Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria continuar com aquele breve estudinho sobre Aristóteles, colocado no contexto da introdução metro filosófico. Esses aqui são, em princípio, partes do livro que eu estou escrevendo, mas a ordem não será necessária, a ordem do livro não será necessariamente essa com o que eu estou apresentando esses temas aqui. Eu vou ler um pedaço aqui, o pedaço lá e depois é que eu monto a sequência. Inclusive essas partes aqui que se referem, vamos ver a relação entre o que eu estou explicando e a ordem daquelas sete etapas do metro filosófico que eu expliquei na filosofia e seu inverso, esta parte, embora esteja colocada aqui, ela não entrará nesta parte do livro, será separada depois. Então eu vou ler aqui e comentar este apostilinho, Percurso Filosofio da Aristótese, parte 2. E depois, se houver tempo, eu vou ler aqui um artigo que eu preparei para o Diário do Comércio, que agora estou escrevendo um artigo mensal maior, em vez de um semanal curto. Aqui nesse artigo tem algumas explicações que talvez para os alunos mais velhos seja desnecessária, mas são bons para o que estão chegando e também, como eu estou sendo cansaíno no jornal, será útil para o público geral. Mas vamos voltar aqui a Aristótese. Aqui neste negócio tem embutido muitos temas muito interessantes, que talvez tenham de ser desenvolvido depois em capítulos separados. Eu vou dar aqui algumas explicações orais, eu acredito que há algumas explicações orais ao texto aqui e depois mais tarde essas explicações orais talvez sejam escritas e inchertadas no livro em alguma parte. Então, uma interpretação convencional da Aristóteles, talvez a mais popular de todas, afirma que para ele a realidade fundamental está no mundo das coisas sensíveis, não nos céus das ideias puras, como ensinava Platão. Embora consagrada no célebro e quadro de Rafaelo, a Escola de Atenas, no qual Platão aponta para cima Aristóteles para este baixo mundo, e embora repetida nausia por manuais e professores, essa interpretação é totalmente insustentável. É claro que essa interpretação aparece mais, vamos dizer, na mídia cultural e em livros de divulgação do que estudos feitos por profissionais, mas ela pegou, ela se impregnou de tal maneira que recentemente um historiador americano não dos piores escreveu um livro dizendo que toda a história do pensamento humano pode ser descrita como uma longa disputa, uma longa controvérsia entre essas duas linhas de pensamento. Isso é possível, ela tem que pôr uma figura de linguagem, pode se impregnar na cultura e delimitar, demarcar o quadro de compreensão das pessoas. Então, continuando. Aristóteles afirma que a realidade efetiva está nas substâncias individuais, não nas suas formas ou ideias separadas, nos indivíduos e não nas formas das suas espécies, ou seja, não cavalos e não na cavalidade. Mas como vimos para ele, a substância não é o ente sensível presente aos nossos olhos, mas as coisas mais fundamentais para você entender Aristóteles. Este ente sensível é apenas um recorte abstrativo. A substância de substári e Pokémon em grego é aquilo que está por baixo do ente sensível, o algoritmo das suas transformações possíveis, a base permanente por trás das mudanças. Isso aí, você não pode esquecer que todos os conceitos fundamentais da filosofia da Aristóteles foram retirados da sua experiência de cientista natural. 80% dos textos de Aristóteles que nos sobram são textos de cientista naturales, e não do que hoje chamaríamos filosofia, se bem que na época de chamar tudo isso de filosofia. Então, este conceito sempre tem uma base na observação dos seres vivos. E qualquer ser vivo é fácil você perceber que ao longo da sua existência, ele passa por muitas transformações, algumas que são impostas desde fora, e outra que ele produz sobre si mesmo, como por exemplo quando você come, se muda a temperatura, então o seu corpo sofre uma alteração que vem de fora. Mas se você come, é você mesmo que está produzindo uma alteração. Todas suas ações o alteram e todas as mudanças de situação externa também o alteram. Então, o que é o ente real? É aquilo que permanece ao longo de todas essas mudanças, porque senão nós não poderíamos sequer falar de um sujeito ou de um objeto dessas mudanças, haveria apenas os estados separados. Se você mesmo, não teria nenhuma continuidade, nenhuma identidade ao longo da sua vida. Você não poderia dizer, eu agora tenho 23 anos, porque o cara que agora tenho 23 anos não seria o mesmo que no ano passado teve 22, e muito menos aquele que muitos anos teve 5 ou 6. Quer dizer, nós sabemos que algo em nós permanece e algo em todos os seres vivos permanece. Você continua reconhecendo seu cachorro, seu gato, desde que ele nasce pequenininho até que ele cresce e velhace e mora. Então, o que é este algo que permanece? É isso que a história se chama de substância. Isso quer dizer, a substância não é visível com os olhos da cara. Ela é aquilo que está por baixo das sucessivas aparenças sensíveis que o objeto apresenta. Isso mesmo quer dizer o Hippokeimano, aquilo que está embaixo, substância, né? Substância quer dizer, está embaixo. Então, a substância só é aprendida pelo intelecto a gente. Então, é um absurdo você dizer que para Aristóteles a realidade, a verdadeira realidade está num mundo sensível, porque o mundo sensível, todas as nossas percepções são temporárias, fragmentárias e intermitentes. Você está olhando uma coisa, você precisa piscar. Então, quando você está piscando, onde foi parar o objeto? Então, não existem percepções contínuas, muito menos, onde você não seria capaz de acompanhar a vida de um mosquito. Um mosquito dura 24 horas, você é capaz de ficar olhando o mosquito sem piscar durante 24 horas? Não. Então, as impressões sensíveis que você tem do mosquito são uma sucessão de imagens separadas. É isso. E nós sabemos que existe algo, alguma identidade por baixo dessas várias impressões. É esta identidade que é a presença física real daquele ente que Aristóteles chama de substância. Esta é a presença física real e não somente as nossas impressões. E tudo o que nós chamamos de entes sensíveis, nós nos chamamos de sensíveis porque nós os sentimos, nós os aprendemos pelos sentidos. Mas tudo o que aprendemos são imagens ou impressões separadas. Então, o que aprende a substância não é os nossos sentidos, é o intelectualjante. Então, se o intelectualjante é o órgão apreensor da substância, então a ele corresponde como objeto uma substância que é um elemento permanente, que permanente não quer dizer fixo, não quer dizer imutável, porque ao contrário, ele é uma matriz de transformações, quando Aristóteles forma, ele está querendo dizer fórmula. A palavra hoje seria fórmula, a forma de todas suas mutações sensíveis. Então, seria um absurdo dizer que a substância, este algoritmo, esta fórmula básica, está no ente sensível, ao contrário, o ente sensível é apenas uma aparência momentânea dela. É o ente sensível que está na substância, que está na fórmula, ela abarca todas as mutações possíveis. Está certo dizer tudo aquilo, todas as mudanças de estado que um ente pode sofrer, seja por efeito do ambiente, seja por iniciativa própria. Então, quando você vê, por exemplo, o gato indo na direção do prato de leite, o gato bebendo leite, depois o gato sai e vai dormir, é o mesmo gato que fez tudo isso. Você pode dizer que esta identidade do gato está no ente sensível, não, não pode, é o ente sensível que está na substância. Entenderam isso? Isso aqui é básico e o número de pessoas que compreendem isso a respeitar a istota é mínimo. Pessoas geralmente acreditam realmente que a istota está dizendo que a realidade é o ente sensível, mas não é possível uma coisa dessa. Mesmo se você vê, por exemplo, a explicação da istota do processo abstrativo, você vai ver que quando você percebe um ente sensível, você grava uma imagem dele naquele instante só. Por exemplo, você está vendo uma pessoa, você está