Bom, vamos lá, boa noite a todos e bem-vindos. Hoje eu queria comentar aqui vários tópicos mais ou menos separados. O primeiro dos quais é um documento do Partido Comunista Brasileiro, que foi recentemente divulgado. Embora o documento seja de 2011, ele só está sendo divulgado pela internet agora, sobretudo com o extrato do livro, memória do empresário Mário Garnelo, contando das relações secretas ou discretas do Lula com alto empresariado, banqueiros, etc., etc., desde o início da sua carreira. É muito importante na interpretação desse fenômeno. Vocês tenem em mente que o discurso padronizado comunista oferece sempre uma visão baseada na teoria da luta de classes. E nessa teoria, o proletariado e a burguesia são inimigos inconsiliáveis e não existe uma interface entre os dois. Ou você está no lado ou você está do lado. E é claro que essa visão, justamente por ser estereotipada, é que adquire mais verossimilhança. Então, por exemplo, quando se diz que tal o que o empresário, o bilionário, está colaborando com o movimento comunista, imediatamente isso soa como uma coisa inverossímil, porque ele estaria indo contra o seu interesse de classes. E, do mesmo modo, qualquer líder comunista que tenha relações mais ou menos íntimas com capitalistas e banqueiros, pode ser facilmente rotulado como um traidor, nos instantes em que seja preciso limpar a imagem do movimento. Acontecem que essa imagem estereotipada é apenas isso, é um estereótipo. Na verdade, é absolutamente impossível que haja uma política proletária separada de uma política burguesa. Isso aí não existe. Em primeiro lugar, se um governo comunista toma o poder num país, ele vai ter que negociar com capitalistas, banqueiros de outros países. E vai ter que haver algum tipo de acordo baseado em interesses mutos. E a coisa pode assumir um contorno enormemente complexo. Portanto, você tem duas versões da história. Uma é a versão estereotipada mecânica repetitiva, que funciona apenas para o efeito retórico e propaganda, mas funciona efetivamente, ele tem um alto poder de personalização baseado na verossimiliança, na aparência. E do outro lado, o que a gente pode chamar microhistória, que é a história baseada não em grandes conceitos gerais, como os conceitos de burguesia e proletária, mas baseado no rastreamento das ações humanas reais. E quando você... evidentemente eu só acredito em microhistória. A história de lei gerar, a conversa de lei gerar, a história, essas grandes estruturas, tudo isso aí é especulação. É furado e tem, às vezes, um valor literário, retórico, ou também um valor mnemônico, para você guardar na memória é fácil, você pensar aquelas sucessivas formações sociais, que falam calmar, comunidade primitiva, escravismo, feudalismo, capitalismo e socialismo. Então você guarda isso, passa aí 20 milhêneos de história que você divide em cinco pedaços. E aí você acredita que você está tendo uma visão geral da coisa. Quando, na verdade, essa simples divisão em etapas, ela em si mesma é impossível, porque ela supõe, em primeiro lugar, uma unidade da história mundial. O próprio Trotsky assinala isso, quer dizer que as diferentes sociedades estão em diferentes etapas, diferentes níveis do seu desenvolvimento, de maneira que não há um esquema da história mundial. Há vários esquemas distintos das várias histórias locais. Ou seja, mesmo que você aceitasse essa teoria marxista das cinco etapas, ainda assim o que está se passando um país não corresponderia ao que está no outro. Isso aí complica bastante, você teria que fazer uma grade muito mais rica e variada. Mas essas cinco etapas também não existem. Em primeiro lugar, porque quando você investiga, você abandona esses grandes planos gerais e vai investigar como recomendava o Leopold von Röck, como as coisas efetivamente se passaram, a primeira coisa que você vai notar é que os primeiros capitalistas foram os senhores feudais. Na Idade Média eles começaram a indústria de construção civil e aos poucos, alguns deles se tornaram tão ricos nessa atividade que as suas propriedades rurais deixaram de ter a importância que tinham e gradativamente o processo de substituição da riqueza fundial para a riqueza financeira. Se dizer rola dentro da própria classe feudal, não é que houve uma outra classe que subiu e tomou poder. Além do mais, existiam indivíduos que se dedicavam à atividade financeira e tinham na riqueza financeira sua principal base de sustentação que era no judeus. Mas desde quando o judeus foi uma classe social, e segundo lugar, o judeus não fazia parte de nenhuma estrutura social porque estavam permanentemente se removendo daqui para lá. Então eles são um fator que entra fora da máquina. Então você tem os famosos banqueiros judeus quase impréscimos ao rei, impréscimos ao papa, etc. Então eles são um fator efetivo, mas eles não fazem parte da estrutura de nenhuma sociedade em particular. Isso é um elemento importante. Claro que eles podem às vezes se estabilizar em alguns lugares, como na Holanda, por exemplo. E não deixa de ser estranho que justamente ali onde eles se estabilizaram, permaneceram a longo tempo e enriqueceram muito ali, a monarquia já mais caiu. Então, que história é essa de que a burguesia tomou o lugar da aristocracia? Isso nunca aconteceu. Em segundo lugar, se você observar para o caso Modelaire, que é a França, se você examinar a composição dos acionistas dos grandes corporações, então tudo com desmarquezes, príncipes, etc. Ou seja, eles talvez tenham mudado o fundamento da sua riqueza, mas ainda é a mesma aristocracia. Eu acho que qualquer senhor feudal teria que ser muito burro para ele percebendo a maior mobilidade e eficácia da riqueza financeira, e insistir em continuar mantendo o seu poder assentado na posta da terra, seria uma bobagem, quer dizer, a própria terra era evidentemente o principal dos capitais. Então, para transformar a riqueza financeira era uma coisa que não era muito difícil. Então, esta coisa de você analisar a sociedade como se fosse, uma luta entre proletários e burgueses, ela tem um certo impacto persuasivo, principalmente por ser simples, esquemática, e não precisa pensar muito. E porque é fácil você visualizar, você vê aqui um cara com macacão, uma chave inglesa na mão, e do outro lado você vê um homem de fraque cartola com os bolsos cheios de dinheiro, até visualmente, isto é fácil de você captar. Mas isso jamais corresponde à realidade. E, vamos dizer, a própria diferença entre a versão estereotipada e a versão real é um dos elementos fundamentais da estratégia comunista em toda parte, jogar com estas duas coisas. Então, nós podemos sempre nos aliar aos capitalistas, ou receber ajuda dos capitalistas e ao mesmo tempo continuar sendo oficialmente os inimigos dos capitalistas. Então, é por isso que os comunistas sempre ajudaram o Lula a subir por todos os meios, e na hora que a coisa começa a ferder por lá do Lula, eles, evidentemente, querem se limpar nele, como eu já escrevi, em 2004 já disse que isso ia acontecer, no artigo Rodício de Santidades, eu disse que vocês podem aguardar que a hora que a coisa começar a ferder por lá do PT, vão aparecer os partidos de esquela, dizendo que o PT os traiu, que o PT se hamburguesou, etc., etc., e que agora eles aqui estão com a corda toda, eles que representam a pureza do movimento repulsionário, etc. Isso é absolutamente inevitável, porque isto é repetitivo, isso está acontecendo em vários lugares. Mas, vocês viram que, já na década 30, o Stalin aconselhava o Partido Comunista Americano, esqueceu o proletarado, não liga proletarado, nunca vai ter uma revolução proletar nos Estados Unidos, eles estão muito gordos, muito cheios de dinheiro, eles vivem muito bem, além disso são tudo protestantes, moralistas, não vão querer saber da nossa conversa, então, vocês têm que pegar, são os capitalistas e o Beautiful People, para arrumar, o que? Duas coisas, primeiro, dinheiro, segundo, o apoio em momentos que sejam decisivos para a política externa soviética, então, você vai precisar de companheiros de viagem colocados nos altos postos, e que sem jamais abrir a boca para fazer propaganda comunista, ao contrário, posando até de pessoas conservadoras ou liberais, ou como queiram, nos momentos decisivos, apoiar aqueles empreendimentos nos quais nós necessitamos de apoio. E esta coisa funcionou nos Estados Unidos muito mais do que qualquer militância proletária que houvesse no mundo, então quer dizer que a estratégia inversa de você se dirigir à classe que nominalmente é sua inimiga, em vez de dirigir à classe que nominalmente é sua amiga, funcionou muito mais do que a educação dos proletários para a revolução, em qualquer lugar do mundo. Então, é também importante você observar que uma revolução proletária jamais aconteceu, em parte alguma. Na Rússia, o que aconteceu foi evidentemente um golpe militar, e depois o comunismo se expande na Europa Oriental através da ocupação pelo exército soviético, a Hungria, a Polônia, a Czechos, a Slovakia, a Romênia, etc. Foi tudo que foi assim. Se você procurar, por exemplo, na revolução cubana, falar com Deus proletário, ele não tem proletário nenhum, o que tem foi que os Estados Unidos decidiram se livrar do antigo ditado do Batista, que está roubando muito, e mandar o Batista sair e abrir a vaga e chamar o Fidel Castro. Pode ir lá, pode ir para a Vânia Assume, que é de os americanos que botaram o Fidel Castro no poder. Então, é mais um sinal de como a coisa funcionou nos Estados Unidos. Eu recomendo muito o livro da Diana West, American Betrayal, traição americana, para vocês fazerem a ideia de até que ponto essa estratégia do Stalin foi acertada, e como ela funcionou. Então, hoje, por exemplo, nós sabendo que o governo Russo estava superlotado, superlotado de agentes da KGB, nos mais altos postos, quer dizer, o Russo estava cercado dessa gente. E, evidentemente, ele não podendo ter acesso direto a todas as informações, ele dependia do que os seus acessores diziam, e os acessores, evidentemente, eles gerenciavam o fluxo de informações que chegava ao presidente, sobretudo nos anos finais, quando o homem estava doente em Gagá, quer dizer, dormia no meio das reuniões em Alta. Então, era um jeito altíssimamente manipulável e que, pessoalmente, também, era bastante simpático à União Soviética. Embora a gente simpava, que talvez não tivesse chegado aos exageros que chegou, se ele tivesse em condição mental, entendeu o que estava acontecendo. Só para vocês fazerem uma ideia, um dos episódios contados pela Daiana Oeste, é que desde 1942 houve várias ofertas de oficiais do alto comando alemão para derrubar o governo Hitler e oferecer uma rendição da Alemanha com a condição de que os Estados Unidos não deixasse a Russo entrar. Desde 1942, e ali você tinha o próprio chefe do serviço secreto alemão, o Almirante Canares, ele era o líder da conspiração. Então, quando fala de conspiração anti-Hitler, da resistência anti-Hitler