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Vamos lá, boa noite a todos, e sejam bem-vindos. Hoje eu queria prosseguir aqui com o tema das etologia e tocando num ponto que é uma das dificuldades mais temíveis na busca da verdade. A obra esteja, ou seja, em coberta com uma aparência de normalidade cotidiana. E essa dificuldade não provém nenhuma deficiência da mente humana, mas do seu funcionamento normal. Vamos começar pelo seguinte observação, ou pela seguinte pergunta. Como é possível que você, assistindo um filme ou uma peça de teatro, você sabendo que aquilo é uma insenação, você se emocione como se fosse verdade? Como é possível que um menino trancado no banheiro com um exemplo da Playboy fique excitado com imagens que ele está simplesmente vendo na revista e, mas ainda às vezes nem está vendo, às vezes é para se estar imaginando. Como é possível você ter uma excitação sexual perante uma imagem que você mesmo criou na sua mente, como se estivesse ali uma pessoa presente? Você vê que esses dois exemplos que eu citei, eles cobrem uma multidão de casos. Então isso quer dizer que você tomar uma parte do seu imaginário como se fosse uma realidade fisicamente presente, é um dos elementos mais constantes da conduta humana. No universo inteiro, na vida inteira, diariamente, o tempo todo isso acontece. E isso pode chegar ao ponto de aquele recorte imaginativo se substituir a realidade e passar a exercer a ter sobre você a autoridade que a realidade tem. Ele passa-se a sua referência. Isso acontece numa multidão de casos suficientes para você ficar aterrorizado e você pensar que o ser humano está condenado ao engano, não por algum defeito da sua constituição, mas pelo funcionamento normal da sua memória e imaginação. O Roberto Ampoeiro, nesse livro que eu recomendo muito, que é No Estros Anhos, verde olivo, ele conta um episódio que nesse sentido é muito significativo. A história dele é a seguinte, ele era um emigrado chileno que fugiu da ditadura Pinochet, logo após a queda do Alhende, foi para na Alemanha Oriental. A história é verdadeira, ele troca os nomes de alguns personagens, mas a história é verdadeira. E ele se apaixona pela filha de um sujeito que era embaixador de Cuba em Moscou, que era um dos generais companheiros do Fidel Castro na revolução e que depois exerceu a função de ministro Justiça, o equivalente ministro Justiça, e condenou tanta gente à morte com a pilha dele e virou charco de sangue. E ele se apaixona pela filha do sujeito e casa acaba casando com ela após uma tentativa de fugir para Berlimo Occidental, o casal quer fugir para poder casar, mas depois daí o pai concorda com o casamento e manda eles para Cuba. E em Cuba a mulher dele vira um verdadeiro aparachnique e o casamento vai pifando, ele vai vendo que casou com um monstrengue burocrático, eles tem um filho e no fim acabam separando e o sogro, o general, o expulsa de casa dizendo, se você não sair daqui agora mesmo eu te mato. Então ele sai para a rua, de repente ele estava, como é que se diz, na desgraça porque ele tem animizado com a família do potentado, então ninguém dava emprego para ele, ninguém queria falar com ele, então ele estava na rua da Marguro e viram um mendigo. Ele acaba romando um bico aqui, ali, e sempre dão uma vida miserável, de vez em quando algum colega dele é preso por coisa nenhuma, tem um que guarda livros, tipo Alberto Camille, como o rapaz é homossexual, ele é mandado para um campo de concentração de homossexuais, porque estava com o livro do Alberto Camille e outros livros, Margarjosa, coisa assim, que é considerado então propaganda inimiga. E toda hora alguém vai preso e os caras vêm se delatando uns aos outros, o tempo todo com medo de você não poder conversar com ninguém, porque você pensa em todo mundo e dá polícia secreta, de fato em Cuba existe um polícia secreta para cada 28 habitantes, senão mais, ele não toca no aspecto da violência física, ele fala só do hemopsychológico, e o tempo todo ele só pensa em fugir de Cuba, ir para algum lugar mais decente, pelo menos mesmo se ele não é um mundo socialista que vai para Alemanha orientar, para a Hungria, o tempo todo, a coisa não tem comida, você vai conseguir 250 gramas de arroz, você tem que ficar na fila de inteiro, enquanto isso o pessoal da nomenclatura é vivendo a tripa fora, né? E daí um dia ele é membro de uma organização de exilados, estudantes exilados cubanos, e um dia eles o convocam para uma reunião e chega lá é a despedida dos meninos que haviam recebido treinamento militar durante três anos para combater a ditadura pinocelos, para tomar um exército revolucionário para combater a ditadura pinocelos, no fim ninguém foi para o Chile para combater o pinocelos, foram mandados para Angola, para o Bolsambíquio, para qualquer outro lugar, morriu as peicas, né? Mas nessa cerimônia eles estão lá fazendo aquela despedida dos meninos e ele fica profundamente emocionado, o isso ele tem toda aquela emoção patriótica do chileno que vai combater a ditadura pinocelos, etc. Naquele momento ele esquece de tudo que ele passou em Cuba e só existe aquela emoção coletiva da geração dele empeada em combater a ditadura pinocelos. É um fenômeno exatamente igual ao que acontece quando você assiste um filme ou vê uma peça de teatro, exatamente. Qual é o processo? O que acontece na nossa mente nesse momento? O Samuel Taylor Coleridge, o poeta, ele chamava-se suspension of disbelief, suspensão da descrença, mas é evidente que esse nome ele não descreve o fenômeno, ele expressa apenas o seu conteúdo lógico, quer dizer, se você foi considerar esse fenômeno do ponto de vista não psicologico, não do fato psicologico real, mas da sua extrutura, a sua extrutura lógica, então é de fato é uma suspensão da descrença, quer dizer, você coloca aquilo em parênteses, não procura saber se é verdadeiro ou falso e você se deixa levar pelo que você está sentindo, pelo que está vendo, pelo que está imaginando. Mas a suspensão da descrença não é um termo que descreve o fenômeno. O nome certo disso são dois, primeira, abstração imaginativa, que é um termo que já vem, eu acho que desde o tempo de Aristóteles. Aristóteles consideram que a memória e a imaginação são exatamente a mesma função, só que num caso referido a algo que você chama de realidade e num outro caso não. E junto então com a abstração imaginativa vem como sua expressão imediata a abstração emocional, quer dizer, as emoções se concentram naquele conteúdo que está sendo imaginado ou até visto. Sem referi-lo ao restante da experiência de realidade que você tem. No cinema se você está assistindo o filme, você se lembra que aquilo é uma sala de projeção, que tem uma máquina atrás, que tem uma bilheteria, etc., estragou o filme. Você dirá imediatamente tudo isso, uma fantasia, uma mentira. Então você esquece isso aí, concentra apenas no que você está vendo. Eu pelo menos faço assim, quando assisto o filme eu não gosto nem de que falem comigo, para não me lembrar que existe uma realidade fora do filme, eu quero concentrar naquilo, eu vi o brigando com a roxena porque ela faz pergunta e ela faz assim. O assassino é o mordomo, né? Então ela sempre conta o fim do filme e me estraga a coisa toda. Ela adivinha o filme, o pior que é que adivinha certo. Então o próprio fato de a sala de projeção ser uma coisa escura, um teatro também, é para que você concentra apenas naquela parte visual que está na sua frente, sem levar em conta o dia 360° em torno. Então isso é evidentemente uma capacidade humana, como qualquer outra capacidade de abstração, abstração consiste em você considerar um aspecto da realidade separado de outros, sem levar em conta. Então abstração não é só inteligência erracional, o que faz abstração começa na percepção, ou seja, você pode concentrar a sua atenção num objeto