vendo a qualidade que ela tem no momento e no estado em que ela está no momento e só isso, está certo? E na sua memória, esta imagem funciona como um signo, ou símbolo da pessoa inteira, um signo da substância. Está certo? Você está vendo apenas aquela imagem recortada, mas não é nela que você está pensando, então essa imagem funciona como um signo. Agora, o fato é que esta ideia do signo, ela no começo da modernidade, ela desaparece. Quer dizer, todo esse aspecto, digamos, como hoje se chamaria semiológico, está certo? Da teorei do conhecimento da istota, foi perdido. Então, daí surge retrativamente interpretações erradas e aristóticas baseadas numa espécie de deficiência, que é característicamente moderna, que é a perda da consciência semiológica. Quer dizer, o que se grava na memória não é o ente real. Também não é uma impressão puramente subjetiva, é um signo. Então, você não pode fazer essa dicotomia, olha, as minhas percepções refletem um ente real, ou elas são uma pura criação da minha mente. Elas são uma criação da minha mente, que significa algo que vai para além do próprio signo. Sempre o significado de um signo, sempre vai além dele. E além do signo e do significado, quer dizer, aqui você tem o signo, que é o que condensa a coisa. Significado seria o conteúdo mental desse pensamento. Então, você pode, por exemplo, definir a espécie vaca a partir da imagem que você guardou na cabeça. Tudo isso está se passando dentro da sua mente, mas você está se referindo a um objeto que você não foi a sua mente que criou, que foi você percebeu no mundo externo. Então, este é o que se chama depois, no famoso triângulo de Perce, o referente. Tem signo, significado e referente. Talvez a doença mental mais característica da modernidade seja a perda do referente. Eu fiz olhinho de um somento com signo e significado. Você vê que eu tenho assinalado, muitas vezes, esse fenômeno tão característico da cultura brasileira, que é o indivíduo ler as palavras, o significado dessas palavras desperta imediatamente nele uma reação emotiva, que já está associada àquele significado, e não existe menção do referente, isso é do objeto da coisa real que está falada. Então, é um psitacismo, as pessoas estão os ressuscitando e sentindo apenas com palavras, mas o sentimento, a reação emotiva, ela tem uma intensidade, e isso dá para as pessoas uma impressão de realidade. Entendeu? Quer dizer, pelo fato de o indivíduo ser atingido, sacudido por aquela emoção, ele sente que ele está lidando com uma realidade, só que acontece o seguinte, tudo isso se passou só dentro da mente dele. Não tem, vamos dizer, o referente, o que ela é a característica fundamental do referente, é que nada que você pense a respeito dele o esgota, nada nunca. Se você pensar, aqui tem um gato, pensa tudo o que você pode pensar sobre aquele gato, saiba tudo o que você pode saber sobre o gato, isso não produz um gato. Então, uma vez no straight, falou, não, aqui nós temos um poema de John Keats, que vale mais do que qualquer animal vivo. Eu digo, bom, Keats fez um poema, mas ele faria um gato? Não, então o gato tem algo a mais que nenhum produto da mente humana consegue. Esse algo mais é a presença real da sua substância. Então, você ver que esse subjetivismo, essa coisa de... Descarti opera essa mudança, ele gira o eixo da atenção do mundo, o objetivo do mundo da natureza para a mente humana, tá certo? E tudo passa sem visto como se fosse do espelho da mente humana. Então, a partir do momento que você fez isso, você demonstrar a existência do objeto se torna impossível. Eu peguei uma imagem da vaca e quero saber se aquela vaca existe no mundo externo ou só na minha mente. Fala, claro que ela existe, só na minha mente. Mas a pergunta é de onde você atirou, né? E se você conseguiria, com a sua mente, produzir uma vaca com todas as características, com todas as propriedades que ao longo do tempo a vaca real vai demonstrando. Pois é para a vaca da sua mente dar um leite que você possa tomar? Não, pronto, acabou. Aquela vaca que está lá, ela dá leite e você toma o leite. Mas a vaca que está na sua mente você não pode fazer isso. Então, aí, essa diferença, quer dizer, o limite para além do qual o nosso pensamento indica um referente, indica um objeto do mundo real, esta aqui, vamos dizer, é o mataburros do conhecimento. Quer dizer, o burro vai atravessar aquilo, ali ele já quebra o pé, ali mesmo, não passa, não passa daí. Isto, vamos dizer, na sociedade brasileira, isto aqui é um mal endêmico. Endêmico, as pessoas raciocinam a partir de signos significados o tempo todo e não são capazes de fazer esse teste. Vamos ver se aquilo que eu estou falando, isso que eu estou falando ainda tem um referente, ou se eu estou operando só dentro da minha própria mente. Claro que esse mal, ele tem grandes filósofes que pode dar esse mal, o decarto pode dar esse mal, o canto pode dar esse mal, a espinosa pode dar esse mal, todos eles, e não só para o Lime, eles, em parte, nós vimos uma última vez, a desgraça que eles fizeram na última aula, a desgraça que eles fizeram com o conceito de substância, agora, quando você vê grandes filósofes afetados de uma certa deficiência mental, essa deficiência mental se tornará endêmica na sociedade. Você precisa ver que os caras mais inteligentes, eles demarcam as possibilidades intelectuais dos menos inteligentes, então, sei lá, apareceu a Albert Einstein e ele fez a teoria da relatividade, tudo o que as pessoas menos inteligentes pensarem sobre a teoria da relatividade estará abaixo daquilo que ele disse, ele deu o limite máximo de compreensão da sua própria teoria, os outros vão ter uma compreensão menor, a não ser que você não carame a inteligente do que ele, pode até ser, então quer dizer que os defeitos, os erros que você vê, os grandes pensadores, eles se repetem em escala muito maior na sociedade em geral. A interpretação falsa que se deu de Aristóteles aqui, certamente quem inventou essa interpretação foi algum, um historiador da filosofia, algum grande cérebro, e isso se impregna na multidão como se fosse uma realidade de fato. Então, hoje mesmo surgiu uma discusãozinha, eu não levei adentro à discusão porque seria estupidez. Eu coloquei um post no Facebook dizendo o seguinte, o Vietnam do Norte jamais venceu a guerra do Vietnam, quando terminou a famosa ofensiva do TET, foi o final, o exército do Vietnam estava destruído, no Vietnam do Norte estava destruído, não tinha mais nada, e a famosa invasão da embaixada americana, que foi mostrada na televisão, o pessoal fugindo, a invasão jamais aconteceu, os caras morreram todos na porta, nenhum entrou na embaixada, mas veja o que que é a capacidade abstrativa faz na cabeça humana. Na televisão, o Walter von Kahn passou o filme dos funcionários civis sendo retirados por helicópteros do topo do edifício, e aquilo da impressão que era uma demandada geral, agora retirar funcionários civis é obrigação alimentar do exército, quer dizer, você retira funcionários de viva e você fica aguentando o tranquilado. Então, a invasão da embaixada, ela simplesmente não aconteceu, foi tentado, não aconteceu. Daí aparece um rapaz dizendo como? Está dizendo que os americanos perderam a guerra? Eles perderam porque eles não conseguiram eliminar as guerrilhas. E dizem, ora, quando você está em luta com um exército regular e com algumas guerrilhas, e acabou o exército e sobrou só as guerrilhas, isso quer dizer que o inimigo está derrotado. Isso é a coisa mais óbvia do mundo. Então, sobre o sós guerrilhas, então, bom, daqui para dentro tem um problema de polícia, nem do exército. Então, o que aconteceu com os sujeitos que fizeram essa objeção? Ele tomou a palavra derrota, não como a descrição de uma situação, de fato, mais como um elemento moral. Então, o fato é que, embora o vietnamês do norte estivesse vencido militarmente, o governo americano, o Johnson, quando viu, isso é fato documentado, o presidente Johnson, quando