na Alemanha, a imagem que logo apareceu era daqueles que comprou do general Staufenberg, que botou a bomba embaixo da mesa do Hitler, a bomba estourou dois minutos antes ou dois minutos depois e o Hitler escapou. Mas na verdade, essa conspiração de Staufenberg era uma gota da Daiana Oeste, que teve uma coisa imensa, um movimento de resistência imensamente maior, espalhado por todo o alto comando exército, de modo que não havia grande dificuldade para essa gente em ver o baú Hitler, do qual eles não gostavam desde o início. E essas ofertas vieram por vários canais, o próprio Almirante Canares tentou um contato, vários outros tentaram um contato, tinha um barão judão que morava na Turquia, bilionário, e que estava se oferecendo para subsidiar a coisa toda, eles também tentou um contato com o Rousseau e sem exceção, todas as mensagens que esse pessoal enviou ao Rousseau jamais foram respondidas. E mais ou menos ao mesmo tempo, estava em discussão no alto governo americano uma proposta de exigir da Alemanha uma rendição incondicional. A rendição incondicional implicava a seguinte coisa, em primeiro lugar, ela estimulava os alemães a resistir na guerra, a prolongar a guerra, já que nós vamos ter que entregar tudo, então vamos voltar até o fim, morrer todo mundo, acho que como de fato aconteceu. E em segundo lugar, a rendição incondicional era uma invenção da União Soviética, porque a União Soviética já tinha o plano de ocupar a Alemanha e ocupar os países que cercavam a Alemanha pelo lado oriental, como de fato vieram a fazer. Então, a essa altura, que é isso, 1942, propostas de uma derrubada do Hitler e de uma rendição com uma única condição atrapalhava, evidentemente, o projeto da rendição incondicional, que era justamente favorável à União Soviética. E essas mensagens nunca foram respondidas. Ora, por que não foram respondidas? Muito oramento não foram nem lidas pelo ruso, porque o portador delas sempre foi um funcionário, o Lodzling Curring, o autofuncionário acessor próximo do ruso, ou qual era reconhecidamente hoje um agente da KGB. Então, para você ter a ideia, a maneira da força da influência da KGB nas decisões de política internacional do governo americano, que não foi só naquela época, essa gente não desapareceu, eles continuam aí até hoje. Hoje você tem mais agentes russos nos Estados Unidos do que no tempo da Guerra Fria. Então, também a imagem que a propaganda soviética pinta dos Estados Unidos como sendo arque inimigo deles, o imperialismo americano, é sempre a luta, aquela divisão nítida de um lado, a grande república proletária, do outro lado, o demônio imperialista americano que vive tentando atacar e derrubar o governo soviético, é essa imagem contrasta de maneira patética com o fato de que a própria KGB estava dirigindo a política internacional americana. Eu dizer isso, KGB estava dirigindo a política internacional, não é uma força de expressão, é um fato, é só ler o livro da Diana West. Você imagina o horror que esse livro despertou aqui nos Estados Unidos, mesmo entre pessoas conservadoras, porque era uma coisa terrívelmente desmoralizante. É a mesma coisa que dizia, vocês todos em cima, vocês são apenas uns bonecos na mão da KGB, ela que manda, vocês não são absolutamente nada e não vêem o quanto avantar da queda do Comunito, o Comunito caiu porque era economicamente inviável e não porque você fizeram alguma coisa contra ele. Eu diria quando era um moleque adolescente, eu li um livro a Albert Sayes e M. K. Khan, chamado A Grande Conspiração, publicado pelo editor brasileiro e exceditor comunista, que contava, vamos dizer, do ataque das potências imperialistas à recém-nascida República Soviética. Então fala lá de agentes que penetravam e etc. E hoje a gente sabe que nada disso aconteceu. As potências de detalhes simplesmente deixaram o povo ruso na mão entregue aos comunistas. Houve exatamente o contrário, houve ajuda. A República Soviética não teria chegado a poder existir se não fosse ajuda americana. Ao passo que a resistência popular contra o Comunista Quara, enorme, mais rica, de onde presente, foi deixada na mão e evidentemente perdeu a guerra por falta de dinheiro. Então isso também é comentado com detalhes no Livrinho do Sojanitzi, que na França foi publicado o l'erreur de l'Occident, o erro do Ocidente. Eu não sei como foi publicado em outras línguas, mas é fácil identificar o mesmo, por trás de mudanças de títulos. Onde ele diz o seguinte, ele diz que a resistência entre o comunista na Rússia era eminentemente nacionalista, pegadas tradições nacionais, a religião ortodoxa, etc. E o comunismo vinha com a mensagem de que o nacionalista, considerando, nas palavras dele, os nacionalismos o pior inimigo da revolução proetária. Mais tarde, quando vem a guerra, o Stalin percebe que não será possível mobilizar as massas na base do puro discurso comunista. Ele diz que não vai pegar ninguém vai querer morrer pelo socialismo. Então, nós vamos ter que adotar aqui um discurso patriótico nacionalista, grande mãe russa, então ele pega todo aquele vocabulário do nacionalismo russo, que o próprio comunista haviam tentado esmagar, aliás, esmagado mesmo, durante a revolução e a guerra civil, e começa a usar tudo isso como fermento da propaganda soviética. Os interpretes ocidentais, os chamados sovietólogos, sobretudo mais sovietólogos, acadêmicos, jornalistas, etc. entenderam que o Stalin era realmente um nacionalista russo, e começaram a combater sobretudo o nacionalismo russo, e aparece um traço estilístico muito típico de toda o discurso americano, que assim, quando é para falar de algo bom que vem da Rússia, eles falam, por exemplo, o balê soviético, a arte soviética, as grandes conquistas da tecnologia soviética, e quando é para falar do lado ruim, fazer falar, os tanques russos invadiram a Hungria, o imperialismo russo, etc. O russo ficou a imagem do maligno, e o soviético é aquilo que não é tão maligno assim. Quando, na verdade, os nacionalistas tinham sido esmagados pelos comunistas, foram as grandes vítimas do processo, e quando hoje você vê essa retomada do nacionalismo russo pelo Putin, eu acho que essa retomada é autêntica, que ela é real, porque o Putin não é comunista de maneira alguma, eu acho que ele é um patriota russo, um verdadeiro imperialista russo, com pretensão de ser o Tsar. Esse reaproveitamento que ele está fazendo das<|pt|><|transcribe|> das tradições russas, o negócio de beatificar o último Tsar, etc. Eu acho que tudo isso é verdadeiro, eles perceberam que o negócio comunista não vai mesmo, mas ao mesmo tempo, não pode dar o braço a torcer, e não pode dar o braço a torcer. mega projeto euroziano. Então o nacionalismo russo foi a grande vítima do comunismo e depois foi usado só como instrumento retorgo pelo próprio comunismo, como observa o Stara não podia ser o nacionalista porque o nacionalista não permitiria o desperdício de vidas que foi a guerra com a Alemanha. Você sabe que no combate morria 20 russos para cada alemão, quer dizer, para matar um alemão precisava 20 russos. E sem contar, dizer, o número imenso de soldados que foram mortos pelos seus comandantes ou sargentos, quando fugiam eles eram executados na hora, não tinha curto marcial, nem coisa nenhuma. Então o nacionalista jamais permitiria esse desperdício de vidas do seu próprio povo. Então, quando você vê essa força da influência soviética sobre o governo rússil e não houve nenhum equivalente do livro da Daiana West para os governos subsequentes, mas tenho certeza que qualquer investigação nesse sentido vai render muitas descobertas importantes, você vê que se você fizer a pergunta onde a estratégia comunista deu mais certo no mundo, nos Estados Unidos, e foi uma estratégia baseada não na teoria marxista, na teoria da luz de classe, mas no simples aproveitamento dos companheiros de viagem e da escravização mental da elite intelectual e da elite financeira. O movimento comunista progride na base da desmoralização da sua própria teoria. Ele só progride onde ele faz o contrário do que a teoria recomenda. Anunciei alguns pontos onde essa teoria é, por assim dizer, insuperável e nos pontos onde a própria propaganda comunista não coincide com a teoria. Então, por exemplo, quando Karl Marx diz que a estatização dos meios de produção deve ser um processo lento e complexo, ele deve esperar o total desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo, e que, portanto, isso pode levar décadas ou séculos, diz ele, a expressão é dele, ou séculos. Então, basta este parágrafo de Marx pra ver que a fronteira nítida entre os proletários e os burgueses não pode existir de maneira alguma, e dizer, enquanto você está no governo, quer dizer, o Partido Comunista está no poder, mas ele tem de esperar que as forças produtivas do capitalismo se desenvolva, então ele vai ter de fomentar o capitalismo, evidentemente. Então, isso foi o que aconteceu em toda a parte, quer dizer, você fomenta o capitalismo ao mesmo tempo onde você tira dos capitalistas os meios de atuação política. Quer dizer, eles conservam a propriedade dos meios de produção, eles ganham dinheiro, etc. E vai você vai tirando os meios de ação política dele, passando para o Partido Comunista, o qual, então, os administra, por assim dizer. Então, você tem uma fase longa, que diz Karl Marx, pode levar séculos, onde os interesses do governo comunista e do capitalista estão, por assim dizer, mesclados, devendo a situação evoluíva, tendo um progessivo adrenagem do poder capitalista para o Partido Comunista. Então, neste ponto a teoria está certa. E a prática também, porque é exatamente isso que eles fazem. É certo. Sobretudo na escala internacional. Então, mais evidente que neste ponto, então, a teoria é desmentida pela propaganda, que por sua vez é desmentida pela prática. E esta confusão favorece o desenvolvimento, o crescimento do movimento comunista, na base de jogar bastante lama na água, para que ninguém entenda o que está acontecendo, só você entende. Então, este processo, ele não é confuso, ele é confusionista. Porque se eu estou podendo explicar isto aqui para vocês, vocês imaginam quantos caras no Comitês Central da União Soviética não eram capazes de explicar isto aqui para os outros, o próprio Stalin explicava e fazia isso, sem jamais se confundir. Eu sabe a única confusão que Stalin fez, foi não prever que a Alemanha invadiu a não-soviética. Mas ele não preveu por que? Porque ele estava pronto para a não-soviética invadir a Alemanha. Ele contava que ia ser uma guerra ofensiva e não defensiva. Então, você vê aqui, em uma guerra ofensiva, por exemplo, você tem que usar armas de tipo estratégico, grandes bombardeiros que vão atacar as bases militares, as instalações industriais, etc. Isso é uma longa distância. Mas para que servem essas armas em uma guerra defensiva, onde você tem que lutar por cada metro quadrado? Não serve para absolutamente nada. O que Stalin teve é que