sem levar em conta o ambiente em torno. O Mario Ferreira chama esse processo de atualização e virtualização, quer dizer, você atualiza um determinado objeto e você remeta os outros para o virtual. Mas esse virtual pode ser atualizado a qualquer momento, quer dizer, você está olhando um objeto, você pode a qualquer momento recuar dele para você ver o ambiente em torno, você recolocar na sua devida perspectiva, ou você pode esquecer a perspectiva e se focar no objeto. Então é uma capacidade que a própria percepção tem. Se a percepção tem, a memória e a imaginação também tem, evidentemente, quer dizer, você recorda uma cena fazendo uma abstração de tudo que estava acontecendo em volta. Então acontece que esses recordes feitos pela percepção e pela imaginação podem, em certo momento, fazer a função do universo inteiro. Quer dizer, eles são a cena dentro da qual você está. Não é que eles são o recorde dentro de um cenário maior. Aquilo pode configurar, naquele momento, toda uma visão do mundo pode se concentrar ali. Então, nós também temos essa capacidade simbólica, onde você vendo um objeto, está supondo por trás dele toda uma espécie de objeto, a espécie inteira, ou várias espécies ao mesmo tempo. Quer dizer, você está vendo um gato, mas você está pensando na espécie inteira dos gatos. Então todas essas são capacidades normais do ser humano. Não se queira, não existe na nossa percepção, nem na nossa imaginação, nem no nosso cérebro o conceito de realidade. Você pode examinar a fisiologia cerebral quanto você queira, você não vai encontrar um pedaço ali que corresponda ao senso de realidade. Não tem. Quer dizer, nós sabemos que certas coisas são realidade e outras são fantasias, mas até hoje ninguém sabe como neurofisiologicamente nós fazemos essa distinção. Não há equivalente cerebral dessa função. Para o cérebro, tudo aquilo que lhe for mostrado é realidade. Ou seja, tem aquela imediatesse da estimulação sensorial. Quando nós analisamos a percepção dos animais, nós vemos que o conceito de realidade para eles não existe. Só existe aquilo que o Xavier Jubil chamava estimulidade. Quer dizer, ele só percebe aquilo que exerce um estímulo. Para ele, ele não compara, jamais compara o estímulo atual como uma concepção do mundo. Ele não tem concepção do mundo. Na verdade, o mundo só existe para os seres humanos. Para os animais só existe o seu ambiente. Aquilo que é aquele biólogo von Uchskull chamava o entorno. Só existe o seu entorno. Não tem um mundo. Por exemplo, você sabe que nenhum animal olha para cima. Nenhum animal sabe ver estrelas. Nenhum. Só o lobo e o homem. O lobo olha para cima. Os outros não. Os animais não colocam problemas de ordem cosmográfica. Por exemplo, os animais não têm um debate entre elocentilismo e geocentrismo. Eles dizem que o problema não existe, porque só existe o ambiente imediato. No funcionamento normal do ser humano, nós imitamos os animais. Quer dizer, nós olhamos somente o entorno e apagamos o resto. Por causa disso, que eu dei para vocês no início deste curso, aquele exercício de você deitar no chão, no meio de um gramado, no escuro de preferência, a noite, onde você vê todas estrelas em cima e você sente a presença do chão embaixo e você tenta sentir a densidade do solo no qual você está sentado. E fazer isso muitas vezes para você lembrar de onde você está. Então, você sabe que você tem um ilimitado para cima e um ilimitado para baixo, é limitado para o direito e para o esquerdo. Mas esse limitado está presente. Ele não é alcançável pelos seus homens de percepção, mas a presença invisível dele emoldura tudo aquilo que é visível. E nós sempre contamos com a presença desse invisível, desse ápero, desse ilimitado, dentro do qual tudo está. Nós sabemos que é assim. Então, você, por exemplo, perdido no oceano, num barquinho, na escuridão, você não está vendo nada, mas a presença do oceano, era uma coisa marquista, do oceano, do céu, da distância que tem separada da terra, é assim poder tudo isso. Então, esse ilimitado que está presente e que emoldura o presente, essa é a nossa referência. Mas nós podemos esquecer essa referência graças ao poder da abstração imaginativa, abstração sensorial, abstração imaginativa e abstração emotiva. Se nós não tivéssemos essas três funções, nós não conseguiríamos nos desligar do ambiente para prestar atenção em alguma coisa em particular, então daí não conseguiríamos funcionar. Mas este trânsito entre o universo concreto de nós estamos e o conteúdo abstraído, abstrativo no qual nós prestamos atenção, ele é sempre problemático para nós. Porque justamente porque o conteúdo abstraído, ele está sobre o nosso domínio, ele está adiante de nós, nós o vemos e nós o aprendemos. Ao passo que a presença do universo infinito e torno não é aprendida, ela é o tal do conhecimento por presença, você não está aprendendo, ele não é um conteúdo da sua consciência, ele é um lugar onde você está, aquilo não está na sua consciência, a sua consciência aqui está ali. E evidentemente isso é mais difícil de você manipular do que um conteúdo que está dentro da sua consciência. Então, a tendência humana é sempre se fechar dentro daquilo que ela aprendeu e tomar aquilo como se fosse a referência a última porquê, porque aquilo te dá um sensação de segurança. Eu já me ensinei para vocês o negócio do Willem Wohringer no livro Estilo Gótico, onde ele mostra ali que nas culturas mais primitivas, das pessoas de pequenos grupos vivem no meio do mato, perdidos no meio do mato, eles tendem a fazer uma arte abstrativa geométrica, porque ali é o domínio do que eles têm as seguranças, é um domínio intelectual da coisa, ao passo que o mato, a floresta, em torno, é uma coisa informe e absolutamente inabarcavel, eles de certo modo se refugiam. E a ideia de uma estética da natureza só surge mais tarde na civilização urbana, onde os cidadãos já dominaram mais ou menos o ambiente natural, então a natureza passa a ser um objeto de contemplação estética, mas não antes disso, antes disso ela é só o conjunto dos perigos e dos riscos que você está, aqui você está exposto, então a tendência do ser humano é buscar refúgio naquilo que ele domina e que ele domina. Então como não existe o equivalente cerebral da noção de realidade e tudo no cérebro que funciona na base da estimulidade, exatamente como nos animais, então nós temos que supor a existência de alguma função ou extra cerebral, o que seria também cerebral, mas especificamente diferente dessa que eu estou descrevendo. Então alguns filósofos, como por exemplo Bernhard Loner e o Polan, dizem o seguinte, nós só conhecemos a realidade através da razão, não dos sentidos, então por exemplo a razão através das ciências nos fornece de uma imagem do cosmos, que é entre aspas mais verdadeira do que aquela que nós percebemos pelos sentidos, e ali aparece então com o exemplo do Copernicanismo, onde os astros parecem circular em torno da terra mais examinados pela ciência e verifica que realmente é a terra que está circulando. Então nesse caso a ciência correge a percepção, a razão corregem a percepção costumeira e espontânea do ser humano. Essa não é só o Polan e Loner que defendia isso, isso é uma criança generalizada entre muitos filósofos, cientistas intelectuais, ou seja, existe uma visão pré-científica ou espontânea da realidade que tem que ser corrigida então pelo exercício da razão crítica. Acontece o seguinte, que a razão científica só funciona em cima de abstrações seletivas que ela mesma fez. Então isso quer dizer que aquilo que é realidade para uma determinada ciência não precisa, nem pode corresponder àquilo que é realidade no mundo dos sentidos, porque o mundo dos sentidos é constituído de estímulos sensoriais imediatos e a razão que ela lhe fornece é uma construção hipotética, o objeto dessa construção