ele viu o Walter Conecate mostrar aquela cena do... dos caras fugindo, sendo retirados por helicóptero no topo da embaixada, ele disse, minha reeleição está perdida. Era coisa que ele estava preocupado. Então, em vez de ele enfrentar, ele tentou uma saída que não... vamos dizer, não vou comprometer-se de alguma maneira, e nos acordos de Paris, os americanos cedendo tudo o que o Hervet não queria. Então, a propaganda anti-americana dentro do território americano e, vamos dizer, a fragilidade do presidente Johnson, que determinou a Henry Kissinger, que entregasse tudo para os vietnamistas para acabar logo a guerra, porque o pessoal estava protestando muito na rua, isso aí deu impressão, derrota. Então, isso tem um valor emocional para as pessoas, que estavam tanto para quem estava torcendo pelo Vietnã do Norte, como para quem estava torcendo pelo Estados Unidos. O primeiro se sente, como é que se diz? Lisongiado e engrandecido pela vitória dos comunistas, que estão muito humilhados, mas os dois estão interpretando da mesma maneira. Então, isso aí é o tipo, o caso, vamos dizer, de raciocínio verbal, onde a palavra tem um significado emocional direto, mas não tem uma referência ao fato de que houve uma vitória do Vietnã do Norte, houve uma vitória propagandística e diplomática, posterior ao fim da guerra, quando o Vietnã era totalmente derrotado. Por incrível que pareça, eu vi uma entrevista do general Giap, que era o comandante do Vietnã do Norte, e reconhece exatamente isso. Os americanos guerriavam no campo militar, nós guerriávamos no campo propagandístico, cultural, psicológico, etc. E foi justamente aí que ganharam, e ganharam depois da guerra, que é a vitória retrativa. Então, essa é... Veja, você saltar do universo puramente verbal mental, para o universo do referente se faz mediante a análise crítica das suas palavras, para você ver o limite do que... a fronteira, onde o significado termina e começa alguma outra coisa, que você não sabe necessariamente o que é. E esse exercício, vou dizer, isso eu acho que isso é a coisa básica da educação. O indivíduo aprender a buscar os fatos. Ora, os fatos jamais se resumem à sua definição. A definição é somente a essência, não a substância. A essência corresponde à forma inteligível de jeito nenhum. A essência é um resumo da forma inteligível, é um resumo verbal da forma inteligível. Para você chegar à definição, você precisa ter alcançado a forma inteligível. Daí você traduz numa expressão verbal, através do jogo de gênero e espécie, gênero próximo e diferente específico, e pronto. Agora, existe algum ente real no mundo que possa consistir apenas do seu gênero próximo e diferente específico? Não, ele precisa ter uma presença. Ele precisa ter algo mais além da sua definição. Então, essa é a diferença, vamos dizer, entre um pensamento sério e o mero verbalismo. O pensamento sério está todo o atrasando a memória, a imaginação do próprio pensador e do seu ouvinte o esforço para alcançar o fato real para além das definições. É claro, portanto, que é um pensamento mais difícil do que o mero verbalismo. Então, vamos continuar aqui. E o que define essa base é precisamente a forma inteligível, que não é captada pelo sentido de sim apenas pelo intelecto agente. Então, é verdade que diz a Ristorta que a realidade não está nas formas separadas das espécies, presta atenção, quer dizer, não está na cavalidade, sim, nos cavalos, mas o que são os cavalos? São os entes sensíveis aqui, nós damos o nome de cavalos? A substância deles, que é o elemento permanente por trás das suas mudanças de estado, a qual não é apreensível pelos sentidos, mas só pelo intelecto agente. Isso corresponde exatamente ao que dizia Platão, com uma diferença. A Ristorta, vocês não acreditavam que as formas das espécies existissem por si mesmas, no mundo separado. Mas ele também não acreditava que a forma das espécies está nas espécies, ao contrário, as espécies estão dentro da forma das espécies. A forma do indivíduo não está no indivíduo, o indivíduo está dentro da sua forma, porque o indivíduo só pode viver, só pode atravessar um estado a cada momento, e a sua forma inteligível abarca todos esses estados. Isso, abarca todas as suas propriedades e os seus acidentes possíveis. Embora isso, e note bem, qual é a diferença, então, entre o que você... a forma tal como você pensa na definição e como ela existe na realidade. Se você disser, a forma de um ente já predetermina todos os acidentes que ele pode sofrer e o separado que ele não pode sofrer. Então, isso significa que esses acidentes são em número ilimitado, e todos eles já estão na forma substancial. Por exemplo, você sabe que você não vai conseguir ensinar alemão para um gato. É uma limitação que ele tem. Mas você sabe que ele pode, por exemplo, cair do telhado, e que ele pode jamais subir no telhado, que ele pode dormir ou ficar acordado. Tudo isso pode acontecer. Quantos acidentes podem sobreviver um ente em número ilimitado? Todos eles estão... são harmônicos com a forma substancial, que é que ela predetermina não só as propriedades que o ente pode manifestar ao longo da sua existência, como, por exemplo, o ser humano, ele pode aprender alemão ou não aprender alemão. Isso é uma propriedade. É uma coisa que não faz parte da definição, mas que é coerente com ela. Como também, vamos dizer, o universo inteiro dos acidentes que um ente pode sofrer, distinguindo-os do que não pode sofrer, tudo isso está na forma substancial real. Isso não é pensável. Quer dizer, você aprende a forma substancial e sabe que ela contém tudo aqui. Por quê? Se os acidentes não fossem compatíveis com a forma substancial, aquele ente não poderia sofrê-los. Então, por exemplo, você sabe que um gato pode virar cuica, não sabe? Mas uma tartaruga pode virar cuica? Não tem jeito. Então, é um acidente, um acidente remotíssimo. A cuica só apareceu, sei lá, apareceu na África, faz tempo, mas muito tempo depois da criação das tartarugas. Então, é um acidente remotíssimo, muito secundário, mas já estava previsto na forma substancial. Eu tenho dificuldade de entender que os acidentes são inúmeros e limitáveis. Tudo o que pode acontecer, por exemplo, uma tartaruga pode ser exportada para Alemanha? Pode. Você pode, uma caixinha, exporta, está certo? O exemplo da cuica também. A tartaruga pode cair de costas e ficar ali até morrer? Pode. Mas não pode ficar priva, está indivíduo, não é definidamente? Se ela nunca voltar à sua posição normal, ela morrerá, leva um tempo para morrer, mas ela mora. Então, é tudo aquilo que pode acontecer, a coisa que pode acontecer é a coisa que não pode acontecer. Você está entendendo? Por exemplo, aqui temos o sofá, o sofá pode estragar ou pode durar bastante, mas ele não vai sair voando. Então, ele também não pode ser insultado. Um objeto inanimado não sofre insulto. Então, existe um limite. Mas qual é o número de acidentes? Pode acontecer qualquer coisa. Ou seja, o conjunto dos acidentes que pode sobreviver a um ente tem que ser coerente com a sua forma substancial. E, portanto, estão, pelo menos, negativamente incluído nela. Mas eles são indizíveis. Então, esse é um teste para você saber se você está falando de meras palavras ou de coisas. A sua mente, na hora que você fala o nome do ente, está aberto para essa infinidade de acidentes? Você está consciente dessa tensão entre o estado atual do objeto e os acidentes que ele pode sofrer? Ou não? Em geral, não. Então, você perde o senso da tensão dialética das coisas. Você começa a falar das palavras como se elas fossem coisas estáticas acabadas e definitivas. É isso. É mais ou menos... Você vê, o que as pessoas falam hoje de democracia? Meu Deus, democracia é um processo enormemente complexo, na verdade, na realidade, que contém elementos totalitários dentro de si, necessariamente. Ela não é uma coisa. Então, até quando falam de conceitos que, por si mesmos, requerem essa tensão dialética, as pessoas pearem