquer pessoa que leia, você leu um dia par de bolsa de valores e você vê como a economia é um negócio instável, eu vou contar por que eu não vou lá, pode mudar tudo em 24 horas, então como é que uma coisa tão instável assim, pode ser base do que quer que seja. Se você vê um boato é suficiente pra devastar a economia de um país inteiro, os jorges soros de verdade, pronta, o dia seguinte cai o banco da ilaterra. Então, você vê o que é que manda o dinheiro ou é o titi-ti? O titi-ti é muito mais poderoso, então é, vamos dizer, a circulação de idéias, o imaginário determina também a economia, então a economia é o conjunto de recursos disponíveis, mas esse recurso eles aumentam diminuindo da noite do dia, a partir do momento em que a economia financeira começou a predominar sobretudo mais, que é uma economia que já não é mas nem de papel, é a economia de numerinhos numa tela e computador. Qual é a relação disso com a riqueza material? É uma relação muito ambígua? É isso? Então, quer dizer, por esse lado da economia nós nunca vamos entender nada, não é por aí, nós temos que ver aquilo que realmente determina as ações das pessoas. Se você diz que é o interesse econômico que determina, fala não, porque determina a interpretação que elas fazem dos seus interesses econômicos. E essa interpretação se ela fosse sempre racional como pretendios liberais clássicos, todo mundo estaria ganhando dinheiro, ficaria todo mundo rico. Na verdade, só você vê o número de fracasso, você vê, bom, as interpretações que os neguinhos fazem das suas interesses econômicas, podem ser tão racional assim, entra aí mitologias, hábitos consolidados, temores, preconceitos etc. etc. Então, um negócio psicologia é ainda a principal ciência social. A psicologia nacional brasileira ainda não foi traçada que é claro que não existe um caráter nacional permanente. Isso aí vai mudando com o tempo, e por isso não é preciso tudo, tem que ser feito refeito o tempo todo. Existem alguns, vamos dizer, lances de gênero, isso aí como o livro do Mera Pena, Psicologia do Sul de Desenvolvimento ou Paulo Prado, Retrato do Brasil, existe muitos outros, tá certo? Eu não posso nem dar o próprio Macuna Ima do Mário de Andrade, é uma sacação, mas ainda são sacações. O grande estudo sobre a psicologia nacional brasileira não está para se fazer. Sem esse estudo, como você pode criar instituições sólidas? Que são instituições sólidas? Só quero que estão arraigadas no coração do povo. Só quero que o povo realmente respeite e desce. Não, eu quero que você dá boca para fora. Dessa questão, frequentemente até objeto de riso. Então, você vê que a tendência de resolver tudo por acomodações fictícias, bom, isto se tornou uma constante também. É o que está lá no livro do Paulo Mercadão, da Consciência Conservadora do Brasil, onde tudo se resolve por conciliações momentâneas. De novo, nós acabamos de ver isto tiraram a Dilma do poder logo que se viu um governo antes falando que precisamos criar um governo de conciliação nacional. Não foi isso que o homem disse? Então, dizer, de novo, é a mesma novela. Os políticos não podem mudar isso, mas os intelectuais se fizerem o serviço direito, eles podem. Então, traçar o perfil dessa ética nacional. Isso aí tem que começar com o estudo da educação doméstica. Como é que as mães e pais educam os seus filhos? O que eles aprendem realmente? Quais são as do conjunto caótico de ordens que receberam de papai e mamãe? O que que incorpora? O que eles obedecem efetivamente? Isto é uma pergunta básica. Segundo, nos grupos de convivência, com o sujeito de segundo dia, em que, como eu disse no Invenci o Jovenil, a autoridade máxima já não é de papai e mamãe, mas do grupo de referência. Do grupo geracional. É aí que o indivíduo está querendo se integrar. Então, esta representa para ele a autoridade que ele tem de obedecer. Ele tem de se adaptar aquilo que o grupo deseja. Qual é a ética dos grupos geracionais e jovens? Na classe média, na favela, no interior. Não sabíamos isso até hoje, meu Deus do céu. Então, isso quer dizer que existia uma democracia estável em lugares onde, primeiro, as normas constitucionárias eram bem conhecidas. Eram conscientes e expressas. E, segundo lugar, a classe política teve o bom senso de se apoiar nessas normas constitucionárias para criar uma legislação que a refletisse sem tentar mudá-la. Um fator enormemente agravante de ordem