Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria continuar um pouco com aquele tema das condições constantes da experiência terrestre e uma delas evidentemente é o tempo e portanto a mutabilidade das coisas. Nós sabemos que nem todas as coisas mudam e se transformam com a mesma velocidade. Por exemplo, o clima diário muda com uma certa velocidade, a posição das coisas mudam, mas a coisa que permanece durante o longo tempo, as pedras permanecem e móveis, as montanhas continuam nos seus lugares e além disso existe a regularidade de certos ciclos. Talvez não exista alguma coisa que seja mais móvel e inconstante do que a própria mente humana. É difícil mesmo nós conseguirmos fixar a atenção numa coisa durante muito tempo, mas o tempo todo mudando. Então esse espetáculo das mutações e da impermanência despertou desde muito cedo na humanidade o desejo de reduzir tudo isso a um esquema explicativo. E daí surge a ideia da luta dos contrários. Por exemplo, você vê isso na tradição chinesa com o itin, um negócio do yin e yang, mas sempre acima dos contrários existe uma outra instância que é imutável, eterna e de certo modo inatigível, que seria o tal. Assim como em Heráclito você tem também a luta dos contrários, mas acima dele você tem o logos imutável, de marca e diferença, famosa diferença entre Heráclito e Parmenes não é tanto quanto se diz, no fudo eles estão dizendo a mesma coisa. Ou seja, existe o mundo da experiência que é composto de mudança e impermanência, mas por baixo ou por cima dele deve haver algo de constante. Então essa ideia dos contrários tem o seguinte problema, em primeiro lugar o que nós observamos não é a luta de contrários, que você observa é uma vasta multidão de coisas diferentes. As coisas diferentes não estão em luta, por exemplo, eu não acredito que as árvores estejam em luta contra os passarinhos, ou os ovos contra as nuvens, isso aí não existe, o que você tem, a própria ideia da luta do contrário já é uma imensa simplificação abstrativa. A terceira que ela não é uma coisa que apareça diante de nós como uma evidência, por exemplo, uma espécie animal caça a outra, claro você tem um conflito dos contrários, o caçador ou o caçado, mas no grupo de caçadores não está vendo conflito algum, você vê um bandilobos perseguindo uma ovelha, eles estão contra ovelha, mas não estão contra si mesmos. Então isso quer dizer que a luta dos contrários jamais foi observada em parte alguma, ela não é um dado da natureza, não é um dado da experiência, ela é um esquema que alguns filósofos imaginaram para tentar reduzir a um formato simples, a imensa variedade das experiências que tinham acesso, mas é uma ideia muito antiga que retorna, retorna, retorna. Um dos motivos pelos quais ela retorna é uma constante da mente humana, a mente humana ela não tem nenhuma capacidade de contemplar a verdade diretamente, ela só concebe a verdade através de contrastes, assim como para desenhar você precisa de uma superfície de contraste, você coloca uma linha que não existe para demarcar, você quer desenhar o cachorro, então você faz o perfil do cachorro, essa linha a qual não existe, na realidade demarca o fim do cachorro, o começo de tudo mais. A nossa mente funciona do mesmo modo, a nossa capacidade de concentração é mínima, é ridícula se você pensar bem. O bom e velho Gurdjief que era um gozador, mas que de vez em quando dizia umas coisas certas, ele dizia que todos os problemas da humanidade estariam resolvidos se nós conseguissem prestar atenção num dedo durante cinco minutos, mas se impedir, você vai ver que logo a sua mente vai parar em outra coisa. Uma vez perguntaram ao Hugo de São Vítor, por que que o ser humano não conseguia se concentrar em Deus, mas na verdade não consegue se concentrar nem numa azeitona quanto mais em Deus. Então o Hugo de São Vítor fez um desenho que é uma obra de arte, mas que era um esquema cosmográfico e deu um dos seus cursos mais complexos em todos os tempos. Então não é que os caras não conseguiam se concentrar em Deus, acho que eles não conseguiam se concentrar no curso do Hugo de São Vítor. Então esta impermanência da mente humana é outro dado de experiência, é certo? E em função disso é que aparece a ideia da dialética, ela já está em germe de certo modo na ideia da luta dos contrários, mas como um método de investigação, de pensamento de educação, ela aparece sobretudo no Músocrat, nos diálogos socráticos. Então o contraste de várias ideias, a confrontação de ideias é vista como uma espécie de uma escalada, que é através dos contrários você vai chegando a alguma coisa que está mais elevada e que está para além dos contrários e que na verdade é indisível e que o Sócrates acaba sempre expressando com uma figura um mito, uma história, a alegoria da caverna, um mito de heir que morre e volta a vida, são histórias com as quais Sócrates ilustrava esse vislumbre de algo que está para além do mundo da multabilidade. Então isso quer dizer que Platão entendia a dialética como uma espécie de acésia, um exercício acético da mente que vai aos poucos superando o mundo da multabilidade e da luta dos contrários até chegar a uma coisa mais elevada e mais constante. Então isso aí já está plenamente desenvolvido, essa técnica está plenamente desenvolvida nos diálogos platônicos, os quais tomam a forma do diálogo precisamente porque o fio condutor é a dialética, isso é a confrontação entre ideias ou visões diferentes para chegar a alguma coisa mais profunda. Mas quem de fato codificou a dialética foi Aristóteles, evidentemente no livro Os Tópicos e também nos livros de lógica analítica que é as analíticas. Então Aristóteles entendeu uma coisa muito importante que é que toda a investigação filosófica ela sempre parte de alguma discussão resistente, quer dizer você não investigaria nada se houvesse uma crença pública, uniforme a respeito de alguma coisa. Por exemplo todo mundo acredita que 2 mais 2 é 4, por isso não ninguém vai investigar se não são 5 ou 6. Mas com relação à multidão de questões existe uma multiplicidade de opiniões ou visões diferentes e qualquer questão que nós chegamos a perceber sempre tem uma história, quer dizer alguém já disse alguma coisa, então ele acreditava que o começo da investigação é saber o que as outras pessoas já disseram a respeito e daí você tem uma multiplicidade de opiniões divergentes e conflitantes. E este é o ponto de partida, o que fazer com esta multiplicidade? Aristóteles diz, a primeira coisa é fazer aquilo que é próprio do sábio, é colocar em ordem, ou seja você tem aparentemente uma mishórdia de opiniões, mas esta mishórdia talvez não seja tão confusa quanto parece no primeiro momento. Se você conseguir articular essas diferentes opiniões umas com as outras, classificando as de acordo com o que? De acordo com a própria estrutura do ser, ou seja nem todas as opiniões estão falando sobre o ser de um mesmo ponto de vista, sobre um mesmo aspecto e assim por diante, então classificar do que precisamente estas proposições diferentes estão falando? Essas opiniões são a respeito de que? Se você tem certeza que são opiniões divergentes sobre um mesmo objeto, ou talvez ser um aspecto diferente do mesmo objeto. Então a primeira coisa é limpar os equívocos de linguagem. Então é por isso que o estudo da lógica da gestora começa com os livros sobre a linguagem, como da interpretação. E ali você vai ver que a primeira coisa era afastar os equívocos puramente verbais. Então Aristótto classificava as palavras em três tipos, homônimas, parônimas, homônimas sinônimas e parônimas. O homônimo é quando duas coisas diferentes têm o mesmo nome. Por exemplo, um gato, animal e uma instalação ilegal da corrente elétrica. Ambos são gatos. Uma outra coisa aconteceu, em seu caso tem que ser homônimos, às vezes são sinônimos. Quer dizer, uma mesma coisa tem vários nomes. Assim então precisa averiguar, afastar os equívocos que podem surgir dos homônimos e dos sinônimos. Parônimo é quando uma palavra derivada de outras, como por exemplo, livro e livraria. E em terceiro lugar, em quarto lugar, você precisa ver o seguinte, uma coisa que ele chama a transitividade das proposições. O que você diz a respeito de um objeto, tendo em visto o gênero dele, se aplica a outras do mesmo gênero. Mas além do gênero, existem espécies diferentes. Então, por exemplo, se existe uma divergência do clínio, essa divergência é sobre o gênero ou sobre a espécie. Ou seja, as pessoas estão dizendo que esse objeto pertence a gênero diferentes ou que pertencem ao mesmo gênero, pertencem a espécies diferentes dentro do mesmo gênero. E assim por diante. Então, essas ser as providências preliminares de qualquer discussão. Então com isso você já começava a classificar as diferentes opiniões e já começava a parecer não tão diferentes assim. Em segundo lugar, você tinha que ver o que que eles estavam predicando exatamente. Quer dizer, afastar as diferenças puramente verbais. Estão falando o que? Então aí aparece o que é a história que chamamos predicavel. Quatro coisas que você pode dizer a respeito do que quer que seja. Essas coisas são. Primeiro a definição. Você pode estar dando uma definição do objeto. A definição consiste em articular o gênero que ele pertence com a diferença que existe entre esta espécie e outras espécies dentro do mesmo gênero. Por exemplo, animal racional. Isso é o gênero animal e espécie é racional. Isso. Da diferença racional separa o homem dos outros animais. A segunda coisa que você pode estar fazendo predicar é apenas o gênero sem a diferença. Se você disser que o homem é um animal, está certo. Se você disser que o homem é um animal