hipotética jamais poderá ser visto ou percebido, ele só funciona dentro do quadro de referência daquela ciência. Então por exemplo, você não conseguiria caminhar baseado na hipótese da rotação da terra, não dá pra você fazer isso, então não é que a sua percepção extintiva e espontânea esteja errada, é que entre uma percepção e uma abstração a distância é infinita, é que é mais furável, não é isso? Ademais depois que eu li o livro do Robert S. Janis, Galileu as Wrong, eu vi o debate de elocentrismo e geocentrismo, ainda continua de algum modo, então isso quer dizer que a ciência não substituiu uma realidade por outra, ela substituiu uma realidade imediata por um conjunto de hipótese, isso é uma teoria que entra em conflito com outra teoria e nós não podemos esperar, vamos dizer, como é que eu vou fazer para ir até a esquina sem eu saber se a terra está imóvel ou em movimento? Eu não posso esperar que esse debate científico termine, eu tenho que continuar andando na mesma terra imóvel na qual eu sempre andei, então quando eu vou para a escola eu digo que a terra está em movimento, mas quando eu ando suponhe que ela está parada e isso vai ser sempre assim, e nesse sentido o próprio mundo ruso diz, a terra na qual nós andamos ela não se move, é óbvio, quer dizer, você vai descrever as coisas fenomenológicas de movimento, como ela chegou a nós, eu digo, ninguém jamais andou sobre uma terra em movimento, isso é absolutamente impossível, a nossa imaginação não pode alcançar uma coisa dessa e a nossa percepção muito menos, então é claro que a terra do heliocentrismo não é a mesma na qual nós andamos, é por isso que diz uma terra científica que nos fornece um corpo de hipóteses que pode mais de menos dias demonstrar mais verais do ponto de vista essa ciência do que uma outra teoria científica oposta, mas o confronto entre as várias teorias científicas, pouco ou nada tem a ver com o universo que chega a nossa percepção, mas ainda todos os praticantes de todas as ciências, além dele serem cientistas, eles são seres humanos também, eles têm percepções como nós e também neles existe o mesmo problema, vamos dizer, da abstração sensorial e imaginativa, e cada um deles tem de desenvolver o seu senso da verdade, independentemente das teorias científicas que ele vai desenvolver, depois ele precisa de senso da verdade antes disso, isso quer dizer que se o nosso cérebro ele pode nos enganar por meio da abstração sensorial, imaginativa e emotiva e se não existe um órgão de realidade dentro do cérebro, isso não pode ser suprido pela ciência, porque a ciência pressupõe a capacidade de ser uma realidade, ela não pode substituir ela, mesmo porque vamos dizer para a ciência estabelecer uma única realidade a respeito de um único campo de fenômenos, como por exemplo este que eu estou citando, ela pode levar muitos anos ou muitos séculos, então se a nossa percepção da realidade é deficiente ou está sujeita a erros, a ciência não pode nos ocorrer, porque a ciência é feita pelos mesmos seres humanos cuja percepção é deficiente e ela não pode criar uma outra percepção, ela pode criar uma outra teoria e essa teoria por sua vez pode criar imagens, agora nós sabemos que na realidade isso é uma coisa quase instintiva do ser humano, saber que a realidade é uma só, que não existe universos separados e que não existe nenhum fenômeno inteiramente separado dos outros, fenômenos estão separados dos outros, sob certos aspectos, naquele sentido que dizia o Edmundo Husser que não existe uma embriologia dos triângulos, nenhuma trigonometria dos liões, é verdade, são setores separados, mas onde estão eles, estão no mesmo universo, então alguma ligação entre trigonometria e liões tem que haver, não existe uma trigonometria dos liões, não existe uma trigonometria que você possa estudar os liões, mas os liões tem que saber um pouquinho de trigonometria, quando eles vão dar um salto por exemplo, eles têm que avaliar a relação entre o impulso que os eleva e a distância a ser percorrida, ou seja, entre a vertical e a horizontal, isso que quer trigonometria, então não há uma trigonometria dos liões, mas os liões estão ligados a trigonometria e sabem algo dela, um lião, um tigre, qualquer gato, sabe, então, ou seja, não há realidades totalmente separadas, porque não quer dizer que tudo esteja ligado com tudo da mesma maneira, claro que não, tá certo, nós sabemos que existe esta complexa relação de todo e parte, em tudo aquilo que nós mexemos, o todo como tal é inalcançável, você não é representável, mas nós sabemos que ele está lá, e a parte enquanto tal também é irrepresentável, porque nós não conseguimos examinar, conceber nenhuma parte que esteja totalmente desligada de tudo mais, por exemplo, se você consegue o formato de uma pedra, bom, você não precisa pensar no mesmo momento o peso que ela tem, mas algum peso ela terá, em algum lugar ela estará, você não precisa representar mentalmente do lugar, então, nós sempre temos essa tensão entre todo e parte, e este é exatamente o problema do que eu estou chamando da abstração imaginativa, então, como eu disse, a ciência não pode produzir um outro objeto, um outro universo perceptível, ela pode produzir uma teoria, teoria na verdade quer dizer visão, mas é uma visão intelectual, que só existe na sua mente, então, digamos assim, a terra que se move só existe intelectualmente, não existe perceptivamente, e uma coisa não pode substituir a outra, você imagina se para você dar um passo você precisasse levar em contra o movimento da terra, mas no cálculo imensamente complexo que você teria que fazer para dar cada passo, portanto você caminha sobre uma terra imóvel, como eu disse, de modo rússula, e supondo-se que o heliocentrismo seja a teoria verdadeira, entre ele e a experiência do caminhar sobre a terra existe uma tensão, e essa tensão é absolutamente insolúvel, não tem uma solução para isso, então, o que acontece é que se nós percebendo a dificuldade do nosso cérebro para aprender a noção de realidade, nós apelamos a razão e a ciência, a razão e a ciência não podem nos dar um novo objeto de percepção, nos dão uma nova teoria, ou seja, um objeto de visão intelectual, puramente pensado, este objeto por sua vez pode se transformar, vamos dizer, numa instituição pública, ou seja, aquilo é imposto através das escolas, da mídia, etc., como esta, esta é a verdadeira realidade no qual vocês estão, mas ninguém está vendo essa realidade, todo mundo continua vendo a outra realidade, a realidade pré-científica ou pré-filosófica, então isso quer dizer que nós podemos educar uma geração inteira na base do A Você Estão Enganados em Tudo, só nós cientistas é que sabemos, mas acontece que os cientistas também estão em conflito entre si, as teorias continuem em discussão por longo de séculos e não para nunca, as teorias mais firmemente estabelecidas de repente são contestadas, não é isso? Agora surgiu essa nova, vamos dizer, neogeocentrismo, os caras estão discutindo tudo isso de novo, depois de quatro séculos, então como podemos nos orientar pela ciência neste sentido? Isso quer dizer que o que a ciência nos dá é um conjunto de teorias que nunca se transformem em objeto de percepção, só existe no mundo do pensamento, mas este pensamento pode não ser imposto como ele sendo a realidade, então isso quer dizer que estamos vivendo num mundo materialmente existente, estamos vivendo dentro do ápero, como sempre os seres humanos viviam, mas nós acreditamos que estamos vivendo dentro dessas teorias científicas, o que torna, vamos dizer, a busca da verdade ainda mais difícil, porque além de dar conta das nossas ilusões de percepção, nós ainda temos que tomar consciência de que estamos vivendo dentro de um produto cultural que nos foi imposto, e que pode ser derrubado amanhã ou depois? Então quando