trocaram o seu armamento às pressas. Hoje, no livro do Hans Joachim, mais do que provado que Stalin estava pronto para invadir, ele achava que ele ia ser o primeiro, que ele invadi a Alemanha, no momento em que isso lhe conviesse. Então, a fronteira, ali, estava repleta de armas soviéticas, prontinhas para uma guerra ofensiva. De repente, vira uma guerra defensiva para quando não tinha as armas, e que ele só conseguiu obter as armas com um dinheiro americano, de repente. Um dinheiro americano que foi dado, não foi emprestado. A nosioéctrica jamais devolveu? Nem ninguém esperava que devolvesse. Então, é muito importante que na área dessas coisas, você siga uma seguinte regra. Você só pode explicar um fenômeno por causas anônimas e impessoais, ou seja, por grandes conceitos abrangentes, como as classes sociais, por exemplo, se não houver uma sequência de ações humanas, individuais e bem caracterizadas, que expliquem as ações. Se você não sabe quem fez, está certo? Então, você pode achar que foi um fator impessoal anônimo, um fator sociológico, etc. Mas, em geral, a explicação sociológica serve para encobrir as ações individuais e vender no lugar da narrativa dessas ações individuais particulares e concretas um esquemão explicativo de ordem retórica como o negócio da luta de classes. Então, no Brasil, o que aconteceu foi um processo muito similar, que está sendo nesse sentido ao da Rússia, onde um grupo, evidentemente, comunista, que já expliquei mil vezes que o jeito de ser comunista não é uma questão de convicção íntima, que é uma questão de compromissos políticos assumidos, porque o jeito creio não creia pouco interesse. O que ele está obrigado a fazer pelos compromissos que assumiu e pelos amigos que o cercam, um grupo comunista assume o poder numa situação de capitalismo incipiente que precisa ser desenvolvido por toda a lei. Então, é claro que esse governo vai fomentar o crescimento capitalista, ao mesmo tempo em que destitui a burguesia dos seus meios de ação. Então, as pessoas dizem, ah, no tempo do governo Lula, os banqueiros ganharam, não sei quantos bilhões de enriqueceram, é verdade isso aí. Só que é o seguinte, me mostra um partido que defende os interesses da burguesia. Esse partido não existe. Você não tem um partido conservador, não tem sequer um partido libero, não tem nada. Você só tem os partidos de esquerda e em duas eleições, todos os candidatos foram de esquerda. Então, está na cara que a burguesia está enriquecendo e de certo modo ela controla o curso da economia. Mas, politicamente, está castrada. Não tendo outro remédio, se não entrar em boas relações com esse grupo comunista, frequentemente se embriagando na convicção de que esses comunistas não são mais comunistas, eles mudaram, se adaptaram ao capitalismo, o capitalismo acabou, Lula mudou, etc. A capacidade de autoilusão que os burgueses têm é um negócio absolutamente ilimitado. É certo? Eu não vou saber identificar agora a sua cabeça. De uma reunião interna do PT, algum... Alguém ali filmou, verde e dentro, e eles estavam com a seguinte estratégia. Você não pode denominar o burgues, o capitalista, como burgues, capitalista, porque pega a mão. Então, como neoliberal. Então, agora é um neoliberal, é um enteabstrato. É um enteabstrato. Inclusive, escrevi um artigo, depois que eles tinham trocado o nome do demônio, não era mais a burguesia, não era mais o capitalista, era o neoliberalismo, eu escrevi um artigo chamado Longe de Berlim fora do mundo, na revista Êpoca, em que eu disse, entorra, teve uma reunião do G7, que era o templo do neoliberalismo, portanto, o demônio encarnado, mas os dirigentes das sete nações que estavam ali reunidas eram todos os gente da esquerda. Então, é claro que... o... o que é que é o neoliberalismo? É a política de fomento ao capitalismo, dirigida pelos próprios comunistas, tá certo? E que tem cada vez menos impressão política, de que por isso mesmo pode ser demonizado à vontade, porque o neoliberalismo não tem defensores. Se você for defender o neoliberalismo, você tá falando no vazio, tá certo? Então, dizer, o neoliberalismo é um truque verbal, apenas, não é outra coisa, tá certo? Então, você precisa fingir que você está combatendo a burguesia, que você está praticando a luta de classes, quando você... Ah, está ao mesmo tempo combatendo e fomentando, está combatendo politicamente, mas está fomentando na área econômica. De fato, não que os banqueiros ganharam tanto dinheiro quanto no governo Lula e Dilma, né? Então, aquela famosa regra do Lêned, que a burguesia nos venderá a corda, quando ela vai ser enforcada, isso é literal. Quer dizer, você dá dois tuftões para o burgues e ele fica tudo contentinho, tá certo? E, como o burgues não tem condição de exercício direto do poder político, isso é importante, vou voltar isso daqui a pouco, aquilo que você vai tomando dele, ele não percebe que está perdendo. Se você pensar assim, quantos grão capitalistas você tem, por exemplo, no Congresso, nos governos estaduais ou nas prefeituras municipais, é um número ínfimo. Quer dizer, é absolutamente impossível um neguinho dirigir um Império Econômico, que ao mesmo tempo está fazendo uma carreira política, só se for um gênio fora do comum, que nem o Donald Trump. Mas, note bem, o Donald Trump só entrou na política agora, depois do Império Construído, quando ele está com 60, então, dos anos. Então, quer dizer, o burgues se faz representar por algumas pessoas. Quem são as pessoas? São intelectuais, evidentemente. E, em que medida o intelectual é fiel aos interesses da burguesia? Ele nada o obriga a ser. Ele pode meter mil ideias na cabeça do burgues, o burgues em geral não é uma pessoa que tem a cultura necessária, de vez em quando aparece, compreendo para essa dona do Banco Itaú, que diz, eu sou formado e sou sociologia pela Úsbia, de questão até estádia que você não entende nada. Então, esse pessoal é, de fato, ele é de uma cultura política terrível. O Fernando Henrique é um ítolo empresarial. Sim, o Fernando Henrique é um ítolo, exatamente. E o Fernando Henrique, ele mesmo, reconhece como o maior estrategista grampigiano da América Latina. E até certo ponto, é, não é isso? E o Fernando Henrique foi o jeito que começou esse negócio de você fomentar o capitalismo ao mesmo tempo, tirar da burguesia os instrumentos de ação política. Então, durante a maior parte do tempo, o que você vai ver é uma mescla dos dois poderes. E uma intimidade, uma promiscuidade entre as forças comunistas e os capitalistas. Isso é a realidade do processo. E tem que ser assim, não ver como poderia deixar de ser assim. Só poderia deixar de ser assim, se fosse assim um passo de mágica. Você tomou o poder, pronto. Agora aqui, o comunismo acabou o capitalismo. Fala, bom, acabou como? Como é que você faz para você acabar o capitalismo? Bom, então, em primeiro lugar, você precisa, e em cada empresa capitalista, tirar o dono dela e botar um secretário político lá no lugar. Você pensa que quanto tempo leva a você fazer isso? Nas 10, 20, 30 anos, né? E, além disso, existem, nesse percurso, existem muitas resistências que não provêm dos capitalistas. Que vem, por exemplo, de pessoas religiosas, ou de militares, vai ser ou dentro das próprias universidades, vai ter que acabar com toda essa gente que não tem nada a ver com o capitalismo, e que são, em geral, as vítimas da Revolução Comunista. São colhidas sobretudo aí e não entre os capitalistas. Capitalistas sobrevivem. Então, tudo isso é para lembrar para vocês algumas dicas que estão na minha postilas problemas de métropes nas ciências sociais, ou ciências humanas. É isso. Onde a coisa básica é você distinguir quais são os fatores que são realmente impessoais, que resultam frequentemente de ações pessoais anteriores consolidadas pelo tempo, por exemplo, uma lei que está em vigor há muito tempo. Bom, ela é um fator impessoal, evidentemente, mas ela não surgiu do nada. Alguém que religiu a lei e alguém convenceu os outros a votá-la. Então, foi uma ação concreta de indivíduos humanos que, por decorso de tempo, se consolida num fator aparentemente anônimo que pesa sobre a sociedade, naquele sentido que dizia o Porteia e a C, que a sociedade humana é a sociedade, é o humano mineralizado. Quer dizer, aquilo que se tornou, vamos dizer, roteineiro, sem autor, anônimo, impessoal, que está pesando sobre nós. E que era justamente aquilo que Emilio de Orcaim definia como fato social. O fato social é aquilo que não tem autor, que não corresponde a nenhuma ação humana definida, mas que pesa sobre todos sem que ninguém possa atribuir isso a uma autoridade, a um agente. Isso que o Orcaim definia como fato social. Bom, é o fato social no sentido de Orcaim, não existe, evidentemente, porém, ele nunca surge sozinho. E todo o segredo da coisa consiste em você saber articular quais são as ações que estão em curso real, dentro de um quadro de fatos sociais anteriores, os quais, por isso, averem remontam a ações humanas anteriores. Não existe outro método para você entender o que suceder em história. E se as pessoas no Brasil, vamos dizer, sociólogos, economistas, cientistas políticos, analistas de mídia, etc., etc., erram em 100% das suas previsões, é simplesmente porque eles não sabem, eles desconhecem esse método. E toda a formação que tiveram foi, você segue no Brasil, esse ensino social no Brasil só tem dois autores, tem três, na verdade, é Karl Marx, Dior Kahn, e Weber. Isso aí é tudo o que eles conhecem. E isso que é o mais incrível, nas cenas sociais existe pouco em esse meio de história. Quer dizer, o treino histórico de um economista, de um cientista político, é pífio. Então, se você desconhece essa história, você não sabe como os fatores se formaram, então você vai lidar com esses grandes conceitos abrangentes, como se fossem entidades reais, quer dizer, uma espécie de personificação de forças anônimas, e você vai se enganar sempre. Então, isso então nos sugere, vamos dizer, um segundo tema desta aula, que é o que é um método. Por outro dia, um sujeito me perguntou assim, alguém ali no Facebook, leu a dialética simbólica, aquele primeiro capítulo da dialética simbólica, que te leva esse mesmo nome. Onde eu falo de uma sucessão de diferentes tipos de raciocínio, que vão do mais simples para o mais complexo, ele perguntou, mas para que serve esse método? Eu digo, esse não só é esse método, mas todo método serve para o seguinte, então você aprende-lo, memorizá-lo, guardá-lo, automatizar-lo e depois esquecê-lo, porque o método não é nada mais do que uma ferramenta heurística. O método é uma série de puraquinhos, por onde você pode, de vez em quando, observar, aprender certos aspectos da realidade, o método só serve para isto. Então, o método é uma abertura de possibilidades de percepção. Então, não tem como você seguir rigidamente o método, está certo? O método é para te dar inspiração. O método é um gerador de intuições e, neste sentido, o