dinheiro de vista e estão falando de coisas. Então, isso aí é claro que é raciocínio primário, raciocínio de criança. Eu acho que pessoas que opinam sobre questões políticas, por exemplo, não têm o direito de ser bura desse jeito, porque você está simplesmente desorientando os outros. Você está falando de coisas que você não sabe o que é. Então, a formação universitária deveria ser para treinar as pessoas para não fazer isso. Por exemplo, se você treina um... isso não acontece em todos os departamentos. Se você treina um biólogo, por exemplo. Então, quando ele fala os nomes dos entes, ele sabe, ele tem a visão do que é a vida real desses entes, com toda a complexidade que tem. Mas, se você pega um cara da filosofia, da ciência política, etc., estão lhe dando só com palavras o tempo todo. Eu confesso que, vamos dizer, você adquire uma noção de realidade, é mais fácil em biologia do que em política, por exemplo. Mas, não dispensa você de fazer o esforço. Então, entende? Você lembra aquilo que eu disse na semana passada sobre... Eu não sei se eu comentei aqui ou se eu coloquei só no Facebook. Por exemplo, os vários fenômenos que são designados pela mesma palavra liberalismo. E entre os quais existem relações e tensões, etc., etc. Ora, eu estou aí falando de liberalismo como se fosse apenas... Ou seja, um valor predeterminado, fixo, que todo mundo conhece, como se fosse uma coisa autoevidente. Esse é o sinal de que não sabem. Não tem ideia da problematicidade do conceito que estão usando. Por exemplo, você sabe que existe um liberalismo anti-católico. Por exemplo, você vira o filme Ad Majorem da Igória, aquele filme do Andy Garcia, para o Margo Lá de Deus, que é da Guerra dos Cristeiros. O governo que promoveu aquela perseguição à igreja não era socialista, era um governo liberal. Então, isso é um liberalismo anti-católico. Ao mesmo tempo, isso ia dentro da igreja católica. Um movimento também chamado liberalismo, que era para a modernização da doutrina. E que vai culminar no quê? Na teologia de libertação que é socialista. Só por esses dois dados, estou falando de dois tipos de liberalismo. Você vê quanta coisa, na realidade, ela é complicada, ela é feita de contradições, de tensões, de paradoxos, etc., etc. E as pessoas estão vendendo aí com um negócio como se fosse uma coisa simples. Um valor estabelecido. Então, quando você usa essas palavras, você está consciente da tensão por trás delas? Porque essa tensão é que é a realidade. A coisa bonitinha, arrumadinha, assim, tudo recortadinho, só existe no mundo do pensamento e das palavras. Na realidade, não é assim. Então, o esforço do nosso discurso tem que ser sempre um sentido de trazer para o nosso ouvinte ou leitor a consciência dessa complexidade. Para que ele também raciocine sobre coisas e não sobre palavras. Então, a distinção que eu fiz, por exemplo, no estudo, você tem ideologia, embaixo você tem a auto-image que o movimento político vende, embaixo dela você tem a sua estratégia, sua tática real em cada momento e assim por diante. Entre essas várias camadas existem afinidades e contradições. Por exemplo, por que Lenin permitiu a iniciativa privada durante alguns anos? Para fomentar o capitalismo? Sim, fomentar o capitalismo para acabar com ele. Isso aí é uma coisa, vamos dizer que qualquer bicho sabe. Por exemplo, o caçador está perseguindo, o urso está fugindo. Mas ele está fugindo para dar a volta e pegar o caçador para trás. O que ele está fugindo está atacando as duas coisas ao mesmo tempo. Tudo na vida é assim. A consciência dessas tensões e contradições é que vai nos dar o que o senso de realidade. E quem tem o senso de realidade sabe que a realidade sempre transcende o poder das suas palavras. Então, o que você tem que fazer? Você tem que fazer um discurso aberto que dê ao leitor a recordação de que ele tem que fazer esse trabalho também. Não é só ler o que o Nego está falando. Tudo que você ler tem que ser executado como uma partitura de música. Não basta ler a música. A leitura de partitura é uma atividade muda, não tem som. Para ter som, você precisa apertar as teclas, soprar um corneta, uma coisa assim, que é que você precisa fazer algo. E tudo que a gente lê é assim, é algo que você tem que fazer. Então, vamos dizer, é a leitura ativa, é que vai separar, vamos dizer, o melhor aprendizado. A leitura ativa é o que vai distinguir você do analfabeto funcional. O analfabeto funcional não sabe fazer a leitura ativa. Ele só acompanha as palavras. Ele entende, vamos dizer, o raciocínio, mas não as coisas raciocinadas. Então, a Aristótese não acreditava que as formas das espécies existissem por si mesmas de um mundo separado. Elas só existem nos entes individuais, mas isso não quer dizer que só existem nos entes corporais insensíveis. Presta a gente, ente individual é uma coisa, ente corporais insensível é outra. A sua própria individualidade, a sua própria individualidade é aquela que permaneceu ao longo do tempo. O que é o seu ente corporais insensível? Esse que você é agora, nesse momento e só nesse momento. E que já estará alterado daqui dois minutos. Então, a Aristótese jamais disse que a realidade está nos entes corporais insensíveis, está nos entes individuais, e não na pura forma das suas espécies. A maior prova disso é a seguinte, anjos ou quaisquer outras identidades do mundo espiritual são também indivíduos. E só existem como indivíduos. O próprio Deus é uma individualidade, não uma espécie. Muito menos o mero conceito de uma espécie. Para tornar as coisas ainda mais claras, a forma inteligível, o algoritmo, se abarca todas as transformações que o ente sensível pode sofrer, transcende infinitamente a aparência que ele pode apresentar ao nosso sentido a cada momento. Não é isso? Então aqui eu estou vendo a Leila, eu lembro quando era bebê. Ela ainda é a mesma pessoa com outra aparência sensível. A realidade dela contém todas essas fases. E não só, vamos dizer que ela apareceu agora do nada, foi plúquite, surgiu a aparência sensível aqui, não teve infância, não nasceu, não teve infância. Será que é isso? A realidade não está portanto no mundo sensível e sim no conjunto das formas inteligíveis, as substâncias dos entes individuais, sejam eles corporais ou espirituais. O mundo sensível é apenas um fragmento contido no universo e limitado das formas inteligíveis, exatamente como dizia Platão. Só que Platão acreditava que a realidade, as essências das espécies, é que são a verdadeira realidade, mas Platão se corrigiu no fim da vida. Ele reconheceu que não era assim, porque era histórico quando era jovem, fez uma série de críticas lógicas. Por exemplo, ele disse aqui que você tem dois homens, então para cada um existe uma forma inteligível no mundo das ideias, separada da... e assim são aqui. Bom, mas entre eles existe semelhança e diferença, portanto também tem que ter uma forma de semelhança e da diferença, e assim por diante isso não vai acabar mais. Então foi uma formulação verbal, uma figura linguagem usada para o Platão, e ao qual o pessoal deu o sentido de uma doutrina formal, não que eu dou evidentemente não é uma doutrina formal, é um primeiro esboço. Na verdade a noção platônica do mundo inteligível separado não existe enquanto doutrina formal de Platão. Ela é antes uma figura de linguagem que Platão recorreu para expor uma intuição ainda primitiva e obscura de uma verdade fundamental que ele acabava de descobrir. E com o sentido pleno só se revelará em Aristóteles. Quer dizer, o sentido platônico só fica, claro, no Aristóteles. Tanto que no Seus Escrits da Velhice o próprio Platão busca uma formulação mais exata dessa noção, tendo em vista as críticas lógicas que a Aristóteles fizela a sua formulação inicial. Interpretações inteiras da história universal da filofia foram montadas na base de uma oposição dual-platão Aristóteles. Mas elas devem ser consideradas apenas construções literárias, criadas a partir do contraste de duas