mais recente vem a partir do instante em que, por inspiração de grupos globalistas e grupos revolucionários, as pessoas começam a entender a legislação como força de transformação social. Então, em vez de a legislação refletir a algo das normas vigentes no coração do povo, a contata tenta mudar o senso comum. Criando mais confusão ainda, mais superficialidade, mais mentira, mais fingimento e tornando tudo paradoxalmente mais incontrolável. Quer dizer, em nome do controle social, você torna tudo incontrolável, como acontece no Brasil. Você vê, 70 mil homicídios por ano é descontrole total. O nível de corrupção que o PT introduziu lá sem que ninguém pudesse fazer nada durante anos é descontrole total. O fato de que ainda exista um PT é descontrole total? E nós estamos aí na mão do governo Temer sem saber o que vem pra dentro porque o governo Temer é um meio a meio. Ele pega metade antipetista, metade petista, junta a todo mundo, e agora é todo mundo amiguinho aqui. O que vai dar isso? Ninguém sabe, ele também não. Então, nós ainda estamos no descontrole total. Sobretudo por parte daqueles que são os maiores adeptos do controle social. Então, esta é a situação, gente. Eu, ainda que por remediar, isso é vocês porque ninguém mais vai fazer. Então, bom. Vamos fazer uma intervalo, e vamos fazer uma outra. Então, até aqui uma pergunta que vai, de certo modo, me obrigar a retomar a explicação da primeira parte. A pergunta é do Rafael Machado. Como a comunalidade, segundo o Definto por Alexandre Zinovev, afeta o cenário de hoje. Muito bem. Segundo Alexandre Zinovev, comunalidade é uma espécie de estilo natural pelo qual as pessoas se aproximam umas das outras e formam comunidade para defesa multa. E ele contrapõe a comunalidade e a civilização. A comunalidade é o elemento quase que da natureza. E a civilização é um produto artificial imposto de cima, pela autoridade, pelas classes superiores. Bom, essa interpretação é muito condicionada pela história russa. Porque na Rússia foi realmente assim. O estado russo sempre foi poderoso. Até a igreja, na Rússia, é uma igreja estatal. Mas em outros lugares, você não vê essa contraposição. As relações são muito mais sutis. O esforço civilizatório, de certo modo, é parte da própria comunidade. E não é imposto pelo estado. A força do estado no Europa Ocidental aparece gradativamente. Ainda no tempo, onde de 2014, o estado tinha um milésimo do poder que veio a dispor depois. Mas no Brasil, a coisa se coloca da seguinte maneira. A comunalidade, evidentemente do sentido natural, se do caso biológico, evidentemente existe. Mas o que não existe é a comunidade, no sentido, de um conjunto de símbolos, de um conjunto linguístico que permite a intercomunicação das pessoas. Eu tenho observado, por exemplo, que um traço constante dos brasileiros de todas as classes é a sua insensibilidade para os efeitos que as suas ações desempenham sobre os outros. Você deve lembrar um cartazinho que nos anos 80, se distribuía para o todo lado, dizendo, se você tirou do lugar, repõe-a. Se você sujou, limpe, etc. O fato de que alguém tenha tido essa ideia já mostra que ele está acostumado à atitude das pessoas, elas tiram as coisas do lugar e esquecem, esquece de limpar, de usar, esquece de devolver. Tudo isso aí mostra uma insensibilidade, uma inconsciência dos efeitos das suas ações, até as suas físicas imediatas. Isso é normal, geral, no Brasil pelo que eu observei. Isso nunca se soube de me impressionar o tempo todo. Não é que o brasileiro seja irresponsável, desonestável, mas não está percebendo. Por que não tem esta percepção? É muito simples. Você percebe as ações dos outros fisicamente, com o simples sentido você percebe. Mas a interprenetração, intercomunicação das consciências quer dizer você saber o que o outro está sentindo, saber o que o outro está imaginando, saber o que o outro está esperando é uma coisa que só se dá através da língua e dos símbolos. Não é uma coisa natural. Quando o outro está com dor de dente, você não sente dor de dente. Você capta os sinais exteriores da dor de dente e você se identifica com aquilo. Você se identifica com o sofrimento do próximo através da imaginação. Tem até um livro muito interessante do Vicente Ferro da Silva, a respeito disso. Aqui é a Diáletica das Consciências. Esse é um tema muito... muita gente tratou disso, a Ilha Velho tratou disso. Quer dizer, como