método é um conjunto de símbolos. Porque, veja, um discurso sobre o método, qualquer que ele seja, ele é feito com alto nível de abstração, porque ele não se refere a nenhum fato concreto, ele só se refere a enlaces lógicos ou factoais que possam, possíveis. Tudo que consta no método é só um método possível, e não a realidade. Então, se ele está ampliando e organizando a esfera da sua possibilidade, o método é um recurso artístico. É só isto. E que deve ser usado para gerar intelectções no momento em que isto seja necessário, e em que, olhando os fatos sem você referi-los ao método, está certo? Aqueles preceitos metodolórios que você guardou lá no fundo da sua memória, automaticamente despertam a percepção de certas relações, de certas enlaces, de certas similaridades, etc. Qualquer que seja o caso. A compreensão dessas coisas é sempre de ordem narrativa, sempre e sem exceção, porque tudo quanto é humano transcorre no tempo. E tudo ali depende da continuidade de certas ações. As ações que não têm continuidade, elas abortam e você não ouve mais falar dela. Então, por que nós dizemos que compreender as coisas é pegar o fio da meada? O que é este fio da meada? É a sucessão de fato, a sucessão de ações, onde um sonheiro passa a bola, passa o outro, passa o outro, passa o outro. E as pessoas não têm muita capacidade para isso, porque elas não têm formação literária. Isso é básico. O que é a literatura de ficção? O que é sobretudo o romance, o conte, o novelo? São narrações. O que são narrações? São encadeamentos de ações, consequências que geram novas ações e assim por dentro. É sempre assim. Você imagina, se você pegar a literatura universal, dos grandes românticos que foram escritos, você imagina a quantidade de modelos narrativos que tem ali, quantidades de possibilidades diferentes de enlace. Por exemplo, o enlace entre uma paixão secreta que uma pessoa tem, e os aparentemente racionais que ela pratica depois apelando a outras identificativas de ordem racional. Então, isso é um tipo de enlace que aparece muitas vezes. As famosas afinidades eletivas, as simpatias e antipatias que você tem pelas várias pessoas, os fatores que a gente poderia chamar anancásticos, o peso da hereditariedade, que é tão bem explorado no emizolá, todo naturalismo, depois abandonado esse filão. O peso dos fatores angélicos e demoníacos, que aparecem, por exemplo, na literatura Os Noivos, no Romance de Os Noivos, no Alexandre Manzoni, ou no Romance do Bernoulli. Então, se você não tem uma grande formação literária, uma grande prática da literatura dessas narrativas, você simplesmente não é capaz de fazer os enlaces, quer dizer, o tempo que você ficou lá estudando estatística, seria melhor que você ler seu romance. Não é isso? Então, é por isso que eu insisto desde o início que a formação literária precede todas. É a primeira coisa que você tem de aprender. Você não vai pegar uma criancinha de três anos e ficar ensinando álgebra para ela. Também não vai ensinar a ler a Constituição Brasileira, ou ler os editorais da Folha de São Paulo. Mas você vai contar histórias para ela, não vai? Por que? Porque essas histórias vão organizar a inteligência dela e fazer ela perceber as conexões causais, os enlaces analógicos, a ligação entre uma ação e outra, assim por diante. E isso, eu digo, na compreensão do processo político e histórico, é o essencial. Então, a existência das ciências sociais pode ser até contestada. Você pode contestar que a sociologia seja uma ciência, ou que a economia seja uma ciência. Mas você não pode contestar que a história é uma ciência. Por que? Porque os métodos que ela tem de se documentar, a crítica de documentos, a articulação narrativa, isso é uma prática já millenar, meu Deus do céu, muito desenvolvida. Então, por exemplo, se você ler um monte de livros sobre as análises políticas por uma da Primeira Guerra Mundial, ou você ler o livro do Modris X-Tens, que é o Rights of Spring, o Riso da Primavera, você só entende depois que você leu o X-Tens, o resto você não entende, por que? Porque ele dá o encadeamento narrativo. Se vocês observarem tudo o que eu tenho feito em matéria de análise política, é sempre narrativo. Eu não estou apelando a conceitos abstratos. O Virol Sreets fez uma coisa aqui, daí resultou tal coisa que obrigou a fazer tal coisa, e assim por diante. Então, por outro lado, em história, quais são os métodos narrativos da história? São os mesmos da literatura, os historiadores não inventaram nenhum... Não existe nem uma única técnica narrativa que seja a Invenção Exclusiva do Historiador. Todas foram pegas prontas da literatura de imaginação. A literatura de imaginação são histórias possíveis. Quanto mais modelos de histórias possíveis você tiver na cabeça, mais facilmente os inlassas reais da situação efetiva aparecerão nítidos diante você. Então, se vocês comentarem como é que você conseguiu fazer tantas previsões certas, foi só por isso, foi a aplicação deste método. Eu não posso dizer a palavra aplicação, porque eu não estou conscientemente aplicando o método. De certo modo, eu incorporei o método na minha pessoa, ele se transforma em um conjunto de habilidades de percepção, que depois se exerce espontaneamente, como todo método que presta. É assim. É isso. O próprio método marxista, quer dizer, você partindo, por exemplo, do esquema de luta de classes, você pode adaptá-lo conforme as situações de uma maneira tão variada que ele se transforma no seu contrário sem deixar de ser ele mesmo. Por isso mesmo, você pode dizer, por exemplo, você pode negar que a política do Stalin correlação ao Partido Comunista Americano, quer dizer, esqueçam os proletários e cuidem dos capitalistas. Bom, ele parece o inverso da teoria marxista, mas ao mesmo tempo é a sua aplicação a uma situação concreta, quer dizer, o próprio método marxista, admite esse tipo de desenvolvimento, se o sujeito o absorver do jeito que eu estou dizendo, quer dizer, ele absorve, esquece e depois deixa a coisa funcionar sozinho. Então ele vai ter as intuições certas na hora certa. Agora, se você quiser seguir o manual passo a passo, não vai dar certo. Então, as claras mudam, as claras continuam? Exato, mudam as claras, mas as claras continuam. Então, qual é o único fator constante aí? É o personagem central, o Partido Comunista e o seu poder este. É o fator constante. O resto, tudo gira em volta. Quer dizer, nós podemos hoje estar nos dirigindo aos proletários, amanhã aos intelectuais, amanhã aos religiosos, nós podemos fazer, por exemplo, uma política profunda de penetração na Igreja Católica, como de fato fizeram, ou não é a Igreja Católica, como fizeram com o Conselho Mundial das Igrejas, ou ser, nós estamos abertos para tudo. E o método marxista, veja, muitos marxistas insistiram que o marxismo não era ele uma ciência social inteira, que ele era apenas um método. Na medida em que vocês pensam que ele é apenas um método, bom, as aplicações dele podem ser tão variadas que parecem desmenti-lo. Todo método é assim. Então, existe também um método narrativo e literatura, existem muitos métodos. Mas se você seguir o método, olha, eu aprendi na faculdade, no curso de letras, que assim, assim, assim, vou fazer assim, eu vou fazer, mas isso é uma porcaria. Todo romancista que se preza sabe que ele não conduz os seus personagens, mas de certo modo é conduzido por eles, quer dizer, ele coloca as basas premissas da conduta do personagem e depois eles podem chegar a desenvolvimento que ele mesmo não esperava. Tudo depende da percepção que ele tenha, do corpo de possibilidades que está ali a cada momento, e é por isso que vamos dizer que os grandes romances universais estão aparentemente cheios de contradições. O momento do personagem age de uma maneira que não parecia ser natural nele, mas quem diz que tem que ser natural? O final de contato do personagem é um ser humano vivo, ele pensa, ele tem consciência, ele tem a liberdade de ação, ele pode mudar o curso da sua conduta de repente. Se nisso ele terá bom resultado ou não, depende. Existem casos onde a conduta do personagem parece determinada por uma mecanicidade, como eu sempre cito o livro do Hubert Selby, o Demônio, onde o personagem é levado por uma obsessão demoníaca, contra a qual às vezes ele luta, mas que é superior ao poder dele, e ele vai se afundando cada vez mais, ele começa com pequenos adultérios e termina no assassinato, depois vai não crescendo, e você torcendo por negócio a ir porque ele parece ser, ele é uma pessoa, e ele não sai. Em outros casos você pode ter ações totalmente imprevistas, como por exemplo a intermissão de um personagem nos noivos do Alexandre Major, que se chama o Inominato, que era o pior bandido que tinha lá, mas que o bandido acaba ajudando aí o mocinha, mocinha de algum modo, e isso sempre pode acontecer. Então, esse coeficiente de mecanicidade e de liberdade, eles existem na vida de todos nós, quer dizer, existem elementos, de enforças que na nossa vida já se consolidaram de algum modo. Foi para nossa hereditariedade, ela veio toda pronta, as tendências hereditárias, então ali não vão mudar, mas como elas são várias, você pode jogar com elas, como os onde, fazendo pontes entre impulsos antagônicos, sempre é possível isso. E a característica da psique humana, como você pode ver na própria apostila, a psique é quando ela ter um certo coeficiente de liberdade num quadro que ela não domina. E quando esse coeficiente de liberdade diminui, significa a quantidade de atividade psíquica diminuiu sendo substituída por reflexos condicionados, por algum fator fisiológico, por uma interferência externa, etc. Então, toda a nossa vida se desenrola nisso aí. Quer dizer, em que medida os meus fatores anteriores, que já vieram no meu nascimento, e aqueles que resultam das minhas ações ao longo do tempo, adquiriram o peso próprio e agora me forçam a fazer isso aquilo mesmo que eu não queira, ou em que medida eu tenho ainda alguma mar de manobra. Este é o problema que se coloca de arremento a todo mundo, embora a pessoa não consiga formular com esses termos. Então, na análise política, exatamente a mesma coisa. Por que a pessoa não consegue fazer isso? É simples, porque não consegue observar os personagens dos quais eu estou falando, como se fossem seres humanos. Querem, por força, reduzir-los a expressões de forças anônimas, forças sociológicas anônimas, que deveriam agir com uma mecânica incidade irreversível. E é claro que as pessoas não são assim. Sempre você tem algum coeficiente de liberdade, sempre sobra, se acabar tudo, então você entrou no campo da doença mental. Por isso que eu defini doença mental como uma diminuição da atividade psíquica. Não é outra coisa, não é uma atividade psíquica diferente, não é uma simples diminuição, onde outros patores causais, da certa que pode ser de ordem, a nato fisiológica, genética, até física, começam a determinar as suas ações, portanto com um grau de