personalidades ou de dois estereótipos. Ou contra as personalidades existem, claro, você não... É só você ver a figura física dos dois. Platão era um homem enorme e fortão, um ginasta, etc. E Aristóteles era um baixinho estrangeiro, tá certo? Platão era um homem da aristocracia grega e Aristóteles era um estrangeiro, um cara que nem podia participar da política, politicamente não zé ninguém em antenas, e assim por diante. Platão morreu solteiro, casou, Aristóteles casou, teve filhos, criou uma família, deixou o legado para os filhos, etc. São duas vidas completamente diferentes, dois tipos completamente diferentes. Também um tanto desfocada são as tentativas de conciliar as duas filosofias, como por exemplo, a que surge com o engenhoso filósofo iraquiano Abou Yossuf al-Qind, em latin al-Qindus, no 801, 8072, ou no 801, ou no 8073, celebrado na Europa como o filósofo dos árbios. Pois a filosofia da história não é oposta nem concordante com a platônica, é parte integrante dela. Há perfeições e extensão dela, como reconhecia o próprio Aristóteles. Agora o Aristotelho só faz sentido dentro do Platonismo, sendo esse o motivo pelo qual Aristóteles até o fim da vida falava de nós os Platônicos, não de nós os Aristotelhos. Quer dizer, como é que você vai dizer, ah, isso foi apenas um homenário da boca para fora, que prova você tem disso. Existem inúmeras provas de que ele estava tentando complementar o Platonismo e corrigir em detalhes, mas não tem nenhuma prova de que ele fosse um cara falso para fazer o homenário da boca para fora, enquanto está apunhando o mestre pelas costas. Ele nunca fez isso. Não é importante estranhar que a obra de Platão tenha uma amplitude espiritual, uma elevação mística ostensiva, que na Deira Aristóteles só aparece levemente ensinuada aqui e ali, sem qualquer elaboração maior. Em Platão deparamos com uma visão abrangente do universo material espiritual, da origem e fim das coisas, do julgamento e radeira da vida após a morte. Aparece no final da República, o mito de Eir, como que ele vai parar no Ades, ele é julgado, escolhe uma nova vida e assim por diante. Nada disso encontramos em Aristóteles. O que aí vemos é uma metodologia geral que transforma a visão mística de Platão em sistema das ciências. Quer dizer, ele está tentando dar uma operacionalidade para a filosofia platônica, a filosofia platônica. Não é razoável supor que Aristóteles pretende esse algo mais do que corrigir a perfeições em certos pontos, o edifício elegido pelo seu mestre, sem nenhuma pretensão de concorrer com ele ou de substituí-lo, mas de dar-lhe uma operacionalidade cognitiva capaz de orientar as investigações filosóficas científicas por muitos séculos e adentro, como de fato aconteceu. Você pode dizer que o Platonismo, ele termina ali com o Platão. O que você pode fazer com o Platonismo daí para quase nada? Mas Aristóteles abre uma via de... cria metodologia geral da ciência e isso de fato orienta, se você pensar bem, orienta as investigações científicas até hoje. O que nós chamamos de método científico até hoje não é nada, senão a velha boa e velha diarética de Aristóteles, que é a confrotação de hipótese. No curso desse empreendimento, Aristóteles percorra tão claramente as sete etapas do... Bom, eu não vou entrar nesse pedaço, porque isso aqui é melhor deixar para dente. Como essas várias vidas de filosóficos, várias formações de filosóficos, refletem as sete etapas do método filosófico, tal como eu as descrevia no livro A Filosofia e o Inverso. Eu prefiro deixar isso para depois. É isso. Mas, quem foi esperto já deve ter percebido alguma coisa disto nesses breves relatos que eu estou fazendo. Por exemplo, o momento inicial, você tem um momento inicial do espanto, que é prévio a filosofia, o que desperta a vocação filosófica. Você tem em seguida a meditação e a anamnésia, onde o indivíduo vai tentar dar conta das suas próprias ideias. Isso quer dizer, o que ele pensa até agora, o que os fatos estão obrigando a pensar, ele vai ter que fazer um arranjo. Depois, no momento da pesquisa histórica filológica, tanto em Platão quanto para Histórias, esse momento é evidente por que? Porque os filósofos anteriores, os filósofos mais gérios aparecem nos diálogos platônicos. Ou seja, ele está chamando o que? A opinião dos sábios. E Aristóteles diz claramente que a investigação começa com a coleção das opiniões dos sábios, coleta as opiniões dos sábios, que parece uma confusão, uma logomaquia, uma disputa entre coisas totalmente desencontradas. E o que faz Aristóteles? Ele articula essa coleção como se ela fosse uma discussão dialética, ideal que não aconteceu. Então, daí ele vai recolocando as várias tesas, várias opiniões nos seus devidos lugares. Por exemplo, você tem duas definições diferentes, Aristóteles diz não, pera aí, uma delas não é uma definição, uma delas está falando de uma propriedade, outra falando de um acidente. Uma delas está predicando categoricamente, e a outra não, está fazendo uma outra conta. Então, conforme os níveis de predicação, conforme as várias categorias, ele pega as várias opiniões e dispõe como se fosse um quadro. Então, o conjunto vira uma discussão dialética. O que está acontecendo, não historicamente, mas na cabeça dela, estou. Então, ele integra as opiniões do sábio na sua própria investigação, articulando umas com as outras de uma maneira que elas não estavam articuladas no começo. Às vezes parece uma contradição, uma confrontação, às vezes não é exatamente assim. Bom, então é isso aí. Então, agora eu vou ler aqui esse artigo que eu preparei para o Diário do Comércio, talvez fazer algumas observações. Ao longo do artigo chama-se o que estou fazendo aqui. A característica fundamental das ideologias é o seu caráter normativo, a ênfase no dever ser. Todos os demais elementos do seu discurso, por mais denso ou mais ralo que pareça o seu conteúdo descritivo, analítico ou explicativo, concorrem a esse fim e são por ele determinados, ao ponto de que as normas e valores adotados decidem retroativamente o perfil da realidade descrita e não ao inverso. Então é lógico que toda ideologia é uma proposta de algo a fazer. Nós temos que construir o social límite, temos que construir o liberalismo, temos que construir um regime teocrático, temos que fazer, sei lá, qualquer coisa. O Império Eurasiano sempre é uma proposta. É claro que no discurso ideologico, além do elemento propositivo ou normativo, você tem uma série de análises da realidade, descrições e análises da realidade, só que as descrições estão condicionadas ao elemento propositivo ou normativo, o que não acontece no discurso filosófico científico, evidentemente. Quando Aristóteles descreve, por exemplo, para os vários tipos de regimes que existem, ele não está propondo nenhum, ele está simplesmente dizendo que eles existem, funciona assim, a relação entre eles é tal e qual. Então ele não tem uma proposta normativa. Falhou. Este, segundo o invés, como é que acontece essas coisas? Isso não quer dizer que as ideologias faltem racionalidade, ao contrário, elas são edifícios racionais, às vezes primores de argumentação lógica, mas construídos em cima de premissas valorativas e opções seletivas, que jamais podem ser colocadas em questão. Por exemplo, se você lê o livro do José F. de Mestre, as noitadas de São Peter II, o livro é uma maravilha, escrito maravilhosamente, escrito, e a lógica do sujeito é implacável. Só que ele está raciocinando a partir de uma premissa de que a igreja deve governar o mundo, deve ser o governo papal. É claro que ele não vai colocar isso profundamente em discussão, porque isso é o peixe que ele está vendendo, ele coloca em discussão tudo mais. Então, do discurso de ideologias, aproveitam vários pedaços que têm valor científico, sem dúvida, mas no conjunto, esses elementos, ou descritivos, ou analíticos, ou explicativos, estão subordinados a uma finalidade propositiva ou normativa. Daí que, como diz James Gregor, o