é que eu venho a participar da consciência de um outro? Não é por meio sensorial, direto. É através de uma interpretação. E essa interpretação depende da linguagem dos símbolos da cultura. A cultura de dar os instrumentos para você. Isso não é um constrúctio cultural. Não é uma construção cultural. Mas é algo que precisa do instrumento. É uma operação natural que precisa do instrumento cultural para poder se realizar. Então, esta comunidade ela só pode ser realizada através, precisamente, da cultura. Se a cultura falha em fazer isto, então, danoce. E você vai ver que no conjunto a cultura brasileira alheia essas coisas. Você não vê uma cultura da compaixão, por exemplo. Isso não existe. Você não vê uma... na educação doméstica você não vê as pessoas sendo adestradas para prestar atenção no sentimento alheio para desifrar e compreender uma zona de nada disso. Quer dizer, a educação doméstica tenta passar apenas normas de conduta quase materiais. Você faça assim ou não faça aquilo. Isso é o máximo que chega. Nas escolas também não se passa nada disso aí. E se você for nem na igreja você faça isso. Então, o que é este elemento? É a cola da comunidade. Está faltando. Então, as comunidades são muito descosidas, muito soltas. Você tem uma espécie de atomismo. Não é um individualismo no sentido de tirar vantagem sempre. Se o brasileiro fosse adestrado para tirar vantagem sempre, estaria todo mundo ganhando dinheiro. Na verdade, está todo mundo feado. Então, o brasileiro não pode ser desgraciado, é um aproveitador oportunista. Não, os oportunistas são poucos e eles sobem na vida. E os outros não aproveitam oportunidade nenhum. Então, não é um oportunismo ativo. Não é um egoísmo ativo. É uma espécie, vamos dizer, de um egoísmo natural, infantil, né? Quando o individual vai fazer as suas coisas e nem percebe que ele está afetando os outros, né? Quer dizer, o bebê quando faz cocô na frauda, ele não vai pensar que oitada é minha mãe, agora eu tenho que me trocar isso, né? Você vai fazendo lá os seus cocôs, as suas sujeirinhas da alguém, vem atrás arrumando. Isso é simplesmente natural na vida dele. Acredita piamente que ele tem direito a isso. Então, esta coisa descosida, assim, espécie de não é um individualismo, é um atomismo. Um individualismo seria se a pessoa tivesse um atitude individualista, egoista consciente e daí seria aproveitador mesmo, dá certo? Mas já estaria em um patamar de consciência um pouco mais elevado, né? Então, é mais um atomismo. Em função desse atomismo, agora mesmo o Silvio estava lembrando, que o Alberto Torre dizia que como a sociedade brilhante descosida, então você precisa de um estado forte para unificar tudo. O estado forte complica mais ainda as coisas, porque ele é um elemento artificial, né? Que vem tentar impor uma segunda norma sobrepor a norma costitucional em vez de trabalhar a norma costitucional fazer ele evoluir até se transformar em norma legal, ao contrário, limpou em uma norma legal que saiu da cabeça de um deputado, de um presidente, qualquer coisa, e isso aí confunde ainda mais, né? Então, se você tem uma norma costitucional aqui, vem outra em cima, dá certo? Você mais ou menos se adapta à segunda, mas só na esfera do fingimento, você está fingido aqui, então, se você já não tinha a percepção correta dos efeitos da sua ação sobre o outro, agora você vai ter menos ainda, porque você vai ter um outro elemento de interpretação para confundir a coisa. Então, é claro que o estado forte não resolve isso de maneira alguma, nenhum estado pode resolver e estou, né? Então, nós temos que voltar a dizer, aquele ensinamento do grande historiador Suíço, Jacó Bulkhardt, que dizia que a história é feita por três elementos, o estado, a religião e a cultura, nos quais o estado e a religião são elementos, vamos dizer, estabilizadores que pesam sobre a sociedade, e a cultura é um elemento dinâmico que produz novas situações. Então, isso quer dizer que somente a cultura pode mover isso aí, o estado não pode e a igreja também não pode, a não ser entendendo a igreja como instrumento da cultura, porque também ela pode ser usada para isso, o próprio estado também pode ser às vezes usado como elemento de cultura mar, é da cultura que tem que partir a iniciativa. A cultura atua, vamos dizer, na esfera dos valores, sensações e percepções imediatas. E mais ainda, a cultura cria os instrumentos simbólicos