mecânica incidade crescente, restringindo a sua liberdade. O próprio Zonde definia doença mental como uma retrição da liberdade humana, uma diminuição da liberdade humana, é certo? E daí eu conclui, bom, mas se é isso, então é uma diminuição da atividade psíquica, não é outra coisa. Então, nas ações, vamos dizer, dos agentes políticos, você nunca dificilmente chegará ao ponto, vamos dizer, da mecânica incidade total. O indivíduo faz aquilo, ele não tem mais margem de decisão nenhuma, sempre haverá uma margem de decisão, na piora se pode, se os retistoros me olham, se eu não quero fazer o que a situação me obriga a fazer, eles toram me olham como retorno varga, eles vão acabar, mas sempre essa saída sempre existe, né? Isso aí não é, não é. Então é difícil, como diz o poeta italiano Sergio Corazini, tantas mocinhas já fizeram isso, qual é a dificuldade do suicídio? Todas as empregadinhas do médico já fizeram isso, porque foram abandonadas pelos namoradas, porque com o governante o retorno varga também não pode fazer. Então se não tem saída, você faz um ararquirir e pronto acabou. É um pouco assenso porque ao mesmo tempo é uma declaração de importência, né? É uma coisa, o suicido também é uma coisa ambígua, porque o suicido é uma vingança de algum modo. Quer dizer, o suicida deixa um abacaxi na mão dos que sobra, que de certo modo se vinga, tá certo? E ele também afirma a sua liberdade, eu não quero fazer o que a situação me obriga a fazer, então eu me suicido. Tá certo? O que que eu, o suírito faz uma greve de fome? Ele não chega um suicido, mas está, onde, tá quase lá, né? Então quando você chega na total impotência, você tem o recurso de não agir, você é recuar, tá certo? Ou por uma greve de fome, ou você simplesmente renuncia o cargo e vai embora, sempre tem alguma margem. Então se essa margem nunca acaba, então é preciso usar conhecer que ela existe a cada momento. E que você fazer escolhas, não é algo que esteja a, vamos dizer, a sua escolha, você tem que fazê-las de qualquer jeito. Muitas vezes você pode disfarçar a sua escolha por trás de uma aparência de fatalidade. Eu fiz o que a situação me obrigava a fazer. Bom, isso evidentemente é uma figura de linguagem. É uma hiperbole de algum modo, quer dizer, você está aumentando o poder da situação, fazendo como se ela tomasse as rédeas do seu destino, quando na realidade a rédea está na sua mão. Então, todos esses fatores que eu já expliquei ali na postilha, programadimento, eles requerem da parte do analista um treco que se chama Experiência da Vida. Essa experiência da vida começa com a formação literária, por quê? Porque a formação literária abre a sua imaginação para você perceber aspectos da realidade que não seriam visíveis a uma imaginação menor rica. Então, tudo que eu falei nos problemas de método, não vale nada para pessoas que não tenham a cultura literária suficiente, ou seja, não tenham líderes de historias suficientes. Lá em Menes dizia, aquele senhor que tivesse ouvido mais historias e visto mais figurinhas, seria sempre o mais inteligente. Então, por que quer dizer, você está abrindo janelas da imaginação, que depois, o método de algum modo organiza, condensa e organiza. Então, hoje era isso. Eu também queria comentar uma coisa, um detalhe pittoresco, que a pessoa mandou um vídeo do Pirula, onde ele recomenda leituras para as pessoas. Ele então pega uma bibliotequinha, que é do botão menor que esses tantequins, e pega ali alguns livros para recomendar para as pessoas. Claro que tem pessoas que vão aprender com isso, sem dúvida, sempre vai ter alguém que sabe menos do que ele. Então, ele recomenda livros de escola, por uma coincidência, e ele tem uma ideia de um colega dele sobre uma população que antecedeu os indígenas no Brasil. Quer dizer, os indígenas teriam o vídeo da China, mas já encontraram essas populações locales, que seria mais ou menos negróide. Como tem aqui nos Estados Unidos também, como é que chama o homem de Kennington, ou Kensington, sei lá o que. Também tem uma teoria igual, mas foi feita por um colega dele, faculdade, então ele leu o livro, evidentemente. Ele recolheu aísmo, foi um livro do meu colega. Ele mostra ali que ele leu o livro A Origina das Espécies na edição Martin Clare, que é uma coisa que, vamos dizer, nenhum estudioso pode fazer isso. Ninguém tem o direito de ler um livro clássico na edição Martin Clare, porque é feita para moleques comprar na estação resiliária. A edição é feita naquelas edições nas cuchas com K, N, A, S, K, O, X, A, S. O formato tem importância. Você tem, por exemplo, na edições de ouro, algumas edições são livros de bols, mas são edições absolutamente perfeitas, como por exemplo, eles lançaram o diálogo de Platão, na tradução do Carlos Alberto Núñez, que é perfeita. Então não é o formato, na verdade, é que essa editura, Martin Clare, é realmente é uma das coxas. Um profissional não pode ler um livro essencial da matéria que ele estuda. Nessa edição, ele não pode fazer isso. É a mesma coisa que o professor literatura que leu Divina comédia em quadrinhos. Entre os livros ele coloca alguns catálogos de exposição. Eu digo, mas eu tenho Martin Clare, tenho o livro do colega dele, tenho um catálogo de exposição. Eu digo, o que que é isso? Eu digo, perplexo, isso nunca aconteceu na história humana. Quando eu tinha 15 anos, 14 anos, eu tinha uma biblioteca científica maior do que a do Pirula, porque eu era parado por evolucionismo e comprava tudo quanto... comprar, não, eu pedi para minha tia comprar. E aos 15 anos, eu já lia a origem das espécies numa tradução decente. A tradução portuguesa, a lélua, a tradução perfeita, correta, confiável. Então, pelo menos, eu lia nessa aí. Então, diga-me, você tem um profissional da área que não sabe nem sequer escolher as edições, as coisas ele pode se informar sobre a sua própria matéria, meu Deus do céu. E o cara está lá ensinando com áreas de quem... é o orientador cultural da molecada. Eu digo, olha, eu estou traumatizado com isso até agora, eu falo, nunca explique isso acontecer. Eu não tenho interesse por esses vídeos, a pessoa me manda, eles são sádicas, entendeu? Em geral, eu passo em si, mas vende quando eu ligo, falo... Também diz que eu tinha um outro vídeo do Pirula que falava de mim, eu falo, não, não vou ver isso, mas eu dos livros vou ver, pode ser. Vai ver que ele me indica algum livro que é bom para mim. E eu vi isso, falo, olha, esse fenômeno da borrisse brasileira está chegando a um ponto que se tornou indescritível. Quer dizer, é a borrisse, vem ao mesmo tempo junto com a crueza, a violência, eu estou colecionando vídeos sobre cenas de... Não posso chamar isso de violência, tá certo? Você tem, por exemplo, dois marmanjos de 2 metros de altura brigando, isso é uma violência, mas não é uma crueldade. Estão brigando porque querem, tem mais ou menos recursos, agora se vem um sujeito de 2 metros, batendo de 1,20 metros, magrinho, o qual não quer brigar, falo, aí entrou na crueldade, assim, estou colecionando exemplos de crueldade e eles não acabam mais. Tem uma mulher gordona batendo numa pequenininha e a torcida tudo em volta, né? Bate mais, é menor no crânio, bate da cabeça, assim. Fale, bom, isso não pode acontecer. Ninguém ali tem um impulso de defender o mais fraco? Não, não tem. Tem um impulso, vamos dizer, de se aproximar do mais forte para ajudar a esmagar o mais fraco. Esse fenômeno que eu na minha infância eu nunca vi. Eu só falava, mas é a população pobre, enquanto eu digo, fui criado no meio da população pobre. Meus amiguinhos, assim, aqueles que não eram favelados, era, sei lá, o filho do carvoeiro, era essa gente que eram os meus amigos na infância, e a gente nunca via isso. Eu lembro que quando a gente brigava na escola, na primeira semana da escola, eu já troquei os meus papos com um cara que depois virou meu grande amigo. E o que que o pessoal fazia? O pessoal fazia uma rodinha e ficava fiscalizando para que a gente não pegasse uma pedra, um pau, não enfiaçou dedo no olho. Era isso que eles faziam. Quer dizer, você tinha um impulso natural de justiça, depois acabou. Quer dizer, se fosse hoje, e o mais forte bater no mais fraco, e todo mundo ajudar ainda. Então, algo aconteceu na sociedade brasileira e essa transformação profunda, essa decomposição profunda, o sentimento moral do mundo, não foi documentada na literatura, nem na literatura, nem no cinema, para não dizer que não foi no cinema, você tem um pouco ali no filme Tropa de Elite, você tem algo no filme Central do Brasil, você tem algo, mas ainda está muito preso aos estereótipos. Então, a literatura tem que pegar as coisas, vamos dizer, na vida real mesmo, seja por documentação direta, seja por imaginação, ela não pode seguir um estereótipo que já está na mídia, meu Deus do céu. Por exemplo, vou fazer aqui um filme sobre violência policial, eu digo, mas você lê da violência policial na mídia todo dia, você não precisa fazer um romance sobre isso, isso aí já está impregnado no senso comum, no discurso cotidiano, etc. Então, você tem que pegar, é justamente aqueles aspectos que são mais conflitivos e menos óbvios, e justamente aqueles que nunca foram documentados, por assim dizer. Então, é isso que a literatura tem que trabalhar. Sempre foi assim, aquelas coisas que aparecem na literatura são, acho que politênicas diziam que a função da literatura, eu coletênio, ou qualquer, a função da literatura é dizer aquilo que os simples fatos não dizem. Mas, se os fatos já disseram, se já foi documentado mil vezes, se foi noticiado no Globo, na Folha de São Paulo, no Jornal da Jornal, não tem nada que fazer, e nesse sentido, se você pegar o filme Troca de Elites, só ter uma cena que é inédita, que é aquela em que o policial que está estudando, ele faça um sabão nos seus colegas dizendo, não, vocês é que são culpados no arco-trafico, são vocês que compram as drogas. Os caras lendo Michel Foucault, exatamente, o quebrante tinha dito do bandido eletrado. Essa é a única cena inédita com o que o pessoal não esperava, mas que nós sabemos que é uma realidade. Então, ali, o artista pegou um aspecto não originário, pegou da realidade e não do estereótipo jornalístico, mas é só isso também. Quando aparece ali no central do Brasil, o garoto que fugindo da violência urbana reencontra a paz num meio interiorano, caipira, religioso, etc., e isso também nunca apareceu na mídia. Então, é algo que ele pegou, ou por imaginação, ou porque esteve lá e viu. Mas, todas essas mudanças profundas da psique brasileira, simplesmente não foram documentadas na literatura. E se elas não são documentadas na literatura, torna-se difícil para a população perceber-los quando elas acontecem na realidade. Então, entendeu? Então, se você pegar os produtos literários dos últimos tempos, você vê que, em geral, as pessoas querem sobre elas mesmas. Então, essa é como a tese de doutoramento da Michelle Obama. Ela foi estudar em Harvard e ela