Bom, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje nós vamos continuar com aquela entrevista que está sendo feita aqui pelo Wagner Carelli, em parte para um livro que ele está escrevendo para a editora Record, que é uma longa entrevista comigo, e em parte para o filme dirigido pelo José Esteófilo, do qual vocês já ouviram falar certamente. Eu queria aqui primeiro de tudo da dois avisos, de terça, quinta, da semana que vem haverá um desconto de 100 reais para os cursos avulsos, qualquer dos cursos avulsos, de terça a quinta, da semana que vem. E lembrar vocês do encontro, segundo encontro de escritores brasileiros na Virginia, de 25 a 28 de novembro, em inscrições pelo e-mail SamoraSAMORA.CMAarrobaGmail.com. E também tem informações na página do seminário. Então eu vou passar aqui o microfone ao Wagner, para que ele continue com as suas perguntas. Olá, onde você localizaria o centro do seu pensamento, do seu trabalho intelectual? Bom, quando eu defini a filosofia como a busca da unidade do conhecimento, da unidade da consciência, eu de certo modo já respondi isso. Não só com razão a mim, mas com razão a todos os filósofos, mas é evidente que, se eu mesmo formulei a definição, eu tenho que exemplificá-la. E absolutamente tudo que eu fiz, a partir de uma certa época da minha vida, não posso dizer que isso abrange tudo, eu dato isso dos 43 anos, acho que eu virei um amazinho aos 43 anos, até lá eu estava na adolescência. Então tudo o que eu escrevia a partir dos 43 anos se unifica sobre esse aspecto, é dizer, uma mente individual que, dentro de uma situação histórica social determinada, e dentro de uma circunstância pessoal também determinada, busca abranger o raio mais amplo possível de conhecimentos em torno de conhecimentos que estão vigentes e correntes na sociedade e unificá-los de uma maneira racional, não como um sistema, como uma ordem dedutiva, não como um conjunto de tesis, mas como um conjunto de investigações que visa, a dizer, a dar a esse indivíduo uma certa orientação dentro desse conjunto. Quer dizer, a filosofia é eminentemente isso, é um senso de orientação. Não no sentido do Piagé que ele distingue entre o que é conhecimento, o que é senso de orientação, porque o senso de orientação também é um conhecimento, aliás, é um conhecimento eminente, é o conhecimento por excelência, é um senso de orientação, porque aquilo que escapa, vamos dizer, de uma ordenação de conjunto não faz sentido, ou quer dizer, são informações isoladas, cada um pode interpretar como quiser. Então esse esforço de orientação de mapeamento no universo da cultura, do conhecimento disponível, fazendo espelho, por assim dizer, uma orientação do indivíduo na sua própria alma, na sua própria vida e sempre integrando essas duas coisas no máximo, com o máximo rigor possível, isto é a filosofia e isto é o que eu estou fazendo. Aqueles que acompanham os meus cursos entendem isso perfeitamente porque eles veem esse esforço de unificação e esforço de autocreação da consciência, todas as semanas assistem a isso. Então eu estou fazendo para mim e também na medida que eu mostro, eu estou ensinando como é que faz. E ensino da filosofia é isso, quer dizer, você filosofar na frente dos alunos para eles ver como é que faz, só você entregar a filosofia pronta. Então os alunos acompanham isso perfeitamente, o público mais geral, os leitores, sobretudo os seguidores de Facebook, eles pegam um pedaço aqui, um pedaço lá e às vezes começa a discutir esses pedaços isoladamente, sem ter ideia de onde aquilo saiu. Então a compreensão fica bastante deficiente. Então imita um pouco aquela história dos cegos com elefante, quer dizer, um pega a perna e diz, olha elefante, é um poste, o outro pega a orelha e diz, ah, uma fureta a perna, é assim por dentro. Então muitos comentários que aparecem aí, seja na grande mídia, seja nos blogs, no próprio Facebook, são fragmentos que isoladas não fazem sentido algum. Você tem que entender as opiniões e visões do cidadão dentro da unidade, da visão que ele tem do conjunto. Se não as partes isoladas adquirem, vamos dizer, às vezes um peso excessivo ou um significado completamente diferente. Então como no obra de qualquer filósofo, se você não pega a estrutura de conjunto, a ordem interna, você também não entende as teses isoladas. Você não pode pegar uma frase do sujeito e imaginar que compreende o pensamento dele a partir daquela frase. Mas no Brasil muita gente faz isso primeiro, porque no Brasil não existe ensino de filosofia, vamos falar o português claro. Existe, na melhor das hipóteses, uma transmissão de alguma cultura filosófica. Mas cultura filosófica é como você entrar no museu e ver um mundo de quadros e você pode até se tornar um bom apreciador de quadros, mas não quer dizer que você vai saber pintar. Então essa é a diferença. O professor ensina a sua apreciador de filosofia, não exercer a filosofia. Essa é a diferença para mim é crucial, como se faz. Ou seja, é uma forma filosófica. Não forma filosófica, é uma forma apreciador de filosofia. Pessoas que contemplam a filosofia podem até explicar direitinho. Você vê que no Brasil se você pegar mil trabalhos acadêmicos de filosofia, todos são sobre outras filosofias. Você estuda a filosofia por autores no Brasil. O conceito não se quer em decato, o conceito não se quer em mundo russo. Então isso é apreciação filosófica, isso não exercer a filosofia. Não se filosofa sobre filosofos, filosofas sobre coisas, sobre temas, sobre assuntos, sobre questões. Então você nunca vê ninguém atacar uma questão substantiva da filosofia. É sempre assim, a visão indireta. Você vê as coisas através do fulano, através do ciclone. A cultura filosófica é um componente da técnica, adquirir a cultura filosófica é um componente da prática filosófica, mas é só um dos componentes. Isso não basta para fazer um filosófico, mas de jeito nenhum. Só que os nossos professores de filosofia, todos da USP, todos sem exceção, eles não sabem o que é a técnica filosófica, desconhecem, então não podem ensinar porque eles mesmo não sabem. Então é isso que os próprios professores da USP reconhecem que a USP jamais formou um filosófico, nem podem, porque você ensinar os reis da V Quadros, você jamais vai ensinar, pintar quadros. É a diferença em curso de apreciação musical em curso de música. E até hoje no Brasil, parece que ninguém pegou essa diferença, como se fosse uma enorme sutileza, quando é uma coisa totalmente óbvia. Na verdade, não tem nenhum grande erudito, nenhum grande erudito saiu da USP. Se você pegar a primeira geração de formãs da USP, você teve um grande erudito que foi o livro Testeira, que serveu um rei, acho que um dos melhores livros que existe sobre Decartes, ensaiam sobre a moral de Decartes. Ninguém das gerações seguindo superou, mas não está formando nada, não tem nenhum grande erudito. Você pode ter grandes eruditos na cultura filosófica. Na cultura filosófica, mas não tem nem isso, porque mesmo, veja. Mas fora da USP nós não teríamos, não tivermos eruditos. Não, no Brasil nós tivemos um grande filosófico, pelo menos que foi o Mario Ferro do Santos, tive um segundo, o Miguel Reá é um grande filósofo dentro da área dele, mas você não vai saindo de uma faculdade filosofia novas, ninguém, ainda altura do Mario Ferro, não tem isso. E se você dizer, bom, cadê o grande erudito? Cadê a grande história da filosofia escrita no Brasil? Simplesmente, não tem. Você tem coisas, como por exemplo, a história da educação. Eu não conheço a faculdade da educação da USP, não sei o que se passa lá, mas eu não sei o que, de lá saiu talvez a melhor história da educação, que existe no mundo, que é do Rui Nunes. Então você vai dizer, ai você tem um grande erudito na história da educação. Mas cadê o equivalente disso na história da filosofia? Então, não adianta ser, nós formamos historiadores da filosofia, a história da filosofia é a pinóise, não forma nenhum. Se não nós teríamos, vamos dizer, uma obra canônica da história da filosofia escrita em português. Como nós temos uma obra canônica de história da literatura em português, que é a do Atmania Carpo e uma obra canônica da história da educação, que é do Rui Nunes. A USP não produziu nada disso, nem poderia. A USP, meu filho, é só impáfia. O que não quer dizer que não haja pessoas de capacidade, dentro de certas especialidades. Por exemplo, tem um professor da USP que eu sempre gostei muito, que é o Estudio de Schelling, que é o Rubens Roderick Storros, eu sempre acho que ele está lá muito sério. Mas não é um historiador da filosofia, é um Estudio de Schelling. Você tem outras faculdades com pessoas que fizeram trabalhos excelentes, mas ainda em esferos limitados, como o Verdi o Distan, o trabalho dele sobre Heidegger, é uma coisa muito, muito importante. Mas pergunto, cadê a grande história da filosofia produzida no Brasil? Simplesmente não existe. Olá, como é que se forma um grande filosófico? Ou seja, como se ensina alguém a tornar... Esse é o grande problema. Se você diz assim, por que você data, assim, dos 43 anos do começo da sua obra filosófica? É muito simples. Durante muito tempo, eu li livros de filosofia, li da Isarventude, li Harding, e Ljurtega, CN, etc., tudo o que todo mundo lê. Então, tinha algumas opiniões aqui, ali, etc., etc. Mas eu ainda tinha o problema de não saber como se faz. A diferença entre os outros é assim, eu percebia que eu não sabia. Quer dizer, eu sabia apreciar textos de filosofia, mas eu não tinha ideia de como se faz a filosofia. E essa ideia é só um autor da Aristóteles. Na verdade, três dão. Para você entender o que é um filósofo. O que o filósofo faz? Você tem que ler Aristóteles, você tem que ler Hegel, sobretudo, da Ciência da Lógica, e você tem que ler o Leu de Uli Lavel, uma no Aude Metodologia e Dialéptica. E os três textos onde se ensina o que é fazer o filosofio, o que é ser um filósofo. Os outros não, te dão filosofias prontas, te dão doutrinas prontas. Então colocação de certos problemas é a solução deles, mas esse homem não ensina como faz. Para você estudar Platão o resto da sua vida, você vai saber muita coisa, vai ficar fascinado, o universo de Platão é uma coisa maravilhosa. Mas ele me ensina como é que faz? Só Aristóteles ensina. Quando ele entra na Gorda Dialéptica, a hora que você começa a ler os tópicos, que é a história, ele fala, orraios, é isso que é para fazer. E depois Hegel ensina muita coisa. E esses três são grandes dominadores da técnica filosófica. Quer dizer o que é que é a técnica filosófica? É isso que eu coloquei no livro A Filosofia e o Inverso, que está aqui na farina 133 do livro A Filosofia e o Inverso. Se você quiser alcançar, vamos dizer, uma definição de filosofia que se aplica a todos os filósofos, você não pode fazer isso pelo conteúdo das filosofias, nem pelos temas, porque se diverte de tal maneira que existe até um famoso livro de história da filosofia, o autor alemão Wolfgang Steigmüller, que na introdução ele mostra a progressiva fragmentação do conceito de filosofia, ao ponto que não é que as pessoas divergem, as pessoas não estão falando a mesma coisa e não podem entender o que eu estou fazendo. Então isso se você tentar definir pelo conteúdo, como você define uma ciência pelo seu objeto, uma biologia, ou física, você não consegue por esse lado. Então só existe um meio de você alcançar uma definição abrangente da filosofia que atenda a condição, a gestotérgica da definição, quer dizer, abrangeir o seu objeto inteiro e nada abrangeir fora do seu objeto, só tem um jeito, você tem que ver o que os filósofos fazem, quer dizer, entender a filosofia com uma atividade. Nesse sentido, no vídeo que está aí, tem a toda razão quando dizem que a filosofia não é uma disciplina de conhecimento, ela é uma atividade. Bom, essa atividade faz o quê? Então no sentido geral, ela é a busca da unidade do conhecimento, na unidade da consciência, vice-versa. Vice-versa é fundamental, porque a busca da unidade do conhecimento retroalha sobre a consciência, que retroalha sobre a busca da unidade do conhecimento, assim por dentro. Então você vai criando uma personalidade que ela, de certo modo, ilustra a unidade do conhecimento tal como ela aparece em você. O que ilustrar a unidade do conhecimento é seguir aquela regla do Platão, verdade conhecida e verdade obedecida. É a partir do momento em que você descobre que certas coisas são assim assado, você tem que começar a agir em função daquilo. Quer dizer, você tem que levar a sério a verdade que você descobriu, o que acha que descobriu. Neste sentido, por exemplo, o ensino da filosofia é radicalmente diferente do ensino de qualquer outra disciplina. Você pode ensinar a física inteira sem acreditar em uma única palavra, isso não faz a menor diferença. Não é isso? Você pode até rir da sua disciplina. Isso é muito grande que rir da disciplina que ensina. Mas você pode ensinar a religião sem acreditar nada, não é filosofia, você não pode. Porque a filosofia não é um conjunto de conhecimento que está externo a você, ela é uma consciência que está se informando a luz da unidade do conhecimento que você está buscando. Então, de certo modo, a sua alma, a sua psique, ela tem que refletir isso aí. Ela tem que desenvolver a sua própria unidade, quer dizer, o estudo da filosofia, nesse sentido, também