grande estudioso do fenômeno revolucionário moderno, o discurso ideológico seja enganosamente descritivo, porque ele parece descritivo, ou parece analítico, ou parece explicativo, mas ele no fundo é sempre normativo. Quando parece estar falando da realidade, nada mais faz do que buscar superfícies de contraste e pontos de apoio para o mundo melhor, cuja realização é ser o objetivo e sua razão de ser. Se o estadão optou pelo socialismo, ele descreverá o capitalismo como antecessor e adversário. Isso quer dizer que o capitalismo foi o que nos antecedeu, é o estado de coisa que nós encontramos e ele é agora, portanto, é o nosso adversário. Suprimindo tudo aquilo que na sociedade capitalista não possa ser descrito nesses termos. Quer dizer, aquilo que na sociedade capitalista não antecede o capitalismo e não pode ser usado como ante exemplo para o socialismo, tem que ser suprimido. Então, por exemplo, o que no caso, o Dugui não é bem, não é um socialista, mas na discussão que eu tive com ele, você via que o modelo de sociedade capitalista que ele descrevia se resumia à noção de concorrência, tomada como se concorrência fosse a mesma coisa que a luta de todos contra todos, quando exatamente é o que não pode ser. Você não vai dizer que concorrência comercial consiste em matar o seu concorrente. Se você matar todos os concorrentes, acaba a concorrência, evidentemente, daí você tem o monopólio. E ele omitia, por exemplo, todos esses elementos de essa tradição de solidariedade, de ajuda-multa, de prestação de serviço, de caridade, que tem na sociedade americana, em dose infinitamente superior que já vai ter na sociedade russa, o ruso nem sabe o que é isso. Então, como isso aí, vamos dizer, não dá para você fazer uma comparação negativa com a proposta euroaziana, isso é jogado para baixo do tapete, embora seja uma realidade. Se o cidadão optou, se... Oi, fale alto, senão ninguém pode ouvir. Você pode se dizer que o discurso ideológico tem como principal conteúdo, como uma motivação repórrica? Não necessariamente, não necessariamente, não necessariamente. Porque existem elementos científicos ali. A motivação pode ser retórica, ultima nada, porque é induzir a uma ação. Mas, às vezes, a ação, é remota, se você ler o capital inteiro, a Almarche não está proponada ali, ele está só analisando o capitalismo. A proposta virá no Manifesto Comunista e outros escritos. Você pode ver que, às vezes, a parte descritiva ou analítica ocupa um maior espaço. Você pode dizer que é assim, a motivação... Vê, se você fala retórico, dialéctrica, isso é... Não, esses são tipos de argumentação, e eu não estou falando disso. Eu estou falando, vamos dizer, do objetivo geral da coisa, quer dizer, da índole inteira do discurso, e não só do seu modo de argumentação. Ele pode usar os quatro modos de argumentação. Você vê, por exemplo, dentro da propaganda comunista, você tem, por exemplo, obras científicas, como a de Isa Cloría, o grande psicólogo. E você tem obras de ficção, como a mãe do Marques de Mugorque, as peças do Gorky, as peças de Brecht. Ele pode usar todas essas formas de discurso, portanto, não é da modalidade de discurso que eu estou falando. Se o cidadão optou... Se escolheu a visão iluminista da democracia como filha e combinação da razão científica, mais ou menos estilo Rodrigo Constantino, Oranáus Revido, descreverá o fascismo como truculência irracional pura. Aqui nós temos a democracia, que a razão, a ciência, etc. Tô lá, ela tem o fascismo, que é pura irracionalidade, truculência, etc. Essa é imagem muito comum. É imagem oficial, não é? Suplimindo da história as décadas de argumentação fascista tão racional quanto qualquer outro discurso ideológico que prepararam a adventa e Mussolina ao poder. Então, você vê que até recentemente essa figura de linguagem era comum, até entre estudiosos sérios. Porque os caras não imaginavam que existissem, provavelmente, uma ideologia fascista. Existia apenas a propaganda truculenta, etc. Eu disse, bom, vocês não falam da ideologia a fazer porque vocês não leiram os textos. Mas quando você puxa os TCV, houve um longo trabalho intelectual tão complexo quanto a ideologia socialista preparando-a devendo o fascismo. Então, o fascismo é uma ideologia em sentido pleno, incluindo os seus elementos de argumentação racional. Você vê, o que foi o teórico que o Jovem Nugentilho fazer? Jovem Nugentilho era um homem que, com um preparo filosófico monstruoso, não era um propagandista, não era um cara que... Vamos sair, bandido, bom, bandido, morto, vamos matar todo mundo, não é assim. Tendo isso em vista, a coisa mais óbvia do mundo é que nenhum dos meus escritos e nada do que tem ensinado tem caráter ideológico. E que descreveram como ideólogo da direita, ou ideólogo do que quer que seja, só vale como pejorativa de famatório, tentativa de me reduzir a estatura mental do anão que assim me rotula. Podem procurar nos meus livros artigos e aulas, não encontrarão qualquer especulação sobre a boa sociedade. Você já vira eu dizer assim, para que há algum modelo de sociedade? Nunca. Eu tenho a menor ideia do que deve ser a boa sociedade. Muito menos o modelo dela. Posso, no máximo, ter subscrito aqui, ali, de passagem, e se ele prestar aquela indecensão, esse é aquele preceito normativo menor em economia, educação e política de eleitoralização, pontos separados e que não formam conjunto. Por exemplo, eu tenho alguma preferência pela economia de livre mercado, porque eu li ali no FOMIS, ele demonstra que isso funciona melhor, etc., etc. Isso não quer dizer que ele esteja derrindo ideologia liberal como um todo, ao contrário. Em educação, em política eleitoralização, qualquer outro domínio especializado, sem nenhuma tentativa de articulá-los, e muito menos sistematizados em uma concepção geral, em uma ideologia. Você verá, mesmo aquelas observações que eu faço aqui, a respeito da economia de livre mercado, ele está muito longe de ser uma apologia inteira desta coisa, nem mesmo neste ponto determinado, eu jamais escrevi uma apologia da economia de mercado. Eu acho que elegei ligeiramente melhor do que uma economia estatizada, isso é um fato mais do que comprovado, mas eu não vou sair pregando a privatização de tudo como se fosse a solução para a sociedade. Sem nenhuma tentativa de articulá-los e muito menos sistematizados em uma concepção geral, em uma ideologia. Isso deveria ser claro para qualquer pessoa que saiba ler, e de fato seria se a fusão de um alfabetismo funcional, malícia e medo caipir do desconhecido, não formasse aquele composto indissolúvel e inalterávelmente fedorento, que constitui a formamento dos nossos formadores de opinião hoje em dia. É óbvio que essas pessoas são incapazes de raciocinar na clave do discurso descritivo, eles não sabem o que é descrever a realidade. Eu acho que nunca fizeram na escola uma descrição, você faz uma descrição, você faz uma narração, você faz uma argumentação. Antigamente, tinha exercício dessas coisas, as pessoas não sabem mais isso. Então, eu nunca falo do que é, é só do que deve ser e do que não deve ser. Não dizem uma palavra que não será para tomar posição. Note bem, então, os nossos formadores de opinião, todos eles da televisão, da media impressa, das universidades, eles só estão falando o certo e do errado o tempo todo. Nunca discute de uma coisa, é assim ou não é assim? É que não serve para tomar posição ou melhor, para ostentar uma auto imagem lisongeira perante os leitores. Devendo para isso contrastá-la com algum antimodelo odioso, que se não for encontrado tem de ser inventado mediante de borsa, caricaturações, poeires, retaves e aparências. Então, por exemplo, tem o Renaldo Zé Vito Posná, eu sou a democracia moderna, a liberdade, o estadualico, etc. E o Bolsonaro é a truculência fascista. O que é que o Solitário está vendendo? Uma auto imagem, evidentemente. Ele não está nem sequer tomando posição, ele está apenas se mostrando como personificação de