racional, também está certo, mas não é a mesma coisa. Em terceiro lugar você pode estar falando da propriedade. Propriedade é um traço do objeto que não faz parte da sua definição, mas deriva dela como consequência. Por exemplo, da definição de homem não faz parte de ideia de que o homem pode praticar arquitetura, por exemplo. Mas essa é uma decorrência. Se você não é um homem racional, ele pode fazer isso, mas termina a arquitetura. Está certo? Então, isso é uma propriedade do ser humano. E por fim, você pode estar predicando um acidente, quer dizer, algo que pode acontecer aquele objeto ou não acontecer. Se você disser, por exemplo, que uma pessoa ficou doente, ficar doente é uma propriedade do ser humano, mas estar doente nesse momento não é. Então, é um acidente e assim por dente. Se você pegar várias proposições que vieram para na sua mão, você vai ver que, afastando as diferenças verbais podem da sobrar estas quatro diferenças. O indivíduo está falando de um gênero, de uma definição, de uma propriedade ou de um acidente. Quando você faz isso, essas várias proposições já começam a se encaixar umas das outras. Está certo? Em terceiro lugar, você precisaria ver especificamente o que a opinião referida aborda no seu objeto. E daí surgem as categorias. Categoria são dez tipos de coisas que você pode dizer a respeito do que quer que seja. Está certo? Então cada uma delas pode ser objeto de uma definição, de uma predicação de gênero, de uma propriedade ou de um acidente. Então você vê que o negócio vai complicando. O esquema vai complicando para simplificar a discussão. O esquema classificatório se amplifica e aumenta para fazer mais facilmente operar as classificações. Então a Rissota reconhecia dez substâncias, a substância, a quantidade, a qualidade, a relação, o lugar, o tempo, a posição ou a atitude, a hábito, condição ou estado, ação e paixão. Às vezes ele reduz em uma lista de oito, mas em geral a tradição consagrou essas dez. Então o que é uma substância? A Rissota ele não dá uma definição de substância, mas ele dá um critério de reconhecimento. A substância é aquilo que não é nem predicado de outro, nem parte de outro. Se você pega um gato, um gato não é uma qualidade de outro gato, ele é alguma coisa nele mesmo. Então ele não faz parte de uma outra coisa, ele faz parte da espécie, mas não de uma outra coisa, presta atenção. Ele não diz que uma substância é uma coisa totalmente isolada que não faz parte de nada, ele não faz parte de outra substância. Embora possa fazer parte da sua espécie gênero. Então esse é um critério de reconhecimento. Não interessa agora discutir mais profundamente a substância, mas interessa você saber o seguinte, se o que quer que alguém diga sobre alguma coisa, pode estar indicando uma qualidade dessa substância, indicando a quantidade dessa substância. Por exemplo, se você pegasse em todas as proposições da física quântica, todas são proposições quantitativas, são proporções. Não está dizendo o que as coisas são, os físicos quânticos desde o termo do Marx Planck estão estudando partículas subatômicas, se você perguntar para eles, o que é partícula subatômica, eles não sabem o que é, só sabem quanto tem. Então a física quântica inteira é composta de proposições quantitativas. Proposições quantitativas que são verificadas experimentalmente milhões de vezes, elas são verdadeiras, mas você não sabe a que substância ela se refere. Não se sabe nem se isso pode ser chamado de matéria ou não. O Wolfgang Smith diz que as partículas subatômicas não são propriamente matéria, mas são aquilo que o santo mais aqui chamado de matéria secunda, segundo tipo de matéria, que se caracteriza por ter somente quantidade. Ou seja, não é uma coisa verdadeiramente, é um estado, uma transformação, um fenômeno qualquer, mas não uma coisa. Você pode estar falando de uma relação entre uma coisa e outra, você pode estar fazendo uma proposição temporal de que algo aconteceu em tal data, você pode estar assinando um lugar que não precisa ser, o lugar no sentido geográfico pode ser por exemplo, um lugar dentro de uma tabla classificatória, você pega tabela periódica dos elementos, ah onde está, sei lá, tungstênio aí. É um lugar. Pode ser uma posição, uma altitude, quer dizer, o que está, em que situação o objeto está agora e assim por diante. Na hora que você pega todas as proposições aparentemente conflitantes e reclassifica, você diz, ah, esse está falando disso, aquele está falando aquilo outro, ele está falando do outro, você automaticamente transforma a miixórdia de opiniões num sistema de proposições ordenado. Então, de certo modo, você já tem só com as proposições recebidas, ou acabou-se de uma teoria. E daí você pode começar a investigar, somente aí você pode começar a fazer o que nós chamaremos uma investigação experimental. Aí você pode conflitar as proposições com os fatos, com a realidade, antes disso não. Está certo? Então, se você fizer antes disso, você se arrisca a tratar uma proposição relativa à quantidade, como por exemplo da física quântrica, como se fosse uma proposição substancial, aqui não é, está certo? Então, primeiro tem que fazer toda esta classificação, quer dizer, botar em ordem a discussão. Isso foi uma das descobertas mais maravilhosas de toda a história da filosofia. Esse aqui, Aristóteles parte daquilo que já era uma prática em Sócrates e Platão, mas ele transforma essa prática numa ciência. Está certo? Então, você ver que, então, em Aristóteles, a dialética era uma ciência das proposições conflitantes. Está certo? Ao longo do tempo, se volta de algum modo à concepção antiga, vamos dizer pré-platônico, pré-aristotélica, da luta dos contrários. Ou seja, não se trata de proposições conflitantes ou antagônicas, mas de forças objetivas que em si mesmas são antagônicas de algum modo. Então, por exemplo, com o reggae, aparece claramente a ideia de que todo o ser universal é composto de conflito. Era exatamente a mesma ideia que aparecia em Heráclito. Está certo? E de bom, em Heráclito você tinha o logo que estava acima disso, que abrangia tudo isso e organizava de algum modo. No reggae, o que está acima dos conflitos e artículo conjunto? O próprio reggae, evidentemente. Porque é só nele que aparece a fórmula total do desenvolvimento. Desde as primeiras origens até aquele momento. Então, a razão do indivíduo chamado reggae, ela passa a ser logo de algum modo. Isso aí, nós podemos dizer que foi uma catástrofe na história da filosofia. O reggae afirma o seguinte, que autoconsciência humana, como tudo o mais, surge na luta dos contrarios. Ou seja, a sua autoconsciência, ela emerge pelo seu conflito com aquilo que não é você. Então, até hoje, eu me pergunto se a sua autoconsciência não existe como tal, mas ela só passa a existir através do conflito. Então, eu me pergunto como é que uma coisa que não existe, pode passar a existir, simplesmente porque alguma coisa anega. Basta você fazer essa pergunta e você ver que tem algo errado, profundamente errado no reggae. E o erro está no seguinte, ele quer explicar a origem da autoconsciência e não só da autoconsciência dele ou da minha ou da sua, mas autoconsciência do próprio Deus, que segundo ele se desenvolve no tempo através da dialética, partindo não de um exame da autoconsciência real e concreta, tal como existe nele mesmo, ou em mim, ou em você, mas partindo de um conceito de autoconsciência, um conceito abstrato de autoconsciência. Então ele cai na mesma esparrela do Descartes, que ele chama de eu, algo que não é o eu, é um preto real histórico, mas que é um conceito de eu. Eu expliquei nas aulas que eu dei sobre o Descartes, que ele começa as suas meditações metafísicas como se fosse uma autobiografia interior, contando uma experiência que ele viveu. Mas que ali pelo capítulo 3 ele já esqueceu isso e começa a falar de um eu abstrato universal, um eu qualquer, que seria todos os eu. Então o que era uma autobiografia, o que era um exame da experiência, e se torna uma dedução lógica a partir de um conceito abstrato. E Hegel faz exatamente a mesma coisa, você pode procurar em toda obra de Hegel, você não vai encontrar uma única autoanálise da formação do autoconsciência de George Friedrich Hegel, é tudo um eu abstrato, é o eu. Então se nós perguntamos mas que raio de coisa é esta que se opõe ao eu, evidentemente tudo o que não é eu, mas digo mas tudo o que não é eu se opõe a mim, se fosse assim eu não teria a menor chance, mas na experiência real da vida você vê que daquilo que não é eu, que eu sei que não é você, algumas coisas se opõe a você e outras são o suporte para você, e outras ainda são as duas coisas ao mesmo tempo, por exemplo o seu corpo, se você está falando da pura autoconsciência, evidentemente a autoconsciência não é o corpo, ela tem um corpo, e esse corpo muda com o tempo mas ele não muda como muda autoconsciência, o corpo muda segundo uma pauta predeterminada, isso seguindo a forma da espécie humana, quer dizer o ritmo de crescimento, envelhecimento e morte dos corpos humanos, está certo? Então a mutabilidade do corpo, ela obedece a leis, está certo? E são as leis da fisiologia e da fisiopatologia, mas e a nossa mente? A nossa mente muda de uma maneira aparentemente anáquica, não há uma regra, para dizer se você pensou nisso, logo em seguida você vai pensar naquilo, não, você está pensando em ovo da capoeira, você está pensando em equação de segundo grau, depois está pensando nas peças de Shakespeare, pode acontecer qualquer coisa, não é isso? Então existe uma certa relação entre autoconsciência e o corpo, mas o que é o corpo? Ele é um elemento antagônico, não é possível, porque