uma unificação da personalidade. Não uma unificação no sentido de você ser sempre coerente com aquilo que você fala. Não, não, não, essa coerência é impossível. Nós todos temos contradições e nunca vamos nos livrar dela. Mas eu tenho que ter todas contradições à mão. Eu tenho que saber que elas estão ali e tenho que, de algum modo, estar pilotando o conjunto. No sentido do zonde, o homem homopontífix que faz pontes entre, assim como nós fazemos pontes entre as nossas paixões opostas, nós também temos que fazer pontes entre as ideias ou crenças opostas que nos ocorrem, entre as verdades opostas e conflitivas que nós vamos conhecendo. Então, você tem, por assim dizer, um sistema de oposições, contradições, conflitos, tensões, dificuldades e você fica ali no meio pilotando aquela coisa o tempo todo. Pilotando no sentido da unidade do conhecimento, no sentido da sua própria unidade. Quer dizer, você tem que estar consciente de todo esse universo, por assim dizer, o tempo todo e levá-lo em conta na sua vida real, porque se você não leva em conta, você esquece tudo aquilo que na sua vida real não funciona, você esquece. Eu tenho um professor de biologia que diz o seguinte, se você ensina para o garoto o que é bicho de pé e ele tira 10 na prova, depois você chega na casa dele e ele está andando descalço lá no lugar dos galinhas e fizer cocô, ele não entendeu o que é bicho de pé. Então, quer dizer, você vivenciar o seu conhecimento, as suas descobertas, é básico para que elas se integrem em você e se torne seu patrimônio permanente. Então, o que é a técnica filosófica? Eu expliquei aqui, é constituída de sete operações que todos os filósofos sempre fizeram, mas não tem como escapar. E fazer isso, só a filosofia faz. E isso é, por assim dizer, toda a filosofia, pouco importando qual é o conteúdo das conclusões que você vai chegar, você vai ter que fazer essas percorreças, essas sete etapas que estão aqui na etapa. Não vou ler aqui não, se lê, né? Então, se eu ser dessa, passar rápido. Então, são sete, sete, não é que daí linhas, né? Então, a técnica filosófica se compõe da integração das seguintes atividades. Primeira, a anamnese pela qual o filósofo rastreia a origem das suas crenças e assume a responsabilidade por elas. Não sei, você descobre da onde você tirou as suas ideias, aquelas que você crê, tá certo? E você assume, tá bom, eu estou pensando no momento que eu acredito no momento, é isso, mesmo que seja para depois você jogar tudo fora. Segundo, a meditação pelo qual ele busca transcender o círculo das suas ideias e permitir que a própria realidade lhe fale numa experiência cognitiva originária. Eu expliquei isso num capítulo que chama a Contemplação Amorosa, acho que tá no livro Diológica Simbólica. Três, um exame dialético pelo qual ele integra sua experiência cognitiva na tradição filosófica e essa naquela. Ou seja, eu estou vendo assim, mas reggae ouvir de tal maneira, Aristóteles de Dota, como é que nós vamos fazer, como é que nós vamos lidar com isso agora? Tá certo então, quer dizer, tudo que você tá pensando se integra na tradição filosófica, se integrando uma história e essa história por sua vez se integra na sua ideia. Quatro, a pesquisa histórica e o filológica pelo qual ele se aposta da tradição. Então este é o item quatro, isso é tudo que se conhece como ensino da filosofia no Brasil, só o item quatro. Cinco, a hermeneutica pelo qual ele torna transparentes para o exame dialético as sentenças dos filógios do passado e todos os demais elementos da herança cultural que serão necessárias para a sua atividade filosófica. Ou seja, aí é que entra o negócio do Friedlander, que é o que se expõe o filósofo de uma tese. Você não terá compreendido essa tese enquanto você não percebe qual é a experiência real que está por trás dela. A simples formulação da tese, a sua compreensão lógica ou análise do texto não vão te dar isso jamais. Você tem que fazer a pergunta, da onde esse sujeito tirou isto? As ideias não aparecem do nada, quer dizer, você está lendo de cá, te vou regui, etc. Bom, é um ser humano que tem uma vida, tem uma experiência, ele viu certas coisas, as coisas que ganham impacto sobre ele, então quais são essas experiências? Enquanto você não chegou lá, você não entendeu a ideia mesmo. Seis, o exame de consciência pelo qual integra na sua personalidade total as aquisições da sua investigação filosófica. Ou seja, eu descobri tal e tal e tal, qual coisa e eu, por mim mesmo, na minha vida, eu sou um teste da veracidade dessas coisas. Se elas são reais, elas têm que funcionar para mim, na minha vida real. E sete a técnica expressiva pelo qual ele torna sua experiência cognitiva reprodutível por outras pessoas. O que é um terrível problema, porque o filósofo pode ter uma capacidade, uma formação literária ou não. Ele pode ter, por exemplo, como Edmondo Cúcio, uma formação puramente lógica e matemática. Isso quer dizer que ele não conseguirá expressar as suas experiências diretamente. Ele vai expressar só o conceito elaborado no fim. Edmondo Cúcio, quando ele se convence de que é preciso deixar de lado as discussões meramente teóricas e voltar à experiência direta das coisas, ele se vê com esse problema. Ele não é um escritor, não é um poeta, ele não tem as capacidades expressivas, então ele cria um aparato conceptual monstruosamente abstrato para poder descrever a experiência concreta. Mas, por isso, meu avião é muito difícil de ler, porque o pessoal pensa que ele está expondo ideias e teorias que ele não está descrevendo coisas reais, apenas com uma linguária não literária e sim com uma técnica descritiva, puramente filosófica. Ou seja, a própria exposição desse sete pontos é uma demonstração de como você aprendeu a fazer filosofia. Sim, sim, sim. Então, Digmão, são elaborados por você e eles partem da tua... Isso aqui expressa o que eu descobri que eu estava fazendo e depois eu descobri que todos os filósofos estão fazendo a mesma coisa. Mas eu só percebi isso graças a Aristóteles. O Aristóteles é o único que dá uma dica disso aí e os outros não dão. Apenas uma coisa, voltando, o que aconteceu naquele sete, aos 43 anos? Bom, aos 43 anos eu estava fazendo a barba e olhando para o espelho e vendo a minha própria cara e de repente eu tive o instalo e falei, ''Pô, eu já sei tudo sobre esse sujeito aí.'' Quer dizer, eu não sou mais problema para mim. Eu não tenho mais problemas comigo mesmo. Então, agora eu estou livre para tratar de alguma coisa. Quer dizer, eu saí daquele mundo subjetivo e entrei no mundo. Então, isso que é educação. Educação é ex-do-sere, como se para fora. Quer dizer, você vai sair daquele seu mundinho subjetivo, você vai começar a olhar o mundo. O grande mundo. Mas eu pude fazer isso graças sobretudo a este estudo de Aristóteles. Isso aí me ajudou de uma maneira assim, não tem medida. Você começa exatamente quando? Eu acho que eu tinha, ok, aos 28 ou 29 anos, quando eu conheci o suame da Ananda Sarasvartek, o grande conferencista, ele era diretor da academia de estudo védico de bombaim, academia do governo. E teve um aluno dele que eu trouxe para o Brasil fazer umas conferências e me pôe lá como se fosse de guia turístico do suame. Então ele foi para lá, acho que três vezes, das quais duas eu estava com ele quase o tempo todo. E um dia eu perguntei para ele, eu só acho que eu devo ir para a Índia estudar Vedanta. Ele disse, olha, até hoje eu não entendi porque que a pessoa vem para a Índia estudar Vedanta porque está tudo em Platão e Aristóteles. Eu falei, ah, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é, é,.'', o que Yummybebebebebu bi Vai na Nedena de Tadeiro e Amor. É mérito deạnh。 Superfícil, umaeda o difying naание. brother. o único método científico que já existiu. Quando o pessoal dizia que o método científico foi descoberto o beijo com a Eclôdo Bernard, não, não, não. O que eles descobriram foi o experimento científico. Mas o experimento não modifica o método, ele é apenas... É um fornecedor de dados, que é um novo meio de descobrir informações. E essa é a história que conhecia, a história que conhecia a observação da natureza. O 80% do que ele escreveu é anotações de fenômenos naturais, né? Biologia, embriologia, mineralógica, é tudo. Mas ele não conhecia o experimento, quer dizer, você é uma observação criada artificialmente para você descobrir certos aspectos que por si mesmo não aparecem. Então, claro que isso foi um progresso, mas isso não modifica o método no fundamental. O método científico significa confrontação de hipótese. Confrotação sistemática de hipótese. E isso é o método científico no Têmulo da Histótesia e até hoje. Só o que a modernidade acrescentou foi que entre as várias hipóteses que você vai confrontar algumas podem ser obtidas por experimentação. Então eles acrescentaram um detalhe técnico ao método, mas não modificaram absolutamente. Então o método científico é... tem 2400 anos. E ele é, no fundo, ele é a dialéctrica da histótese e mais nada. Então, na hora que você ler isso, você começa a descobrir como é que se faz. E também você lendo o reggae, o reggae dá muitos conselhos sobre como filosofar, como fazer filosofia e o tratado do Ray Lavel, Mano de Metodologia Dialéctrica. É um primordio, é um livro difícil de ler porque ele está te ensinando a como fazer filosofia, mas você já precisa saber filosofar para você ler o livro. Mas esse é característico da filosofia. O começo e o fim vêm juntos. Quando você está no começo, você já está no fim. Quando está no começo, você ainda está no fim e você ainda está no começo. Aqui também é o tema do Eric Vega. No livro Último Capítulo do Ordem e História, é sobre isso, o começo e o fim. Outro livro importante para isso. O livro não me ajudou muito porque eu li muito mais tarde. Mas é muito importante para isso. É o livro do Bernal Lonergan, Insight. Insight quer dizer que eu traduz por intuição, mas em português geralmente o pessoal usa a intuição de uma maneira errada, como se fosse um pressentimento, uma coisa válgare, intuição filosofa-hermã, do vocabulário filosófico, quer dizer percepção imediata de alguma coisa. Sim, como eu estou percebendo você. Não estou percebendo você através de um terceiro, mas diretamente. Isso é uma resposta? Resolvi o problema? Não, também. Agora, como eu estou muito interessado na evolução, na maneira como você desenvolve o seu pensamento, eu imagino que quando você lê Fatão e Aristóteles, o Platão tem uma ênfase, digamos, na pergunta, e o Aristóteles busca respostas. Que é o que você sempre perguntou, você sempre quis respostas, você sempre quis entender. E o Aristóteles, de alguma maneira, é isso. Ele afirma, ele não conflita. Não, conflita, conflita. A coisa fundamental dele é a articulação do conflito, que é o método. O diálogo que você vê. Aristóteles inventa a lógica. O que é a lógica? É um sistema de deduções a partir de premissas tidas, como certas. Premissas verdadeiras. Então, dessas premissas verdadeiras, você pode, por lógica, você vai tirando conclusões que participam da veracidade da premissa. Ele inventa isso e expõe isso nos analíticos, que é um dos ligo formidáveis. Mas ele não usa isso em parte alguma, é que ele use a dialética. O que é a dialética? Confrontação de hipóteses contrárias, que são meramente prováveis, ela não tenha certo. Então, a busca da verdade é a dialética. A lógica não acrescenta nada. A diferença entre ele e Platão é o seguinte, o Platão faz a confrontação dialética, e isso aparece em todos os diálogos. E ele só ensina como é que faz. Essa é a diferença. Você vê aqueles diálogos platão, você fica maravilhado. Aquela habilidade só, quer dizer, lidar com tradições, etc. Mas por trás disso existe uma técnica implícita, e Platão não explica essa técnica em nenhum lugar, e olha só se explica. Então, o grande mestre para quem quer aprender a filosofia é o Platão. Olha só, primeiro você lê o Platão para você receber o impacto, você percebeu o poder daquilo, a grandeza daquilo. Mas quando você olha um quadro, um quadro, fica maravilhado, vê um guia do museu, te explica como é o quadro, é como no livro do Max Friedleader, sobre a arte e o apreciador de arte. Ele ensina como ver um quadro. Eu digo muito bem, agora eu ve um quadro, estou entendendo o quadro, mas eu não sei pintar, não. Então, essa é a diferença entre Platão e Aristótia. Platão ensina ver o quadro, Aristótia ensina pintá-lo. Então, por isso é o conselho do Heidegger. O Sr. Tsar Afrasov, aquele é o de Nietzsche, ele diz, você pode ler Nietzsche, mas primeiro, 14 anos de Aristótia. Quem não passou pelo Aristótia, não se impregnou do ensinamento dele, não será um filósofo jamais. Eu recomendo sempre esses três Aristótias, Reggio e Lula Verde. Claro, o Reggio, para nós, é muito difícil de ler, o alemão também não é um problema da linguagem, justamente por esse caráter circular do Varsusino Dille, mas vale a pena o esforço. E também depois o Lula Verde, o Manoal de Metodologia Dialética. Sem isso, ninguém será filósofo jamais. Sobretudo, se você segue o modelo dos prestígios filosóficos criados pela mídia, quais são os filósofos mais conhecidos, aquele que sai na mídia? Se você põe eles na mídia, são grandes competências filosóficas? Não, são apenas jornalistas. Então você está seguindo por um critério imposto por amadores. Então você vai