fez uma tese assim, Problemas de uma moça negra em Harvard. Eu disse, isso é mó. Então, virou uma generação de eu. Até hoje, a pessoa não saiu disso, porque você não é capaz de se interessar pela vida dos outros. A não ser quando esses aspectos da vida ali já se consolidaram em estereótipos jornalísticos. Então, o jornalismo é o grande inimigo da literatura. Em primeiro lugar, porque ele drena energias do escritor, ele tem que escrever todo dia, toda semana, aquelas completões. E não tem tempo escrever as coisas que ele mesmo quer escrever. Eu mesmo sou uma vítima disso, confesso. Agora, me livrei porque eu tornei o meu artigo do Diário Comercio Mensal. Adeus. Então, vamos ver se eu consigo escrever uns livrinhos. Bom, e também o jornalismo inimigo da literatura, porque? Porque ele é o grande criador de estereótipos. E como diz o Martin Ames, a literatura é também a luta contra o clichê. Quer dizer, você perceber aquilo que não foi percebido, dizer aquilo que não foi dito. Ou, como diz o Malarmê, dar um sentido mais puro às palavras da tribo, que é um sentido mais puro, que pega a realidade ali onde ela está nascendo. E não onde a linguagem pública já consolidou certas associações e certos significados. Então, bom, era isso que eu queria dizer hoje. Acho que não tem mais nada. Então, vamos fazer uma pausa daquela que vamos no outro tempo. Então, vamos lá. Começar aqui por uma pergunta técnica do Daniel Kaufmann. Ele diz que está assistindo... Estou cursando seu seminar há pouco menos de um mês, já sou grato a você por todo o contribuição intelectual da minha vida. É recomendado as tiras suas aulas atuais, mesmo estando comêsta as suas aulas? Bom, eu sempre recomendo o seguinte. Você assista a aula atual, mas se você não entender muito, tem importância. Mas, ao mesmo tempo, você vai assistindo as aulas durante a semana pela ordem cronológica. Então, você está fazendo o curso desde o começo e você está tendo uma prévia da atual. Um de as duas coisas vou emendar. Aqui, o Lucas Lacerda envia um trecho do romance montanha do Ciro dos Anjos entre um comunista novato e um comunista experiente. E o comunista novato está abrabinho porque deram como tarefa para ele recolher a contribuição mensal de um capitalista. E ele estava indignado e o outro diz, não, calma aí, as coisas não são assim. Eu não vou lentei porque é muito comprido, mas eu recomendo esse romance. É um dos poucos romances políticos brasileiros. O Ciro dos Anjos é um grande escritor. Vlamir pergunta. Quando eu falo sobre a importância de leitura das obras literárias, que é bastante aliviado, pois tem lida essas obras em quantidade muito maior do que as obras filosóficas. Nessa altura do curso, ainda é conveniente ele amar literatura do que obras filosóficas. Sempre, sempre, pelo resto da sua vida. Eu não recomendo ler muitos livros de filosofia. Porque lida de filosofia não é como um romance. Você quer ler e ter aquele impacto imaginativo, não. Não, o livro de filosofia tem que ser reconstruído. O livro de filosofia não é bem um livro, é como a partitura de uma música que você tem que executar. Não é só ler. Você vai ter que refazer, tentar remontar do texto a experiência cogeritiva originária da qual o autor está falando. E não simplesmente não funciona. E isso, evidentemente, leva tempo. De modo que eu acho que o tempo médio para leitura de um bom livro de filosofia, o que é seis meses. Pelo menos dos livros clássicos. É claro que existem livros de mérito e erudição filosóficas que você pode ler num dia. Mas livros que são de filosofia efetivamente, para você ler um libra, um próprio Decarte, um canto, você vai ter que refazer. Você sempre tem que pensar assim. O que que esse sujeito realmente percebeu para ele poder expressar as coisas do direito que expressou? Quer dizer, entre a percepção experiência originária e a sua expressão, a sua improposição filosófica, existe todo um caminho que não está descrito ali. Que você vai ter que inventar. Então, por exemplo, esse é o mestre do Paul Friedlander, no livro dele sobre o Platão. Onde ele sempre procura remeter as tésias filosóficas às experiências originárias que as produziram. E evidentemente, para ler um romance, você não precisa isso, porque ele já é, de certo modo, a descrição de uma experiência originária. Ele não é conclusões que o sujeito tirou. Você começa a tirar conclusões, traga romance. Então, por exemplo, se você ler ali o submissão, ali está cheio de ideias, de doutrinas, etc. Mas nenhuma delas expressa conclusões com o autor tirou. São conclusões dos personagens, então tirando. Portanto, elas se inserem na ação. Inclusive, o Nelson Filho pergunta aqui, no livro submissão, o personagem que era funcionário do serviço secreto, diz em certo momento que o verdadeiro inimigo dos humanos, o que eles temem e odeiam, assim de tudo, não é o catolicismo, é o secularismo, a laicidade, o materialismo, a teus. Bom, é claro que isso é verdade. Quer dizer, o catolicismo, o cristianismo de Mordegeron, não é mais um inimigo apreciável do Islam. Mas, já vê o seguinte, a laicidade, ela é, por um lado, o arque inimigo do Islam. Por outro lado, ela é um instrumento do Islam. Por quê? Porque ela destrói as vases do cristianismo. Então, abre espaço para eles. Então, eles têm que ter uma atitude ambígua, quer dizer, mais ou menos como os comunistas também. Quer dizer, desce o cacete do capitalismo e é preciso um dele. Tá certo? Então, o Islam também precisa da laicidade. No si vocês viram essa declaração da Valerie Jarrett, a assessora principal do Obama. Eu botei hoje no Facebook, ela dizendo, então, na juventude, que eu, por minha origem, sou iraniana e por religião sumo-musulmana, e eu creio que posso dar uma contribuição decisiva à transformação dos Estados Unidos numa nação musulmana. E para isso, nós precisamos aproveitar a liberdade de religião para destruí-la. Porque a liberdade de religião é incompatível com o Islam. Tá certo? Então, aproveita a liberdade de religião para destruí-la. Então, elas gostam da liberdade de religião ou não? Gosto e não gosto. É decir, elas gostam assim como o cachorro gosta do frango, vendo o frango de vitrine, né? Ele gosta do frango, mas não é como um objeto de fluição estética, ou por amizade que tem pelo frango. É sério para comê-lo. Então, também o Islam, como relação ao mundo laico, materialista, ateu, ele também tem que ter uma atitude ambígua. Ele gosta porque ele pode se aproveitar disso para remover o cristianismo e por não criar um vácuo espiritórico depois do Islam, gentilmente se oferece para preencher. Mas ao mesmo tempo ele tende combater essa laicidade. Tudo depende, você vai dizer, da etapa da luta em que você está. No começo, a laicidade é um amigo de algum modo, depois ela se transformará no grande inimigo, né? É isso que eu disse, mas ao longo das próximas décadas, você acha que a grande briga será entre o esquema russo e chinês, o esquema islamico. É isso. Não do caso, pergunte. Tendo em vez que as ditas do comunista censuram a mídia, porque os jornalistas do Brasil e de vários outros países foram, ou ainda são, agenda KGB e prestam serviço diretamente aos comunistas? Bom, é o tal negócio. O indivíduo, ele é um militante, um agente comunista, mas ele está num país que não é comunista, né? Então, ele não tem porquê se preocupar muito com o que acontecerá com ele numa futura república socialista. É claro que 80% dele serão mortos. Então, primeiras vítimas de uma revolução comunista são as inserições intelectuais comunistas. É, é, é, é, é, é. Mas existe um negócio que se chama abstração imaginativa, quer dizer, você tampa os aspectos da realidade que são difíceis para a sua posição existencial. Só complicariam a guerra. Então, no momento, ele não tem que se preocupar com isso. É isso. É demais saber que muitas dessas pessoas tiraram vantagem das ditaduras comunistas. Quer dizer, receberam bolsas, trabalharam na Rádio Praga, trabalharam na Rádio Pequim, fizeram toda uma, na Rádio Avana, fizeram toda uma carreira, com base nisso. Então, é o negócio do gueto. São as pessoas não abdicam do erro porque devem a ele a sua subsistência. E para quê pensar a longo prazo? Está certo? A característica fundamental do movimento comunista é falar em nome de um futuro pelo qual ele não se responsabiliza. Ou seja, nós vamos criar um paraíso socialista quando e como, não interessa. É o Lula. Não sabemos ainda que tipo de socialismo que queremos. Quer dizer, nós já temos 20 e tantos anos de fúria, São Paulo ainda não sabemos o que queremos. Por quê? Porque jamais saberemos. Não saber como será o socialismo faz parte da natureza do movimento comunista. A promessa é vaga e tem de permanecer vaga. Porque se ela for muito definida, então chega um dia em que o movimento poderia ser cobrado por aquilo que fez. Ah, você construiu o paraíso socialista e estava em bela porcaria. A resposta será sempre, não, esse ainda não é o paraíso socialista, é sempre o marquos. Então é o futuro que se impura com a barriga. Isso tem uma coisa que acontece desde o primeiro dia do movimento comunista. E hoje é uma das coisas mais impressionantes da humanidade. O fato de que a proposta comunista é sempre proposta teórica comunista. Não tenha sido percebida desde o primeiro instante como uma monstruosidade. Porque, em geral, as pessoas reagiam desde o manifesto comunista. Elas reagem discutindo, vamos dizer, a qualidade da proposta em si. Então, por exemplo, os economistas que discutem a possibilidade da estatização dos meios de produção, etc. Eles estão discutindo a teoria separadamente do movimento. Quando o próprio marxismo insiste, que não existe teoria em si, a teoria sempre para da prática. Então, a teoria comunista, os discursos comunistas só podem ser entendidos dentro da praxis. E quando você analisa uma coisa com a outra, fala, bom, o problema não é saber se essa estatização dos meios de produção é boa ou má. O problema é saber se eles vão realizá-lo ou se vão fazer outra coisa. Porque, ver, se existe um movimento comunista, é porque a economia não foi estatizada ainda. E ele só pode existir enquanto a economia não foi estatizada. Então, ele sobrevive do seu próprio adiamento. Então, é claro que isso é uma fraude desde o primeiro momento. E eu acho fantástico que no século XIX até... O número de pessoas percebem isso que eu estou falando é ínfimo. Porque todos analisam a teoria aqui e a prática ali. Isso é característico do abstratismo burguesco que os marxistas tanto criticam. Então, se nós aprendemos com o marxista, com os marxistas, a conexão íntima, a identidade no fundo da teoria e prática, aí nós começaremos a entender o que os comunistas estão fazendo porque eles mesmo dizem que estão fazendo isso. Nesta. Então... Se eles dizem, por exemplo, para criar a estatização do mês de produção, nós precisamos aguardar que as forças produtivas do capitalismo atinja o seu máximo desenvolvimento, então é claro que