linguísticos que permitem essa intercomunicação. Então, por exemplo, no teatro no cinema você aprende através de modelos imaginários a você reconhecer situações análogas na vida comum, não é isso? Agora, se você perguntar assim, bom, mas quanto deste este elemento de intercomunicação das consciências tem sido passado pela nossa cultura? Você vê que é um quase nada. A cultura, por exemplo, a literatura de ficção, o teatro, o cinema a primeira função deles é ampliar a imaginação das pessoas para que elas entendam o seu semelhante e se entendam assim mesmo. Mas, no Brasil a arte e a cultura tem servido a objetivos secundários. Por exemplo, objetivos de ordem ideológico ou partidário. Então, o indivíduo não está lá para ajudar as pessoas a entender umas as outras, mas para fazer a sua política prevalecer. Então, entrando, por exemplo, com o discurso da luta de classe, você vê que isso tem a ver com a luta de classe. Você sabe em que as suas ações prejudicam, ajudam o seu vizinho. O que isso tem a ver com luta de classe? Nada. Mas, entrando, luta de classe é mais um elemento artificial para você pensar. Não é isso? Então, o o elemento, sei lá, anti-religioso da certa, o elemento de revolta regional contra certos poderes regionais. Se você pegar, por exemplo, o cinema do Glauber Rocha, Deus e Diabo da Terra do Sol, o que é isso aí? É um probleminha do interior do Nordeste que é transformado numa versão simbólica do Brasil inteiro, como se todos nós tivéssemos sobre o domínio de um coronel do sertão que contra... Veja o que era a profecia dele. A profecia dele é aqui, o coronel do sertão contratava o matador de cangaceiro, que era António das Mortes, e António das Mortes acabava se virando, voltando contra o seu próprio empregador. Então, seria assim, a profecia do Glauber Rocha, as forças armadas como instrumento de libertação dos pobrezinhos. O que passados, mais de meio século, o que você vê hoje que o pessoal na rua gritando intervenção militar, intervenção militar, fala, olha, é o espírito Glauber Rocha que baixou na sessão espírita né, e tá apostando, ele apostava que os militares seriam os agentes da transformação dos militares e implantar o socialismo no Brasil, isso era estar na cabeça dele. E ele não estava totalmente errado, os militares quase chegaram a fazer isso, né. Então, você vê que o Glauber Rocha nos últimos anos de vida, o ídolo dele era o general Gáin, ele esperava meter umas ideias na cabeça do general Gáin e chegou a meter algumas, né, mas eu tenho mais meu Deus, como isso está longe da preocupação cotidiana dos brasileiros, longe do étus brasileiro do dia a dia. E se alcanhe ver com a composição do Estado lá em Brasil, é, tá certo? Então essas coisas, a arte se você pegar na novela, por exemplo, ah, grande problema do Brasil, a seguinte é homofobia, né. Eu te vou inscri-me, que craio de homofobia essa que eu nunca vi em parte alguma, ah, eu passei a minha vida no jornalismo, ah, desde os 17 anos de idade eu nunca vi ninguém ali ser discriminado por ser gay, nunca nada, ao contrário, quanto chefe de meu, não era gay, porra, ah. Tinha um que tinha pilha até a rainha, rainha, rainha entrava o centremir nos alicerce, rainha mandar fazer a cortesia, não vou dizer quem é quem trabalhou lá, sabe. Então, ninguém usava tirar um pilho da rainha, né. Então, isso aí aconteceu o tempo todo, tinha outras figuras que eram figuras queridíssimas, né. Tem um que pareceu o, sabe aquele capitão da revista Tintin, é não um barbudo, uma barba preta, assim. E ele falava, parecia uma moçinha, falava, mas é um negócio, parecia não ser de duas cabeças, entendeu. Mas era uma pessoa queridíssima, todo mundo adorava o capitão, entendeu. Ahahahahah. Ahahahahah. É, é... Lembra quando eu era bem jovem, tinha uma figura que era o Bailarino principal, o Teatro Municipal José Leão, né. Aquele é gayzésimo, né. Ele era oído da redação, quando ele estava o José e todo mundo se divertia, achava maravilhoso, então ele era a rainha da redação. Nunca vi nem discriminação, agora você fala homofobia, massacre de gays, por serem gays, olha, eu duvido, eu nunca vi nenhum caso de crime que o sujeito foi morto por discriminação. Eu nunca vi nenhum, né. Agora já morre 300 gays por ano, eu falo, escuta, morre 50 mil brasileiros, 70 mil brasileiros, né. Então quer dizer, a cabonidade gay é menos, que está menos em perigo. E as pessoas vão passar esta