dizer quais são os filósofos mais importantes? São Foucault, Wittgenstein, Nietzsche, etc. Mas quando você vai ver profundamente, tem coisa muito, muito maior peso do que isso. Por isso, se você pensar, quando saiu uma página inteira sobre o mundo rússal na mídia cultural, o Brasil nunca viria. Mas o que é Raide, Gameloponti e Sartre sem rússal? Não é nada. Acontece que esses, eu vou dizer, eles têm uma participação na cultura popular maior da política, etc. São personagens da política, certo? Um é meio nazista ou até comunista, então criam um frisson. E o rússal, nem comunista, nem nazista, nem coisa, nem um, ele é um matemático. Então dá a impressão que ele está falando de coisas muito mais abstratas, mas a linguagem abstrata dele é a linguagem da descrição da realidade concreta. Sem a qual esses caras todos não conseguiram fazer nada. Então você diz que por trás desses gigantes aparentes, você tem um gigante de verdade do qual eles são as sombras. Assim como você tem outros gigantes, como o Erick Fuegelen, como o Hagen Rosenfels, como o Bernal Lonergan, a Xavier Zubir, e fala, bom, esses são os grandes filósofos, os outros são os grandes filósofos da mídia, filósofos pop. Eu mesmo são filósofos pop de algum modo. Você está achando que isso aqui é grande filosofia? Vai ler o Mário Ferreiro do Santos, você vai ver o que quer. Voltando ao Aristóteles, por onde você começa o Aristóteles? Bom, eu comecei pela Metafísica, que não é um livro, é uma coleção de apostilas feitas em épocas diferentes, sobre as surdas diferentes, e que alguém juntou. Então é um livro meio descosido. Mas os temas principais do Aristóteles estão lá. Mas o livro dos tópicos é absolutamente essencial. É curioso, muitas pessoas dão presta atenção nos analíticos, que são os tratados de lógica, de lógica formal, e passam por cima dos tópicos, com um certo desprezo, que a dialética é uma ciência menos exata do que a lógica. Bom, mas a ciência inezata é o que você precisa para chegar às premissas verdadeiras, daí quando você tem as premissas verdadeiras, a outra ciência exata. Então os tópicos são ali o fundamental. Tudo que Aristóteles escreveu é importante. Às vezes você pega um livro dele lá, sei lá, sobre os meteoros. Você tem descoberta filosóficas lá. Existe um livro de Aristóteles que é muito interessante, que na verdade não parece... a autoria não é muito comprovada, mas parece ser um livro de Aristóteles que se chama Perguntas ou Questões. Quando ele faz uma lista de milhares de perguntas, coisa que ele não sabe a resposta, quando você vai ver o maior pai da casa não foi respondido até agora. Então você vê Aristóteles que tinha consciência de um negócio que eu chamei depois o mapa da ignorância. O que eu precisaria saber para entender aquilo que eu sei. Se você não tem o mapa da ignorância, você não sabe para onde ir, você não sabe qual é a próxima etapa. Também o mapa da ignorância também é importante pelo seguinte, em cada época você adquire novos conhecimentos e você perde alguns. As coisas que estavam claras para uma certa época, e na época seguinte você já se perdeu, o pessoal não entende mais. Então, eu acho que o Jean-Foucault tinha que falar da história da ignorância, a história do esquecimento. Isso é muito importante tanto na sua vida pessoal quanto para a aquisição dessa consciência de unidade do mundo conhecimento. Note que essa unidade é simplesmente potencial. Se você tentar fazer uma unificação dos conhecimentos, como sendo uma doutrina objetiva, um conjunto de teses que condensa todo o conhecimento existente, você não consegue. O Bertrand Russell e Alfred Whitehead tinham estes sonhos, de uma enciclopédia do conhecimento e viram que não dava para fazer. Então, só existe a unificação na consciência do indivíduo. Portanto, é uma unificação precária e cada um vai ter que fazer de novo, de novo, de novo, de novo. Se ninguém fizer, perde-se totalmente a noção de unidade do conhecimento, o conhecimento se fragmenta em mil pedaços incomunicáveis, por isso nada faz sentido. Então, se as instituições de ensino se preocupam muito em transmitir os conhecimentos, registrá-los e transmiti-los, não se preocupam em criar pessoas capazes de unificá-los. Então, você tem cada vez mais conhecimento e cada vez menos pessoas capazes de compreender-los. É justamente para isso que serve sendo a filosofia. É claro isso aí? Eu queria saber o que é isso. Em Aristóteles, o primeiro te impacto e te chama de atenção. Olha, o que mais impacte em Aristóteles é o esforço dele de ver as coisas por todos os lados possíveis. Então, ele sempre diz, a investigação começa pelo repertório das opiniões dos sábios. No mundo, existem milhões de opiniões, mas tem algumas que são mais qualificadas. Mesmo assim, essas são em grande número. Então, você pega essas opiniões, que representam-se o melhor do que se sabe, você vai ver que ali dentro você tem contradições, tensões, conflitos, etc. Agora nós vamos organizar o conflito. Nós vamos pegar para cada opinião qual é a categoria e o nível de predicação do cara com qual o surre está falando. Por exemplo, o nível de predicação. Ele está afirmando isso como afirmação categórica, ou é apenas um hipótese. E também a categoria, ele está falando uma substância, uma qualidade, uma quantidade, um movimento, do que ele está falando. E você vai então articulando as várias contradições, você acaba de ver que as opiniões não são tão contradiitoras assim. Que elas são como se você estivesse fazendo um desenho mas querendo dar uma tridimensionalidade, então você mede o seu objeto desde várias direções. Então, articular as contradições faz com que o objeto apareça na sua frente. E isso é a coisa mais impressionante na história. E isso é a base da técnica filosófica. Agora, se você não tem isso, então você tem aquela impressão de que a sucessão das tese filosóficas é apenas uma confusão de opiniões desencontradas. Elas não são desencontradas. Aquelas são feitas, são emitidas desde perspectivas diferentes. Ou seja, os filósofos não estão respondendo as mesmas perguntas. Esse negócio de perguntas filosóficas eternas, isso aí não existe. Cada um que faz uma pergunta responde a pergunta que ele mesmo fez. O seguinte já trocou de pergunta. Então você tem que articular as perguntas para você entender as respostas. E a Aristótara que ensina como é que faz isso. Então, ensinar isso é ensinar a fazer filosofia, formar filósofos. O que é o filósofo? É um jeito capaz de por si mesmo empreender a busca da unidade, do conhecimento da unidade da sua consciência e vice-versa. A existência desse tipo de pessoas é absolutamente fundamental para a sanidade da cultura e da sociedade. São eles os pontos de unificação, onde aquilo começa a adquirir uma forma de conjunto inteligível. Essa inteligibilidade nunca é total e nunca é definitiva. Por que? Porque entre de um tempo ao outro aparece novos conhecimentos, novas informações, novas contradições, novas dificuldades e você tem que estar permanentemente refazendo esse esforço. A finalidade da filosofia não é chegar a teses universalmente aceitas. Ela pode até chegar, como por exemplo, um negócio do Aperon, do Anaximandre, que eu falei, bom, aquilo foi descoberto uma vez para sempre. Mas a finalidade não é essa. A finalidade da filosofia não é produzir um sistema filosófico, é produzir filósofos. Por isso que o Platão estava certo quando ele identificava a filosofia e a educação. Ela é, vamos dizer, a mais alta forma de educação que existe. Você também é um teorico como um histórico, não é? Você cria coisas, não é? Você é a partir de temas como as coisas se fazerem, elabora. É, a minha ideia nunca foi fazer um sistema filosófico. Eu usei até a expressão, mas é como de congranos sales, a meio unica. Eu pensei assim, como já existem muitos dos problemas que a filosofia resolveu, alguns resolveu definitivamente, como esse negócio do Aperon, por exemplo. Não adianta você, não adianta, não é necessário que você faça um sistema filosófico. Eu estou buscando a unidade do conhecimento, a unidade da minha consciência visiva e vérida. Para esta unidade, os filósofos do passado contribuíram muito. Eles fizeram muitas coisas. Eu não preciso fazer tudo de novo. Então eu só quero, como eu disse, tapar alguns buracos que neste momento parecem importantíssimas. Por exemplo, quando você lê ali no Eric Weger, o que ele fala, que os conhecimentos que estruturam a sociedade aparecem primeiro de uma maneira compacta e depois eles se tornam mais analíticos. Você diz, como é que faz isso? E foi daí que o Teorezo dos Quatro Discursos é isso. Como é que você transforma? Você passa do discurso poético, imaginário, para o retórico, dialético e o lógico. Então por isso que quando eu mostrei esse trabalho para alguns discípulos, estudantes, ex-alunos do Eric Weger, eles se compararam assim como se tivesse um pilar ali no Eric Weger. Eu estava faltando um tijolo para dar solidão e eu falei, o Teorezo de Leufe, olha aqui, olha como o Eric Weger tinha razão neste ponto. Então, eu disse, ainda no próprio trabalho dos Quatro Discursos, a Vicena diz que existe uma unidade entre os Quatro Discursos. Eu falei, eu mostrei, olha como a Vicena tem razão neste ponto. Ele não explicou como é que ele tem razão. Então você tampa certos buracos, certas questões que nunca foram resolvidas, como por exemplo, uma teoria unificada da psique. Você vê o que que é a psique. Dentro da psicologia, a psicologia já era que o 20, você cobriu grandes coisas, grandes obras, mas nunca explicou o que é a final de console ride da psique. Você vê a elasticidade que existe dentro disso. O Jung diz que a psique é a única realidade, tudo é psique. Daí chega o Skinner e ele diz, não existe psique alguma. Você imagina a unidade desta ciência, o objeto dela pode ser tudo ou nada. Então eu falo, bom, então é isso aí, uma definição da psique é urgente. Então daí fiz uma série de investigações para isso, partindo não das teorias prontas, mas usando o método Friedel Lander e perguntando qual é a experiência que está por trás. Ou seja, eu perguntei, o que que todos os psicólogos, conforme as suas malgratias diferenças, desde o Jung até o Skinner, o que eles entendem quando se fala de psique? Eles entendem o termo, para você dizer que uma coisa é tudo, que a coisa é nada, sempre sabe mais ou menos o que ela é. Então qual é este elemento de experiência da qual pessoas como o Jung ou Skinner partem para chegar a suas conclusões totalmente desencontradas? Então você pegar a unidade da experiência por baixo da variedade das tese, também uma técnica estotélica. E daí tem não, não vou explicar que resumiu o trabalho que é a psique, porque é muito complicado. Em função da questão da psique surge também o problema da psicologia evolutiva, que foi tratar na teoria das 12 camadas. Quer dizer, a ideia do Freud, da evolução da libido, não me satisfez de maneira humana, eu não acredito que a libido evolui. Você passa da fase oral para a fase anal, para a fase genital, acho que todo mundo está nas três fases ao mesmo tempo. Pelo menos no plano da fantasia você mistura tudo. Então a ideia de você traçar a evolução da psique humana pela evolução da libido, me parece uma ideia absolutamente pueriu. Então tem que ter outro critério e esse critério obviamente tem que ser um critério cognitivo. Quer dizer, como é que, qual é o quadro geral cognitivo dentro do qual a psique opera em diferentes etapas da sua evolução? E tem que ser um critério cognitivo que tome como ponto de partida o centro de interesse da psique. Do que se constitui a psique? A psique se constitui de um treco só que se chama Atenção. É onde você presta atenção e é ali que você está psicologicamente falando. Então você tem que ter uma sucessão de centros de atenção, se englobando esse sobreponto. Daí é uma coisa de experiência muito interessante você perceber como um indivíduo que está numa camada mais primitiva, como que ele percebe o outro que está numa camada mais ampla ou mais avançada. Daí você tem toda uma fenomenologia do desentendimento humano, das falhas de comunicação humanas, que é um negócio de termo inesgotável. O mundo da confusão humana, ou seja, o que que nós não entendemos, mas achamos que entendemos. Em vista disso tomamos decisões que são fundamentalmente erradas e que vão, às vezes, determinar todo o nosso destino, como na história dos Dostoevres, com milhados e ofendidos. A garota que rejeita o namorado e casa com outro, que é um monstro alafrado, vigarista, e 30 anos depois ele se encontra e dizem, nós poderíamos ter sido tão felizes juntos. Então isso aí é, de certo modo, o drama das biografias humanas, as linhas de desenvolvimento que vão indo e se perdem através de escolhas erradas, de enganos terríveis. Outra coisa que eu observei foi que a maior parte da pessoa não sabe contar sua história, não sabe quais são os enganos que ela cometeu, onde ela deixou de ver. Em geral, a memória humana se baseia muito na defesa da auto-image. Em vez de você buscar a verdade da sua vida, você busca uma imagem na qual você possa se sustentar agora, por um medo absolutamente imbecil, porque vamos dizer que eu tenho a decepção comigo, bom, grande focaria, eu já tive milhares, nunca morri por causa disso. E essas decepções são justamente o que te permitem entender a trajetória da