você pensa, por exemplo, em todo o mundo socialista, onde eles viviam não dentro de um mundo criado pelas ciências físicas, mas de um mundo criado pelo marxismo e do alienismo, onde absolutamente tudo o que sucedia tinha que ser referido a uma luta de classes. O que acontecia então? Acontecia que se nós estamos envolvidos na luta de classes em escala mundial, o que significa que a única finalidade da vida humana é servir a luta de classes, servir a revolução. O que significa que nenhum objetivo individual deve valer alguma coisa, por exemplo, se você quer estudar medicina, mas o governo achou que você tem que entrar por exército, você não tem como argumentar porque o seu desejo individual, seu sonho individual, é uma ilusão pequeno-burguesa que tem que ser abandonada. Vocês imaginam milhões de pessoas viveram sob este regime, acreditando que tudo aquilo que elas pudiam querer individualmente não tinha importância, só tinha importância de servir a revolução, mas a despreidência continuava querendo aquilo que queriam. Agora, você vê que o socialismo é para criar uma vida melhor para todos, de quem são esses todos? Esses todos são pessoas que não têm importância nenhuma, que só estão ali para servir a revolução. O socialismo vai servir ao ser humano ou ao ser humano vai servir ao socialismo? As duas coisas ao mesmo tempo realmente não é possível. Ou a luta pelo socialismo é tudo que interessa e tudo deve ser sacrificado a isso, ou o socialismo vai dar meios para que as pessoas realisem os seus sonhos, seus desejos, etc. As duas coisas ao mesmo tempo não dá para fazer e, no entanto, quase metade da humanidade viveu sob isso durante um século, alguns vivem ainda. Então, isso quer dizer que o problema da busca da verdade continua dramaticamente presente e eu digo, olha, não podemos confiar no nosso cérebro, não podemos confiar nas circunstintes, não podemos confiar nas instituições, não podemos confiar em coisa nenhuma. Então, o problema é devolvido a nós enquanto individuos. Se eu tenho que ter um centro da verdade, eu mesmo tenho que desenvolver e, no adianto, eu tentar me apegar e nenhuma autoridade externa. E isso é coisa básica. Então, se existe algum centro da verdade, eu tenho que descobrir ele em mim mesmo. E esse é o ponto principal. Se você não passou por este drama e você não encontrou você mesmo à saída, então, olha, babal, o centro da verdade. Ou você vai ser eternamente vítima de sua abstração imaginativa, ou você vai ter que se apegar à autoridade externa da chance aqui na fim das contas, à autoridade externa do estado e você vai viver numa ilusão coletiva que não é nem um pouco melhor do que aquela sua ilusão individual. E muito bem, se não existe no cérebro humano um órgão da realidade, como que nós somos capazes de distinguir realidade e imaginação? Todos nós, na verdade, somos, a não ser que sejamos esquizofrênicos. O fato de que existam esquizofrênicos, é que pessoas realmente incapazes de distinguir entre imaginação e realidade nos mostra que nós somos capazes de fazer essa distinção. Por exemplo, um esquizofrêneo pode estar conversando com você e ele acredita que ele é você e você é ele. Mas você sabe que não é assim. Então, existe algum órgão de realidade no ser humano que não está no cérebro. Não porque cérebro é uma parte da realidade, mas porque o cérebro é apenas um objeto físico a mais. Ele está dentro da sua cabeça, mas os dos outros estão dentro da cabeça dos outros. Então isso quer dizer que a percepção de realidade não é a função do cérebro, é uma função do eu humano. E o eu humano é aquilo que não se reduz a nenhuma das suas funções, mas é aquele que se considera o senhor dessas funções todas. O ego pontífix, como chamava o zonde, é aquilo que costura as várias partes da experiência, costura as várias tendências, costura as várias percepções, etc. Então a existência de um eu é uma coisa que cerebralmente é inexplicável. Não porque o cérebro é só mais um órgão dentro do eu. Então não vamos investigar agora a possibilidade da existência do eu. Da onde surge essa possibilidade no ser humano? Pode ser tema para uma outra aula, já mencionei isso outras vezes. Mas o fato é que a noção de realidade ela vem de um confronto do eu consigo mesmo, de uma exigência que o eu coloca para si mesmo, que ele não é obrigado a colocar de maneira alguma, ele pode ficar esclosofrênico na hora que ele quiser. E nós podemos negar o contexto real a qualquer momento, porque essa é a função da abstração imaginativa e sensorial. Então a qualquer momento nós podemos isolar um conjunto de percepções do restante daquilo que nós sabemos, daquilo que está na memória e considerar aquele conjunto como se fosse o mundo dentro do qual nós estamos, porque na realidade ele é apenas uma experiência que está dentro de você. Então essa confusão entre o dentro e o fora é uma possibilidade permanente do ser humano. Ele só não cairá nisso se ele não quiser. E foi por isso mesmo que eu lhes dei aquele exercício no começo do curso, lembrar-se sempre do universo ilimitar no qual você está. Mas ainda você sabe que para além desse universo, o curso de limites você não alcança, pode até haver mais coisa. Ou seja, pode haver uma outra dimensão de realidade regida por outras leis completamente diferentes do nosso universo, tá certo? E que mais ainda, se essa dimensão extrauniversal não existisse, o universo também não poderia existir, porque se você considerar o universo como um campo fechado, regido por determinadas leis, então ele entra dentro da segunda lei da termodinâmica e ele está em entropia e ele vai acabar. Na realidade nós vemos esse universo crescendo, nós vemos novos estrelas, novos galartes, etc. Então se não existisse, para além do mundo do universo existente, os cursos confins nós não alcançamos. Uma outra dimensão maior ainda que a dimensão da possibilidade universal ou da unipotência, se quiser me chamar, e se essa dimensão da possibilidade universal ou da unipotência não alimentasse continuamente o universo existente com novas possibilidades, ele já teria acabado. Então nós somos capazes de entender que nós estamos dentro disso, nós não podemos prestar atenção, isso é coisa básica, nós não podemos tomar consciência do universo, nem muito menos do suproniverso como conteúdos da nossa consciência, eles nunca podem ser conteúdos da nossa consciência, eles são impensáveis, o que você pode fazer é admitir que você está dentro deles, e esta dimensão é a base da busca da verdade, é aquela famosa experiência do reggae, o que fica olhando uma montanha, meia hora, de fato é assim, isso não é um conteúdo de pensamento, a montanha não é um conteúdo de pensamento dele, é algo que está fora dele, é algo que ele não abarca, e que ele só pode admitir, então esta dimensão do real é a base da busca da verdade, de um real que nunca será objeto da sua consciência, que nunca será pensado, só será admitido. Agora como a filosofia dos últimos três séculos, se voltou para o pensamento, para a consciência, começou a examiná-la como se fosse uma dimensão existente em si mesma, então é evidente que tudo o que nós conhecemos acaba tendo de ser explicado como um conteúdo de consciência, então que é um erro mortal. Você vê, eu já dei esse exemplo, eu já dei esse exemplo, você acredita que você conhece a sua mãe, a sua mulher, seus filhos, seus amores, agora pense-os, não, você pode pensar neles, ou seja, você cria um símbolo que remete a um referente que está fora de você, tem um signo, está aqui uma figura, está aqui pensando que é figura leila, esse figura que eu estou pensando significa a leila, mas é a leila tal como eu estou pensando, essa leila tal como eu estou pensando, além do que é o significado, ela tem um referente que é a leila de verdade. Se não fosse assim nós não poderíamos sentir saudade