preocupação, então está deseducando a pessoa, quer dizer, se ele está com um problema aqui, os caras vêem com outro problema, que está na cabeça deles, ele aprendeu, porque ele problema em Nova York, né. Aí ele vai chegar no Brasil e dizer, ah, esse é o grande drama, daí começa todo mundo para estar tensando naquilo. E ele diz, bom, claro então que a cultura está servindo de agente alienante. Você vai encontrar poucas obras que explodam esse étnose brasileiro, né. Aí, honra se já feita, o Ariana sua sua, não foi um dos que investigaram isso. E o teatro de Herve Reflete, algo disso aí, né. O Impartius, Aline do Rego também, está certo. Mas quando você vê no próprio Jorge Amado, você já entra esquemas marxistas forçados. Por exemplo, quando você vê os capitães de Areia, ele era um marcusiano antes de mar... antecipou o marcusi, né. Quer dizer, os bandidos de rua, agora eles são o agente, em vez do proletarado, seu agente revolucionado, são os bandidos de rua, os trombadinhos, né. Então isso é puro marcusismo, mas só que totalmente artificial. Eu digo, no que que os bandidos de rua podem ajudar a melhorar a sociedade brasileira? Pensa bem. É, nada. Claro, você pode ter alguma compaixão por eles. Está certo. Pode até querer ajudar, mas dizer que eles têm uma utilidade social, que eles são o padrão da nova sociedade brasileira faz-me rir. Então você entra um monte de elementos simbólicos totalmente deslocados da realidade local, que são implantados pela cultura, pela educação, etc. e deslocando, vamos dizer, a imaginação ética, a imaginação moral brasileira para seu do problemas. Copiados, sei lá, de ideologias europeias, americana, etc. Então o negócio vai piorando cada vez mais. Então, só o que pode melhorar isso é a cultura. Então a cultura começar a investigar e analisar criticamente o étus brasileiro para ver se o melhora. E se uma vez melhorado, ele pode servir de base para uma legislação que o reflita. Esse é um processo de longuíssimo prazo é, eu digo isso, mas a história de longuíssimo prazo, quantos anos você acha que o Brasil tem? 2 anos? Por exemplo, tem 500 anos, pelo meu Deus do céu. E depois de 500 anos ainda está assim. Então por que vocês estão para resolver amanhã? Não é assim que se faz. Nisso, pelo menos, o pessoal da esquerda tem esse mérito e eles raciocinam a longo prazo e não se incomodam de contribuir para algo que só vai se realizar depois da morte deles. Nunca vi nenhum comunista preocupado com isso. Ah, eu não vou ouvir o socialismo. Nunca vi nenhum chorar por causa disso. Então, pelo menos, esses bairros eles têm que dizer escala temporal deles é mais realista. Então nós também temos que começar a trabalhar para o longuíssimo prazo. Nós temos que refazer a cultura brasileira de modo que ela reflita primeiro, que ela dê a descrição real do estado de coisa e segundo, que o analise criticamente de modo a poder melhorá-lo torná-lo mais consciente e na vida que torna mais consciente. Então você introduz ali um elemento autocorretivo. Por exemplo, vamos dizer uma sucessão, vamos dizer, de obras que mostrassem essa inconsciência do povo brasileiro das consequências das suas ações e que desenvolvessem essa consciência. Isso seria um presente dos céus, não é isso? Então, quando você vê um tipo como o Nura, que destruiu a economia nacional e ele disse que não sente um pingo de arrependimento isso aí, a indiferença chegou no nível psicopático. Mas esse elemento psicopático que está presente na sociedade através desta insensibilidade para as outras pessoas. Não é que sejam mais, não é que seja egoísta que não são egoístas, é fato de você ver. Quando aparece uma campanha na televisão, eu falo olha, tem um terremoto na Zambia, vai todo mundo correndo lá dá dinheiro. Por que? Porque a televisão fez a conexão entre os seus atos e a situação do outro. Se você der dinheiro, você ajuda a melhorar a situação do outro lá. Daí conecta, junta pé com bola. Mas na vida de Área, você não realmente não vê isso. Então, eu acho que não quem fez aquele Cartaz do Suju Olímpia etc. Olha, fez uma grande contribuição à cultura nacional. Não sei quem foi. No Rio de Janeiro todo mundo tinha esse Cartaz e acho que isso ajudou a colerecer muita coisa. Mas, eu não vejo, por exemplo, um único romance brasileiro, o romance da indiferença. Como tem, por exemplo, na França tem o estrangeiro Letranje Abert Camus que é um sujeito que