sua vida. Mas se você está muito... depende muito dessa autodefesa, então você não pode compreender sua vida. Se você não pode compreender sua vida, então você vai cometer a memória de novo e de novo e de novo e de novo sim, vai ser mais grande. Essa é a coisa que mais me comove no mundo, eu conheço as vidas de muitas pessoas e vejo como elas, em um certo momento, perderam o bom, não estavam entendendo mais nada e a vida delas mudou de rumo completamente sem que elas percebessem, ou o que mudou, ou o que foi que as mudou. Então o indivíduo perde completamente o domínio da sua própria vida. O nosso domínio já é incompleto, já é precário, e se você não fizer essa revisão contínua do trajeto percorrido, você vai se perder mesmo. Então você não vai entender o que é um sujeito que não sabe nem contar sua própria vida, para si mesmo. É século e tiroteiro, não é? No entanto, pessoas assim têm opiniões sobre tudo, sobre o mundo, sobre a economia, sobre as guerras, sobre a religião, etc. É patético, é patético. Se você cumprir todas as condições da educação, da formação filosófica, ainda assim, você é um deficiente. Agora, mas se você não fizer nada disso e você se deixa guiar pelas suas impressões de momento, onde é que você vai... Que conhecimento válido você vai adquirir? Que opinião você vai emitir que vale a pena de ser ouvida? Daí que eu acredito assim que o direito à expressão do pensamento deve ser complementado pelo direito de não ouvir. Olha, não me interessa o que você vai dizer, ter coisa mais importante para fazer. O alavo na... Você... Esse tijolo que você coloca no pilar, ele... Ele não só completa o pilar, mas ele de alguma forma modifica... Modifica a compreensão do condenato. A compreensão se torna muito mais profunda. Porque o Erick Wigner, ele salta de uma coisa para outra, ele salta da noção do símbolo compactado para o que ele chama do conceito diferenciado. Essas duas coisas existem, mas como é que fizer? Como é que saiu de uma coisa? Então, por exemplo, você pode ter um conhecimento fundamental expresso uma forma de um mito. Mas um mito é amigo, evidentemente. Ele pode ter vários significados. Então, como é que você vai descompactando e desses vários significados vai separando os verdadeiros dos menos verdadeiros? Então, para isso é necessário que surge um conflito. Então, esse esfero do conflito é o que é o esfero da retorga. Que é o esfero do verocímeo. Eu acho que é assim, eu acho que é assado. Eu estou vendo assim, eu estou vendo assado. Muito bem, daí que se cria o conflito, como é que você elabora o conflito? Através do exame de elétrico. Através do exame de elétrico você, então, reduz aquela massa de significados possíveis a um ou dois verdadeiros desbonhos. E isso aqui, então, pode servir de premissa para o raciocínio científico. Então, é esse o processo, pelo qual se dá essa descompactação dos símbolos como eles não. E é um processo consecutivo, é isso que eu vou acessar. Consecutivo não tem como saltar a etapa. Porque em Aristóteles, eles estão distribuídos arbitrariamente. Bom, Aristóteles escreveu um livro sobre cada uma dessas disciplinas. Escreveu um livro sobre a poética, um livro sobre a retórica, um livro sobre a dialética e dois livros sobre a lógica. Ele não diz, em parte, alguma que isso é uma ciência unificada. Quem diz é a vicena. Mas depois que a vicena avisou, você não tem mais desculpa para você não examinar e ver. Peraí, vamos ver se isso é assim. E quando você vai ver, é exatamente assim. Porque Aristóteles não fez uma teoria unificada dos quatro discursos. Mas ele fez uma teoria unificada da formação dos conceitos, onde ele vai mostrando como da percepção sensível você cria as imagens da memória, essas imagens. Então elas têm uma espécie de uma tensão, uma ambiguidade. Você está vendo uma vaca, mas aquela vaca para você não significa só aquela vaca. É vaca em geral. Então é uma vaca singular que contém compactamente todos os vacas. Então isso é o símbolo. Daí você tem que descompactar o símbolo. Você tem que distinguir entre a vaca e a dividó, que você está vendo. E a ideia de vaca em geral que está por trás. Então você tem, como dizem, um esquema fático, um esquema de fato. O termo moderno não foi que inventou. Você tem o esquema do fato e você tem um esquema idético, que é o que está no fundo daqui. Você tem que distinguir isso, que é isso, dialético. O Aristóteles dá o caminho das pedras. Eu falei que ensina a filosofa. Da antiguidade ele é o único que faz isso. Os outros expõem a sua filosofia. É o próprio Platão ensina a sua filosofia. E ele mostra o Aristóteles, o Sócrates sem ação, o que já ajuda um pouco. Mas se você perguntar quais são os princípios que o Sócrates está seguindo, ele diz que isso só aparece no Aristóteles. São alguns filósofos que têm uma consciência mais clara da necessidade de expor a técnica filosófica. Os grandes nisso são Aristóteles, Reggaeux e O Brilho Avelho. E o Bernardo Loner, com o livro Insights, que é um livro de mil parnas, que explica por que você entende aquilo que você entende. O livro é absolutamente maravilhoso. Sem similar no mundo. Em que outras áreas do que você falou? Os seus tijosos. Nós falamos da... Eu tentei tampando vários buracos. E tampando vários buracos, me apoiou assim. Tampando-os para minha própria orientação. Em primeiro lugar, eu falei que eu busquei, não encontrei em parte algum, mas eu vou ter que resolver o problema. Então, essa questão, essa tensão entre intuição e razão, que perpassa toda a história da filosofia. Então, o conhecimento obtido por experiência direta, o conhecimento obtido por uma análise, uma dedução, coisa assim. E a minha solução foi o que eu chamei intuicionismo radical. Ele não existe o conhecimento racional. A razão não pode te dar conhecimento. Ela só pode relacionar conhecimento do vosso direto e eu analisava. Então, o conhecimento tem que... todo o conhecimento tem que ter uma outra origem. Inclusive a própria compreensão do raciocínio lógico, ou é uma compreensão intuitiva, ou não é compreensão alguma. O Sr. E. Te mostra o silogismo e você percebe que a conclusão já está contida na premissa. Como é que você percebe isso? Por raciocínio? Não, o raciocínio montou essas três coisas. Como é que você percebe identidade das proposições? Só pode perceber, não é uma realança intuitiva. Então, só existe um conhecimento, que é o conhecimento por intuição, por percepção imediata, que é inclusive a base do próprio raciocínio. Então, isso aí é claro que tirou um monte de problema na minha cabeça. E também me orientou no sentido de tentar puxar os meus alunos para a percepção intuitiva, mais do que para o raciocínio. Muita pessoa dizia, a filosofia vai ensinar a pensar. De pensar morrer um burro, pensar todo mundo sabe, um computador sabe, um gato sabe. Você vê um gato pulando um burro, chega aqui o burro está aqui, fica na muradinha, para lá, o que ele está fazendo? Está fazendo uma equação trigonométrica, para ver quanto de força ele precisa fazer para pular. Se o gato sabe trigonometria, meu Deus do céu, qual é a vantagem? Então, o negócio é dirigir a sua atenção, o seu esforço para a percepção de realidade, percepção intuitiva. Mesmo porque a intuição não consome energia, ela é instantânea, e o pensamento consome, você tem que construir. Então, pensar no mínimo e intuir o máximo, deixar-se impregnado o sentido do óbvio, da presença, etc. O que não tiver na presença, que você só vai poder saber por conjetura, então você vai ter que pensar, você tem que raciocinar. Então, o raciocínio é um complemento da faculdade intuitiva. Isso é uma das conclusões que eu peguei do próprio Lonergan, vendo ali, ele não desista, ele não formula o intuicionismo radical, mas ele vai te mostrando que na base de toda e qualquer raciocínio para o mais complexo que seira, existe um negócio que chama o insight. É a mesma coisa que a intuição. Então, esse é um segundo problema. Depois em outras áreas, onde eu não encontrava solução para os problemas, por exemplo, se você lê tudo quanto é, coisa de filosofia política, ciência política, teoria política, etc. E faltava um negócio, para os caras não explicar o que é o poder. Quando eu li no Berserk Russell, para mim faz decisiva essa frase. O conceito de poder é em ciências humanas um análogo daquilo que é o conceito de energia em física. Sem o conceito de energia, você não faz nada em física, então, sem o conceito de poder também não. Depois o Berserk Russell explica errado o poder, mas a descoberta fundamental eu peguei dele. Então, nós temos que fazer uma fenomenologia do poder, não tomando como sinal de poder os símbolos que o representam atualmente. Você pensa em poder, já pensa em governo, em sistema eleitoral, em ditaduras, etc. Não, mas isso aí são formas históricas que o poder foi adiquinado. Você tem que haver um fenômeno permanente que assume essas várias formas. Então, vamos dizer, o que é o poder? O poder é uma possibilidade concreta de ação. Tem a possibilidade de um extrato, eu tenho a possibilidade até de ser papa, obstratamente. Mas concretamente, ela é a disponibilidade real que eu tenho no momento. Então, você vai vendo as várias formas de exercício, de poder e você chega a conclusão de que na vida social, quer dizer, descontado o poder que você tem sobre você mesmo e que você pode não ter, por exemplo, você pode nascer desprovido da faculdade de movimento, né? Nas paralíticas, ou na cego, na surda. Então, algumas das nossas modalidades de ação são ações feitas não sobre nós mesmos, nem sobre o ambiente físico, mas sobre outras pessoas. E aí você tem o fenômeno da obediência. Por que que o humano e o outro obedecem? Eu me lembro quando era jovem, eu vi uma foto de um general de 1,20m passando em revista, uma tropa de soldados de 1,90m. E eu pensava assim, mas por que eles obedecem esse bachinho? Qual é o segredo por trás? Então, você vai ter que explicar várias formas do poder no sentido mais concreto possível. Para, depois você aplicar na análise das situações concretas. Quando obtive esse negócio de fenômeno da vida do poder, eu vi que faltava alguma coisa. Ou seja, esse conceito não resolvia todos os problemas, você precisava ter explorar mais o conceito de ação, que o Ludwig von Mises, em parte, elaborou dentro do livro Ação Humana. Mas a fenômeno da ação humana está prejudicada por preconceitos cantianos que ele tem. Acho que não dá para explicar isso agora, posso falar disso até uma outra razão, mas agora vamos deixar compactado assim mesmo. No prover da ação, implica dois outros conceitos que eu também não vi em parte alguma, que é o conceito do horizonte de consciência, que é o conjunto de informações disponíveis, conjunto articulado das informações disponíveis, o dito de outro modo. A unidade do conhecimento, tal como ela existe na mente do seu fulano, na consciência do seu ciclano, é assim por diante. E o horizonte de consciência é definido pelo seu limite, quer dizer onde ele termina. O que o conceito obviamente não está vendo, aquilo que ele não sabe. Foi o método que eu sei no maquiavel, né? O que o maquiavel não sabe, certo? E se o conceito não sabe aquilo que ele precisaria saber para resolver o problema que ele está lidando, então não se trata, vamos dizer, de ignorância inocente, que o pessoal chama de inecência, mas de ignorância positiva. Também, esse questão do horizonte de consciência apliquei no monte de, sobretudo esses filósofos que teorizam sobre a política, o poder, etc. etc., é preciso aplicar a medida do horizonte de consciência, não só aos agentes políticos, mas esses grandes teóricos que também são agentes de algum modo. Então, por exemplo, Karl Marx, quando ele diz assim, só o proletariado pode ter uma consciência real do movimento histórico, porque a consciência das outras classes está limitada por interesses, que ela toma esses interesses de maneira ingênua, como se fossem autoprobantes, então ela não faz hipóteses contra esses interesses. E os proletariados, coitados, não têm interesse nenhum, eles só têm interesse na sua libertação, então a visão que ele tem do mundo é uma visão objetiva, e as outras classes são subjetivas. E ele não fez a seguinte pergunta, assim, como que eu, sendo um burguês, consegui ter a consciência do proletariado quando de fato nenhum proletário teve? É uma pergunta que é mesmo, me parece óbvia, é a primeira que me ocorreria se eu fosse Karl Marx, quer dizer, onde estou eu nessa história inteira. Então, é do mesmo modo você vai ver esse tipo de limitação do horizonte de consciência praticamente todos os grandes filósofos da política, você vai ver isso em John Locke, em Kant, todos eles têm isso aí. Perguntas óbvias que eles teriam que ter feito. Quando Kant diz, nós não conhecemos as coisas em si, só se conhecemos na aparência fenomênica, e eu digo, bom, isso se aplica a você também, e se aplica a sua filosofia, para você estar escrevendo a sua filosofia, eu vou perceber apenas a aparência fenomênica dela, eu vou perceber a sua filosofia mesmo. Perguntas também, que a mim tinha o corrente na mesma hora. E ele não faz essa pergunta, em parte algum. Então, o que é que é uma limitação do horizonte de consciência? O Nego fez uma descoberta e ele, de certo modo, acredita tanto nela que ele ressuscita a partir de lá como se fosse uma premissa, com o desejo