através dele que você se realiza no mundo, e através dele inclusive que você adquire consciência das outras coisas que tem em volta, se um bebê não tivesse corpo ele não poderia nem mesmo agarrar sua própria chupeta ou mamadeira coitada, nem o peito da mãe ele poderia, quer dizer um bebê abstrato não mama, então o corpo é um instrumento da autoconsciência, pelo qual a autoconsciência se expande, mas ao mesmo tempo ele é antagônico também, porque ele não obedece você completamente, ele não faz tudo o que você quer, ele está ali para fazer o que você quer, mas ele tem limites, então eu digo, é o corpo que é antagônico ou são os limites externos ao corpo que são antagônicos? Por exemplo, eu quero levantar esta mesa e a maldita não sai do lugar, uma vez eu vi uns caras fazendo uma mudança de uma marcenaria, tinha lá aqueles tornos, aquelas coisas infernais, a menorzinha era o tamanho dessa mesa, daí eu estava seis negando com o braço deles, era da minha largura, não estava seis, o negócio não mexia, tinha que chamar um bindaste, então eu falo, bom, mas pera aí, é um antagonismo entre a minha autoconsciência e o meu corpo, ou entre meu corpo e forças externas que eu limitam, não estou limitando a minha autoconsciência, ver, esta é uma análise baseada na experiência, não no conceito, eu estou falando disso porque eu tive a experiência, cada um é claro, tem uma experiência diferente das limitações do seu próprio corpo, eu particularmente poderia ficar muito dentro com o meu criança, quase tudo o que eu mandava o meu corpo fazer, ele não fazia, eu ia ficar de deitado tanto tempo, tanto tempo, delirando com o febre, que quando saravam um pouco, eu queria andar, eu falei, mas como é que é aquele negócio de andar mesmo, como é que faz para andar, porra, como é que eu faço para a minha perna se mexer? Eu tive esse problema, é um problema raro certamente, mas ele existiu, então era um antagonismo entre eu e o meu corpo, ou entre o meu pobre corpo e a lei da gravidade, então você vê que este antagonismo entre autoconsciência e o corpo está muito mal descrito, então a consciência para ela se desenvolver, ela tem de ser alguma coisa por si mesma e independentemente de qualquer pressão externa, porque aquilo que não existe não pode sofrer uma pressão externa, não é isso? Então isso quer dizer que existe uma autoconsciência em germen, ser humano, ela é deficiente, mas ela está presente desde o primeiro momento, e ela não se desenvolve pelo antagonismo, mas pela totalidade das relações que estabelece o mundo, as quais não são sempre de antagonismo, mas às vezes são antagonismos internos entre as próprias coisas, por exemplo, o antagonismo, você não pode comer uma salsicha e guardá-lo na geladeira ao mesmo tempo, é isso? Se você cola a geladeira, não vai comer, se comeu, não vai guardar a geladeira, isso é um conflito entre a sua autoconsciência e a salsicha, não é uma limitação da própria salsicha coitadinha, está certo? Então isso quer dizer que a ideia do desenvolvimento da autoconsciência a partir do antagonismo, a partir do conflito, é uma simplificação monstruosa e, na verdade, poerio, se você pensar bem, qualquer análise que você faça da formação da sua autoconsciência, você vai ver que os objetos que, num primeiro momento, um reguliano diria que são antacônicos, a consciência, são instrumentos dela e se esses instrumentos não funcionam com perfeição, no épico os instrumentos estão contra você, não é isso? Então se você vai dar uma martelada no prego, é certo? A martelada no dedo, a culpa é de quem é sua, do martelo, é do prego, é da lei da gravidade, é de tudo isso misturado, como reduzir isso a um antagonismo, meu Deus do céu? Então se você martela o prego, você está contra o prego? Não, você não está lutando contra o prego, você está fazendo ele cumprir a função, que é dele, o prego existe para ser pregado, meu Deus do céu, fazia o contrário, o prego pregar o martelo é que não vai acontecer, então isso quer dizer que a rede de relações pelas quais se formam a autoconsciência é enormemente rica e variada e reduzir o antagonismo é uma coisa tão arbitrária que nós temos que perguntar por que o sujeito fez isso? Se ele fez isso e nunca voltou a examinar para ver se as coisas eram exatamente assim, é porque a ideia de conflito e de antagonismo era muito importante para ele de algum modo. Então podemos dizer algo aconteceu na biografia de reggae, o que o fez ver as coisas sob a categoria do conflito, embora nem sempre haja conflito, ou seja, ele privilegiou a categoria do conflito por um motivo subjetivo dele, mas não só fez isso como não estudou sequer o conflito na experiência real da autoconciência e sim numa dedução a partir do conceito de autoconsciência. Então isso resultará em que Karl Marx pegará este conceito e modificará um pouco a dialética de reggae, ele vai dizer que este conflito existe mas ele não se dá na esfera dos puros conceitos, ele se dá entre forças materiais. Então daí é que vem a ideia da luta de classes, mas qual é o primeiro conflito? Ainda é, Karl Marx ainda é o conflito entre eu, o humano e o mundo físico, mas por outro lado Karl Marx vai dizer que o processo essencial da história é a luta do ser humano pela apropriação do mundo físico, pelo domínio do mundo físico, o ser humano, o ser controle do ser humano, exerce sobre o mundo físico, é que determina se ele vai morrer de forma, se ele vai prosperar, se a sua cultura vai continuar existindo, se vai ser extinta. Então como é que aquilo que me serve de instrumento e de meio para a minha própria subsistência física pode me ser antagônico? A figura do antagonismo só expressa uma parte mínima das relações, você pode dizer que o nego plantou um milharal, o milharal está contra ele, de maneira alguma, ou ele está contra o milharal porque ele impiedosamente come os milhos. Você vê que a figura do conflito não se aplica, claro que existe uma parte conflitiva, então essa redução de tudo ao aspecto conflitivo é como qualquer dessas frases do modelo tudo é assim, por exemplo, tudo é economia, tudo é sexo, tudo é guerra, tudo são números, qualquer frase desse tipo está sempre errada, o mais eu posso dizer é tudo é tudo, e o todo é necessariamente complexo, rico e variado internamente e não pode ser reduzido a nada dessas coisas, também não adianta você cair, aceitar a mishordia, dizer não, tudo é tão enormemente variado que eu não posso dizer nada a respeito. Entre uma coisa e outra existe a possibilidade de você examinar a experiência real tal como ela aparece na sua própria vida, está certo? E conferir se isso se passa igualzinho na mente dos outros e você, então chegar a descrever o processo tal como ele se dá na realidade e não na dedução de um conceito, é o que Descartes teria feito se ele continuasse das meditações metafísicas tal como ele havia planejado nos primeiros dois capítulos, uma autobiografia interior, mas ele está fazendo autobiografia interior, de repente ele passa para um universal e começa a deduzir coisas dali, ou seja, é uma falsa autobiografia, começa com a biografia real de Descartes e continua com a autobiografia ideal do conceito de eu. Esse é o erro que Descartes faz, que Regal faz, que Karl Marx faz também, mesmo em mesma coisa. Então aí é que nós vemos uma coisa mais estranha do mundo que eu assinei no livro Jardim das Aflições, Karl Marx diz que ele é um sujeito materialista, como materialista ele tem que acreditar que o homem é apenas uma parte da natureza, mas acontece que a natureza só aparece em Marx como matéria prima da transformação que o homem opera nela. Então a coitada natureza é um bicho passivo, é uma matéria plástica, é uma espécie de macinha que o ser humano transforma do jeito dela, a natureza não tem nenhuma outra função, ela não nos determina, ela não nos forma, ela não pesa sobre nós, nada nada, ela só está lá esperando que você a transforme num produto industrial qualquer. Então ela passiva e o elemento fundamental da realidade não é a natureza material e sim a ação humana. Ora a ação humana vem do que? Vem do que você pensou? Então o fator verdadeiramente ativo em Karl Marx é o pensamento humano. Então como é que ele diz que ele é um materialista? Ou seja, é óbvio que ele não está entendendo o que ele mesmo está dizendo. Uma visão materialista o homem tem de ser visto em primeiro lugar como escravo da natureza e em segundo lugar como um escravo que gradativamente, lentamente e de maneira muito problemática adquira uma certa margem de manobra à medida que ele vai dominando partes da natureza externa, mas pensa bem, desde o começo dos tempos, desde antes do homem neandertal até agora o que nós dominamos da natureza? Um pedacinho da superfície de um planetinha. O resto continua tudo como está. Que influência exercemos sobre o planeta Marte, sobre a Lua, sobre a estrela Vega? Nenhum universo está todo aí do jeito que estava e nós não influenciamos em absolutamente nada. Então isso quer dizer que se o processo é essencial, é a transformação que o homem opera a natureza, opera a sobrenatureza, então esse processo é muito mildinho e dentro da natureza ele não significa absolutamente nada. E aí teríamos de voltar a um materialismo efetivo onde a natureza não é apenas matéria prima, mas é um conjunto de forças e de leis e de proporções que se impõem a nós de uma maneira absolutamente avassaladora. Ou seja, por exemplo, você determina o peso que você vai ter, a altura que você vai ter, você determina a raça em que você vai nascer, você determina o lugar em que você vai nascer, você não determina absolutamente nada, tudo isso vem por uma da natureza. Eu acredito