das pessoas, porque basta você pensar nelas, elas como significadas estão presentes, né isso? Depois eu estou pensando na Inês, agora a Inês vem aí daqui uns dias estou com saudade mas tem que eu não vejo a Inês, mas basta eu pensar e ela está presente, não, não está presente, então tem o signo, a figura que eu penso, tem o significado que é a Inês e tem o referente que é a Inês de verdade, né, então o referente nunca é pensável, porque se ele for pensável ele se incorpora ao significado, né isso? Então isso quer dizer que quando eu digo que a realidade não é pensável, ele é cognoscível por admissão, admissão de que eu sou apenas mais um elemento dentro de uma realidade que me transcende, qualquer objeto é assim, nenhum objeto é pensável na sua totalidade, ele só é pensável através de um símbolo que remeta um significado que por sua vez remeta um referente a não ser que seja um objeto que se resume no seu próprio pensamento, mas na verdade nenhum objeto é assim, nem os objetos abstratos são assim, se você pensar por exemplo o conceito de triângulo, é bom, triângulo é tudo que atenda à definição de triângulo, mas você está pensando todos os triângulos possíveis e imagináveis, não, não, não, você está pensando apenas um elemento criado pela sua própria inteligência que é a definição de triângulo, né, e eventualmente representando aquilo com um triângulo que simboliza os triângulos todos, mas que não é os triângulos todos, ou seja, nem os objetos puramente abstratos são totalmente pensáveis, e esta coisa é básica para você desenvolver o senso da verdade, você sabe que o pensável é uma titica de galinha, que além do que nós podemos pensar, nós sabemos infinitamente mais do que podemos pensar, e sabemos por admissão da nossa condição existente, fora disso você vai cair num delírio onde o universo inteiro está no seu pensamento, então você vai cair no cartesianismo, no alcantismo, em todos esses erros monstruosos que foram cometidos ao longo dos séculos e curas sequelas ainda continuam a nos prejudicar, né, isso, quando você vê que no século 20 houve tentativas de você criar sociedades inteiras a partir do pensamento de um ou dois fulano, é claro que isso é loucura, é claro que ninguém pode inventar uma sociedade, nem uma plena de gêneos pode inventar uma sociedade, a sociedade como tal também não é abarcavel, só é abarcavel certos esquemas que simbolizam alguns processos e algumas estruturas que estão presente na sociedade, e isso é tudo, quer dizer, a sociedade é constituída de todas as ações, de todos os seres humanos envolvidos e isso não é pensável, você só pode reconhecer que você está dentro disso, se você inverte e imagina tudo isso dentro de você, a sua concepção está aqui o marxismo, o leninismo, concebia a sociedade inteira, concebia a totalidade, os marxistas não param de falar de totalidade, mas que totalidade, meu filho, você só pensa a totalidade daquilo que você pensou, não a totalidade do real, o real só é cognosível por admissão, e essa noção da admissão é básica, só que você não chega a isto sem você passar pela admissão de que nem mesmo você se conhece inteiramente, você não é um conteúdo da sua consciência jamais, então é o tal negócio, nós existimos realmente e uma parte de nós existe para a nossa consciência, e esta consciência tem que continuamente estar reconhecendo a sua limitação e cedendo a um real que a transcende o tempo todo, isso quer dizer, qualquer forma que você tenha criado para você representar a realidade, para você representar a sua mãe, para você representar a sua mulher, para você representar o seu cachorro, para você representar você mesmo, tem que continuamente ser dissolvida e reintegrada na totalidade e não embarcar de novo e de novo e de novo e de novo, isso quer dizer que a verdadeira condição humana é como você está num barquinho solto do oceano, sem remo, o oceano decide para onde você está indo, e ele é a realidade, você pode mentalmente traçar o caminho que você desejaria seguir, ou você nem sabe se vai conseguir, e além disso, esse caminho só existe na sua mente, então a continua dissolução das formas pensadas e a admissão da realidade ilimitada que nos abarca e nos transcende, esta é a noção fundamental da zetologia, isso você pode fazer, isso até como exercício, quando você vai dormir, você pensa assim, tudo que eu pensei é bobagem, agora eu fecho os olhos e volto para a realidade onde eu estou realmente, isso quer dizer que eu não vou estar consciente do antestei período, só estou consciente do meu próprio pensamento, dos meus próprios sonhos, mas eu estou para assim dizer descansando na realidade, eu estou desistindo de controlar o universo dos meus pensamentos e mais ainda desistindo de controlar a realidade, eu me entrego a realidade como um bebê se entrega no colo da sua mãe, então esta experiência ela tem que ser feita de novo e de novo e de novo e de novo todos os dias, ou seja, você esquecer o que você pensou, e de bom, o patato de errado, a mãe a gente começa de novo, não tem mais minha importância porque eu só sou mais um, existe uma experiência que aqueles que são relerosos, especialmente que são católicos, deveriam ter todo dia, deus é irrepresentável, pois está falando com uma entidade infinita que te abarca, da qual você não sabe nada, dentro da qual você está, de algum modo, nele vivemos, não vivemos e somam, de São Paulo aposta, e, um momentinho, isso quer dizer que se você, no momento em que você está reza, você não tem consciência da sua pequena imensurável, quer dizer que você é uma poeirinha, e pior, uma poeirinha sem valor nenhum, você nunca terá acesso a um vislumbre do mundo divino, nunca na sua vida que vai ter, quer dizer que se você não fizer isso, você está com a proporção errada, você consegue imaginar o universo inteiro? Não, pois é Deus que ele cabar com o universo inteiro e faz alguma coisa depois, então quer dizer, essa experiência da pequenese é a experiência do senso da realidade, meu Deus do céu, porque ao mesmo tempo, não é uma pequenese que te esmague, por quê? Porque você está aberto para uma coisa que transcende e esta coisa, ela está consciente de você, então você é uma poeirinha de nada, sem tamanho, sem valor, sem poder nenhum, na qual o próprio Deus presta alguma atenção, sem digaça e experiência fundamental, então quando Jesus disse eu sou o caminho, a verdade e a vida, ele quis dizer que a verdade só pode ser conhecida neste nível, da admissão da sua pequenese, na sua total abertura a uma verdade que se transcende infinitamente por vários e vários e vários universos, este é o senso da verdade, agora você imaginar que através do mero uso da razão, você vai chegar à verdade, e falar meu Deus, a razão só vai produzir uma teoria a mais, a qual teoria está dentro da sua cabeça, a qual cabeça está dentro do seu corpo, qual corpo está dentro do universo, então isso quer dizer a verdade só pode ser conhecida como presença abarcante, meu Deus do céu, não há outra maneira de conhecer, esta experiência renovada da presença abarcante dentro da qual você está, isto vai revigorar a sua inteligência para que você perceba as coisas e você faça as suas abstrações perceptivas, abstrações sensoras, abstrações mais netas, sem perder o quadro geral, isso vai como se vitaminar a sua inteligência, então esta experiência da presença abarcante é a base de tudo, é a base de todas as etologias, e com isso voltamos a aquele exercício de você se deitar na grama de noite vendo as estrelas e sentindo o chão do planeta que o sustenta, isso não é imaginação, isso está acontecendo mesmo, qualquer experiência que remeta você de novo e de novo a presença do universo é boa neste sentido, eu me lembro mais porque eu moro na perda praia, em uma região 16km da cidade, eu gostava muito de andar no mato de noite