eles vão ter que fomentar o desenvolvimento do capitalismo. E a pergunta é, durante quanto tempo? Quando vai terminar? Se você pensar bem, o limite natural do crescimento do capitalista não existe. A prática comprovou isso. O capitalismo pode continuar progredindo indefinidamente. Portanto, o comunismo pode ser adiado indefinidamente sem que o regime deixe de ser comunista. Hoje mesmo saiu a notícia do sucesso do capitalismo na Coreia do Norte. Quer dizer, você tem ali uma fração enorme da economia da mão da iniciativa privada e o governo comunista, 100% comunista, com partido único, ditadura, etc. Diu, esta é a situação ideal do comunista. Isso não é provisório, isso vai durar para sempre pela própria natureza do processo. Se você fala em nome da autoridade do futuro, em nome da autoridade da história, eu digo, mas quando é esse futuro? Esse futuro não pode chegar, porque se ele chegar, você será julgado em função da sua promessa e da sua realização. Então, daí você deixa de ser o poder, meu Deus do céu. Então, é autocontraditor. Quer dizer, o comunismo prestar satisfação pelas suas realizações é impossível, porque é autocontraditor. Então, ele não pode prestar satisfação jamais. Quer dizer, ele vai impurar isso com a barriga pelos séculos dos séculos. Então, é claro que é uma fraude de início, é claro que é um truque demoníaco. Não é um ideal, ah, a igualdade, etc. Eu filho, isso é apenas o discurso, mas eles não estão dizendo que o discurso em si não vale nada, que o discurso é parte da práxis. Então, só pode ser entendido como parte da práxis. Então, você pega os críticos do comunismo, como o Fomisa, o Bamba Verque e outros, todos eles tratam a teoria em si. Eles não se interessam pela práxis. Simplesmente, a parte econômica. Simplesmente, a parte econômica. Ou, antes, a parte moral, os críticos católicos. Então, o que vocês estão falando está tudo certo, é tudo verdade, só que o foco não é este. Quer dizer, você está tratando a teoria como se ela tivesse uma independência, quando o próprio autor da teoria diz que ela só faz sentido na práxis. Então, você tem que ver qual é a função dessa teoria na práxis. Aí você vai entender a teoria, é a práxis que dá o sentido da teoria. Então, essa práxis é toda ela baseada no adiamento indefinido. A revolução nunca pode terminar, por definição. Então, o primeiro jeito de ler isso tem a obligação de dizer, ó, você está me enganando, rapaz. É o contrário de uma ciência como é a resistência. Exatamente, é o contrário de uma ciência, onde você pode avaliar, vamos dizer, ver a cidade, a teoria pelos resultados obtidos. Mas se a teoria faz parte da práxis, ela não pode ser julgada pelos resultados. Porque ela em si não tem sentido nenhum. Então, isso é a maior fraude lógica da história humana, desde o início, desde o manifesto comunista, é assim. Não é que, ah, era um belo ideal, igualitário, que depois se pervertiu, etc. E fala, não, isso teve garinço desde o primeiro momento. E tem muitos outros aspectos. O simples fato de você representar hoje a autoridade de um futuro, é certo? É que os tribunais do futuro podem julgar você. Então, em nenhum tribunal do presente momento, pode julgar você, é o mesmo tempo, você é o real e você é o juízo. É só você que se julga assim mesmo. Os outros não podem, porque os outros são inimigos de classe. Tá certo? Então, você representa, ao mesmo tempo, a autoridade do futuro e você é quem será julgado pelo futuro. Ou seja, você tem autoridade total agora e terá no futuro também. Quem não percebe que isso é vigarice? Então, assim, eu acho que a teoria marxista tem alguns elementos de valor, justamente por ela ter compreendido essa relação de teoria e práticas. Isso é, de fato, inédito. Marx foi o primeiro, o senhor, que pegou isso aí, e isso na análise da política, que é absolutamente fundamental. Mas pensando bem, é só isso. Não tem mais nada ali. Eu fui doutrinada no marxismo na faculdade. A primeira coisa que eles fazem é quebrar a sua escala de valores. Então, não existe a lógica tal como você aprende historicamente ou na filosofia, porque isso é a lógica burguesa. A burguesia se apropriou desses conteúdos. Então, você não pode ter... Você fala que o que eles prometem não faz menor sentido, que eles estão fazendo uma coisa... Ah, mas isso aí, você falou, não tem lógica. Eles vão responder que é um chabão. Mas eu não estou dizendo que não tem lógica. Você está com a lógica burguesa. Eu não estou dizendo que não tem lógica. Isso seria, de fato, uma crítica burguesa. E a crítica maior pode fazer. Analisa a teoria. Analisa, logicamente, a teoria. E procura cotejar promessas e resultados. Isso é o que os analises burgueses fazem. Não é isso o que eu estou fazendo. Eu não estou fazendo uma análise lógica. Eu estou dizendo que é vigarícia. Minha análise é mais psicológica do que lógica. É verdade. Você inventou um truque que você é totalmente isento de qualquer responsabilidade pelo presidente ou pelo futuro. Ou seja, você pode fazer o que você quiser. E daí os caras ainda confesso. Hoje mesmo a Marta Gander colocou lá um trecho do Roros Cortum, que lembra uma frase do Gorg Lukash. Ele diz o fato é que nós, pela exigência da prática, da prática, nós somos obrigados a cometer as maiores perversidades. E isso é o grande sacrifício que nós fazemos. Se você se tornar um sujeito perverso e cometer perversidades contra os outros, é um sacrifício que você faz. Então, também o próprio Diego Evara. Ficava revoltado com as suas vítimas porque elas me obrigaram a matá-los. Olha que crueldade delas. Então, é claro, em tudo isso você vê a inversão revolucionária. E emversão revolucionária é vigarice. É coisa de psicopata mesmo. Não era para ser levada a sério nenhum único minuto. Isso é a minha questão. Eu acho que alguns grupos e são expressivos esses grupos, eles levam a sério porque eles passam por esse... É uma espécie... É abstração imaginativa. Você tampa um pedaço. O que você não quer ver? Esse é um pedaço burguester. Você não se enxava. Você tem que sufrocar a vaga. Nossa moral é desoto. Claro, claro. Você começa lendo a nossa moral e a deles. E pronto, aí você já quebrou a sua escala de valores morais. Sim, mas você verá, não existe nenhum texto comunista que explique isso para vocês o que eu estou dizendo. E isso eles não podem explicar. Isso é o que não está dito em parte a alguma. Mas isso é a estrutura interna da práxis. A práxis consiste em você exercer hoje a autoridade de um futuro que, por definição, não pode chegar. Porque se chegar, você será julgado a luz dele. Então, você deixou de ser o juiz e passou a ser o real. Ah, isso não pode. Então, a existência do movimento comunista depende da negação perpétua dos próprios objetivos proclavados. Então, não é que assim... Ah, mas esse objetivo, ele é inatingível. Se ele fosse atingível, não existiria o movimento comunista. Ele só existiria temporariamente. Entende? Mas para ele poder continuar existindo, é necessário que o objetivo seja inatingível. Então, dizer que o objetivo a sociedade comunista é inatingível não é uma crítica ao movimento comunista. Ela é essência do movimento comunista. Hum? A gente sabe que o movimento acabou e é a confissão plena de que não entendeu nada. De que não entendeu dizer comunismo acabou, é a confissão plena de que não entendeu nada. Aí é a crítica do Sorinitin. Ele dizia que esses sovietólogos ocidentais, todos eles acreditam que o comunismo é um braço da União Soviética. Quando é o contrário, a União Soviética é um braço do movimento comunista que antecedeu de 60 anos e sobreviverá a ela. É coisa mais óbvia do mundo. Então, onde estão os comunistas na União Soviética? Não, eles estão em Washington. Eles estão cercando o presidente e mandando ele fazer o que eles querem. E ele faz, porque é um velho gagá idiota. E também meio simpático a eles. É assim, se ler as relações entre o Russo e o Stalin, é uma coisa assim, deprimente, porque o Stalin realmente dominava a mente do outro. O Russo estava ali, assim, de joelhos antes de Stalin, pedindo pelo amor de Deus, me ame. É uma coisa assim, patética, patética. Agora você manda o negro, lá já está na cadeira de roda, gagá, dormir no meio da sessão, caindo o cigarro da boca, e você espera que esse jeito se desempenha ali, e fala, não é possível. Agora o Churchill, que estava assistindo tudo, ficou horrorizado. Falou, esse cara está dando tudo para o Nelso Soviética. Agora, você imagina essa coisa aqui da Iná Oeste, conta do 1942, você imagina se a guerra tivesse terminado em 42. Quantos milhões de vidas teriam sido poupadas? É isso. Então, isso quer dizer que o Russo e sua turminha prolongaram a guerra por mais três anos, matando centenas de milhões de pessoas, centenas de milhões, não, dezenas de milhões, perdão. Só para não desagradar o Nelso Soviética. Quando tudo o que os generais alemães estavam pedindo era isso, nós nos entregamos a vocês incondicionalmente, só temos uma condição. Um, o resto faz não tudo que vocês quiserem, só temos uma condição, não deixam o Russo entrar. Então, a ideia da rendição incondicional e o adiamento do fim da guerra foram feitas apenas para propiciar que Stalin tomasse metade da Europa e metade da Alemanha. E isso foi a obra do governo Russo. Não tem explicação, não tem perdão e, vamos dizer, essa reação de escândalos que os caras tiveram entre o livro da Iná Oeste, ela mesma já mostra que a Damona era uma verdade, é uma verdade horrível, horrível, quer dizer, o governo americano é um palhaço na mão da KGB, palhaço. E daí dizer como o General Ernon Walters, ah, mas nós ganhamos a Guerra Fria. Você leva porrada durante 20 anos do inimigo e depois de repente ele morre de infarte. E você diz que você ganhou a briga. Você não ganhou a briga. O inimigo morreu porque morreu, não foi você que matou. Vamos ver o que mais aqui. Celso Martins perguntou, obrigado por mais uma aula incrível, minha dúvida é a seguinte, como faz para começar a estudar gramática, Napoleão Eiselmeida sempre, sempre, forever, é é só ali que você aprende. Claro que tem coisa ali que você aprende dos atualizados, mas mais vale a pena você aprender dos atualizados depois de atualizado que você entrar numa atualidade que só vai confundir você. Quanto a suma gramatical de Carlos Nogueira, eu não li, eu não sei, o Carlos Nogueira foi muito competente em língua, porque eu não sei se ele tem o que ele dão didático, maravilhoso que tem o Napoleão Eiselmeida, eu não sei. Eu sei que ele entende o assunto, agora você entender do assunto é uma coisa, sabe ensinar é outra, completamente diferente. São duas vocações, se você pegar por, sei lá, o Joaquim matou o Camara Júnior, quem vai negar que ele entende gramática, entende só que o livro dele é horrível de ler. Ou o António Eiselmeida que o melhor fenômeno de dia, ele conhece todas as palavras do idioma, ele só não sabe juntá-las. Aqui, que algo da Silva Rodrigues, eu gostaria de saber se existe