pessoalmente, embora não seja tema da nossa aula, acredito que todas as categorias do nosso pensamento não são impostas pela estrutura física do universo em torno, começar pela ideia das direções de espaço, pelo fluxo do tempo, etc. Eu acredito que tudo isso é moldado no ser humano, porque nós nascemos aqui, o universo está todo em volta de nós e ele está pesando sobre nós o tempo todo, ou seja, a nossa marge de manobra ali é muito pequena. Mas ainda essa marge de manobra, como bem viu o próprio Marx, não é individual, ela depende da sua associação com outras pessoas. Outras pessoas que certamente não lhe são antagônicas, se elas concordem te ajudar a fazer a mesma coisa que você quer fazer, elas não estão contra você. Então isso quer dizer que a famosa relação entre eu e o outro é infinitamente mais complicada do que rego e Karl Marx imaginava. E a coisa fica ainda mais catastrófica quando você chega no século XX com a existencialismo, Jean-Paul Sartre, porque aí é o seguinte, ele vai dizer que partindo do conceito de rego do em si e para si, quer dizer em si é o que eu sou, objetivamente, para mim é aquilo que eu penso de mim mesmo, que eu sei de mim mesmo. Ele disse, o para mim que é o mais subjetivo, mais próprio de mim, é inapreensível. Eu não posso olhar o meu próprio eu, eu não posso olhar a minha própria autoconsciência. Está certo então? Ela se descerta, ela não é um objeto. Mas como não existe medida comum entre em si e o para si, o nosso eu e a autoconsciência está exatamente no meio e ela é um intervalo vazio, ela é um nada. Ora, por outro lado, esse nada que é a minha autoconsciência está jogado, no termo do raio da Zain, significa estar aí, estar aí no sentido de que te jogaram aí. Então, se apareça em um lugar, algo te jogou ali, fez você nascer logo no Brasil, no tempo da Dilma. Você ninguém pediu isso aí, nem ela. Então essa pobre autoconsciência que está aí jogada, ela está jogada num mundo de objetos que não fazem o menor sentido. Porque eles são externos a mim, são estranhos a mim. Então esses objetos nada dizem, eles simplesmente estão aí. Está certo? E ele só pode adquirir algum sentido se o homem lhes der esse sentido. Então aí quer dizer que o nada cria o sentido de tudo. A Teor não explicou como isso é possível. Agora eu digo, se essa autoconsciência fosse um nada, ela não poderia sofrer o impacto do que quer que seja. O que nada é, nada podece. Portanto, nem o famoso antagonismo poderia acontecer. Então, se você perguntar, por que essas caras dizem essas coisas? É simples. Eles não se examinaram o suficiente. Mas pegaram o eu abstract e começaram a ressuscinar a parte dele. E isso vai complicando e complicando e complicando e complicando e vir uma dialética infinitamente interessante que não está dizendo nada a respeito do que quer que seja. Mas que para muitas pessoas exerce um atrativo. Por que? Você tem a impressão de que você participando dessa dialética? Você já se tornou alguma coisa? Então segundo o Sartre, este nada que é autoconsciência não é determinado por nada. Ele em si mesmo não tem nenhum sentido. Porque para que o ser humano fosse alguma coisa, seria necessário haver um conceito dele e para haver um conceito, seria necessário que alguém pensasse esse conceito. Ou seja, quem pode pensar o conceito de homem só Deus? Como Deus não existe, então não tem conceito de homem e homem não é nada, o homem é apenas se faz e daí vem a famosa regra de que a existência precede a essência. Pensamento. Então o que é autoconsciência? É uma individualidade puramente numérica que não é nada em si mesmo e que vai livremente atribuir sentido a tudo o mais. Tá certo? Mas no que consiste exatamente essa liberdade? Consiste em autodeterminar-se contra o mundo. Mas pergunto o que o mundo pode fazer contra mim se eu não existo? Não pergunta muito elementar. Mas acontece o seguinte. O Jean Paul Sartre começou até muito bem. Ele entendia certos processos, inclusive na peça dele, as mãos sujas. Ele mostra que ele entende a dialética perversa do comunista. Depois ele virou puxa-saca do partido do comunista e tirou a peça do teatro. Não se fala mais nisso, não está mais aqui que ele falou. É certo? Nunca mais a peça foi ensenada no tempo dele, acho que depois, porque ele morreu voltar a ensinar. Mas nesta peça tem um sujeito que é encarregado pelo partido do comunista de matar um certo político comunista que no fim da guerra deseja fazer uma aliança com forças de direita para governar a fronso depois do fim da guerra. E alguns consideram isso uma traição, porque algumas dessas forças de direita consideram fascistas, ele quer uma aliança com os fascistas, não tem o que eliminar esse cara. E ele é encarregado de eliminar o sujeito, mas no mesmo tempo quando ele começa a conviver com o sujeito ele começa a admirar, ele fala, não, esse é um homem notável. E ao mesmo tempo o sujeito político começa a ter um caso com a namorada dele. Então quando ele já estava quase desistindo de matar o cara, porque estava começando a gostar do sujeito, ele um dia descobre o sujeito, se isso foi ganar a namorada dele, e daí ele mata o cara. Então ele matou por Silvio ou matou porque o partido mandou ele mesmo não sabe. Mas agora que passam o tempo ele vai para a cadeia, e o pessoal do partido começa a mandar presentinho para ele, mas metade dos presentinhos são chocolate envenenados. Então você fala, agora o partido quer matar a mim? Por que? Não é simples, porque a aliança que aquele político falecido queria fazer aconteceu realmente eles, por ordem, veio uma ordem de Moscou, e vocês fazem aliança, não adiantam a não ter condição para tomar o poder, não tem que governar um sistema de aliança, então faça um raio da aliança. Portanto a tese do político assassinado acabou por prevalecer, e quem está contra ela vira um traidor, então ele vira um traidor e agora é ele que tem que ser assassinado. Então ele está nesse conflito, ele já não sabe se ele matou por Siumico ou por ordem do partido, ele não sabe se ele é culpado e inocente, ele não sabe se ele é fiel ao partido ou traidor, ele não sabe coisa nenhuma, ele deixa os caras comunistas matar ele. Então ao fazer isto, segundo o Sartre, ele afirmou sua liberdade, mas quando você vê a peça você vê que em nenhum momento o individual agiu livremente e que o que o Sartre está chamando de liberdade é o que nós chamaríamos de escravidão, o suíte é levado por uma corrente de acontecimentos que ele não controla de maneira alguma e que ele nem sequer entende, e na hora que ele se deixa matar, ele diz, bom, ele exerce a sua liberdade, sim, ele podia também matar os agentes enviados para matá-lo, isso também seria exercer a sua liberdade. Ou seja, qualquer coisa que você faça é exercer sua liberdade em algum modo, a liberdade evidentemente dentro de um quadro, de um quadro de condições definidos que ele mesmo chamava da liberdade em situação, liberdade na situação, o que é certo, está correto. Mas a noção da liberdade no Sartre é evidentemente a noção de um ato arbitrário, que você decidiu, porque não pode ser o sentido da história, o sentido do mundo que determinou a sua ação, porque nada tem sentido, então é você mesmo o único doador de sentido, então você inventa o que você quiser, você atribui o sentido que você quiser, e você passa então a ser a grande fonte do sentido do universo, sentido que evidentemente não existe porque um outro pode atribuir um sentido diferente e assim por dentro. Quando você pergunta, por que que o Sr. Red pensou tudo isso? Por que que em vez de montar toda essa dialética infernal, ele simplesmente não examinou historicamente, biograficamente, como se forma sua autoconsciência, como fez o Luíla Velho, Luíla Velho, toda a descrição que ele faz da autoconsciência é em linguagem abstrata, não é em linguagem narrativa, mas é tudo baseado no exame da autoconsciência biográfica real. Coisa similar tinha sido feita na Espanha pelo RTHC antes do Rampal Sartre, quando ele diz o homem não tem natureza, tem história, quer dizer, você é aquilo em que você foi se transformando, porém, esse ter história é evidentemente a sua natureza, e quando o Sartre diz, nós não podemos aprender a nossa autoconsciência como coisa, não quer dizer que ela seja um nada, se ela é um processo que está em formação, ela só pode ser aprendida como processo. Você vê, se é a mesma coisa que eu assisti a uma peça de Sartre e tu assistindo a peça de eu não posso reduzir essa peça a uma coisa, isso quer dizer que a peça não existe? A peça está se desenvolvendo dentro de você, ela é, vamos dizer, uma história, e uma história só pode ser compreendida narrativamente. Grande novidade, pergunto eu, quer dizer que uma coisa existir como um drama narrativo quer dizer que ela não existe, ou essa é uma forma especial de existência, na verdade, muitas coisas só existem como história, você pode reduzir um gato a uma coisa, só se for um gato empalhado, fora disso ele tem uma existência, ele tem uma biografia e ele certamente não é agora, o que ele será amanhã ou será depois, ele é um gato novo, ele vai vir um gato verito e vai vir um gato morto, portanto coisas que existem sob a forma de processos, o universo está cheio delas, não é só a minha autoconsciência que é assim, ó raios, então se você vai dizer, ah, mas um gato está limitado a ser o que a sua essência de gato determina, e eu não estou? Se a essência do homem é ter de se formar, para ser mediante escolhas, e mediante atos responsáveis, nós estamos limitados a isso, meu Deus do céu, nós não podemos escapar disso, e isso é a nossa natureza, raios, ao mesmo tempo, se você reconhece que essa liberdade