sem ver nada e ouvindo o barulho do mar, então eu tinha aquela dupla presença da floresta em torno e do mar que eu não via e esse não ver era importante, porque portanto eu não abarcava, então eu sabia dentro de qual ambiente eu estava, não era um conteúdo da minha consciência, então esta admissão do que está para além da sua consciência e sobretudo do que está para além do seu cérebro, lembrando o cérebro é apenas uma coisa que está dentro do seu corpo, corpo que está dentro do universo e assim por diante, essa experiência da abertura aquilo que o transcende definitamente é a única garantia que nós podemos ter de que estamos na realidade, a realidade é sempre aberta e ilimitada, sempre, as abstrações somos nós que fazemos para a nossa conveniência e a abstração demarco o que? A nossa posição do universo, não o universo, do mesmo modo que os nossos sentimentos, por exemplo, lembrando aqui a experiência do Rogério Campoeiro, aquela emoção que ele sentia perante os jovens colegas dele que estavam indo para formar as forças armadas revolucionárias que jamais chegariam ao filho, aquela emoção patriótica socialista que ele sentia naquele momento, expressava apenas o estado dele, não a situação real, os sentimentos só dizem o que nós estamos sentindo, meu Deus do céu, não o que está acontecendo, os sentimentos assim como as ideias e as teorias, eles também têm de ser dissolvidos, ou seja, estou sentindo isso agora daqui a pouco que pode estar sentindo outra coisa, nenhum dos dois me informa a realidade, só informa o meu próprio estado, agora eu confundi o meu estado com a situação objetiva, tenho mais uma coisa de macaco, meu Deus do céu, é razozinho de macaco, razozinho de animal para o qual só existe o seu entorno, seu um velto como chamava o X-Core, entendeu? Então dá de capurrense-ovô por cima. Então vamos lá. Olha, das perguntas que eu recebi aqui, eu conclui o seguinte. Muitos alunos, evidentemente, estão tirando conclusões de ordem metafísica daquilo que eu disse, mas tudo que eu disse nessa aula tem apenas um valor metodológico, apenas, vamos dizer, uma técnica para vocês seguirem. As questões metafísicas que me mandaram, eu digo, e por responder isso aqui eu levaria o resto da minha vida, não vai dar. Então esqueçam essas dúvidas por enquanto. Só tentem se lembrar disso sempre, dessa ideia de dissolver as suas ideias, das suas representações no grande mundo, no grande universo que nos rodeia e no dia seguinte deixar que elas se formem de novo. Assim você nunca vai se fechar dentro de uma jaulinha que você mesmo criou. Tá certo? E que é, mas é talvez o maior problema cognitivo que existe, o maior obstáculo, a busca da verdade é esse. As pessoas de fato não estão querendo a verdade, estão querendo apenas os seus pensamentos. Desistam de possuir a verdade no pensamento. Você tem que possuir a verdade na existência efetiva. E possuir a verdade não é possuída, de fato, é ser possuído por ela, é estar dentro dela. Lembre-se do Nele, vivemos, nos movemos e somos. Isso é uma coisa básica. E aqui vamos dizer, a ideia de que o pensamento tem de aprender a verdade, essa é uma das ideias mais cretinas possíveis. Porque o pensamento só vale alguma coisa quando ele tem o universo real como fundo. Ou seja, o universo é o mediador da linguagem, é o mediador do próprio pensamento, é o mediador entre você e você mesmo. Isso quer dizer, a linguagem não tem que aprender a realidade, tem apenas que apontar para uma realidade que seria incognosível se tivesse, se houvesse só o pensamento para aprender. Então, a função do pensamento e da linguagem não é jamais aprender a realidade. Você está apenas através do pensamento, você está se interconectando, primeiro lugar, com você mesmo, porque você está atualizando o seu estado em relação à sua memória, essa é a primeira coisa. E segundo, você está se comuniquendo com outros seres humanos. Mas nesse íntimo, você mesmo, os outros seres humanos estão dentro do mesmo universo. Todo pensamento e toda a linguagem é como se fosse apenas um índice que está apontando para alguma coisa. Se o pensamento se fecha dentro de si mesmo, se eles têm apenas um significado e não referente, então todo e qualquer pensamento seria impossível, na verdade. Você vê até fisicamente, eu estou falando para você como é que eu estou, são ondas sonoras que eu digo até você, eu não estou produzindo as ondas sonoras, existem aí fora, vocês no mundo exterior, sem isso não teria comunicação nenhuma. Você quando fala com você mesmo, você está lá pensando, e onde você estava durante o tempo que você estava pensando? Não havia uma continuidade real física sua durante esse tempo, e foi o seu pensamento que fez isso, essa continuidade real física é a condição para que você possa pensar. Então, por que que o pensamento tem que aprender a realidade? Não tem que aprender nada, ele tem apenas que indicar alguma realidade que você já conhece por outros meios, senão, não sei, nada seria possível. Então, essa ilusão de aprender a realidade pelo pensamento, isso aí afasta você da realidade para sempre. Isso vai criar essas grandes estruturas ideológicas que serve para aprender as pessoas dentro, é uma vez que você entra lá, é quase impossível você sair. Quer dizer, a gente fala mal do neguinho, que é comunista, que é militante, mas, olha, antes que você entrou nesse aí, você escapar disso, é como você escapar de um pesadelo sem você acordar, você está entendo? Quer dizer, a saída do pesadelo não está nele, enquanto você está procurando a saída dentro do pesadelo, você não tem, você está lá birinto, ali dentro não tem saída mesmo, só você acordando. Para acordar, você precisa penetrar numa outra esfera de percepção que transcende aquilo infinitamente. Mas, para você fazer isso, você precisa entregar a insegurança da realidade, ou seja, você não vai ter mais o domínio intelectual da situação como você imagina que tem, enquanto você está dentro daquilo. Então, eu acho assim, pela experiência, a maior parte das pessoas não gostam de viver, é apenas de pensar, porque o pensamento está sob o domínio delas, e a vida é exatamente aquilo que você não domina, por isso que eu digo, a experiência de, por exemplo, você está perdido no mato, uma coisa assim, isso é importantíssimo, você não domina nada, você está dentro de uma situação que tem transcende infinitamente. Isso, então, isso é a vida real. Então, se isso é a vida real, nós temos que aproveitar as experiências dentro da nossa atividade intelectual. Você tem que deixar que a sua atividade intelectual se dissolva na experiência do universo real, mil vezes, todo dia, na verdade. Como eu disse, esquecer tudo que você pensa e mergulhar dentro da realidade, não como um pensante, mas como um ente existente. Então, durante aquele período, você se ocupa de existir, não de pensar. Nesse sentido, é a frase do Fichte, pensar é não viver, viver é não pensar. Ele tinha razão, não é bem essa frase, mas é mais ou menos isso. Então, é um não pensar consciente. Por exemplo, vamos supor que você está pescando, você pegou lá um peixe de espada, um toarão, qualquer coisa. Durante o tempo que você está seguindo ele, você não está pensando, você está apenas vivendo aquela situação e prestando atenção numa coisa real que te transcende, que você não domina. Você não quer para onde ele quer, não para onde você quer. Então, este é, por exemplo, um exercício que pode ser utilizado na própria vida intelectual, você seguir as coisas para onde elas vão. Então, para isso, é sempre, se você esteja aberto, aquilo que você não pensou, aquilo que os fatos impõem. Eu falei isso no capítulo da dialética simbólica, que tem o capítulo da Contemplação Amorosa, talvez não seja bem o termo, mas é disso que eu estou falando. Quer dizer, você querer que as coisas sejam o que elas são