certos valores positivos. E o outro como personificação do mal, do que tudo que é abominável. Ou seja, no fundo isso é só uma única ciência, uma umbigologia. É tudo mostrando umbigo. É assim mesmo, não estou caricaturando. O Renaldo Zé Vito chegou ao ponto assim, qualquer pessoa que xinga o Renaldo Zé Vito, ele diz que é um atentado contra a democracia. Ele não diz isso, eu tenho os textos pra provar. Então, ele é a democracia. Eu, amigo, quando me xingam, só xingaram a mim. Não xingaram a democracia, não xingaram a Igreja Católica, não xingaram a civilização acidental, só xingaram a minha humilde pessoa. Agora, se xinga o Renaldo Zé Vito ou o Rodrigo Constantino, então é um ataque à democracia. Porque eles personificam a democracia, as luzes, a modernidade, tudo que é bom. Então, você vê que pessoas assim não estão analisando nada, a discussão não é séria, meu Deus do céu. Em nenhum caso, tem o dente de, ah, mas eu gosto muito dos artigos, você gosta porque você se identifica. Não porque ele esteja dizendo a verdade ou a falsidade. Isto não entra em linha de conta. Verdade e falsidade não entram em linha de conta. No máximo, existe a concordância e a discordância. O que é concordar? São dois corações que se harmonizam. Vocês se amam. Discordam, não gosto mais, não brinco mais. É isso, gente, a discussão nacional não passa disso. Eu não estou caricaturando. Isto é literal, isso acontece exatamente assim. Não existe sondagem da realidade sem enfrentamento com a dificuldade e a contradição. Não existe. Se a coisa está muito assim em linha reta, muito coerente demais, é porque é falso. Aqui tudo aqui é a democracia, a liberdade, tudo lá é a truculeza fascista. Vocês já repararam que tucanos e petistas se chamam o tempo todo de golpistas e fascistas, os dois lados. Não é possível, um dos dois tem que estar enganado, ou dois. Então, o que é isso aí? É ostentação de, áudio maior, só isso. Não há discussão alguma. A coisa mais importante da vida para essas criaturas é personificar entre os holofotes alguns valores tido como bons e desejáveis. Como, por exemplo, a democracia, os direitos humanos, a ordem constitucional, a defesa das minorias, ou a segurança pública, a defesa dos cidadãos de bem, os direitos dos cidadãos de bem, etc. Você sempre assim. Colocando-nos antípodas dessas coisas excelentíssimas, qualquer palavra que lhes desagrade. Alguns desses indivíduos tiveram as suas personalidades tão completamente engolidas por esses símbolos convencionais do bem, que chegam a tomar qualquer reclamação, insulto ou crítica, que se diria às suas distintas pessoas, como um atentado contra a democracia, um virtual golpe de estado. O desejo de perfornificar coisas bonitas como a democracia e a ordem constitucional, ou a segurança pública, se quiser, é tão intenso que, no confronto entre esquerda e direita, os dois lados se acusam mutamente de golpistas e fascistas. Melhor prova de que se trata de mers discursos ideológicos que não se poderia exigir. Eu chamarei um sorvê de golpista se eu tiver indício sério de que ele está se reunindo com outras pessoas tramando para tomar o poder pela violência, ou por algum truque violando o conteúdo explícito das vezes e violando o sistema eleitoral. Se eu tiver prova de que o jeito está fazendo, eu vou dizer, chamarei de golpista, porque golpista é quem trama ou executa um golpe de estado. Não é quem diz qualquer coisa, eu sou ele na golpista só porque ele diz isso aquilo, meu Deus do céu. Mesmo que fosse favorável a um golpe de estado, o sujeito dizer que um golpe de estado seria bom não transforma em golpista. Ele é, no máximo, um admirador do golpe de estado. Ele é o meu pai, ele tinha um secretário que era um velhinho, que tinha tido de rame e ele falava tudo tudo. Então ele dizia assim, esse país precisa do amor de uma ditadura militar. O velhinho era um golpista, por causa disso, não, ele era um apreciador de golpes de estado, de um determinado golpe de estado, que seria o Getúlio, se ele era qualquer coisa assim. A minha tia, irmã do casada com meu padrinho de batismo, ela era tão getulista que de pouco Getúlio morreu e não voltou mais. E os caras do Tribunal Eleitoral reclamaram, botaram todo mundo para correr. Não volte para o cabundo, para lá. Então quer dizer que ela era adepta da ditadura, ela era fascista, por causa disso, essa é loucura, é? Você vê, dos adeptos do Getúlio, quando Getúlio morreu, o povo inteiro saiu na roupa a chorar. Aqueles caras eram fascistas? A maioria nem tem ideia, eles achavam que fascismo era aquilo que a gente tinha aí do combate na Itália, não aqui. Então você vê que o uso desses termos, o uso totalmente deslocado, a realidade, anula o valor descriptivo que esses termos possam ter, e os transforma em mero os instrumentos para bater na cabeça dos outros. É assim, é como quando você xinga a mãe do cara, filho disso, filho daquilo. Você não está se referindo à mãe dele, você não sabe a profissão da mãe, talvez ela nem tivesse profissão nenhuma, talvez fosse uma boa senhora, né? Então a coisa perde qualquer referência objetiva, conserva apenas o seu significado subjetivo. Melhor prova de que se trata de meros discursos ideológicos não se poderia exigir. Da minha parte, meus críticos políticos, e vocês são todos estimunhas disso, dividem-se entre a busca de conceitos descriptivos científicamente fundados, e a aplicação desses conceitos ao diagnóstico de situações concretas. Complementado, a exemplo pro agnóstico, que é o longo de mais de 20 anos, jamais deixaram-se cumprir. Esse aqui é a prova de que eu estou lidando com o domínio objetivo das coisas. Eu não estou pregando nada, meu Deus do céu. Dessas duas partes, a primeira está documentada nas minhas apostilhas de aula, especialmente dos cursos que dê na Puque do Paraná, Curso de Teórias do Estado. A segunda, nos meus artigos de jornal. Os leitores destes últimos não têm acesso direto à fundamentação teórica que está nas apostilhas. Mas, se forem inteligentes, encontram neles indicações suficientes de que ela existe, de que não se trata de opiniões soltas no ar, mas como observam o Martin Pagnen, de ciência política no sentido distrito em que acompendiu seu mestre e amigo Eric Feugler. Ele disse literalmente isso, o lava é o único negativo que está fazendo ciência política no sentido que entendiu Feugler, como a descrição tipificadora de situações concretas nesta naquele país. Não há entre os mais insensados formadores de opinião deste país, jornalísticos ou universitários, um só que tem a capacidade requerida, já não digo para discutir esse material, mas para aprendê-lo como conjunto. A maior prova disso é o seguinte, quando você vê esses congresso do PT, reúne-lá os intelectuais do PT, eles meio atordoado com a pancada que levaram e tentando explicar, as explicações são tão rudimentares, tão bobocas. Apareceu uns direitos, dizer não, o povo está nos condenando, porque eles não sabem como era corrupto antigamente, se a gente falar da corrupção antiga, eles vão acordar e falar da corrupção antiga, você somar tudo que se roubou do que ele tem construção de Brasília, é, meixaria perto do que veio depois. Então vamos dizer, estão se apegando, a esperança boboca, de criança, eles não entendem o que aconteceu, levaram a pancada e não sabem de onde veio. Se você ler os meus artigos, está tudo explicado lá o que aconteceu. Então, se eu fosse um teórico petista, eu teria a salvação do partido aqui no bolso, eu falava, ah, problema é esse, o erro foi esse, eu fui fazer a corrigir isso, assim, assim, assim, eu sei, mas eles não sabem. Então você vê que coisa deplorável. Os senhores do projeto de poder se chamaram vítimas do seu próprio discurso legitimador. Exatamente, ele pega o discurso legitimador e acreditam nele. O discurso legitimador não é nem ideologia, é mera propaganda, e eles acreditam e tomam como premissa, como base teórica para explicar o que aconteceu. Mas isso é tão primitivo, é tão tosco, tão