não é absoluta, que ela é limitada, ela é limitada só pela situação, só pela situação externa, ou por você mesmo, por aquilo que você já decidiu antes e você já fez antes, então os seus atos de ontem pesam sobre os de hoje, não é o externo, não é o mundo das coisas, não é o outro que está se opondo a você, é você mesmo que tem um, esse conflito, e esse conflito faz parte da sua natureza, então tudo isso só pode ser resolvido mediante a história real da autoconciência, não precisa ser expressa narrativamente, é claro, isso é só uma possibilidade, pode ser expressa em linguário filosófico, desde que não seja uma teorização a partir do conceito de eu, e sim, uma consciência autobiográfica real, ou seja, então esse fantasma de reggaeu, com o esquema do eu e do outro, apairando acima de tudo, ele cria uma fantasmagoria que se aposta da mente de milhares e milhares de intelectuais, por que que você não consegue ler os livros do novo romão francês, Allan Rogrien, Natalie Sarru, por que que aquilo é tão absolutamente insuportável, porque não é a história de pessoas reais, é a história de um conceito, é o conceito do eu que eles aprendeu de reggaeu através das aulas do Alexandre Kojev, a gente Kojev era um ruso exilado, mas que se dizia estalinista, ele nunca foi um membro do Partido Comunista, mas ele era mais comunista que os comunistas, ele era um adepto de estalinista. Então, é fácil você ver que a ideia da luta de classes, ela emana diretamente do conceito conflitivo de reggaeu, se você perguntar a luta de classes é uma constante na história, a resposta é decididamente não, na maior parte das épocas o que você vê é uma harmonia, uma colaboração entre as classes, se não nada funcionaria no mundo, quer dizer que se os operários tudo de vez em vez de trabalhar, se fizer assim em breve, não haveria nenhum objeto industrial no mundo, né, se os empregados de uma fazenda jamais trabalhassem, a única ocupação deles fosse matar o senhor de terra, não haveria o que você comer, portanto a luta de classes acontece de vez em quando, mas ela é uma exceção, por que fizeram dela regra contra toda a experiência histórica? É o reggaeu imanentizado, é claro pegar o esquema do reggaeu, do conflito e puxar para a terra, mas ele já era falso em reggaeu, já era falso no plano obstrato dos conceitos, agora muito mais falso quanto transposto para o mundo terrestre, né, isso. Agora tudo isso se impregnou na mente de tantos intelectuais, por que? Muitas pessoas dizem não, esse negócio de marxismo é uma religião, é uma utopia, etc etc, tudo isso é absolutamente falso, falso. Eu não conheço um comunista que tenha gastado cinco minutos pensando como seria maravilhoso o mundo futuro do socialismo. Karl Marx não escreveu vinte linhas a respeito, Stalin também não, Lenin não escreveu nada, Trotz escreveu meia dúzia de besteira assim, uma página, dizendo que no mundo socialista cada operário seria um novo Leonardo da Vinci, mas é uma tanta besteira que é melhor nem falar. A Marx também escreveu umas coisas, ele fala não, no mundo socialista o sujeito de manhã ele planta, ele tira, ele vai para a fábrica, de noite ele faz crítica literária, depois ele pinta, comprou a música, isso é claro que é uma estupidez. Então, mas assim, essas coisas são tão curtas que elas não bastam nem para alimentar a imaginação dos militantes. Eu digo, mas pera aí, se os comunistas não estão curtindo vinte e quatro horas por dia a imagem do futuro brilhante, se eles não estão contemplando a imagem do futuro radiante, por que que eles estão tão felizes em ser comunistas? Não é para a imagem utópica, não é por nada que diga respeito ao futuro, mas é pelo sentimento de participação que eles têm na praxis revolucionária. O que é que a praxis é fusão de teoria e prática? Na prática, então você participando a praxis, você está criando o futuro de algum modo, mas, como eu já expliquei, esse futuro não pode ser atingido, não pode ser atingido jamais, não porque ele contradiz as condições práticas da existência terrestre, mas porque ele é impossível internamente, no seu próprio conceito ele é impossível, porque a essência do movimento revolucionário é representar no presente a autoridade moral de um futuro radiante, eu tenho autoridade para fazer isso, é aquilo porque eu sou representante do futuro maravilhoso. Então, se é uma forma de você exerce esta autoridade no futuro, não você exerce do presente. Se este presente chegar, você perde a autoridade na mesma hora, porque não há mais futuro, está tudo no presente. Isto no presente surge o que é a história do passado e você será julgado pelo que você fez, então você tem que prestar contas no tribunal da história, só que o tribunal da história já não estará mais num futuro inatingível, estará dentro de você e você é o real agora, você não é mais o juiz. Então por isso mesmo, os objetivos do Comune não podem ser atingidos, eles não existem para ser atingidos, isto é fundamental, todos aqueles que criticam o pensamento marxista por ser utópico, por não poder ser realizado, não estão entendendo a natureza do negócio. O marxista não quer atingir o objetivo algum, ele quer manter o movimento, como bem viu Dostoiev, Dostoiev se capalava movimento, resume tudo isto, manter a roda girando, como quem amar uma salsicha no rabo do cachorro, não é para o cachorro comer a salsicha jamais, é só para ele ficar girando, o devir, o devir é um movimento, então é por isso que eles falam tão pouco do mundo futuro, eles não estão interessados no mundo futuro, mas na práxis do presente. Então eles são teoricamente os autores deste mundo futuro, mas eles são os autores do mundo futuro quando no futuro, não, sim no presente, então é absolutamente essencial que esse futuro permaneça sempre futuro, então dizer que o marxismo é utópico não é dizer nada, na verdade ele não é utópico, ele é muito prático, ele está inventando um jeito de você manter as pessoas em movimento permanente, espécie da revolução permanente, sem que elas jamais possam se queixar de que os objetivos não foram atingidos, por que que nenhum militante pode se queixar de que os objetivos não foram atingidos, porque ele não é um beneficiário dos objetivos, ele é um dos criadores dos objetivos, pois é um participante da práxis, então o que que o marxismo quer? Estar, disfrutando da práxis eternamente, então é claro que isso é um movimento diabólico, é uma armadilha diabólica, e é por isso também que os chamados facaços do socialismo não criam um desânimo na maior parte do socialista, porque facaço tem um bom motivo para a gente começar de novo, tudo é pretexto para continuar o movimento eternamente, então você analisar o comunismo como fórmula de sociedade, de guarda se o comunismo fosse uma fórmula de sociedade, os comunistas gastariam todos os seus neurônios tentando explicar como essa sociedade, e eles não fazem isso jamais, eles só explicam a dialética da práxis no presente, você vai entender, por outro lado, você jogar os fatos na cara deles, não significa nada pelo seguinte, você não pode alegar contra o marxismo o fato de que ele é inveridico, você não pode por que, porque a única verdade para eles é a verdade do processo, é verdade do que está sendo criado pela práxis, está certo? E essa práxis não é uma coisa que existe, é algo que eles mesmo estão fazendo, portanto a única verdade que existe é a verdade das minhas ações dentro da práxis revolucionária, não pode ser julgada por um fator exterior, portanto a noção de verdade não existe, só existe a práxis, a qual é auto julgante, por definição, isso quer dizer que todo qualquer pensador marxista é absolutamente indiferente a noção de verdade, ele não aprende isto, e por isto mesmo, tudo e qualquer estudo marxista consiste em você continuar raciocinando a partir das premissas colocadas pelos fundadores do marxismo, sem precisar prová-las jamais e sem jamais voltar a discuti-las, então você vê por exemplo quantas versões do marxismo existe, infinitas, cada uma delas tem a sua história, cada uma delas tem o seu conflito com as outras e consigo mesmo, está certo? E cada uma delas tem, vamos dizer, consequências diferentes de estratégias etáticas e tudo isto é enormemente interessante e você pode ficar discutindo isso o resto da sua vida sem nunca perguntar, mas este é raio de coisa é verdade? Porque a pergunta dentro dos que o marxista não faz sentido, então este é o poder hipnótico do marxismo, não é a promessa do futuro brilhante, então você vê o Lula não está aí na política, não sei quantos anos, e ele não diz, nós ainda não sabemos que tipo de socialismo queremos, isso é uma frase maravilhosa porque ela expressa a natureza do processo, nós não sabemos nem precisamos saber, o que interessa é manter a coisa em movimento, no ginásio eu tinha um colega que fazia assim brincadeira, você sabe o que é isso? Você vai falar não, ele diz, eu também não sei, mas lá vem outro, então é exatamente a mesma coisa, eu também não sei o que é, mas lá vem outro, e isso não vai terminar tão cedo. Então é claro que as pessoas que se deixam infectar por isso, elas têm razões para fazê-la, elas querem que as coisas sejam assim, e por que elas querem que as coisas sejam assim? Em primeiro lugar, porque desde o início já sem indiferente a noção da verdade, só existe a verdade a praxis e a praxis se é moar, então eu sou a verdade, por isso que eu digo, hoje meu botei lá, Jesus Cristo disse, eu sou o caminho, a verdade, a vida, os marxistas dizem um pouco mais, Deus sou o caminho, a verdade, a vida e a praxis, é muito mais, então é um processo de autodivinização psicótica, evidentemente, por isso mesmo, é