e esperar que elas te digam o que elas são. E elas dizem pelas suas ações, pelo seu desenvolvimento, pela sua história e se dizem, rola na sua frente e não na sua cabeça. Então, é por isso também que eu insisti muito no começo, no treino literário, porque um escritor de verdade, ele quer expressar as percepções reais que ele teve. Não é uma coisa só que ele inventou. Ao pós quando você vai no domínio da senso social, da filosofia, você está lidando já com produtos mentais muito elaborados. Então, sem essa vivência, vamos dizer, da expressão das impressões, você escapa da realidade muito facilmente. Então, pessoas que são capazes de discursar e defender teorias por horas, às vezes, são incapaz simplesmente de contar a sua experiência, contar o que se passou dentro dela, como é que essas ideias chegaram até elas, como é que elas desenvolveram. Olha, eu passei anos de observando nesse sentido e reparando quais as pessoas que tinham me influenciado. Pessoas que me disseram coisas que eu acreditei imediatamente e que eu continuo repetindo como se fosse uma ideia minha. Eu fiz isso durante longos anos e depois passei outros longos anos observando isso aí. Até o ponto de perceber, eu falei, olha, eu acho que eu não tenho uma ideia minha. Tudo ouvi em algum lugar. Isso aí, repetindo. Não quis ser errado você fazer isso. É errado você não ter a consciência disso. E você se focar nessas ideias sem você saber qual foi a história real delas. Por trás de uma concepção teórica que você tem, existe uma história que não é teoria, é uma história real de como essas ideias chegaram até você. Então, essa história às vezes é mais importante do que a teoria mesmo. E às vezes, só você contar a história da teoria e você vê que a teoria é falsa. Samuel Gauvea. Quando colocou a noção de que a realidade não é função do cérebro e sim do ego, logo me vê a reflexão da relação do ego com o conhecimento por presença. Como o ego articularia isso, ele não articula, ele apenas reconhece, ele admite. O conhecimento por presença chega à nossa consciência pela admissão. A admissão de que algo está acontecendo. Em geral, quando nós temos essa impressão de que algo está acontecendo na realidade e não está sob o nosso controle, é porque algum detalhe específico chamou a nossa atenção. Por exemplo, se você é atacado por uma fera, atacado por um tigre, por um urso, você sabe que aquilo não é pensamento. Existe um desejo de fugir e imaginar que aquilo é apenas um pesadelo, mas você sabe que vai falhar isso aí. Eu vi já centenas de depoimentos, todas as pessoas dizem isso. Eu queria acreditar que era só um pesadelo, mas eu sabia que não era. Então, você tem uma realidade ali que te transcende, que vai infinitamente além do seu pensamento e sobre o qual você não tem nenhum controle. Muito bem, você não precisa esperar que um tigre te ataque para ter isso. Por isso que eu sugiro aquele exercício de você deitar na grama. Ali não está acontecendo nada de grave, um tigre vai comer você. Se simplesmente está concedendo ao universo, o mesmo privilégio que você concederia ao tigre se ele atacasse. É de reconhecer que ele existe, que ele está aí, que ele te transcende e que ele está chegando até você. E que você está dentro dele. É simplesmente o reconhecimento da situação real. Isso é um exercício que tem que ser feito todos os dias, pelo resto da sua vida. Não é difícil você fazer. Acontece que o pensamento, ele tem uma mecânica, é difícil de você parar. Então, por exemplo, no tempo que eu fazia a Taishi com o Michel Weber, ele ensinava você a concentrar a sua atenção no seu centro de gravidade. Você não estava pensando que o centro de gravidade existe realmente, e a sua atenção está ali num fator real que está presente no seu corpo. Isso ajudou para caramba. Você sentir o centro de gravidade, sentir o peso, você está sentindo uma coisa que está acontecendo, que não é par do seu pensamento. O pensamento te distrae disso. E daí você volta de novo e de novo. Isso acaba dando uma diferença na sua conduta. Esse centro que se chamava o Kii, o Japoneu se chama Haran. E tem o famoso livro do Kond Ka Frid Graffondur Hein, que se chama Haran. E ele conta que quando ele está no Japão, ele reparou por isso que pegava fogo no cinema. Na Alemanha todo mundo saía correndo, e os japoneses não saíam de pagarzinho, com calma metodicamente. E ele perguntou para o Japoneu por que vocês são assim, dizem que nós temos o Haran. Nós estamos acostumados a essa sensação do peso, do centro de gravidade do corpo, que nos dá, portanto, um alto domínio, que não é um alto domínio pelo pensamento. É pela presença. Eu não digo que precisam fazer esse exercício, também não estou recomendando que faça o taijia, não saberia que professor lhe indicar para vocês hoje. Mas não precisa ser através do taijia, essa simples prática de você deitar na grama, e lembrar que o universo está presente, e você está presente dentro dele. Alguém aqui conta que eles fizeram esse exercício? Quer ver? Onde está isso? Aqui, André Luiz. Nesta semana quinta-feira, consegui fazer esse exercício deitar no sol, e sentiram presença do universo sobre mim. Chamei meus pais e o padre da minha cidade, expliquei exercícios todos, e fomos a uma fazenda para vivençar essa beleza. Foi grandioso. Quando chegamos em casa, o padre nos ligou, pediu para rezar no Salmo 8, que louva a Deus em sua criação e sua infinitude. Olha só, é isso aqui. É isso aqui. É isso aqui. Vai lá e faz, você vai ver que isso funciona. Você fizer muitas vezes, não precisa ser deitar na grama, você pode fazer em qualquer lugar, na verdade. Só para você lembrar o universo que está aí, eu estou dentro dele. Não é o óbvio? Você sabe disso? Isso não é uma coisa pensada, isso é um reconhecimento, é uma admissão. Carlos Barros, o senhor disse que o que sentimos deve ser separado da realidade, mas no caso de uma percepção direta e intuitiva da realidade, que acontece inseparávelmente do sentimento, no caso de estar todo entricamente imerso do próprio Deus, esse sentimento do meu ponto de vista é também realidade. Claro que é. Só que o sentimento é realidade sua. É isso aqui. Eu não estou falando contra o sentimento. Ao contrário, o sentimento indica alguma coisa. O que ele indica? Ele indica o seu estado. Portanto, ele faz parte da autoconsciência, não da consciência de realidade. Por exemplo, se não há determinada situação, eu tenho medo, esse medo me informa qual é o meu estado. Não me informa se existe realmente um perigo. Está entendendo? O senhor pode ter tanto medo com um tigre imaginário quanto um tigre de verdade. De qualquer modo, o sentimento informa onde ele está. O sentimento é como se fosse um jogo de proporções, sobre B igual de F sobre Y. É como se fosse uma caixa de ressonância. E evidentemente, a ressonância é proporcional a estímulo, mas você não sabe se o estímulo veio da realidade da sua imaginação, você só sabe a medida do que você está sentindo. Então, o sentimento é básico para você reconhecer em que estado você está no momento. Então, admitir o sentimento também como uma realidade. Quer dizer, o que eu estou sentindo é isso. Eu não sei exatamente o que está se passando. E o meu sentimento não dá a medida certa do que está acontecendo, dá apenas a medida certa do que eu estou sentindo, oraios. Quantas vezes você não sente um medo, sabendo que o medo é absurdo, ou você sente raiva de uma pessoa sabendo que ela não fez nada de mal contra você. Não obstante, é aquilo que você está sentindo, e não adianta você negar. É isso? Claro, você pode corrigir, mudar o sentimento. O sentimento é iminente, mutável, ele está mudando o tempo todo. Então, portanto, você pode mudá-lo, introduzindo um novo dado, uma nova informação, você muda, você não pode se deixar guiar por ele. Então, o sentimento é como se fosse