de criar um sistema. Se você faz essas perguntas, você pode paralisar a construção do seu sistema, mas pelo menos você não está enganando ninguém e não está se enganando assim mesmo. E assim por diante. E como, e a que se deve, e a influência desse pensamento, obviamente limitado, se estenda por períodos tão longos e que se recorra sempre, por causa do maquiabéu para ele? Bom, a primeira coisa é aquele negócio que dizio a Ariano, que não é como o Macaco, que gosta de banana, que só dá uma banana para ele. Então, se der outra coisa ele vai comer também. Então, praticamente, não existe, em toda a filosofia moderna, não há outra coisa. Você só tem, vamos dizer, essas descobertas fundamentais, quando ele o faz e em seguida ele estrutura tudo em torno daquilo, que são teses objetivos que pretendem ter uma validade universal, e que na verdade não tem validade universal. Como autoconhecimento elas valem, como presunção de validade universal, não vale absolutamente nada. Você pegar, por exemplo, a descoberta do Karl Marx, a luz da de classe, claro que existe luz da de classe, tem a quita, a lita, agora podemos generalizar isso, claro que não. Quer dizer, se as classes passassem o tempo todo lutando, passassem o tempo todo em guerra, a produção seria obviamente impossível. Quer dizer, se existe a produção, se existe a economia, é porque a maior parte do tempo há uma trégua e não uma guerra. E também parece óbvio, né? Então, quando a luta de classes aparece a plena luz do dia, certamente isso não é um grande momento para a economia. Então ele está explicando, vamos dizer, a riqueza pela miséria, a fonte da riqueza como fonte de miséria, pelas fonte de miséria. E assim por diante, agora eu acho que um... chamando-me dos grandes fatores que contribuem para isso, é a própria função do intelectual na sociedade moderna. O intelectual exerce em geral a sua atividade através de uma profissão, universitária de preferência, né? E a identificação da filosofia com esta profissão faz com que o filósofo fale como um porta-voz do seu cargo ou função. Ele é o professor fulano de tal, ele não é o seu fulano, ele não é o ser humano concreto, não é o ser humano de carne e osso. Os escritores de ficção são homens de carne e osso. Dostoevsky diz o que ele está vendo, o que ele... está descrevendo a experiência tal como ela apareceu. Tostov faz a mesma coisa, Henry Miller faz a mesma coisa, mas os filósofos não. Filósofos são professores e eles estão falando em nome do cargo. Então eles não são obrigados a prestar satisfações pessoais da sua própria doutrina. Se a sua doutrina não é exemplificada na sua vida concreta, então ela não vale nem para você. A sua filosofia não explica a sua própria vida. Então ela explica o que? É você estar falando como se você estivesse aqui e a sua voz estar lá na esquina? Entendeu? É isso que eu já parala que se cognitiva. É outra teoria que eu expliquei para, que eu criei para explicar esse fenômeno. Então se a filosofia de Kant não explica a existência da filosofia de Kant, então não explica nada, porque é uma voz deslocada. Não quer dizer que tudo ali seja falso, mas está sempre deslocado. Esse deslocamento é criado pela função social do filósofo. Eu acho, para corrigir isso, o filósofo teria que se aproximar mais do modelo do escritor. Entendeu? Então ele tem que falar, não, como o professor, mas como ele mesmo. Quer dizer, você tem que aprender com esses escritores a sinceridade. Você ver um filósofo nunca é cobrado para saber se ele acredita no que ele está falando. Você acredita mesmo nisso, que eles veram a sério. Quando você vai analisar um problema seu, você usa esses conceitos e eles funcionam. Se você pegar a vina inteira de Karl Marx, ela não pode ser explicada pelo Marxismo. Você tem que recorrer a uma psicologia, psicanálise. Então falha, quando um dos requisitos fundamentais da filosofia, uma filosofia tem que ser auto-inteligível. Ela que tem que ter nela mesmo o fundamento da sua inteligibilidade. Ou seja, ela tem que ensinar você a compreendê-la. Se para compreendê-la você tem que apelar a outra conhecimento que está fora da filosofia, ela está falhando, porque não quer dizer que ela não vale nada. Por exemplo, é possível você compreender Nietzsche sem você fazer especulações psicanalíticas, esotéricas. Não pode. A filosofia de Nietzsche não é auto-inteligível. Ela é uma série de lampejos, como o sujeito teve. Cuja unidade, cujo centro de construção, escapa dela mesmo, não está nela mesmo. Então você vai ter que dar, por exemplo, uma explicação psicológica. Então isso para uma filosofia é imperdoável. O que não quer dizer que Nietzsche não seja um tremendo escritor, um dos maiores arquivos da humanidade. E não quer dizer que as intuições dele não sejam válidas. Ele pega cada coisa, ele descobre cada negócio, quer de você cair de costa. Você vê, o Eugen Fink, que era o secretário do Rússer, fez um longo estudo sobre Nietzsche. Ele disse que eu vou pegar a unidade e expor o sistema de Nietzsche. Ele encontrou quatro sistemas diferentes. Quer dizer, como Nietzsche sofria de sífilis terciárea. Evidentemente, ele estava ficando louco. Então os momentos de lucidez eram poucos. Ele aproveitava aqueles momentos para escrever rapidinho as coisas. Então você não vai querer achar muita coerência por baixo disso. Mas os lampeiros em si são de nome valer. Então essa questão da auto-inteligibilidade, isso tem um critério para você fugar a filosofia. Por exemplo, você, no estudo de Leibniz, é um tremendo filósofo, para você entender o Leibniz você não precisa de nada além da filosofia de Leibniz. Ela se auto-explica. Ela está atarrada, mas a inteligibilidade dela está explicada nela mesma. Agora, se você vai estar já com o sofá, eu falo, não, não dá. Então já que o já com o sofá, por exemplo, exige um longo estudo biográfico para você entender o que ele está falando. Claro, um pouquinho de biografia você sempre precisa. Mas se só a biografia explica a filosofia do cara, então a filosofia é um apêndice da biografia. Não tem validade por si. Está indo, não? Então você vê, você é aqui mesmo, você está fazendo uma entrevista comigo. Teoricamente isso diz respeito à minha filosofia e diz à minha biografia, mas o número de elementos biográficos que você tem que recorrer é o que está tendo que recorrer ao mínimo. Eu estou fazendo tudo possível porque tudo que eu explique tem a sua inteligibilidade em si mesmo e pode ser julgado em si mesmo. Quer dizer, a biografia ajuda. Por quê? Porque os atos de um filósofo, se ele é um filósofo de verdade, esses atos são interpretações que ele deu do seu próprio pensamento. Então às vezes ajuda a entender. Um exemplo que eu dou, por exemplo, Sócrates sempre ensinou que além dessa vida existe uma outra vida, mais valiosa, mais alta, etc. Deu muito bem. Até que ponto ele leva isso a sério? Isso é apenas um hipótese, ou é alguma coisa que ele tem certeza desse negócio? Quando você vê a atitude dele, perante aqueles que eu condenaram a morte, você vê que não, isso não é um hipótese, não. Ele acha isso mesmo. Então você tem a medida do valor que ele dá a sua própria tese. Seu valor total. Então você pode colocar a imortalidade de algum modo como um dos pilares da filosofia de Sócrates. Em outros casos não. Você pode falar de imortalidade e tal, mas ele não a leva em conta. É isso. E eu também, dei o curso de imortalidade e tal. E eu creio que eu levo em conta a ideia da imortalidade em cada momento do meu pensamento. A começar pela constatação mais óbvia, se existe uma única alma imortal, ela vai durar mais do que a história planetária inteira. Porque a história um dia vai acabar, o planeta vai acabar, mas e a alma imortal? Se ela é imortal, ela durar mais do que isso. Então isso aí muda toda a escala que preside a organização dos nossos pensamentos. Então agora eu estou falando de uma alma imortal, eu vou assim, mas nem milhões delas. Mas não é assim a dimensão inteira da eternidade. Claro que a eternidade é que explica o tempo e não o contrário. Você, pelo lado do filósofo, o que você se aproxima do escritor? O vorte no final da vida, as próximas de você, e isso, né? Bom, eu acho que todo o filósofo, se ele está a fim mesmo de descobrir alguma coisa, ele vai chegar nisso. Ele vai dizer, olha, eu criei todas essas ideias, etc., etc., mas quando eu leio um Dostoiev, sei lá, o Miguel de Namon, Henry Miller, eles estão falando uma coisa muito mais verdadeira do que eu, porque eles estão falando da experiência concreta, e isso eles conhecem, isso eles dominam. E as coisas que eu estou falando são tudo hipóteses, teorias, etc., que pode ser, pode não ser. Então a gente se aproximar, vamos dizer, do exemplo desses escritores, poetas, que são uma coisa absolutamente fundamental. Você veram, o Erick Vergan sempre usou as obras literadas como se fossem trabalhos científicos. Você pega uma peça de Shakespeare e diz, isso é um estudo sobre tal coisa assim, assim, assim, uma espécie de fenomenologia de tal, qual é a emoção, de tal, qual é a reação. Então você tem, na literatura, um mostruário de situações humanas possíveis, que são inúmero limitado, na verdade, né? E quando a Aristóteles diz a poesia, é mais verdadeira do que a história. Porque a história só pode contar aquilo que chegou a você através dos documentos. Mas aquilo não basta para você compor uma imagem da vida, na totalidade, tem muita coisa, não tem documento. Só por imaginação você pode conceber aquilo. Então é aí que entra o poeta. Ele conta uma história que ela pode não ser verdadeira, mas ela é possível e esse esquema de possibilidades, aparece nas histórias reais. Quantas vezes a gente não vê pessoas repetindo a história de personagens. E eu lembro que uma vez eu fui ser testemunha num inquérito policial destelionado. Eu fui lá e dei meu testemunho e estou saindo. Na hora que eu estou saindo, tenho um velho sentado numa mesa, ele me chama e diz, olha, eu vi você falar desse pessoal, e você ouvi falar de uma organização, de uma aceita que faz sacrifício ritual de crianças. Eu não, esses caras aí que eu estou falando, eles metiam a mão no Deus e me dizem, mas não é tá ninguém. Eles não, é porque eu trabalhava na delegacia de homicídio, durante 20 anos fui quer atrás desse pessoal que fazia sacrifício de crianças. Aí pegou um botão de centenas de fósforos de crianças mutiladas, mas eu sou roloso. Eles nunca conseguem pegar, eles armeiam e me tocaram e as países eles não fugiam. E daí eu pedi minha transferência aqui para delegacia de exterior, na hora que eu não tenho absolutamente nada para fazer, e eu dedico o meu tempo inteiro a investigar essa coisa. Daí eu lembrei do livro do Friedrich Duranath, a promessa, que tem um investigador, que também fica atrás de uma sacia de crianças, atrás e atrás não consegue, e daí ele comprou o posto de gasolina no certo lugar, porque ele tem certeza que um dia o miscíduo vai passar ali, e passa 20 anos, o miscíduo não passa, e depois ele se desfica com o miscíduo e já morreu. Eu falei, pô, mas é um personagem aqui, meu Deus do céu. Essas coisas vivem a acontecer, porque esses são esquemas de possibilidade de nada que aparecem na vida real. A literatura eu não tenho um grande... Ela é isso. Eu digo, na sua história entre pó, não é? Foi a primeira coisa que eu fiz. Eu posso dizer o seguinte, que eu até os 21 anos, eu tinha a literatura brasileira praticamente inteira, tudo o que interessa na literatura brasileira. Porque comecei a ler outras literaturas também. Não, na época eu já li um pouco o Francois Morriac, Bernanouz, mas eu achei que inclusive você se impregnar da literatura do seu país é a coisa mais importante para você ter uma visão concreta e real da sociedade que você está por. Ali são os modelos de personagens. Claro que depois, lendo a literatura estrangeira, eu descobri outros tipos de personagens que no cenário brasileiro não existem. Se você pegar, por exemplo, o diálogo do Parque de Aldeia, do Bernanouz, é a história de um santo. É um sondagem em profundidade. Um estudo sobre a vida de um santo. Um santo que se ignora, é o que eu falo, não tem nenhum personagem parecido com isso na literatura brasileira. Então é uma dimensão que para esta sociedade não existe. Se você pegar, por exemplo, a vida de um grande guerreiro, ou o santo guerreiro do meu nome, São Olavo, que tem um clássico do Snorri Sturson, que é a vida de Olaf Hallolitsson, que é a vida de Santo Olavo. É um livro muito divertido, mas esse personagem é desconhecido no Brasil. Quando você fala de santo guerreiro, apareceu no Galba Rocha, mas é uma caricatura, uma coisa diminuída. O carnear santo nem é guerreiro, ele só aparece. Então a literatura é o meio de você descobrir a dimensão das possibilidades humanas. E eu tive essa sorte de começar a vida, me interessando por isso, lendo muita literatura sobre a literatura brasileira, e depois aos poucos e ampliando para outra literatura. Você vê, eu li a história da literatura do Otto Maré Carpo e fui ler e anotando os nomes e títulos, todos os escritores que eu ia ler pelo resto da minha vida. E estou lendo até hoje, é? É que eu não dá cumpro num da lista, até hoje. Literatura, assim, o máximo que você puder ler, ler. Isso que vai ampliar a sua imaginação. Você vai deixar de ser um caipira. Como você lê? Imagina que você