mata dois negos da Rui nem sabe por que estão revoltados com ele. Então, e ele é um estrangeiro por causa disso, quer dizer, ele não tem nada a ver com a vida dos outros. Ele não tem o que, a conexão comunitária. Então, a compaixão nasce através da imaginação quando a imaginação cria a rede de símbolo suficiente para você perceber o que está se passando com o outro. Isso está faltando muito no Brasil. Daí, a facilidade que o brasileiro tem de fazer julgamento negativo dos outros. Não é capaz de se colocar na posição do outro. Mas ele não quando essa posição está assim, evidente, não consegue. Bom, então, eu acho que no mesmo sentido pode ser respondido algumas outras perguntas. Francisco Augusto diz o seguinte, Thomas Morenot tem sua época que o mundo da cor terá centrado no fingimento. Curso cenário, quanto mais mentiroso mais as pessoas fingiram crer nele. Eu li esse trecho de Thomas Morenot. Embora todos soubessem disso, no fundo ficam revoltados se tudo fosse desmentido. Nessa época o teatro surge como a grande imagem do mundo. Se mutar, se mutar, podemos dizer que o Brasil é o maior dos herdeiros desse cenário do início da modernidade. Bom, eu não sei, eu não fiz uma história de como uma coisa passou por lá, mas eu acho que não. Agora, o mundo da corte, o mundo do governo ser assim é uma coisa normal. Sempre foi assim, a política é o mundo de fingimento. Isso aí não é de hoje. Principalmente se é a corte que é um mundo mais ou menos fechado e imune a influência de fora. Como é Brasília? Brasília é o Olimpo. A nossa influência não chega lá. Você vê, mudou um pouquinho agora, porque o povo foi lá gritar na porta dos fulano. Só, precisou reunir milhões de pessoas para dar um pouco de similidade para aqueles caras. Então, isso é normal. O anormal é que a sociedade, vamos dizer, aceite viver assim. E que essa coisa do fingimento seja copiada nas escolas, na cultura, no jornalismo, na literatura. Por que desapareceu a literatura brasileira? Porque literatura é incompatível com o fingimento. O mundo da literatura é, como diz o Marlinemis, a guerra contra o clichê. E, como diz o Sao Bélo, a matéria prima dos escritores é as impressões autênticas. Como diz o Berné-Docroche, a expressão de impressões. Agora sim, entra a impressão e a expressão entra com um estereótipo, um clichê, uma língua de pau. Ferrou, meu filho. Acabou. Por isso que você não vê durante os... desde a publicação do, sei lá, do parupe do Torno Calado. Ou vamos datar um pouco depois, o Olímpico do Lêdo Iva, o morto Brasil. Você não vê a vida brasileira na literatura. Porque as pessoas não são mais capazes de expressar as impressões autênticas. O peso da cultura de clichês, de estereótipo ficou grande demais. A exigência, politicamente correta, de você se adaptar a isso, você tem que ser feminista, gaysista, não sei o que, pa-pa-pa-pa. Isso aí, a garganta de qualquer um. Você não consegue mais expressar as suas impressões. Ele tem que repetir o discurso da língua de pau pra ele ser aceito, benquisto, querido, naquele meio e assim por diante. Então isso aí mata qualquer literatura. Basta você sair um pouquinho e deixa aí você... O mínimo que faz é dizer que você é polêmico. Você diz que dois são quatro. Que homem tem um pipil e a mulher tem uma chochota. Pronto? Isso aí é polêmico. Então a inibição, a espiral do silêncio, tomou conta de todo mundo. Não pode mais dizer as coisas. Então acaba a literatura, evidentemente. Então outra coisa, nessa... Essa pergunta que o Marcelo Augusto faz, é verdade, o abril da corte era realmente assim. Mas quando o teatro se torna a expressão da cultura, o teatro é o restaurador das impressões autênticas. O teatro de Shakespeare, o que ele mostra o tempo todo? Os nobres só tramando assassinato, estupo, incesto, roubalheira, só maldade. Então a realidade aparecia no teatro. No teatro de racina, é a mesma coisa, que você conta a língua, evidentemente, mas também é um mundo da maldade. Agora, cadê o teatro? Cadê a ficção? Cadê o cinema brasileiro refletindo? O que aconteceu nos últimos anos? Você viu o que aconteceu com o filme Tropa de Elite? O primeiro filme Tropa de Elite expressou uma impressão autêntica e foi imediatamente reconhecido pela população inteira. Não aconteceu isso? O filme do Capitão do Nascimento virou herói nacional. Aí, imediatamente, já tem que fazer outro filme para tirar uma impressão. Então, quer