o velocímetro do automóvel. Ele mostra que a velocidade de você está, não aquela que você deveria estar. Esse aí estou aqui a 75 kph, mas eu não digo qual é o limite da velocidade da estrada, ou se você está correndo o risco ou não. Só diz o que você está fazendo. Então, você conhecer e admitir os seus próprios sentimentos faz parte do conhecer e admitir a realidade. Apenas essa é a sua realidade. Então, às vezes ela não é aquilo que nós desejaríamos, ou aquilo que confere com a nossa auto-image. Também quando eu falo do ego, é importante o seguinte, não confund o ego com a auto-image. O ego é o centro desse esório, ele não é uma imagem. Aliás, o que eu estou explicando aqui é o seguinte, a auto-image tem de ser dissolvida diariamente, dissolvida trocada, de novo e de novo e de novo e de novo. Então, você reconhecer o seu estado de ignorância contra você mesmo, isso te permite que você descubra algo sobre você mesmo no instante seguinte, que você não descobriria se você estivesse apegado àquela auto-image. Então, não é importante ter uma auto-image, é importante ter muitas que vão ser trocadas. Então, também quando você está muito empenhado em manter uma auto-image, em transmitir uma auto-image, você está desligado à realidade evidentemente, porque você está apresentando a sua imagem, não na realidade. Portanto, é melhor assim você não saber qual é a impressão que você está dando. Aqui, eu penso que quando eu estou dando aula, eu estou aqui pensando exclusivamente naquilo que eu quero transmitir. Eu não sei se eu estou falando bonito, se eu estou falando feio, se eu estou fazendo papel de palhaço, não tenho a menor ideia. No dia seguinte, é que eu vou saber quando as pessoas me informam. Uma vez eu estava dando aula e eu tinha uma garrafa térmica do lado, e eu vi quando eu botava café na xícara, todo mundo parava e olhava para a garrafa térmica. E isso foi, míses. Tem um dia, por último, de pouquim raio, você ficou olhando na garrafa térmica. Eu estou aqui explicando tanto da aula, pô. Eles dizem, não, nós estamos pensando como é que você consegue segurar a xícara, um cigarro e ainda apertar a garrafa ao mesmo tempo. Eu falei, pô, eu nunca reparei que eu tinha essa habilidade. Eu chamei a atenção de uma coisa latela, não foi minha intenção. Então, deixa eu ter o amor pela realidade. Eu quero saber como as coisas são mesmos. E as coisas são... eu vou dizer, para você saber como as coisas são mesmos, a primeira coisa é saber que elas não são como você as pensa. O que você pensa é só o que você pensa. Pô, tudo que eu estou dizendo para vocês, o que eu estou querendo? Que vocês peguem este conjunto de pensamentos e metam na sua cabeça e começam a pensar exatamente assim e falam, não, é claro que não, porque daí vocês vão apenas copiando o meu pensamento, fazendo na sua cabeça e nós não saímos da esfera do pensamento. Eu estou querendo que vocês verifiquem na realidade da experiência, se isso é assim. E se não for você, por favor, me avise. Mas como eu estou fazendo um esforço monstro para ficar na realidade, em geral, o que eu falo tem algo a ver com a realidade não apenas com o meu próprio pensamento. E as pessoas acabam confirmando por sua experiência própria. É isso. Agora, se você tentar tirar conclusões de tipo metafísico do que eu estou falando, você vai ir para a longe, porque as suas conclusões podem ser certas, podem ser erradas, mas certamente não é delas que nós estamos falando aqui agora. Eu estou falando só de uma técnica, o método, não das consequências que você vai tirar dela, não do conteúdo que você vai tirar daí. Isso aí, na verdade, eu não sei porque esse conteúdo é inabarcavel, como o próprio universo, você se abra para o universo, em vez de se fechar no seu pensamento. De bom, o que tem dentro do universo? Eu não sei, meu filho, para a gente fazer a lista ele não ia acabar tão cedo, né? Portanto, não é essa ênfase da coisa, não são conclusões de ordem metafísica, tá bom? Então, por hoje, se me desculpe, mas eu vou parar por aqui. São quase 11 horas. São quase 11 horas. Alguém me pergunta aqui, eu me faz três perguntas, eu vou responder só uma delas para encerrar. Quem pergunta é o Carlos Bach. O que fazer dos antigos mestres? Passei por uma experiência muito similar a de 100 agostinhos, que o 100 agostinhos escreve nas confissões. Ele foi o primeiro educado por falsos mestres, enquanto o caminho rumo, a verdade, somente mais tarde. Oujo, para trás, vejo que meus falsos mestres proporcionaram por lá muita confusão mental e sofrimento, mas por outro lado, eles de fato me estenderam à mão e me ajudaram indiretamente para... Bom, essa é a mesma coisa para mim. Eu nunca custo para um prato em que comi. Se você ver a lista que tem lá dos meus gurus, tem muitos desses gurus que eu já passei, adiante já, eu já passei faz tempo, mas tenho uma mesma gratidão, e aquela parte que eles me ensinaram, continua válida. Aquilo não é tudo, evidentemente. Se são meus gurus no plural, já quer dizer isso. Quer dizer, o que eu aprendi com um não foi igual ao que eu aprendi com o outro, então foi acumulando e desenvolvendo. Então, se tem alguma gratidão, a Karl Marx fala, claro que tem aprendi um monte de coisa com Karl Marx, até Lênia aprendi. Chegou e não aprendi nada, porque você é muito burro. Esse pessoal da escola de Franco, foi aprender um bocado de coisa com eles. Não sempre está cuspindo os caras, não é assim. O que importa, não é você julgar esses seus mestres, é o que você aprendeu com eles, está guardado e vai se integrar em outros conjuntos, cada vez maiores, maiores, maiores. Mas sempre vai ter o seu valor ali dentro. Agora, você ter que ter que cuspir em cima só para você dizer que você é independente. Isso aí é frescura, meu Deus do céu. Para que ser independente? Para que serve isso? Eu estou falando que o que interessa é realidade. Não é só o seu pensamento mais maravilhoso do seu Zemanéu, seu fulano, seu meu trâner. Não é isso o que interessa. No Brasil tem muita essa coisa de você julgar pessoas. Jugar pessoas, meu filho, é só o seguinte, só se você for um juiz, se trouxer para você e disser só, nós só pagamos o seu salário se você julgar esse caso aqui, é mesmo? Posso não julgar? O meu pai dizia aqui, a coisa que juiz mais adora é arquivar processo, para ele não tem que julgar. É uma reação natural, mano. Então, julgar, só se você for obrigado a julgar, por exemplo, um pai que recebe uma queixa, é obrigado a julgar a conduta do seu filho, falando que você não tem como escapar. Claro, seu filho bateu no meu que é pequenininho, falou que eu vou ter que tomar providência. A contragusta, é claro, eu prefiro não me meter nisso aí. Não é isso? Uma vez deu um conflito monstruoso de família, porque estava uma briga na casa dos vizinhos, que eram nossos parentes, todo mundo gritando. Daí, eu estava dormindo na cor dele, falou, pova, tem que ter uma tragédia, o que aconteceu? Daí chegou lá o seu filho, que era um garoto de quatro anos, passou a mão na bunda do outro, eu falei, vocês estão brigando por isso? Qualquer moda eu era o pai, eu tive que pedir desculpa. Então, julgar as pessoas é só quando você é obrigado a fazer isso. Em geral, a melhor coisa é que eu não tenho nada a ver com isso. E responde as duas palavras mais maravilhosas da língua podrevez, que eu não sei. Tá bom? Então, por enquanto é só isso, até a semana que... Ah, a que lembrar um encontro de escritores, é no dia 25 a 28 de novembro, entre vocês podem se inscrever para assistir por internet. Aqueles que quiserem, ou pessoalmente, quem quiser, e quem quiser ver aqui também, também pode, inscrições, aonde? pelo email Samora, s-a-m-o-r-a, ponto c-m-a, aroba-g-mail, ponto com. E as informações estão no meu site. Tá bom? Então, que mais? Então, que mais? Então, eu acho que é só. Muito obrigado.