inútil discutir com o marxista, seja o próprio Karl Marx, o Lenny, o Jean Paul Sartre ou qualquer outro, na base da verdade, a crítica lógica ao marxismo não faz o menor sentido, só uma coisa faz sentido, o desmascaramento psicológico. Então você pode mostrar o sujeito que ele está fazendo tudo isso, porque ele é um maldito de um complexado que se considera um rato e necessita imaginar que é o Deus, o formador da praxis, é uma autocompensação, na minhaquele participa da praxis ele tem um senso de pertinência, uma coisa muito maior do que ele. Tipo super último homem, super último homem com super homem do Nietzsche, então o último homem. Ah sim, tem uma analogia com super homem do Nietzsche, mas tem uma diferença, o Nietzsche acreditava no super homem, esses caras não acreditam nem no super homem nem no outro homem nem em coisa nenhuma, só acreditam na praxis. A gente vai lá e eles são super homens, você dá no último homem. Vamos conversar isso outro dia, a analogia entre isso e o Nietzsche é mais complicado que isso, não me deixa pensar isso outro dia, não consigo pensar duas coisas ao mesmo tempo. Bom acontece que este modo de pensar marxista, ele é tão, tão, tão alheio às categorias do restante do pensamento humano que aqueles que pretende criticar o marxismo imaginam que podem criticá-lo como o farium com qualquer outra teoria, confrontando no terreno da lógica e dos fatos. É assim, 99% da crítica liberal conservadora ao marxismo é isso, né, se você pegar o Fommises, o que ele faz? Ele faz exatamente isso, ele mostra que a economia comunista é impossível na prática, tá certo? Não é que ela é impossível na prática, ela já é impossível na própria teoria porque ela não foi feita para ser realizada, meu Deus do céu. Não existe economia comunista, não existe, nunca vai existir. Se você pegar qualquer regime comunista, você tem uma ampla margem de economia privada ali no meio, oficialmente ou extraoficialmente. Hoje sabe que na economia soviética 50% dela era economia privada clandestina. Isso era sempre assim, porque a economia socialista não se destina a ser realizada. A única coisa que é possível fazer é um meio a meio, quer dizer, você está sempre negociando com o capitalismo. Então é essa mistura de economia privada e estatal que nós temos hoje em toda a parte que tem nos Estados Unidos, tem no Brasil, tem na China, e que é o que? É parte da praxis, um avanço um pouquinho, depois ele cede um pouco terreno pro outro, né, o comunismo integra o capitalismo na sua estratégia e assim por dentro. Isso não vai terminar nunca, nem porque não foi feito para terminar. Se terminar, pronto, eles caíram no Tribunal da História, se tornou presente e é o juiz final, e isso não vão querer de jeito nenhum, não são idiotas. Houve marxistas que entenderam isso, houve. Stalin e o pessoal da KGB sempre entenderam, quem não entende são os filósofos. Agora, qualquer filósofo marxista comparado com Stalin é um bebê, porque Stalin sabe como é o processo e sabe o que ele está fazendo, os outros não sabem, então só não ter renda as ideias. Porém este mesmo modo de pensar, ele se impregnou em outras correntes de pensamento. Por exemplo, correntes cristãs que imaginavam a sociedade cristã, o reino de Cristo na terra. Deu quando você quer o reino de Cristo na terra amanhã ou depois? O juiz final não adianta o que o próprio juiz vai fazer, não é você. Então o reino de Cristo na terra também foi feito para ser impurado com a barriga. Também não pode chegar nunca. O que é? É um modo de pensar marxistas vaseados do seu conteúdo marxista preenchido com outros elementos. O mundo liberal, a utopia liberal do Murray Rothbard, onde tudo é privatizado, até as ruas, até os paralelipipos das ruas, tudo privado. O exército é privado, a polícia é privada, tudo é privado. Isso foi feito para ser realizado? É claro que não. Isso tem uma luta permanente pelo liberalismo, que não pode ser realizado jamais, porque se chegar realizado, aí você vai ter que fazer a contabilidade. Quer dizer, você privatiza tudo e daí um país socialista invade o seu país. O que você vai fazer? As empresas privadas vão defender você ou você vai precisar de um estado para defender? Então por exemplo, o número de liberais que argumentam que a economia liberal é mais eficiente, todos eles raciocinam para um país isolado. Eles fazem a abolição da abstração da geopolítica. E daí sim, claro, a economia liberal é soberana. Agora, quando você tem um outro país que quer destruir o seu, Deus tem que pensar o seguinte, eu vou agir pela teoria, pela doutrina liberal e fazer a apologia do livre-comércio, deixar o inimigo fazer o que ele quiser aqui dentro da prentesa de livre-comércio ou eu vou ter que fazer uma lei protecionista para proteger os produtos nacionais e impedir que o inimigo tome todo o nosso dinheiro com a China, está tomando agora. É claro que você vai ter que apelar para o protecionista. Não, porque você seja um protecionista doutrina, aliás, protecionista, Mihá Manoilesco também era o outro utópico. O ideal protecionista jamais vai se realizar. Se todas as nações forem igualmente protecionistas o tempo todo, acaba o comércio internacional. Então isso também não pode ser realizado. Então o número de esquemas reguelianos que estão aí em circulação é muito grande. E muita gente pensa assim sem perceber que está pensando, sem perceber que é um filhoto de reggae. Você não quer dizer não estou escolhendo, bando com o reggae. Uma vez que você observou as seguintas filosofias antigos, Platão e Aristóteles, estão certas na sua totalidade e erradas numa multidão de detalhes. As modernas são contrárias, estão erradas na sua totalidade, mas há certo um monte de detalhes. E esses detalhes as tornam valiosas, evidentemente. Reggae eu mesmo tenho análise históricas, fantásticas, o próprio Marques tem. Então é claro que não podemos jogar tudo isso fora, mas isso não quer dizer que nós possamos o que devamos continuar sendo reguelianos inconscientes. Tenho que exorcizar esse fantasma, então é isso aí, vamos fazer um intervalo de capocô tudo. Então vamos lá. Olha antes de tudo eu queria agradecer a todos vocês a difusão que deram ao curso do Político Cultural no Brasil, que começaram no dia 12 e que eu estou dando por duas razões, uma de ordem patriótica, outra de ordem egoísta, que é por um lado é absolutamente necessário esclarecer o quanto antes os fatores estruturais mais constantes que estão por baixo de toda a situação que nós estamos vivendo, porque só com base nisso nós podemos fazer uma previsão mais ou menos adequada do que está por vir. Essa previsão evidentemente todo mundo está precisando fazer e a razão pessoal é que eu tenho aí um problema com o contrato álcool, esta casa que nós compramos e por uma burrada minha eu caí numa espécie de armadilha contratual na qual agora ou eu liquido a hipoteca inteira toda uma vez ou tenho que sair daqui e perder tudo que nós gastamos na casa durante 10 anos. Então para eu lançar um curso com uma matrícula relativamente alta para ver se consigo cobrir pelo menos um pedaço desse negócio que me permita então negociar uma saída. Então agradeço a todos, vocês podem estar salvando o Brasil e salvando a mim. Então vamos lá, aqui tem uma pergunta muito boa. Gabriel Francisco pergunta, a formação da autoconsciência não se dá como ensina Luíla Velho na região de contraste entre a nossa vida interior e a vida interior daqueles com que nos razonamos? Não seria concreto, correto substituir o conflito por contraste ou diferença? É claro que sim, é claro que sim, quer dizer o conflito é só uma das muitas maneiras possíveis de relação mas eu acrescentaria algo mais. Eu não acredito que a autoconsciência se forme, eu acredito que o neguito é autoconsciência desde que nasce, apenas uma autoconsciência tosca que cresce e se amplia e se integra, quer dizer um tipo de crescimento orgânico e ele não, essa autoconsciência ela não cresce por conflito mas por apropriação do mundo externo. Se eu digo assim, o mundo externo é apenas uma coleção de coisas que não fazem menor sentido, então não posso me orientar dentro dele nem por um minuto, não posso nem mesmo aprender a andar. Quer dizer, é uma coisa assim, é uma tese absolutamente impossível sobre todos os aspectos, ela é possível se você fizer como Descartes, O Régio, o Marx, o Sartre ou tantos outros que raciocinam a partir do conceito do ego, ou o próprio Freud, e não de uma experiência efetiva. Então, a apropriação desse mundo por sua vez seria impossível se as coisas em si não me dissessem nada, se todo o sentido fosse projetado por mim em cima delas, eu não estou livre para projetar o sentido, eu não estou livre para chamar uma lata de sardinhas de elefante, não é o contrário, eu não tenho, essa liberdade eu não tenho, eu tenho que aprender as essências das coisas, gratuitivamente, e saber aonde elas são o que são e aonde até que ponta elas podem ser transformadas por mim. Mesmo os objetos que são transformados, por exemplo, a madeira, você pode usá-la para fazer uma mesa, fazer uma cadeira, etc., etc., mas ela tem sua resistência própria, sua consistência própria, ela é alguma coisa por si mesmo, além daquilo em que você já transforma, e descobrir o que essas coisas são é o jeito de você conviver com elas e poder se apropriar delas, se você não sabe o que elas são, você não se apropriar com a existência nenhuma, quer dizer, a instalação do ser humano na realidade não é um processo de conflito com a realidade, você tem conflito com partes da realidade e com outras não evidentemente, não é isso? Então, você não pode dizer que enquanto você está cerrando a