tenha leido já como leria um filósofo. Não sei, no começo eu usei a técnica do Mortem Radler, que é da arte de ler, auto-read a book. Mas depois eu esqueci essa técnica, eu continuei lendo de qualquer jeito, os trancos e barancos, você aprende a técnica e depois você esquece. E ela, de algum modo, se impregnou em você, o que é bom nela permanece. Se você me perguntar como é que você lê ficção, eu falo, não tem menor ideia. Eu vou ler. As coisas me chamam a atenção e se gravam na minha memória. Agora tem uma coisa que eu faço, eu não leo nada que eu não pretende gravar na memória. Se não vale a pena gravar na memória, perco interesse imediatamente. Então tem muitas histórias, eu ligo e tenho inteirinha na memória, e outras que eu nem lembro do título. Então é essa coisa, vamos dizer, tem aquela pressão, tomada aqui, e pede a Deus que lhe dê a inteligência para compreender, a memória para reter. Opa, então isso é muito importante. Se você lê, não retém nada, não lê o nada. Ainda que fique meio inconsciente, mas alguma coisa tem que ficar. Então esse é um critério. Sabe o que eu devo ler? Lê aquilo que você acha que deve você guardar na memória o resto de vocês. Esqueça. Também, quando o Bruno, quando ele foi admirado, diz aí uma frase, o que é a poesia? Ele disse, a poesia é uma maneira memorável de dizer. Parece memorável, quer dizer, deve guardar na memória porque aquilo é perfeito. Não tem o jeito melhor de dizer aquilo. Então decorar a poesia. O Bruno sabia que era a poesia universal de Cór. Outro cara que eu conheci, o Daniel Blin de Brito também, você falou, a Pushkin, ele citava Pushkin em russo, e assim por exemplo, tinha russo, e chinês, em árabe, tudo. Então isso não era uma frescura deles. A poesia foi feita para ser memorizada. Ela também, música também. Músicas que eu decorei, que estão até hoje, quase que nota por nota. Então o que é que a música é para ouvir? Aquela que você quer decorar, que ela esteira sempre solando na sua cabeça. Deu? Eu sei, mas eu preciso ir ao banheiro. Definitivo, né? Eu não sei. Eu ainda tenho a pergunta para você. Na verdade eu vou no matinho aqui. Tá certo. A aula já acabou? Não. Só a primeira parte, eu acho que a segunda parte até depois. Não vai continuar esse furo lá. Essa da estrada que você vem asfaltando, você vem tapando muitos buracos, que poderiam provocar muitos acidentes. E como eu estava falando de literatura, você tem uma teoria, você desenvolveu uma teoria sobre... Teoros dos gêneros, né? Quer dizer, porque nessa ideia de unificação do conhecimento disponível, os esquemas e gráficos são muito importantes para você gravar as coisas da memória. Então, eu me lembro que em uma época do curso eu chegava a fazer isso, e há vários esquemas que eu ia distribuindo para eles. Alguns que eu inventei, outros que eu encontrei em livros, por exemplo, o esquema do Northrop Fry, dos vários graus de poder, destes... É uma tipologia literária conforme o grau de poder dos personagens. Desde o personagem divino que pode tudo, até o idiota que não pode nada, né? Então, essa era um esquema que eu distribuí para eles. E o outro foi o esquema do gênero literário, tal como eu o descrevi. Eu achei que era muito importante você fazer isso para você poder organizar a massaroca das obras literárias num mapeamento inteligível. E achei que como... Você está falando de obras literárias, está falando de coisas construídas inteiramente com linguagem, então achei que podia fazer uma classificação de acordo com o sistema dos tempos verbais. Então, você tem vários gêneros que se inspiram predominantemente, ou analógicamente, em certos tempos verbais. Por exemplo, se você está fazendo uma exposição filosófica, você está usando o presente indicativo, o presente permanente. Está falando aquilo que é permanentemente. Se você está... fazendo uma discussão retórica, você está falando no condicional, no hipotético. E assim por diante. Então, eu desenvolvei essa teoria dos gêneros literários a partir disso aí. E eu acredito ainda que essa teoria é válida. Não vi nada que a contraditasse. Também descrevendo o gênero literário como esquemas de possibilidades. Quer dizer, o Neu começa a escrever as suas primeiras linhas. Então, ele delimitou um conjunto de desenvolvimentos possíveis. O que sai dali vai ficar fora da obra. Então, uma espécie de... teoria dos vários tipos de coerência interna que uma obra literária pode ter. Teoria de narrativa, expositiva, lírico, etc. Não tive que fazer uma teoria literária geral. Eu não preciso porque tanta gente já fez, tanta coisa boa. Benito Crotty, René Velik, Austin Morland. Tem tantos livros clássicos a respeito. Esse livro do Velik Warren... Eu fiquei maravilhado quando li esse livro. Eu não imaginava que fosse possível chegar à compreensão da literatura nesse nível. No Brasil, você teve excelentes teóricos da literatura. Adovo Casais Monteiro, Fidelino Figueiredo, que morou há um tempo, Alvaro Línguez. Muita gente fez coisa boa nessa. A gente aprende tudo isso e fala, eu não vou fazer o que vocês já fizeram. Eu vou resolver um problema que eles não resolveram. E esse problema dos gêneros... Neil Velik Warren resolve isso aí. Ele se confunda um pouco na questão dos gêneros. Então, aqui isso é demais, clariza. Eu só ataco esses problemas que, de fato, não encontrei soluções em parte de alguma. Claro que às vezes podem ser soluções de estímulo, mas não chegou ao meu conhecimento. Sempre o que aconteceu? Você acha que, por exemplo, uma vez dentro do negócio da intuição, eu desenvolveu uma teoria do que eu chamava de conhecimento por presença. E eu achei que eu era um gênio. Eu falei, pô, matei esse problema que tem milhão de anos. Ninguém conseguiu, papá. Daí me caiu na mão um livro que mostrou um filósofo árabe do século 12, que já tinha matado. Matado a questão. O conhecimento por presença é aquilo que antecede a intuição. Não dá pra explicar agora, mas pelo nome já dá pra ter uma ideia do que é. Também fazer dentro do negócio da intuição, eu tive que me perguntar assim, mas o que você intui? A intuição é o conhecimento de uma coisa presente. É o conhecimento imediato de dados presentes. Mas o que exatamente que você intui? Então eu vi, a gente nunca intui apenas um recorte estático da coisa. O exemplo que eu já dei, você vê, gente, uma rua tem um cachorro deitado. Esse cachorro pode lá, tipo você, ele pode tentar te morder, ele pode sair correndo, ele pode não fazer nada. Tem uma série de coisas que ele pode fazer e tem outras que ele não pode fazer. Ele, por exemplo, não vai começar a levantar, é começar a recitar odes de píndaro pra você, ele não vai fazer isso. Ele também não vai chingar. Mas tem várias coisas que ele pode fazer. Se você não tiver uma ideia dessas coisas que ele pode fazer, você não sabe que ele é um cachorro. Então, quer dizer, para eu perceber no ente fisicamente presente, a sua essência, o que ele é, o quid, eu tenho que perceber algo das possibilidades de ação, de coisas que ele pode fazer, e ações que ele pode sofrer. Isso é tudo percebido junto. Não é um raciocínio que você faz. Ah, eu estou vendo um cachorro, talvez ele me morda, talvez ele faça isso. Não, você já sabe que é um cachorro. Então, é isso que eu chamei o círculo de latência. Quer dizer, você percebe uma forma sensível e um círculo de latência, quer dizer, um conjunto de possibilidades que não estão ali com o mério especulação, mas que estão concretamente dadas naquele momento. Isso. Também, daí, a outra teoria, quer dizer, da... que eu chamo de perspectiva giratória. Quer dizer, para você encerrar um objeto dentro do seu círculo de latência, ter a certeza de que você o descreveu corretamente, que você descreveu corretamente aquilo que você intuiu, a intuição imediata. A expressão verbal dele é a segunda coisa, e a análise da expressão é a terceira coisa. Então, você tem que encarar aquilo sob várias perspectivas diferentes, sob várias categorias diferentes. E daí você fecha. Diz, agora eu tenho certeza do que é esse objeto e do que ele pode. É exatamente como o desenhista que quer dar uma ideia de tridimensionalidade. Só por isso, um caráter tem um... É, essa coisa do... Quando eu coloquei esse problema, vamos dizer, da psicologia evolutiva, da personalidade, eu tive que colocar o problema de que existem... Se tudo na personalidade se transforma, ela não teria forma alguma e não seria reconhecível. Então, é absolutamente necessário que exista um elemento permanente, que não muda de jeito nenhum. E em cima desse é que os outros mudam. E foi isso que eu chamei o caráter. Acontece que essa parte que é imutável da personalidade, ela é muito difícil de você expressar. Tudo que você usa, todos os elementos verbais que você usa para descrever uma pessoa, todos eles são mutáveis. Então, eu me perguntei como é possível descrever o caráter. O caráter só é possível, só pode ser descrito como espécie de padrão de atenção permanente. O indivíduo dificilmente vai... Não, nunca vai sair disso aí, porque tem certos... Por baixo da mudança dos eixos de atenção conforme as camadas, existe um padrão de atenção que permanece e caracteriza aquele indivíduo. Onde ele vai voltar e voltar e voltar e voltar. Isso só pode ser descrito de modo pelo lado cogerentivo, não pelo lado da conduta. Não existe conduta estática, por definição. Nem pela conduta, nem pelas emoções, etc. Mas um certo padrão cognitivo permanente, é possível ser descrito, embora coloque problemas linguísticos. Terribles. É por isso que eu sempre achei ridículo o debate que existe sobre negócios de astrologia, tanto da parte dos astróticos, dos inimigos da astrologia. Porque essa é a pergunta óbvia que ninguém fez. Na hora em que você nasceu, os astros são no certo lugar, o astrótico vai lá e cria o seu mapa. Se este mapa tem algo a ver com você, ele só pode ter a ver com aquela parte que não muda. Porque o nosso não muda. Mas tem os trânsitos planetários. Os trânsitos planetários são um algoritmo fixo que pode ser calculado desde o mapa originário. Ele também não está mudando nada. Eles são variações dentro da mesma coisa. Então, aqui pode corresponder a uma descrição astrológica, supondo que ela seja possível. Só pode corresponder a isso que eu estou chamando o caráter e não a personalidade. Personalidade quer dizer, a totalidade concreta. Então, eu vou dizer, bom, então, 100 anos discutindo a astrologia, ninguém se lembrou desta precaução elementar. O órgão não pode descrever a sua personalidade, só o seu caráter, os seus elementos estáticos. Isso quer dizer que praticamente todas as descrições de caráter com os astrógos fazem, elas são, por assim dizer, só analógicas. Elas não correspondem a uma realidade, provavelmente, de dita. Então, não sabe mais um impressionismo do que outra coisa. Agora, se você perguntar, é possível uma descrição do caráter e é possível verificar experimentamente essa descrição do caráter, ou seja, fazer um estudo científico sobre essa questão da astrologia, é possível, mas é muito complicado. Quer dizer que o mal que o caráter não termina a missão? Não, o mal e o bom já fazem parte da conduta. Se o caráter só pode ser descrito em termos cognitivos, a moralidade dele não é descritiva. Entendeu? Eu estou descrito no caráter como um padrão de atenção. Nessos certos aspectos da realidade com o indivíduo vão voltar e voltar e voltar. A vida inteira vai voltar a olhar as coisas por aquele lado. Nunca vai mudar. Ele pode saber que existe em outro lado, mas aquele é o que vai chamar a atenção dele sempre. Isso aí eu botei os meus alunos para fazer vários estudos biográficos, sobretudo de escritores, que já você tem a documentação escrita. Muito mais fácil fazer uma análise psicológica, é a remilhar do que o J. Tullo Vargas. J. Tullo Vargas precisaria pegar a biografia escrita por terceiro. Mas esses escritores têm a autoexpressão documentada. Então, por exemplo, ele tinha o Thomas Mann, as metáforas corporais, voltavam e voltavam e voltavam, comina na cena do Montaia Márgica, em que o Sr. E. está olhando a radiografia do pulmão dele, e ali ele vê todo o conflito europeu no pulmão dele. E mais desse tipo aparece. Thomas Mann, uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, dez vezes. Então, quer dizer, esse é um padrão de atenção repetitivo. Então, essas coisas podem ser comprovadas, impiricamente. E daí dá para você saber se esse padrão de caráter permanente coincide com o tal dorospo ou não. Então, é o único meio de você tirar ali, por essa questão, das influências atrás. Mas eu bolei toda a pesquisa, toda a criteriologia, todo o método e falei, bom, agora eu vou parar por aqui porque não aguento mais este assunto. Quem quiser que continue e investigue. Que padrões de atenção você notem mesmo a sua onda? Bom, essa questão da organização e da funcionalidade começa a chamar minha atenção quando era criança pelo problema do meu próprio corpo, porque funcionava muito mal. Quer dizer, você ter que ordenar os seus gestos de certa maneira para que o movimento se torne possível, para que você não se canse demais. O problema da economia, de esforço e da relação custo-benefício. Tudo isso aí para mim é uma coisa, o custo-benefício para mim é fundamental. Quer dizer, não perder tempo, não gastar energia. Eu pensei, o dinheiro que você perde, você ganha de novo o