dizer que o estereótipo, a língua de pau, que agrada aquela comunidade profissional específica, tende para dominar sobre a impressão autêntica que é compartilhada pela nação inteira. Assim, você está criando uma cultura de estereótipo no momento em que você precisa desesperadamente de saber o que as pessoas estão sentindo mesmo. Então, isso quer dizer, essa classe artística, entre aspas, é essa que tem que ser varrida do território. Dar dinheiro para eles e restaurar o Estado do Ministério da Cultura é um crime, uma imoralidade, esse pessoal não serve para possibilidade de nada. Ele está lá só para enganar os outros e para passar os seus preconceitos de classe e, por isso, a todo mundo. Todo mundo tem que ver do jeito deles. Que não é o jeito que eles veem, também é fingido. Então, eu duvido, duvido e faço um pouco que algum gay saia por aí, se fazendo de perseguido, por ter sido perseguido de fato. É tudo fingido. Quer dizer, é aquele garoto que está chorando, não porque dá algo incomodado, mas ele está chorando, para, que preste atenção nele. Eu escrevi isso aí da história do Fartse, não é? Que o mosquito picou ele e começou a chorar. Daqui a pouco, não está doendo mais nada, mas ele continua chorando, que era para obter público. Então, enquanto continuamos levando a sério, por exemplo, essa choradeira gay, eu digo, o que é? E depois, é uma coisa linda, que você pega todos os grupos queixosos. São mulheres, gays, índios, negros, orientais, minorias, etc. E faz um bolo, nós somos todos perseguidos. Fala bem, mas, como é que são tratados gays e mulheres dentro dessas outras comunidades de perseguido que vocês estão falando? Como é que elas são tratadas no oriente? Como é que são tratadas nas tribos da África? Como é que são tratadas entre os índios? Aí você vai ver que esta pretensa unidade dos discriminados, é claro que é um fingimento. Então, a cultura politicamente correta é uma cultura do fingimento elevado a inésima potência. Então, nós não podemos aceitar isso. Agora, para a gente se falar mal, você tem que produzir uma outra cultura. Então, por exemplo, treinar a sua linguagem para expressar as expressões autênticas. Para pegar aquela experiência real que você teve aqui e ali, e você a transpor em obras literárias. Há muito tempo a gente não vê isso no Brasil. Agora, um grande assunto. Tarcio Sotte pergunta. Professora, viu uma informação que desde o mias da década de 80, militantes de partidos comunistas atuavam com comitantemente em carga direita, em partidos de esquerda e no PMDB. Eram também até debutados pelo PMDB. Afinal, que o PMDB é o que ele se transformou. Não, não é que é a parte da... O PMDB nasceu disso aqui. O PMDB é o Partido Comunista. Eu vi como ele se formou. Foi o Partido Comunista que o criou como órgão de fachada. E, mas eu... os deputados eleitos pelo PMDB eram todos selecionados pelo Partido Comunista que daí indicava para o seu próprio militante você tem que voltar, fulando, fulando, fulando, fulando. Nenhum candidato ostensivamente comunista. Era gente do PMDB, isso tem assim desde o começo. Então, vamos dizer, é o Partido... a ala do Partido Comunista, a ala do Les Carlos Prestes que apostava na transição lenta, e indolor, grampiana. Portanto, ninguém vai falar de revolução, ninguém vai falar de comunismo, nadão de pouquinho. O que interessa são as medidas efetivamente adotadas e não a propaganda do trinal. Enrique Augusto Torres No fim do ano passado entrevistei mais de 150 pessoas no centro de Belo Horizonte, perguntando sobre a sensação de segurança no centro da cidade. Após rever as entrevistas notei que apareceu com alguma constância e indignação dessas mesmas pessoas com as leis e instituições de segurança do país. Grande parte delas fizeram uma hora sanções aos criminosos, diminuição das medidas socioeducativas, direito a pór de arma, aumento do contingente policial e do Bicadinho de controle capaz de aplicar as leis. Bom, não foi isso o que o filme Tropa de Elite expressou. Nós queremos uma polícia que policiei que cumpra a sua função em vez de ficar lisando a cabeça dos bandidos. Isso é o que o país inteiro quer. E é isso que a arte deveria expressar mas ela não pode fazer isso porque isso contraria os preconceitos estereópses na cabeça de uma faixa micro mínima da população que é chamada classe artística que já foi cooptada pelos partidos de esquerda há mais de 50 anos. Então