burro que dá a doda, a vontade de chorar. É idiota útil desse mesmo. É idiota útil desse próprio, é. Você vê, esse fenômeno é mais grave do que o assunto que eles estão discutindo. É mais grave do que o mensalão, o petrolão. É mais grave do que a desgraça do PT. Por que? Se a inteligência for embora, a proximidade de você resolver seus problemas é zero. Qualquer que seja o problema. Então, aqui ele pega um sujeito, ele está louco, desempregado, a mulher dele fugiu, o cachorro morreu, etc. Qual é o problema que você tem que resolver primeiro? A loucura, né? Agora no base eu contei, ela tem que resolver tudo para acertar a loucura depois. Começando pelo cachorro, identemente. Os leitores desses últimos não têm acesso a direta fundamentação teórica, mas encontram, não há, entrando mais insensados formadores do opinão desse país, um só que tem a capacidade da requerir, já não digo para discutir esse material, mas para aprendê-lo como conjunto. Descrevo aí as coisas como as vejo por meio de instrumentos científicos de observação. Esses instrumentos estão abundantemente descritos na apostila, problemáticos de metodos na ciência social, e no curso de teoria do Estado. Descrevo aí as coisas como as vejo por meio de instrumentos científicos de observação. Pouco me importando se vou dar a impressão de ser democrata, fascista, socialista, neocon, sionista, católico tradicionalista, gnoto como um sumano. Tanto que já foi chamado de todas essas coisas. O que por si só já demonstra que os rotuladores não estão interessados em diagnóstico de realidade, mas apenas em inventar, naquilo que leia, o perfil oculto do amigo ou do inimigo, para saber se na luta ideológica deve louvá-lo ou achar encalhável. Então, em suma, é, eu gosto ou não gosto do fulaninho? Não passa disso. A variedade mesmo das ideologias que me atribuem é a prova cabalda que não subscrevo nenhuma delas. Porque isso tem sujeito de tentar. Não, ele é neocon. Daqui a pouco ele encontra uma coisa aqui, contradiz o neocon. Ah, ele é muçulmano. Daqui a pouco ele encontra um diz muçulmano. Ele é católico tradicionalista, é genoniano. Daqui a pouco ele encontra um diz aqui. Então, eu falo, não dá, não dá. Eu não estou cabendo nenhuma dessas, porque eu estou falando um outro plano que não se reduz a esse tipo de catalogação. Mais falo numa clave, que o recompreensão escapa ao estréio de horizonte, conhecendo os ideólogos que hoje os culpam o espaço inteiro da mídia e das cacas universitárias, quando são ideólogos. Já no sanomíquio são propagandistas e cabos eleitorais apenas. Suas reações estéricas e odiantas, suas poses fingidas de superioridade olímpica, sua invencionista e marisoza e poeirio, seus afagos teatrais de condescendência paternalista, entre meadas de insinuações pérfidas, são os sintomas vivos de uma ineptia coletiva monstruosa como jamais se viu antes em qualquer época na ação. E este é o problema maior do Brasil. Não é o petrolão, não é o mensualão, não é petrobrás, não é as forças armadas, não é sequer a segurança pública. E este é o problema. Nós não temos uma camada intelectual capaz de discutir os problemas com seriedade. O que nesse país se chama de debate político é de uma miséria intelectual indescritível, que por si só já fornece a explicação suficiente do fracasso nacional em todos os domínios, economia, segurança pública, justiça, educação, saúde, relações internacionais, etc. Digo isso porque a intelectualidade falante demarca a envergadura e a altitude máximas da consciência de um povo. E não é assim. Sua incapacidade, sua baixa, que vem documentando desde os tempos do imbecil coletivo, 1996, mas que desde essa época vieram saltando, alarmante ou calamitoso, daí o catastrófico e o infernal refletem-se na degradação mental e moral da população inteira. De todos os bens humanos, a inteligência, e inteligência, não quer dizer se não consciência, não quer dizer se vai ficar tão burga, nem sabe mais o que é inteligência, se distingue dos demais por um traço distintivo peculiar, quanto mais a perdemos menos damos pela sua falta, quanto mais burro o sureito fica, mais inteligente a se acha, é o efeito Duning-Klugger. Aí as mais óbvias conexões de causa e efeito se tornam um mistério inacessível, um segredo esotérico impensável. A conduta de encontrado absurdo torna-se então a norma geral. Eu reproduzo aqui um post que eu tenho coloquei no Facebook. Durante 40 anos, os brasileiros deixaram, sem reclamar, que seu país se transformasse no maior consumidor de drogas da América Latina. Deixaram que suas escolas se tornassem centrais de propaganda comunista e bordéis para crianças. Deixaram sem reclamar que sua cultura superoufas substituída pelo Império de Farsante Sememalphabetos. Deixaram sem reclamar que sua religião tradicional se prostituísse no leite do comunismo e correram para buscar abrigo fictício em seu degreja improvisadas, onde se vendiam falsos milagres por alto preço. Queres uma prova de burrice? É isso. Deixaram que seus irmãos fossem assassinados em quantidades cada vez maiores, até que toda a nação tivesse medo de sair às ruas e começasse a aprisionar-se a si próprio, atrás de grados impotentes para protegê-la. Deixaram sem reclamar que o governo tomasse as suas armas e até se apressaram em entregá-las, largando suas famílias desprotegidas, para mostrar o quanto eram bonsinhos obedientes. Depois de tudo isso, descobriram que os políticos estavam desviando verbos do Estado e aí explodiram num grito irrevolta. Não, no nosso rico e santo dinheirinho ninguém mexe. Foi isso que aconteceu? O gigante acordou. O gigante acordou. Robaram meu diga. A rebelião popular contra os comuns laráfeos não nasce em nenhuma indignação moral legítima, mas emana da mesma mentalidade dinheirista que inspira os corruptos mais cínicos. Não só o dinheiro é o valor mais alto, talvez o único, mas tudo parece inspirar-se na regra. Eu também quero se não eu conto para todo mundo. É óbvio que se essa mentalidade não prevalecer no nosso meio social, jamais a corrupção teria chegado aos níveis extratosféricos que alcançou como ensalão, petrolão, etc. O ódio ao mal não é sinal de bondade e honradez. Faz parte da dialética do mal odiar-se a si mesmo, mover guerra a si mesmo e proliferar por sisiparidade. Se você pega a história do comunismo, por exemplo, pega a história do nazismo. Como é que o Hitler afirmou o seu poder em primeiro lugar, matando uma facção do seu próprio partido? Matou todo mundo? Pegou os caras uma noite e matou todos? Como é que é o conhecimento do comunismo? Quem matou mais comunista do que os comunistas? Ninguém. Você pega a história das máfias? Como é que as máfias crescem? Leu o livro Honor thy Father, que é a história da família Bonanno. É só traição e morticina interna o tempo todo, e mata muito mais mafios do que gente de fora. O mais significativo de tudo é que o fenômeno de teratologia moral tão patente, tão visível e tão escandaloso não mereça sequer um comentáriozinho num jornal. Você nunca vê ninguém falando dessas coisas. Quando deveria ser matéria de mil estudos sociológicos? Querem mais a prova de que os luminários da mídia dos universidades não tem o menor interesse em conhecer a realidade, mas somente em promover suas malditas agendas ideológicas? Qualquer que seja. Conservador, liberal, comunista, socialista, islâmica, qualquer porcaria. Bom, muito bem, eu vou parar por aqui e vou fazer um intervalo, e vou fazer um intervalo, daqui a pouco nós voltamos com as perguntas. É o seguinte, ou os ataques de hackers aí a par na subseminar, e os administradores tiveram que tomar algumas providências para bloquear essas coisas. E uma dessas providências teve como efeito o seguinte, se você colocar três vezes uma senha errada, você ficará bloqueado por uma hora, só vai poder entrar uma hora depois. Então por favor anotem as suas senhas para evitar esse erro, senão você pode perder uma hora de aula. Tá bom? Ok, daqui a pouco voltamos.