tempo, nunca mais. Por isso eu quero perguntar, o que você deve ler? Leu o que você quer guardar na memória, o resto não. Para não perder tempo. Tudo o que eu estou fazendo, vamos dizer, é um conjunto de quebra galhos. Porque as pessoas não perguntam tempo e para que elas otimizem a sua percepção do mundo. Então, esse foi sempre um centro de atenção. Tem coisas que, áreas onde você atua, mas que não são o centro da sua atenção. Ao contrário, se faz tudo, sempre está a atenção e dá certo. Todo mundo tem isso. Isso teoricamente corresponderia a certas posições planetárias no mapa. Mas se correspondeu não. Daí é a etapa seguinte que é a pesquisa empírica, baseada nos conceitos que inventei. Eu não tenho condicionado a fazer as pesquisas empíricas. Você pegou um computador, um monte de gente, milhares de dados. Nunca cheguei a fazer pesquisas. Fizemos só um mostruário de exemplos. Nesses exemplos, a coisa funcionou, mas não quer dizer que numa grande escala funcionaria. Isso que nós estamos falando é a sua atividade astrocaracoligiana. Tinha isso aqui, a sua caracologia é existente. Pelo menos, as caras não discutiram por lá 100 anos, mas dá para você criar um critério para matar a questão de uma vez e colocar esse assunto numa linha de investigação científicamente defensável. Eu acho que é possível fazer isso, só que ninguém fez. Por exemplo, se você diz que nós vamos fazer aqui uma pesquisa estatística para ver se certa produção plantária corresponde a tais quais as coisas nós... Bom, como a pesquisa do Michel Gauquelin, você vai pegar pontos isolados. E você vai ver se existe uma correspondência estatística ou não. Mas uma correspondência estatística não significa absurdamente nada se você não tiver uma chave causal por baixo daquilo. Então, quer dizer, o debate astrologêno começou com dúvida e 100 anos depois termina dúvida. Não gosta, não gosta. Eu não acho que tanto uma questão de acreditar, mas uma questão de gostar ou não. Se você pegar um astrólogo profissional, sei lá, que o melhor astrógo americano talvez seja o Robert Hand. Se você perguntar para ele, se acredita em astrologia, ele vai dizer, não sei, algumas coisas que eu acredito, eu não acredito. Então, a própria pergunta, se acredita em astrologia, não faz o menor sentido. Só pessoas que nunca leram um único livro de astrologia podem fazer essa pergunta, porque cada livro de astrologia que você lê diz uma coisa diferente, vem com uma teoria diferente, e não dá para você acreditar em todas elas ou negar todas elas. Por exemplo, você pega toda essa linha de astrologia em um guiana, que tem gente no Brasil que ainda está descobrindo isso e achando que é uma grande novidade, embora seja de 70, 80 anos atrás, e dizem, bom, mas isso aí são arquétipos, são uma linguagem, etc. Você fala, bom, as regras de uma linguagem não predeterminam o que será dito nessa linguagem. Você aponta a você de estudar astrologia toda como linguagem, você nunca vai saber se, factualmente, existe uma correspondência entre as posições afluyentárias e os acontecimentos terrestres. Todas elas serão apenas um modo de dizer. Então quer dizer que, cientificamente, a astrologia em um guiana não adianta nada. Ela pode ser muito interessante para outras filaridades, para estudos literários e tal, mas ela não vai matar a charada. Quando o Hung explica tudo para a teoria da sincronicidade, ele diz, ah, tem certas coisas que acontecem ao mesmo tempo, porque ele diz por causa da sincronicidade. Eu digo, uma sincronicidade não é uma explicação, é o nome do problema. E as pessoas falam isso com muita seriedade, sincronicidade. Aí tem um tremendo de lá. Eu fui usar o nosso assim lá. Tem um abismo, abismo. O Hung está cheio dessa coisa. O Hung como teórico, o Dr. Miller, que conhecia muito bem, o que nos estudou com o Hung, o que estudou com a Iolanda e a Jacob, e com a Marie-Louise von Franz, que era os principais colaboradores do Hung. E ele dizia uma coisa muito certa. Ele disse, não existe nenhuma psicologia do Hung. Tudo o que o Hung escreveu são anotações clínicas ou memórias. Então são ideias soltas. Ele tem uma ideia aqui, se você tentar dizer aquilo ao sistema, é uma massaroca. Então as opcinações clínicas são muito boas e tem outra coisa, o Hung de fato curava as pessoas. Então ele era um médico, era um homem da clínica, da prática, não era um teórico de maneira alguma. Ele achava que era, mas não era. Resultou na língua dele. Claro, os livros são lidos, as observações são maravilhosas. E os feitos clínicos do Hung são de tirar o chapéu. Pessoas que ele curava. Ao contar no Dr. Freud, que nunca curou ninguém, ficava analisando o cara por 30, 40 anos, ela já tem muito psicanalista que dizia isso, não, aqui nós não estamos para curar ninguém, isso aqui é um experimento cognitivo, e você ficar lá pagando o experimento cognitivo. O resto da sua vida, aquilo virou estilo de vida. Você disse como você, onde você chegou e como você deixou a astrologia, mas como você levado a astrologia? Por causa do Dr. Miran, porque ele me contratou, escreveu um livro, um curso que ele deu, e a astrologia como alquimia, como esoteria, simbolismo, tudo entrava ali no meio, o meu patia, e eu não entendia uma palavra do curso, eu ia no consultório dele e ele falou, não vai dar para escrever o livro, você tem que entender o que eu estou escrevendo. É cada pergunta que eu fazia, ele me dá uma pilha de livro para ler. E entre os quais alguns livros da astrologia. Ele escreveu uma introduçãozinha, chamada que a astrologia 50 parna, então é um conceito da astrologia, que eu inclui, não acho que esse conceito era certo, e na verdade não é o que ele usava na prática. Mas você foi longe, você aprofundou muito. Eu li tudo que dava para ler, e tive contato com alguns grandes astrólogos práticos, e com um grande estudioso do negócio, como Jacques Salbon. Jacques Salbon tem uma teoria antropológica sobre a astrologia, a dona Iba de Machéviz, que é um tremendo astróla, que leu meu mapa e previu minha vida certinho, como previu, eu li a interpretação que ela fez do mapa do Mário Ferraldo Santos, antes dele ser o Mário Ferraldo Santos, o que ela disse, está exato. A dona Iba era espetacular, e ela disse para mim, você vai ter uma grande carinha na educação. Isso aí não é porque eu não tinha educado nenhum gato ainda. Agora, o que ela disse, é que você não estava no seu mapa, ela falou, daí você decidiu tentar e deu certo. Mas as coisas não são bem assim. Eu acho que alguma correspondência entre a posição planetária e esfaçadeira existe, alguma, muito menos do que os astrólogos imaginam, e as posições planetárias, como descobriu o próprio Jacques Salbon, não correspondem exatamente aquelas coisas, astrólogos assinalos. Em suma, tudo isso é um tremendo ponto de interrogação, e eu acho que é um tema da maior importância que está algum dia, tem que ser esclarecido. Você pega o meu mapa, não, porque tem uma conjunção de Marte Mercuro em Ares na Casa 3, pergunta-me isso com o astrólogo. O que é isso? É um sujeito com o qual você não deve discutir, porque você vai perder. Então, isso é uma coisa que está dita ali, que a dona Dona Emma viu claramente, que tem uma capacidade argumentativa anormal, e de fato tem. Mas não é, veja, também é um negócio, você nasce com certos talentos, certos disponibilidades, mas você não pode se basear neles para fazer sua vida. Porque, por exemplo, com uma certa facilidade de argumentar, você pode argumentar por sentido verdadeiro e do falso, então em vez de você desfrutar disso aí, isso não, isso é uma coisa que tem que ser domada. Você seria um excelente sofista, não? Se quisesse, seria, é claro, é claro. Enrolar todo mundo, quando era criança, era muito enrolão, enrolar todo mundo. E depois que eu percebi que eu estava enrolando. Eu fui até da esquerda, meu Deus do céu, e repetia aquelas bobas, então eu repetia com certo talento, certo elegância. Depois, se você não tem a capacidade de ser um sofista, você não tem a capacidade de ser um filósofo. De jeito nenhum. Se torna um filósofo na medida em que você vai percebendo, a própria falsidade dos seus procedimentos. E daí você vai transformando sua capacidade dialética, dizer num instrumento da busca da verdade. Mas isso não vem naturalmente. Isso é um esforço de alta educação. E também desde a juventude fui aprendendo a ser um sujeito sincero consigo mesmo. Por exemplo, eu, assim, com 14, 15, eu queria ser um escritor. Daí eu cheguei para mim mesmo e falei, ''Pô, mas eu não tenho experiência nenhuma da vida, não vi nada, eu não sei coisê, nem vou escrever o que, meu Deus do céu.'' Eu falei, ''Bom, então vamos adquirir a experiência da vida.'' E depois eu escrevi, se der. Agora tem muito cara com 15 anos, não, eu tenho vocação para escritor, já com que a gente se publica. E nos infringe essa sofrimento horrível de Leos livre. Eu poupei a humanidade de Leos, meu livro de juventude. Só vi isso, eu me erci um prêmio. Você escreveu, Leão. Escreveu um monte de besteira. E poupei o público leitor desse sofrimento atroz, joguei tudo fora. E comecei a publicar as coisas com 40 tantos anos. E hoje você pensaria? O quê? Queria uma ficção? Não, não, não, ficção, não. Não tenho jeito para... não tenho talento para isso. Não tenho menor capacidade para condensar a minha experiência numa narrativa. O melhor é fazer o que eu estou fazendo. Então, eu estou fazendo exatamente o que eu queria fazer. E é só o que eu sei fazer. E ainda querem mais? Eu falo um pouco sobre isso. Sobre a sua vida, de que forma você foi esse ser humano que naturalmente deseja o conhecimento comum? Acho que uma sorte foi a seguinte, eu achar a minha profissão aos 17 anos. Quando eu fui para o jornalismo e me disseram que era meio período, 5 horas de trabalho e um salário satisfatório, eu falei, eu não saio mais daqui. Eu não tenho outra missão profissional, quero ficar aqui o resto da minha vida. Você está chovendo. Eu estou chovendo de esquilo. Então, eu quero ficar aqui o resto da minha vida, não tenho mais nenhuma outra missão profissional na minha vida. Então, isso aí me liberou, já certo, de ter que fazer uma filosofia universitária, cumprir um programa e sobretudo de ter desempenhar um papel social de filósofo. Um papel social que eu mesmo me inventei. Eu não tenho que me adaptar a nada. Estou fazendo tudo exatamente do jeito que eu quero. Você pode se movimentar pelo prazer, do conhecimento? Eu não posso dizer prazer, porque o conhecimento traz prazer e traz dor junto. É isso que eu entendo como vocação. As pessoas perguntam, você está fazendo isso porque você gosta, o porque é um meio de vida, o porque você precisa. Não é por nada disso. É porque isso sou eu, isso é uma vocação. A vocação é aquilo que você aguenta fazer. Eu chamo, como eu sei, a resistência específica a um certo tipo de problema. Por exemplo, o Dr. Miller ficava 15 horas por dia ouvindo conversas de louco. Eu falei, aguentaria fazer isso? Não, ficaria louco no terceiro dia, não quero fazer isso. Agora, lidarmos com a confusão intelectual, com a confusão da cultura, isso eu sei fazer. Quer dizer, eu aguento contemplar doses de burrice, que uma ou outra pessoa se visse aquilo, morreria. Você pega o imbecil coletivo, o mínimo, etc. É uma luta quanto a burrice, uma luta quanto a estupidez. Só que para lutar com a estupidez você precisa conhecê-la. Se você vê o que eu lido de besteira na minha vida, não para guardar, mas só para comentá-la, só para usar como exemplo. Então, é uma resistência específica que o sujeito tem, é uma certa coisa. Então, ele vai dedicar aquilo quando aquilo lhe dá prazer e quando aquilo faz sofrer do mesmo modo, imperturbavamente. Então, eu acho que a questão da vocação transcende a ideia de prazer e dor. E transcende a ideia de você fazer por prazer ou fazer por necessidade. Você tem, pode ser uma necessidade íntima, não é necessidade externa, forçada. Por necessidade externa, eu poderia ter feito muitas outras coisas e não faltaram oportunidades. Gente que me convidou para fazer isso, para entrar em política. Só que eu realmente sabia o que eu queria fazer. O que eu queria fazer é exatamente isso aqui, porque desde criança eu vi. Eu tive exemplos do sofrimento causado por ignorância. Pessoas que são vítimas enormes de uma situação que elas não compreendem. E eu se sentia urgência absoluta de fazer alguma coisa para remediar isso aí. Então, eu estudei para isso. Eu não estudei para ser professor da universidade tal, para ter uma carreira. Não preciso de carreira, nenhum já tem. Então isso foi uma sorte, quer dizer, eu não ter que buscar um caminho profissional. O caminho veio para minha frente e abriu a porta e eu entrei. E o jornalismo até hoje ganha a pão. E que pode facilmente ser integrado neste conjunto. Mas e qual o prazer? Nessa sentença, a escortele tem que ser humano ligado para um desejo natural. Todos os seres humanos têm um desejo de conhecimento. E que ele liga ao prazer, ele liga ao prazer de ver. Bom, você ver claramente as coisas. Eu não posso dizer que seja propamente um prazer. O prazer associa, vamos dizer, as sensações físicas que você vai ter. Você fala o prazer, ele diz que é uma analogia, é uma metáfora. Não é uma coisa que corresponda. Eu nunca tive um prazer intelectual, se aproximasse de um prazer sexual. Tem um fluidson, não existe