madeira você está dando conflito com ela, essa é uma figura de linguagem absolutamente despropositado, se não descreve o que está realmente acontecendo, o que você está fazendo é aproveitar-se de propriedades da madeira que além de servir a ela, servem a você também, portanto, a Taís tem um acordo, uma convergência, essa madeira tem suas convenções, você tem as suas e tem uma região de interseção entre elas, é assim que a autoconsciência se expande, quando o garoto começa a se mexer, no bercinho começa a se mexer, pegar as primeiras coisas, o que ele está fazendo? Ele está entrando em conflito, ele tem conflito com a mamadeira por acaso, quando pega meu Deus do céu, que coisa absurda, é ridícula, quer dizer, se essas pessoas insistiram nisso, é porque elas, na sua psique, elas têm um elemento conflitivo que para elas é dominante, é uma necessidade interior de ver tudo sob o aspecto do conflito, de reduzir tudo a um lado conflitivo, e conflitivo e sempre temível, claro, há elementos temíveis no universo, mas há elementos amáveis, se fosse tudo temível, nós nem percebiríamos que é temível, meu Deus do céu, assim como há objetos, me aparecem totalmente desprovidos de sentido, porque eu não sei o que eles são, mas há outros que me curam sentido se revelam imediatamente, não só para mim, mas até para um animal, para um macaco, você dá uma banana para um macaco, o que ele faz? Vai usar uma banana como arma, vai ter na cabeça do outro macaco, vai comer uma banana, se ele come, é porque ele sabe o que é, está certo? Então é assim, essas coisas contradizem a experiência mais elementar que todo ser humano tem desde que nasce, as pessoas são malucas mesmo, entendeu, Freud, Marx, Hegel, Schopenhauer, todos eles são birutas, meu Deus do céu, porque vamos dizer, a vida filosófica moderna, a carreira científica moderna, não exige do indivíduo e da integração da sua personalidade, não exige nada, exige só que ele fale bem e pronto acabou, não precisa fazer mais nada, ele não será julgado por seus atos, a indiferença ética do Filoso Moderno, os grandes escândalos da história, Marx, Schäder, que ali é o Filosofo, admira, excelente, mas tinha as suas maluquias também, ele assim, ele comia tudo que a mulher que ele encontrava, deu mesmo tempo da avalições de cristianismo, né, e um dia um padre perguntou para ele, ficou também, o senhor fica ensinando cristianismo e comendo até as mulheres de seus alunos, ele não combina, dele disse, bom, o poste que indica o nome da rua não sai andando ao longo da rua, então eu estou só indicando o caminho, mas eu não vou pular, enfim, ele acabou largando o cristianismo, né, mas Marx era uma personalidade instável, que tinha momentos de brilho em comum e momentos de cegueira até como todo mundo, né, então... sei lá, ficou solto, ele não aderiu a nada que eu saiba, então, você não vai ver em nenhum desses filósofos, eles darem nenhuma, nenhuma importância a nada do que é bom e positivo no mundo, nada, tudo começa com o mal, com a hostilidade, com o terror, né, com o conflito, tudo, tudo, eu digo, o que que é isso, isso é uma inclinação pessoal, eles querem ver as coisas por esta maneira, porque é assim que a vida se apresentou para eles, né, isso, então, a eles, a vida de conflito, de terror parece normal, então, qualquer pessoa sabe que a vida não se constitui só disso, a vida tem luz e trevas, né, misturado e obviamente mais luz do que trevas, senão não teremos sobrevivido, então, essas pessoas, elas têm conflito interiores, não, muito mal elaborados, todos eles, você vê pela vida deles, você pega o Dr. Freud, Dr. Freud, com tanta mulher no mundo, ele tinha que comer logo a cunhada, você acha que isso é normal, né, o sujeito não tem, ele tem que comer quem está dentro de casa, ele não pode sair na rua para pegar uma mulher, não pode nem ir num bordel, porque não tem a coragem para fazer isso, então, tem que pegar ali na família mesmo, olha, é evidente que é um sujeito deficiente, né, quando você vê Karl Marx, né, o filho que ele teve com a empregada, que ele não deixava nem comer na mesa, junto com ele, olha, eu tive a empregada, que teve filho que não era meu, evidentemente, mas eles comiam comigo na mesma mesa, festejavam o aniversário junto, porque enquanto está ali, é criança pequena, como se fosse filho meu, não interessa ser a vida empregada, isso é o impulso normal do ser humano, por mais senso e erar que o que você tem, se fosse você considerar um aristocrata e a outra é só empregada, mesmo assim, você tem o impulso do amor ao próximo, você ser rico, o importante, então não impede que você tenha o amor ao próximo, mas esses caras realmente não tinham isso, eles não sabiam o que era, essa dimensão da existência não existia, alguém até aqui me pergunta qual é a diferença, por exemplo, o conceito do eu entre Regal, Fichte e Schellen, então aqui o meu professor diz que Schellen copiou Regal e a um charlatão, e ele copiou Regal no começo da sua vida, porque esse processo tem um conhecimento muito deficiente da filosofia de Schellen, existem quatro filosofias sucessivas de Schellen, e a verdade é que ele só acertou a mão no final da vida, e ele ficou afastado do ensino universitário muito tempo, porque ele casou com a mulher divorciada de um ex-ameigo dele, e isso foi um escândalo na época, então ele teve que largar o ensino, só voltou muito, depois de muito velho, ele fez dois cursos magistrais, que é a filosofia do Mithu Levige, a filosofia da religião, que essas são a filosofia final e acabada de Schellen, quem não leu isso não conhece Schellen, não tem por isso que ele é até hoje, né? Existe uma tradução francesa muito boa da filosofia da religião, e uma tradução mais antiga não tão boa da filosofia da mitologia, mas a filosofia da religião é maravilhosa, pra quem leu francês, tá aí, eu acho que deve existir uma tradução espanhola também, não sei, Schellen é muito difícil de você ler alemão, Regal não, Regal é fácil, Regal é uma escritor excelente, ele faz umas frases curtinhas incisivas, o Schellen não faz períodos de uma par e meia, né? E que assim que o verbo tá no fim, então você sabia o que tá acontecendo, você tem que chegar no fim, mas como chegar no fim se você não tá entendendo nada, é uma coisa horrorosa, então eu não consigo ler Schellen alemão, no genio, o Regal ainda eu consigo um pouquinho, então é só nas obras finais que você entende onde que o Schellen estava querendo chegar, ele estava assim entre as trevas, lutando com as trevas, tá no fim ele entendeu tudo, né? E hoje a filosofia da religião e da mitologia, só hoje as pessoas estão estudando pra valer, você estava tão adiante do que os caras estavam discutindo, né? Porque só hoje começa a entender o que é que é verdadeiramente a filosofia de Schellen, então para Fister reduziu tudo, vamos dizer, ao eu, só eu existe, ele nega a existência do mundo, né? Então, é um pouco, talvez um pouco mais presunçoso do que Kegel e Sartre, mas Schellen entende que o eu humano é uma doação divina, ele entende que a frase de Deus, eu sou o eu sou, o pessoal traduz como eu sou o que sou, não é bem isso, eu sou o eu sou, eu sou o eu ser, então isso é um atributo divino, nós nunca somos um eu completamente, nós somos sempre uma mistura do eu e de alguma outra coisa, a começar por aquilo que você come e que se incorpora no seu corpo, a não ser que você acredite naquela coisa do céu que você come, é uma coisa horrível, você pode ser uma abacaxi, pode ser uma salsicha, mas eu não acredito nisso, esse elemento ele é externo e ele é parcialmente integrado, você faz o cúmulo, faz, portanto, é uma parte que não dá pra integrar, meu filho, passou por você, mas não é você, do mesmo modo tem muitas ideias que se incorporam durante o tempo, pois você joga fora, também não é você, tá certo? Então o nosso eu é imperfeito, ele jamais se completa, tá certo? E ele é o sinal de Deus, não é como toda identidade, uma coisa ser alguma coisa é porque ela reflete a unidade e permanência do ser, ainda que de uma maneira imperfeita, por isso Schelling dizia, não despreze o princípio de identidade, o princípio da idade é Deus, e eu acho essa frase mais maravilhosa da filosofia do século 19, mas ele só entendeu isso no final, então ele passa por uma fase regulhana mesmo, e depois discute com o regalo etc., mas tudo isso não interessa, interessa só, como diz o próprio regalo, você é aquilo em que você se torna, tá certo? E é importante entender que esse se torna, ele é um produto final, eu famoso Telcánlui, mesmo a fórea, leitéona e telexón, você adquira uma forma final, que aí não muda mais, na hora que você mora é para um ponto final, tá certo? Então você é o que você foi, então se não fosse isso, a influência post morto seria impossível, nós não estaríamos falando nem de regalo, nem de marco, nem de sartre, nem de coisa nenhuma, então esse processo, eu não digo da formação, porque a gente não se forma, ela já existe, ela se amplia e se afirma, por um processo infinitamente complexo, que inclui alimento conflictivo, é claro, mas que não pode se reduzir ao movimento conflictivo, ele é muito mais bem descrito pelo rilavel do que por todo o dia, se eu acho um rilavel maior que regalo, maior que marques, só dá para comparar ele com Schellen, não tem outro. Leandro Piero de Melo perguntar, apenas regalo para o cursor histórico dessa retomada para avaliar essa teórica dos contrarios, Freud também caiu na certem rendência, quando depois de estilo de vida e estilo de morte, mas com certeza. Além disso, quando ele fala instinto de morte, isso é uma figura de linguagem, quer dizer, qualquer auto-restrição, qualquer auto-negação