uma maneira efetiva de levar esse tipo de conhecimento para a população pobre, ah, qual eu pertenço. Bom, eu também vim dessa população pobre. E quando eu estava no Rio de Janeiro, eu tinha um programa, um plano de transmitir esse curso nas favelas para os jovens das favelas. Onde tem, o molecadinho é muito inteligente até os 12, 13 anos depois emburece de uma maneira assim. Então você tem que pegar os 11, 12 anos e ensinar essas coisas para eles. Só que, daí eu precisaria de uma verba para sustentar o curso, mas eu não posso cobrar deles. Também dá o curso o tempo todo de graça para o bom, e o lei das crianças. Eu não consegui ninguém que financieasse isso aí. Então sempre nós temos o problema, você só pode dar aquilo que você tem. É isso. Agora, eu acredito no seguinte, educação é um processo que vai por círculos concêntricos. Não adianta você querer educar a população inteira. Você tem que educar uma elítica e depois você educa 10, que educa um 100, que daí educa um 1000, que daí educa um 10 mil e assim por diante. É o que nós estamos fazendo. Então eu espero que estes contos que muitos de vocês, que têm condição para isso, que você retransmita isso, inclusive a população mais pobre. São vocês que estão a fazer. Ele não dá para fazer mais do que eu estou fazendo. Então isso vai acontecer, Thiago. Não se preocupe, mais dia, menos dia vai acontecer de qualquer maneira. Bernardo Jordão, acabe de comprar edição Martín Clare de Os Miserables. Deve trocar por outra edição ou outro título. Bom, o Martín Clare não edita nada. Ele compra direito de edições que já existem. Então pode acontecer, de ele comprar uma tradução boa. E soltar uma tradução boa. Então não é uma editora de minha mão que tem os seus próprios tradutores. É simplesmente um reproduitor de livro. Então, primeiro lugar, quem tem uma responsabilidade cognitiva, um intelectual, um professor, não pode apelar esse tipo de edição. Você tem que ir nas edições originais. Onde o editor responde pela sua tradução. Tá certo? Ou pela sua reprodução de texto. Então eu realmente não conheço... Eu não sei... Se você me disse que qual é o nome do tradutor, por exemplo, eu posso dizer de qual editor eles compraram e se essa edição é confiável. Mas se você pegar, por exemplo, a origem das espécies que eu saiba, a origem das espécies nunca tem uma edição decente no Brasil. Ou você pega edição portuguesa, que é da Lelo, que é relativamente aceitável. Ou você vai pegar uma de segunda mão, ou você vai ler no original, que é o melhor. Bom, eu acho que... Ah, aqui, pera aí. Maurício Latouré está escrevendo um livro onde ele quer contar a evolução do fenômeno do marxismo culturado, do grand-chismo, desde o tempo das diretas já. E ele pede alguma orientação. Então, claro que para isso eu precisaria mais tempo para te dar orientação a isso. Mas em princípio você tem que fazer o seguinte, coletar o material. Esse material é, em primeiro lugar, os livros escritos pelos próprios intelectuais comunistas para o uso deles mesmos. Então, a começar, você tem que pegar a coleção da revista civilização brasileira, que foi a revista, do debate interno do Partido Comunista, logo após o GOP64. E ler os livros daqueles autores que estão lá. Você tem que ler o livro do Caio Prado Juno, a Revolução Brasileira, que é certo que foi aqui decidido a entrada de uma parte dos comunistas na guerrilha. E depois você tem que acompanhar, dizer, todo o baú em torno de Antonio Gramsci, que aparece na própria revista civilização brasileira documenta isso aí. Você tem de acompanhar também o primeiro sinais de repercussão da Escola de Frankfurt, no Brasil. Tem até o livro do Zé Guilhermeiro, que eu orno no tempo em que ele era um frankfurteano. Você vai ter que ler isso. Então, primeiro o diálogo interno dos intelectuais comunistas, vamos dizer, intelectuais comunistas é exprofesso, quer dizer, são membros do partido, são os intelectuais do partido. Ali que começa tudo. Em seguida, você tem que ler a produção universitária, esse respeito. O Antonio, é importante o livro do Lincoln Seco, S.E.C.C.O. Gramsci do Brasil, onde ele mostra que de uma certa etapa, Gramsci era o autor mais citado em trabalho dos universitários no Brasil. Então, você tem, primeiro, um trabalho numa elite intelectual, e depois a disseminação, vamos dizer, já no proletarado intelectual das universidades. Em terceira instância, você tem que pegar o que aparece na mídia cultural. Em seguida, nas artes espetáculos, em seguida na educação em geral, quer dizer, uma pirâmide. Então, a quantidade de documentos pode ser enorme, mas não se... Não deixe de fazer isso. Primeiro, juntei toda a documentação, e a documentação tem que seguir esta ordem. Não há outra maneira de pesquisar isso. Se não você não vai ver como as ideias começam num grupinho muito pequeno, para você pegar por exemplo, os livros do Herbert Marcuse. São livros de dificílimos de ler. Então, quem leu mesmo, é uma elite pequeniníssima, mas aquilo vai disseminando, transformando em slogans, em estereótipos, e aquilo se propaga, e se condensam em símbolos, nas artes espetáculos, e termina por ano. Você começa com o Herbert Marcuse e termina com os macaquinhos. Leva 50 anos para chegar nisso aí. Mas faz. Quem está lá vendo os macaquinhos nem sabe quem é Herbert Marcuse e não teria a capacidade de ler-lo. Mas é aquele negócio que diz o Augusto Compte que os vivos são dirigidos sempre por um filósofo morto. Então, a característica, vamos dizer, da autoridade intelectual é esta. Ela é post-mortem. Ela não é uma autoridade pessoal. Ela continua se exercendo. Mas, por exemplo, a Aristóteles. A Aristóteles mora em 400 a.C. E eles se tornam uma autoridade na Certo no Ocidente por volta de 1200 a.C. São 1600 anos depois, a Aristóteles sai do túmulo e começa a mandar alguma coisa. A Pital alguma coisa. Então, eu sempre digo, se você quer saber o que vai acontecer na política amanhã depois, você tem que pegar os pequenos círculos de intelectuais e ver o que eles estão discutindo hoje, que é o que vai estar na política daqui a 30 ou 40 anos. E este outro método é absolutamente indispensável. Agora, as pessoas lerem apenas o que saiu na mídia. Quer dizer que já é aquele negócio, aquela piada do nego que que oferecia a sopa de pato e daí ofereceu água pura. Isso aqui é a sopa da sopa da sopa da sopa do pato. Então, é a mesma coisa. A pessoa está comendo a sopa da sopa da sopa do pato e achando que tem acesso aos fatos. Falando, não é aí, você vai ter que ir por exemplo, em pequenas revistas de intelectuais ou revistas acadêmicas. Ou revistas do próprio partido publicações internas do próprio partido, atas do assembleia do PT, do PCB, do PC do B. Você tem que ir nos documentos, meu Deus do céu. Quer dizer, onde as ideias surgiram? Cebrapo. Cebrapo, muito importante me sorrir. Então, essa documentação que você tem que seguir. Quer dizer, até chegar nas artes de espetáculo vai muito tempo. Por exemplo, no início os círculos comunistas eram refratários as ideias do Frankfurt. Eu estava lá e eu vi, quer dizer, os velhos comunistas eram caras moralistas, tinham família, eram patriarcas no sentido antigo, né? E não queriam saber de putaria, de coisa nenhuma. Quer dizer, foi só os poucos que foram entendendo a utilidade que isso poderia ter. Na verdade, a Escola de Franca foi expulsa da União Soviética mas autorizada a operar na Alemanha. Quer dizer, você não vê a corromper a nossa sociedade aqui, vai lá, corromper os capitalistas. Tá certo? É... Também, eu vou dizer, o... pensa bem. Você é capaz de ler um livro do George Lucas? Se você não é, você não pode entender esse processo. Esse assunto não foi feito para pessoas de QI mediano. Não foi feito mesmo. E eu espero que eu não tenha pessoas de QI mediano neste curso. Então, aqui todo mundo tem que ser... do céu. Assim como os comunistas têm elite deles, mas temos que ter a nossa. E tem que ser pessoa que está preparada para ler, entender, processar tudo, tudo, tudo, tudo, tudo. Então, é... Eu acho dos autores da Escola de Franca o mais insuportável é o Teodoro Adorno. Então, o estilo do Adorno é assim, é de você vomitar. O mais claro, o mais didático é o Max Faulckheimer que é o líder da Escola durante todo o tempo. Max Faulckheimer escreve muito bem, muito claro. O Marcuse o estilo dele foi todo copiado e regal. Você imagina a dificuldade disso. Agora, os comunistas são capazes de processar isso. Agora, se você pegar as mãos... no tempo dos milíquios, a Escola fica na guerra inteira. Os generais todos, dá um livro de um cara ali, você ainda mora na terceira. Pai, ele tem coletão cerebral. Então, quer dizer, é a incapacidade das pessoas tão abaixo da situação. Então, a pior coisa do mundo é você ocupar na sociedade um posto que está acima da sua capacidade. Você vê isso, eu não cometo isso. As pessoas dizem, se quer ser ministro de educação, falam, eu não tenho capacidade para isso. Esquece a minha intercultura, não tenho capacidade para isso, só tenho capacidade para fazer o que estou fazendo. Que mais tu quer que eu faça? Já não estou fazendo suficiente? Então, agora, a ambição de subir na sociedade é a pior coisa que existe. Você tem que fazer o seu trabalho o melhor que você possa, e a sociedade põe você onde ela quiser. Se ela quiser dar dinheiro, ela dá, se não der, não dá muito bem. Você buscar um reconhecimento, isso aí corrompe, estraga. Se você tem dúvidas a respeito da sua própria capacidade, não espere que a outra pessoa confirme a sua capacidade. Coloque você mesmo um desafio para você e o vença. Então, por exemplo, quando o negócio do Aristóteles, eu sou perfeitamente capaz de entender o Filosofia de Aristóteles e de descobrir alguma coisa lá dentro, eu fiz isso para quem? Bom, para mim mesmo. Não tinha nada para provar para ninguém. Tanto que até hoje, se eu fosse depender do conhecimento dos outros, eu só tenho jumento na praça. Vou pedir a prausa de Titica Senta-Cuz, de Leandro Naloque, pelo amor de Deus, do Pirula. Então, 40 anos atrás eu adotei com minha divisa, divisa do Dauke Schott. Eu sei quem sou, eu sei quem eu sou, eu sei o que eu posso, eu sei o que eu não posso. Então, nada antes, você fala bem ou mal de mim, não inflói o triboi. Então, é claro, eu fico grato, se vocês falam bem, eu fico grato. Mas às vezes falam bem por motivos errados, não tem importância, é a gentileza, a gente é aceito. Mas, veja, o desafio que você está pegando é grande. Você vai ter que fazer muito esforço. Então, 10 anos para documentar isso, não é muito. Francisco Augusto, Rodrigo Rabelo, eu gostaria que eu comentasse algo sobre Bernadinho Levy. O que eu li dele é muito pouco, eu não posso dizer absolutamente ter nada. Bom, eu acho que por hoje, por hoje acabou. Tá bom? Então, assistam o teaser do filme, Jornel e as afluções. Pena que apenas um teaser, não um trailer ainda. É pequenininho, mas vai ter outros. Tá bom? Obrigado a todos e até semana que vem. Obrigado.