por que temos que continuar ouvindo essas pessoas e até dar dinheiro para nos enganarem? Então a simplesistência desse Ministério da Cultura é uma indecência. O fato do governo Temer ter cedido após ter tido a ideia correta o diretor do Tropa de Elite também não cedeu depois de ter a ideia correta. Ele não fez um filme que transmitia a realidade e depois teve que fazer outro para esconder a realidade porque o pessoal reclamou então ele e o Temer é a mesma coisa. Então são pessoas que não têm, vamos dizer, aquela convicção profunda de quem está percebendo a realidade. Não citar a gente a uma convicção política diferente. Se você opõe a uma ideologia política, apenas outra ideologia política, então a sua esfera de ação está no combate de clichês. Nós já estou falando não disso aí, mas de observar a realidade. A realidade é esta, a população quer isto, a população inteira quer isto. Ninguém está na população, está chorando porque sei lá, o Trombadinha levou umas dois tapas do Polícia. Ninguém chora por isto. Mas chora quando os bandidos dentro de uma casa matam de onde a casa estupra as filhas, não é? Isso aí o pessoal chora. Então esta é a sensibilidade real da população. E a arte tem de refletir esta porque é esta a situação. 70 mil homicídios por ano. Veja, isto não é tema de novela, não é tema de filme, não é tema de romance, eu digo o que é isto? Você imagina a multidão de livros de crimes que apareceram só por causa de Chicago na década de 20. Onde a criminalidade era 100 vezes menor que do Brasil? Quer dizer, bastou muito bem nos crimes para você criar um imaginário do criminoso comidêmico da sociedade. E no Brasil não, você tem 70 mil homicídios por ano e é proibido dizer que o criminoso é inimigo da sociedade, é proibido até chamar de criminoso, tem que chamar de criminoso. É assim hoje? É o menor fator o menino que foi abatido porque ele estava com uma arma tirando os policiais, o policial deu um tiro nele daí, parece professor dizendo que ele era meio levadinho levadinho, levadinho sou eu. O que ele fez? O conversário passou a mão na bunda da menina vizinha, foi isso que ele fez? Levadinho, né? Não, ele estava lá matando gente, pô. Então, ah, também aparece aquele caso, os jeitos. Dois camaradas saltaram o poste de gasolina, fugiram, o policia tirou um deles, eles foram presos, levado a legacinha, foram imediatamente liberados. No dia seguinte, eles voltaram a saltar o mesmo poste de gasolina, foram presos de novo, foram liberados de novo e o policia que tirou nele, foi preso. Então, é claro que isso aí, reflete a imaginação de um grupo muito pequeno de pessoas, imagina totalmente artificiosa, é tudo clichê, não é a situação real. E, vamos dizer, se a arte, teatro, cinema, literatura, não reflete a situação real, então é claro que a arte, o cinema, estão servindo apenas para confundir mais o meio de campo, criar obstáculos e a imaginação. Não pode dizer as coisas como você está vendo, você acaba dizendo uma outra coisa. Então, você já é um estérico. O estérico não acredita no que vê, ele acredita no que houve dizer. Então, eu nunca vi nenhum gay ser maltratado, assim, assassinado por ser gay, nunca vi, olha, eu vou repór de policia, nunca vi uma coisa assim. Mas, você tem que dizer que isso acontece porque? Porque o movimento quer que você diga e o deputado quer que você diga. E o cara da mídia quer que você diga. Eu ouvi ao contrário, que há muita violência entre eles. A polícia tem que interferir para defender-me para que o outro não matasse. Isso aí eu vi. Muito bem, então gente, é isso. Então, nós temos que atuar no plano profundo, na literatura, no cinema, no teatro e criar, vamos dizer, um imaginário que reflita a situação real por pior que seja a situação. Nós temos que explorar o étnolo brasileiro e saber quais são as normas efetivas que o brasileiro segue na sua conduta diária. Porque são as mesmas que ele levará para a Brasília quando for deputado senador ou para a presidência da república. O que é o Lula? Se não, o efeito desta cultura de indiferença tem o resultado das suas ações. Ou seja, uma cultura que estimula a sociopatia. E que dá uma chance ao sociopatia. Porque, de certo modo, as pessoas se sentem igual a ele. Isso. Então, bom, por enquanto é só. Tem algum recado? Não tem, né? Não tem. Acho que hoje não dá mais tempo de outras perguntas. Então, até a semana que vem. Muito obrigado.