quer dizer que você quer morrer? Faça-me um favor, claro, esse é um negócio absolutamente hiperbólico, quer dizer, o pensamento metafólico e metonímico domina essas pessoas completamente, assim, é que o Neogócio Batalha, você pega o livro dele, o erotismo, a primeira frase do erotismo pode-se dizer que ela é semelhante à morte, de ó raios, eu nunca tinha reparado nisto, eu pensava que era o contrário, se eu vou para a cama como o levo morrer, como diria o Udiallia, isso será um tremendo atrás para a minha vida sexual, então, quer dizer, esse pessoal pega semelhanças que só existem no reino verbal, através do jogo de metafólico e metonímico, e usa como se fosse verdade, claro que aquilo pode parecer verdadeiro, se você é sensível àquele aspecto da realidade no momento, se você não é, você diz simplesmente, não, não é assim. Então, outra coisa que é comum a todos esses camaradas, é a noção de que a autoconciência do ser humano tende de nascer de uma coisa que não é autoconciência. Então, ou nasce do inconsciente, ou nasce do conflito, ou nasce no semquilo, mas por que não dizer que ela existe porque ela já está aí desde o início? Você acha que um bebê não tem autoconciência alguma? Ele tem, pelo menos, do sentido corporal. Algum autoconciente corporal tem, se você dá um biliscão nele, ele sabe que é com ele, não sabe? Na verdade, isso é até uma meba, sabe? Se cutuca a meba, ela sai correndo. Então, como é que o ser humano vai ter? Então, você tem uma autoconciência rudimentar, que cresce por ampliação e apropriação, não por conflito. Se fosse por conflito, não se você não passaria da primeira semana. Esse universo todo fosse conflitante. A coitada autoconciência que nem mesmo existe já nasce levando porrada. E ainda cresce? Isso seria vandeu milagres dos milagres. Nem Deus faz um treco desse. Lucas Portilho. Se eu puder comentar a relação entre autoconciência e decadência ou debilidade corporal, eu digo porque me lembro de quanto eu estive de um entremem autoconciência e percepção das coisas significativas, com o temporar... temporariamente mais desenvolvido. É verdade. Porém, é a debilidade que cria autoconciência. Você não esteve doendo por mais tempo do que eu. Eu sei como essas coisas funcionam. Não é a debilidade que cria isso, é o esforço de concentração. Então, não é a debilidade. Então, a debilidade simplesmente cria para você uma situação na qual você não vai sair se você não fizer o esforço de concentração. Você pode morrer também. Nada impede de morrer. E nada impede de ficar mais burro durante a doença. Alguns ficam, por exemplo, pessoas que têm infarto, geralmente ficam burras por seis meses. Pelo menos. Se você teve infarto de um contrato e ele não pode fazer serviço nenhum, que ele vai fazer burrado. Espero ele melhorar. Então, a doença e a debilidade criam um desafio que você pode responder positivo ou negativamente. Se você responde positivamente, não é por causa da doença. Não foi a doença que fez esse milagre, foi você que fez. A sua autoconciência, ela se recusa a se deixar, vamos dizer, amortecer, como o corpo está sendo amortecido e ela luta para perseverar. Então, é um esforço que sai de dentro. E esse esforço não é dirigido contra a doença enquanto tal. Você não está pensando em doença. Então, essa experiência eu realmente tenho. E eu, de fato, adquirir, por exemplo, se vocês estão, diz-se, uma paciência fora do comum. Eu não sei como você aguenta. Eu fui treinado para o país de crianças para aguentar uma situação de desconforto durante longos anos, fazendo de conta que eu não estou sentindo nada. Eu não estou sentindo mesmo. Então, você explicar, vamos dizer, o sucesso desenvolvido pelo antagonismo, é você explicar a vitória num boxeador pela força do seu antagonista. Você diz que o Mike Tyson foi lá e ganhou a luta porque o outro, o Evander Holyfield, era mais forte. Isso é um absurdo, é uma coisa tão boboca que não ia nem ser pensada. É uma força que vem de dentro. Não é criada pelo antagonismo. Ao contrário, ela vem do antagonismo porque ela é alguma coisa. Se com você não é assim, então você me explica. Eu fiquei forte porque comecei a levar a porrada logo que nasci. Antes de poder reagir. É claro que isso não é assim. André pergunta. Você diz que para exorcizar o espírito inconscientes de rego. Você seria preciso exorcizar o espírito do reguilanismo inconsciente. Schopenhauer foi uma grande adversidade da filosofia de rego. Isso de Schopenhauer poder ajudar nesse objetivo? Definitivamente não. Porque o mundo de Schopenhauer também é o mundo do conflito. Você nasce num mundo que é dirigido por uma força cega e irracional. Que ele chama a vontade. Isso também é um brutal exagero. Por que Schopenhauer viu as coisas assim? Quando nasci, eu enfrentei o antagonismo das condições ambiente como poucas pessoas. Nasci em condições extremamente desfavoráveis. E eu não tive a impressão do universo inteiro. Por que? Porque no meio desse antagonismo não havia coisas muito boas. A minha avó me contava histórias. A minha mãe me fazia carinho. Eu tinha os brinquedinhos para brincar. Tinha tudo cheio de coisas positivas. Se não, eu não teria aguentado meu Deus do céu. Eu ia dizer que eu não estou aqui. Tudo é dirigido por uma força cega. E eu estou cega e hostil. E eu estou aqui sozinho na jogada. Você está ferrado, meu filho. Isso não é definitivamente assim. Agora você pode criar uma fantasia poética. Enfatizando esse lado. Vale poeticamente. Vale como imagem. Tudo isso que eu estou falando. Regel, Marx, Schopenhauer. Tudo isso vale como figura de linguagem. São construções poéticas que expressam o que? Expressam impressões. Ou seja, neste momento eu tenho a impressão de que é tudo conflito. E aí eu expresso aquilo. Isso não é positivo. Se você lê, vamos dizer, tem um poema meu que chama o ele o olho direito. Não sou netinho, meu. Onde eu expresso um momento de revolta contra o mandamento divino. Ele diz, pô, se o meu olho direito me escandaliza, se eu mando furar. Eu já furei. Faz de quanto que não estou vendo. E o negócio fica pior ainda. Então, naquele momento, eu estou me opondo a Deus. Quer dizer que eu seja contra Deus? É a impressão de um momento. E isso tem a definição da poesia. Entendeu? Então, tudo isso vale como poesia. Eles expressam impressões do momento. Essa impressão pode ser enormemente persuasiva se você sentiu a mesma coisa. Entendeu? Então, agora, a filosofia começa, meu filho. Quando você transcende a esfera da poesia. Quando você transcende a esfera das impressões. Então, se eu tivesse essa impressão, mais aquela, mais aquela, mais aquela. Mas o que é verdade por baixo ou para além de tudo isso? Quando você quer algo mais do que autoexpressão. Claro, sem autoexpressão você não chegaria a isso. Se não existisse documentos poéticos, literários, de mil e um estados de consciência, de mil e um impressões, nós jamais poderíamos filosofar. Então, as obras poéticas nos dão a base imaginativa em cima da qual nós vamos filosofar. Então, na precisão dela, não estou desfazendo. Porque a filosofia começa depois disso. Quando você já colecionou mônio impressões. E você, então, começa a esquematizá-las. Num sentido de unidade. Qual é a unidade e a ordem e o sentido por trás de todas essas impressões incongruentes que eu tenho? Entendeu? Aqui, Caio Mesquitares, eu e outros colegas do COF, estamos pensando em realizar uma atividade parecida. Com o que o Vögel ainda escreve em suas reflexões autobiográficas. Estar a se reunir, pessoas que estudam determinados assuntos e uma delas dá uma espécie de conferência enquanto os demais acabam com ele e expondo seus erros de uma vez. É muito bom, isso é muito bom. Desde que vocês não tomam as conclusões disso, como definitivas. Isso é apenas um treinamento. Você não pode esquecer que toda atividade escolar é um teatro. É como eu disse. E o teatro significa que nada está se passando ali à realidade. Você não vai ter que responder por aquilo. Você está apenas experimentando pensar de certas maneiras para ver o que dá. É no fim que você vai tirar suas conclusões. Então, eu só queria que essa atividade futifra muito que orientações podem dar. Dependo do que vocês vão discutir na época, a gente volta a conversar. Aqui, Francisco Augusto, em relação ao conflito eléptico, Embreg-Schopenhauer no Livro do Mundo, como está a representação, cita um exemplo muito interessante e representativo da Formiga Bulldog da Austrália. Seccionado em duas partes, a cabeça morde a cauda, que se defende bravamente com ferroadas. A luta dura meia hora até que as partes morrem ou são carregadas por outras formigas. É precisamente a partir deles, por assim dizer, teatro de autólise que se compreende o sofrimento essencial das criaturas. Isso lança luz sobre o sentido profundo da sérbio, frase sopeinal, toda a vida é sofrimento. Toda a vida é sofrimento? Toda a vida é alegria, toda a vida é prazer, toda a vida é amor. Tudo é tal coisa, essa frase sempre errada, ela é sempre uma impressão do momento. E essa impressão pode ser tremendamente persuasiva se você tem aquela experiência em particular. Mas lembre-se que você não teve só essa experiência, você teve outras. E a filosofia começa quando você coteja o universo inteiro das experiências, das suas experiências. E você busca, então, a unidade do conhecimento e a unidade da consciência. Muito bem. Eu acho que por hoje não tenho para aqui, que já foi bastante longe. Novamente, eu agradeço pela sua colaboração, peço que continue colaborando. E os que puderem, por favor, estejam presentes no curso Político e Cultura no Brasil a partir do dia 12. Muito obrigado e fiquem com Deus.