isso. Mas existe uma alegria. Eu falo de uma alegria intelectual, isso existe realmente. Uma alegria de você saber que você está entendendo as coisas, que você pode indicar aquilo para outras pessoas, que você vai aliviar o sofrimento. É melhor você ver pessoas felizes do que pessoas forando. Então, você abrir esse caminho é aliviar o sofrimento, claro que é. E daí a pessoa ser o mais feliz e você fica feliz também. Eu pregunto isso porque deve ter algum elemento aí, nessa tua história, nessa tua conhecimento, nesse teu caminho, que deve ser muito prazeroso, eu não sei, mas certamente é altamente confortador, porque você tem uma boa saúde. É a felicidade e não o prazer. Você não pode viver no estado de prazer, mas você pode viver no estado de felicidade. Quer dizer, o prazer por sua própria natureza é temporário. É o prazer do sexo, o prazer da comida, do jogo, tudo ser temporário. Mas a felicidade pode se prolongar indefinidamente, ela pode se telefonar no seu estado normal. Eu acho que eu sou um homem feliz, naturalmente. Eu não tenho muita capacidade para sofrer. Quer dizer, eu não fico estacionado nas minhas tristezas, eu passo adiante com uma grande facilidade, eu fico com isso rapidamente. Quer dizer, coisas chatas. Por que você é chato para que eu vou ficar pensando nisso? Você constrearia que isso tenha a ver com a saúde? Uma pessoa extremamente saudável, apesar de não ter os hábitos que... Esses hábitos todos matam as pessoas. Ah, vou só comer isso, vou só comer aquilo, vou me privar de tal coisa, vou fazer ginástica duas horas por dia, e se eu vou fazer hoje, então isso é tudo besteira. Toda essa coisa pode exerger, como elas podem atrapalhar, todas elas. Depende, vamos dar um tal centro da sua personalidade, como você usa essas coisas? Depois eu pensava fazer ginástica e eu disse, sim, fazer ginástica, cinco minutos por dia, não vai passar disso. sobretudo quando você se fica velho. Como é que você gosta de comer, meu Deus do céu? Você come coisas sem graça, sem gosto, eu sofro muito, terrível. Tem pessoas que gostam de sofrer, eles acham que eles já sofreram, eles podem pagar os pecados, etc. Eu não quero pagar meus pecados, eu faço pecado e vou lá e perdoe para Deus, para quê? Porque eu não pagava, porque existe confissão? É para você não pagar pelos pecados, para as pessoas não entenderem o direito espírita da coisa. Eu não quero pagar por nada, mas se for tudo de graça, o que é que eu dou um divino? Graça. No que consiste a saúde? De que forma você tem essa... Você chama de saúde, já é uma metáfora, porque a saúde é para um estado corporal, para desigrar com ele o estado geral. Isso. E eu acho que a saúde é para você conseguir fazer o que você quer fazer. Assim que você mede. Você quer levantar um peso e não aguenta, mas você quer ficar acordado trabalhando, mas o sono vence você. Você quer parar de pensar em certas tristezas, mas não consegue. Tudo isso aí é impotência, mas a saúde é um poder. É o poder de fazer o que você quer fazer do jeito que você quer fazer. Eu desejaria que todo mundo tivesse isso, porque isso é bom. Você é isso. Quanto mais você fizer o que você quer fazer, mais saúde você tem. Mais você vai conseguir fazer. Agora, se você só se acostuma a fazer o que você não quer fazer, muito bem, você pode fazer isso se for para uma finalidade espiritual determinada, por exemplo, você está numa carreira monástica, você vai ter que se encontrar milhão de vezes. Mas isso faz parte daquela técnica. Não sep a todo mundo. Foram você a fazer feliz? Mas é claro, claro, claro, não. Quando você vê o fundo da vida monástica, você tem... Leve o livro do Nicolás Steinhard, Diário da Felicidade, que era um cara judão, que se converte ao Cristiano na cadeia, e ele ali no meio daquele sofrimento horrível, ele está felicíssimo. Depois da um dia inteiro conversando com Deus. Ou seja, o propósito é uma coisa... Sim, o propósito da vida é o que você quer realmente fazer, o que você quer ser. Não em termos de profissão, o nome de profissão... Quando você pergunta o que você quer ser, quando crescer, não perguntei o que você quer ser. É esse daí o negócio do exercício do Necrológeno, você inventar a sua própria história, contada depois da sua morte pelo seu melhor amigo. Basear na sua posição de que você conseguiu realizar tudo que queria, de que você conseguiu chegar a ser quem você queria ser. Como seria essa vida? Todos nós temos isso. Isso é o nosso guiamento. Que qualidade você desejaria incorporar, representar e exemplificar para as pessoas. De modo que isso de algum modo faça bem as animas, encoragem. Então, por exemplo, você pode às vezes ter qualidades muito belas, mas que não irradiam para as outras pessoas. Essa questão da irradiação é fundamental. Eu falei, por exemplo, eu estudei, adquiri os conhecimentos, me tornei um cara inteligente, e isso eu não souber... Eu vou ensinar os outros a fazer a mesma coisa. De algum modo, o conhecimento é irradiante pela sua própria natureza. Se ele não é como o poder, o poder ter de se concentrar, o conhecimento tende a irradiar. E o conhecimento é entendido não como meio de ascensão profissional, não como identidade profissional, mas como modo de ser. Quer dizer, você inventa uma profissão. Calma minha profissão, minha profissão é ser o Olavo de Carvão. Foi o mesmo que eu ventei e eu gosto dela. Você pode chamar de filósofo, de surfista, de astrólogo, do que você quiser. Eu não me interessa. Interessa que eu estou fazendo aquilo que eu acho que eu nasci para fazer. Porque eu sei fazer isso, eu sei fazer direitinho. E isso está fazendo bem as pessoas. Então, por que eu vou parar? Fazer outra coisa. Então, caso a vocação é proposta, conhecida, mas não é sempre assim. Não é sempre assim. Porque as pessoas não foram informadas de que dá para ser assim. Por exemplo, as pessoas sempre pensam, não vou fazer isso porque não dá dinheiro. Como é que você vai saber o que dá dinheiro ou não? Você só consegue dinheiro se você conseguir dar certo na coisa que você está fazendo. Quer dizer, o dinheiro é um efeito secundário. Então, primeiro você conseguir dar certo naquela coisa. Agora, como é que você vai dar certo numa coisa que ocupa a sua atenção só parcialmente? Se você não pode se dar inteiramente àquele. Você está fazendo uma coisa, mas está pensando numa outra que você quer fazer. Você já está trabalhando, andando com a perna só. Então, você tem que escolher algo, não porque você acha que dá dinheiro, mas onde você acha que pode operar com força total? Depesou por isso, os caras me botassem no parlamento. Eu ficava lá o dia inteiro ouvindo discursos de idiota. Você acha que eu rendei alguma coisa ali dentro? Eu ficava doente. Você que você fosse com o meu lado cavalo, dá para eu percorrer discursos? Não, você tem que ouvir os outros, mas não dá. Daí é só coletar besteira o dia inteiro. Eu falei, posso coletar besteira? Uma hora por dia, não mais. Aí o general disse, olha o que o sujeito falou no globo, falei, não, não, não, pera aí, não estou preparado para ler isso, só vou ler amanhã. A minha capacidade de engolir porcaria tem limites. Acho que ele é cheio, que prioristoto, etc. Amanhã eu vejo isso aí. Primeira coisa que me chamou, atenção, foi o sofrimento humano. Sofrimento que eu vi em doses indescritíveis. Eu na infância só tive o sofrimento físico, o sofrimento moral não tive nenhum, nem sei o que é. Mas o que eu vi depois, em volta, meu Deus do céu. Então isso aí chamou a atenção e eu estudei para isso. Não foi para ser o senhor do topo, para pegar uma profissão, pegar uma... Aí eu falei, tive essa sorte de que a minha definição profissional, ela veio pronta para mim. Eu falei, que emprego tem melhor que esse? O emprego foi na esquina da sua casa, você trabalha cinco horas por dia, você tem o resto do dia livre? Que mais você quer? Depois que elas mudaram, né, aboliram o meio período do jornalismo, mas aí eu já estava trabalhando no freelance. Então eu também fazia o meu horário. Então o jornalismo para mim foi o maior quebra-gara do universo. Tem mais? Não, para isso o jornalismo serviu. O jornalismo serviu? Você, a família, produziu... O jornalismo também, nas condições em que eu comerci exercício, foi um exercício de linguagem formidável, graças a um editor de texto que eu tinha, que era o Ciro Franches Neandrade, que era um cara que realmente sabia escrever e realmente sabia corrigir o texto dos outros. Isso foi no Cidade de Santos e depois na Folha de São Paulo. Outro que me ajudou é o Zé Carlos Bardaville também. Você conheceu o Bardaville? O Bardaville foi um grande copo de desque. E onde você? Ele conheceu em um notiz popular. Depois ele foi para isto, então ele fez uma bela carreira no jornalismo. Mas ele escrevia maravilhosamente e não só sabia, mas sabia corrigir esse negócio. Uma coisa não implica a outra. Tem coisa de conselho de saúde. Todo mundo tem ganando todo mundo. Se eu vou fumando, você vai morrer. Não faça com a carne, você vai morrer. Não prestem atenção nessas coisas. Faz o que você quiser fazer. Você tem que saber o que está fortalecendo, o que está se enfraquecendo. Já tem esse instinto. Não tem uma coisa que você pode fazer. Você tem que saber o que está te fortalecendo, o que está te enfraquecendo. Já tem esse instinto. Você tem que saber o que está te fortalecendo, o que está te enfraquecendo. Você tem esse instinto. Pois eu sempre segui os conselhos do meu médico, do Dr. Carlos Armando de Moura Ribeiro, que eu moro eu com quase 100 anos, trabalhando, casou com 80. Ah, esse aí tem algum negócio de saúde, vou fazer o que ele mandar. Como dizendo, pode confiar em médico, doente, advogado ladrão e economista pobre. Economista pobre, o Carl Marx, economista pobre. É que é isso que ele fez com todo mundo. Claro. O que é que ele te disse? Qual é os conselhos que ele te dava? Ah, não, o monte. Mas o mais importante foi que cozinha tudo na banha de porco ou de carneiro. Só banho animal, olho vegetal jamais na sua vida. Pronto. E o Dr. Carlos Armando era um cara que curava qualquer coisa. Quer dizer, quando meus filhos eram pequenos, ele disse, não dê vacina nele, não. Se tiver qualquer problema, você traz aqui. O minuto teve meninjite. Não tinha vacina. Por lá do Dr. Carlos Armando Ribeiro, deu singotinha para ele, ficou bom. E aí, você sabe o que está fazendo. O cara estava muito confiante em fazer uma coisa, não vacina e que eu resolvo o problema. E ele fazia isso. Ele tinha autoridade. Como era o nome dele? O Dr. Carlos Armando de Mora Ribeiro. Era um amigo do Dr. Miller, o Dr. Miller que me indicou ele. Eu antigamente conheci vários médicos bons. Em São Paulo, tinha uma lista de pessoas de médico, consulta e tal coisa. Ele falou, estou fulano. Em geral, não falhava. Hoje não tem mais. Perdi o contato, evidentemente. Mas também, no tempo que eu trabalhava na revista médica, eu tive acesso a quase toda a classe médica de São Paulo, conhecia todos os figurões, eu sabia qual era o sujeito que era papurado e qual era o cara que sabia fazer as coisas. Minhasa teve esse recurso também. Tinha um famoso Dr. Domingos Minervino, quando eu peguei Sarna. Eu falei, Sarna é uma doença que nasceu no capital, é rara. Eu passei por dez médicos e ninguém sabia o que era. Eu falei, acho que eu estou leposo, estou peado. Eu pedi para o pediatra da minha filha, me indica um professor ser um médico, mas eu quero um médico velho. Eu dei uma atorologia velha. Eu falei, não faça, não estou fulano. Eu entrei no curso do Dr. Miller e ele disse, não chega a pé que você está com Sarna, lá bom, esse sabe. Você sempre teve de recorrer muito, não é? Não, eu tive pouquíssimas doenças. Eu tive a Sarna, tive um pulo endereza e peleia, também costumava ter um gênio da área, que é o Dr. Abus Salom Felgueira, esse aí também não falhava no Rio de Janeiro, mas eu tive uma perna na vizícola, isso não aconteceu mais nada. Pela na vizícola, tirava e acabou. Fica doente, eu já fiquei doente com a criança, não precisa ficar mais, fiquei tudo uma vez. E aqui como você sempre se sente? Aqui na Virgina? Isso aqui é uma maravilha, olha em volta. Aqui é um lugar maravilhoso, cheio de gente boa, os vizinhos tudo gente boa, gentil. Eu acho o melhor lugar que eu já morei, não tem comparação. Os americanos do interior, porque você vai em Nova York, o pessoal é um pouco grosseiro, você vai na Florida, só tem brasileiro, então você não tem ideia, mas se você vier para o interior do Estados Unidos, você vai ver o que a gente boa. Mas assim, em termos da sua disposição física, eu não sou primordial de disposição física, eu tenho a disposição física necessária para fazer o que eu faço. Eu não vou ficar saindo correndo de interno, não treinei para isso, mas normalmente, eu tenho mais disposição física, porque as pessoas da minha idade, você vê, o Dr. Draus Varela prometeu que eu teria câncer no pulmão, infarto e fizema. Não cumpriu a promessa até agora, estou esperando desde os 50 anos, já faz 18 anos. Se você fizer as coisas tudo direitinho, você não fuma, você não faz isso, vai ficar bonito, que nem o Dr. Draus Varela. Ou como os Acerra. Então é isso, fazemos uma pausa? Faz da tempo para as perguntas dos anos? Eu acho que não, né? Dezenas e horas, então olha, por hoje acabou, mas ele já fez todas as perguntas. Até semana que vem, muito obrigado.